sábado, 11 de maio de 2013

Cores

"Cores", de Francisco Garcia(2012) . Como eu adoro esses filmes paulistanos que falam sobre amargura e desesperança. Tudo a ver com o universo caótico de São Paulo. Francisco Garcia, o diretor e co-roteirista do filme, resolveu dar voz a sua geração, na faixa dos 30 anos, que foi iludida pela falsa mensagem do Governo Petista que dizia que os problemas economicos do Brasil estavam no fim. Essa geraçao retratada em seu filme permaneceu na mesma inércia e não encontrou solução para a falta de perspectiva de um emprego decente, de qualidade de vida, de felicidade. São todos trabalhadores de empregos de merda, com mil problemas de falta de dinheiro, ambição, foco. Por conta disso, as relações familiares e amorosas são desprovidas de carinho. O filme narra a história de 3 amigos que tentam buscar um ponto de luz em suas vidas: um funcionario de uma farmacia, um tatuador e uma balconista de loja de peixes de aquario. Mas quem rouba o filme é Tonico Pereira, em pequena participação. Enquanto os 3 personagens principais trabalham suas performances em cima do marasmo, e por conta disso, estão sempre apáticos, Tonico Pereira se mostra vibrante, arisco, inquisidor. Um belíssimo trabalho. A fotografia de Alziro Barbosa, toda em preto e branco, é deslumbrante. Não tem como negar a influência de 2 importantes cineastas contemporâneos nessa visão de mundo pessimista do mundo: Tsai Ming Liang e Jim Jarmusch. O tédio, a fotografia, os enquadramentos, as atuaçoes, os planos longos, esses itens estão sempre presentes nos filmes de ambos os diretores, principalmente "Stranger than paradise"e "O Rio". Desse último, Francisco Garcia busca a referência da chuva torrencial, da água que escorre casa adentro. A estética anos 80 do filme me lembra também de varios cults de filme paulistanos da época. Inclusive, a participação de Guilherme Leme me pareceu uma homenagem por ele ter participado do clássico "Anjos da noite", de Wilson Barros. O filme é todo estilizado, maneirista. Mas isso não é uma crítica. Somente não curti muito as músicas, mas isso porque musicalmente não me agrada. Um filme cult que merece atençao. Nota: 8

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