sexta-feira, 4 de abril de 2025

Chasing unicorns

"Ükssarvik", de Rain Rannu (2009) Comédia dramática realizada na Estônia, ‘Chasing unicorns” é co-escrito e dirigido por Rain Rannu. O filme começa com uma cartela explicando o significado do termo “Unicórnio”, pela wikipedia: um animal mitológico ou uma startup avaliada em mais de 1 bilhão de dólares. Segundo o filme, a Estônia é um dos países com maior quantidade de startups do mundo, com mais de 500, sendo que delas, 4 são unicórnios. Oie (Liisa Pulk) é uma contadora que ao ser demitida, decide colocar adiante a sua idéia de produzir capacetes de bicicleta desenhados por ela. Ela se une ao fracassado Tony (Henrik Kalmet), que tenta criar startups, mas nunca as leva adiante, sendo que a última empresa em que trabalhou, foi à falência por causa de seus gastos exorbitantes e cujo resultado não trouxe clientes interessados. A dupla tenta a todo custo conseguir financiamentos para a sua empresa, passando por grandes dificuldades, e com uma possibilidade de fechar negócios, seguem até Palo Alto, Vale do Silício Califórnia. O filme começa em, em tom leve e divertido e com personagens carismáticos e losers. Mas ao longo do filme, torna0se cansativo, se arrastando por termos e situações extensas, com entrada de diversos novos personagens e um acréscimo de tom dramático. No geral, é um bom filme, mas que poderia ter mantido seu tom de comédia sobre losers.

Para uma terra desconhecida

"To a land unkowm", de Mahdi Fleifel (2024) Trágico e angustiante drama grego sobre refugiados palestinos que moram em Atenas em situação de miséria. A maioria vive como ladrão, traficante e fazendo serviços sujos para a própria comunidade. Chatila e Rada são primos, fugidos do Líbano com o sonho de viajarem até a Alemanha e atirem um café. Mas para isso, precisam de passaportes. Chatila é casado e tem um filho, que moram em um acampamento no Líbano. A mãe de Reda está doente. Os dois vivem de roubos que praticam nas ruas de Atenas. Um dia, encontram Malik, um menino de Gaza, órfão, que tem o sonho de ir até a Itália. Chatila conhece Tatiana, uma mulher grega alcoólatra, e propõe à ela que vendam o menino para algum atravessador europeu e assim, dividirem o dinheiro. Rede não resiste às pressões da marginalidade e se droga com heroína e faz programa com gays no parque para faturar um dinheiro. O filme tem como base o clássico de John Schlesinger, “Perdidos na noite”, com John Voight e Dustin Hoffman. É um filme depressivo, sobre pessoas destinadas à miséria e que não encontram solução para a sua situação desumana. Um excelente trabalho de todo o elenco, com uma direção impecável de Madhi Feifel.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

"Zé", de Rafael Conde (2023) "Ainda estou aqui" foi um grande sucesso mundial de crítica e público e abocanhou o Oscar de filme internacional. 'Zé" trata do mesmo tema da ditadura no Brasil. No entanto, a abordagem visual, estética e narrativa são gritantes. O filme de Walter Salles tinha um orçamento de blockbuster. 'Zé" é um filme indie, e portanto, toda a tensão política é retratada de forma minimalista. Ao invés do público ver, ele escuta. Verborrágico, o filme de mais de 2 horas acontece em interiores na maior parte do tempo, e todas as ações militares, policiais, movimentos estudantis, são dialogados, mas nunca visto. O filme conta a história real do líder do movimento estudantil de Minas Geraus José Carlos Novais da Mata Machado (Caio Horowitz). Aluno da Faculdade de Direito da UFMG, Zé foi presidente do centro acadêmico da unidade, promovendo debates e passeatas e por isso, alvo dos militares. Filho de classe média alta, Zé conhece sua namorada Bete (Eduarda Fernandes), com quem tem 2 filhos. Gilberto (Rafael Protzner), irmão de Bete, é aceito como militante na clandestinidade de Zé, mas depois é revelado como agente do regime militar. O filme tem um ritmo muito lento e as performances sõam teatrais e com falas bem marcadas. A proposta do diretor traz um cinema de guerrilha, com jovens talentos no elenco, com destaque para Caio Horowitz, um dos melhores atores da nova geração.

