domingo, 5 de maio de 2013
O rei da comédia
"The king of the comedy", de Martin Scorcese (1982). Um dos mais obscuros e menos conhecidos filmes de Scorcese, essa comédia de humor negro foi massacrado pela crítica na época de seu lançamento (82) e desprezado pelo público, que desejava ver uma comédia com Jerry Lewis e não esperavam que o filme fosse um furioso ataque ao mundo das celebridades e busca pela fama. Eu mesmo, na época do lancamento, havia odiado o filme, pois não o achei nada engraçado, uma vez que o filme foi lançado como comédia. Revendo 30 anos depois, percebo a grande obra-prima que o filme é. Jerry Lewis foi muito generoso em aceitar fazer o papel, o de uma celebridade mau-humorado e mau caráter, que odeia os seus fãs. Robert de Niro, que havia acabado de fazer " O touro indomável"com Scorcese, se arrisca em um papel tragicômico, e se sai muito bem. Uma pena que esse de Niro ousado e enérgico não exista mais. O filme narra a história de Rupert ( De Niro), um aspirante a comediante, que procura a ajuda de Jerry, famoso apresentador de tv, para se apresentar nem seu programa. Diante da recusa de Jerry, Rupert o acaba sequestrando. É uma delícia rever Nova York dos anos 80, ainda com o Times Square decadente, antes da reforma do prefeito Giuliano, que deu uma "limpeza" no local. O elenco de apoio, princialmente Sarah Bernhart, que faz uma fã paranoica, estão ótimos. O roteiro é primoroso, e o filme tem um tom de melancolia . O personagem de de Niro é uma representação dos artistas que buscam 1 minuto de fama, e para tal, se submetem a tudo. Scorcese faz aqui um filme sem técnicas mirabolantes, colocando todo o seu grande potencial na construção de um filme cruel e desumano.
Nota: 9
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