About family

"About family", de Woo-seok Yang (2024) Drama feel good movie sul coreano, "About family" é ambientado no ano de 2000, antes das redes sociais. Na cidade de Jongno-gu, Seul, Moo-ok (Kim Yoon-seok) é um homem de terceira idade famoso pelo seu restaurante, que serve os melhores dumplings da região e por isso, formando filas de clientes. Moo-ok está irritadiço: seu único filho, Moon-seok (Lee Seung-gi), preferiu se tornar um monge budista do que continuar tocando o restaurante. Sem herdeiros, Moo-ok está preocupado com a continuação de sua linhagem familiar. Duas crianças, Min-seok (Kim Si-woo) e Min-seon (Yoon Chae-na), aparecem no restaurante de Moo-ok, alegando que Moon-seok é seu pai biológico. A mãe faleceu, e Moon-sek fez uma doação de esperma quando estudava na faculdade. Moo-ok fica esperançoso de que as crianças possam ser as suas herdeiras do restaurante. Um filme simpático, "About family" é como seu título deixa bem claro: um drama familiar, com toques de humor e de melancolia. O elenco todo é excelente, a história é boa. O ritmo fica lento algumas vezes, mas o carisma das crianças e a diversão entre o embate pai e filho garantem o interesse.

Útero

"Womb", de Bridget Smith (2025) Escrito por Mike Walsh e dirigido por Bridget Smith, "Útero" é um suspense gore que me fez lembrar de "A invasora", de Julien Maurye e Alexandre Bustillo, um terror extremo francês sobre uma psicopata que deseja o feto de uma grávida. Em "Útero", uma ex-viciada, Hailey (Taylor HAnks), está gra'vida de seu namorado, Raymond (Myles Clohessy). Ele a leva para passar um final de semana na cabana de sua irmã, Marta (Ellen Adair), isolado na floresta. Raymond vai embora e deixa as duas sozinhas. Um homem camuflado espreita a região, no intuito de roubar o feto de Hailey. As mulheres precisam aprender a se defenderem sozinhas para evitar que o pior aconteça. O filme só funciona de fato a partir da metade em diante, quando traz o suspense. Trazendo elementos de slasher e mortes violentas, "Utero" é um filme de sobrevivência, que traz um plot twist no desfecho. Nao é muito original, mas tem seus momentos de tensão.

Augânico

"Auganic", de Krit Komkrichwarakool (2024) Um casal gay, Nick (Kenny Brain) e Kai (Matt Dejanovicz). Eles estão com problemas financeiros, e estão na possibilidade de terem que vender a fazenda. Durante uma relação sexual, Kai ejacula um esperma amarelado. Ao levar a um laboratório, os cientistas ficam pasmos e encantados, e decidem abrir um seminário para avaliarem o esperma. Durante o seminário, Kai precisa ejalucar para que os presentes possam avaliar e discutir o esperma. Enquanto tenta se concentrar para ejacular, Kai relembra em flashback o que o levou até ali: a pressão de Nick pelo dinheiro que os cientistas irão pagar, a suposta fama que ele terá e a possibilidade de uma crise no seu casamento. Produção canadense, "Augânico" traz elementos de drama e romance e boas performances dos atores principais, que são talentosos e bastante fotogênicos. O filme é uma metáfora sobre relacionamentos estáveis e que sucumbem à pressão da crise financeira.

Belle salope

"Belle salope", de Philipe Roger (2009) Curta Lgbtqiap+ francês, "Belle salope" mistura drama, humor e erotismo para apresnetar Cedric (Florent Gouelou(, um jovem garoto de programa malandro. Quando ele está na casa de um cliente que curte sexo bondage, a mãe de Cedric liga para ele, querendo que ele vá vê-la imediatamente, Cedric está sem dinheiro para comprar flores para a sua mãe, e decide fazer atendimentos com clientes para poder comprar, atravessando toda a PAris para chegar na casa de sua mãe. O filme poderia ser um "Corra, Lola, Corra", cult alemão, apresentando o personagem em sua peregrinação pelas ruas de Paris. Divertido e cheio de malícia, com um ótimo ator protagonista, e lindas imagens de Paris.

Você está livre hoje à noite

"You are free tonight", de Will Bottone (2024) Curta Lgbtqiap+ inglês, "Voc6e está livre hoje à noite" traz o drama de um adolescente de 16 anos, Archie, que passa a descobrir a sua sexualidade e seu interesse por homens. Com medo que sua mãe descubra que ele é gay, Archie baixa um app de pegação e marca encontro com homens/ Archie acaba se ornando viciado nos relacionamentos fúteis, baseados em sexo. Quando ele baixa um app de namoro, ele marca um encontro em um bar. Quando o rapaz vai ao banheiro, Archie o segue, achando que fará sexo no banheiro. Mas o rapaz o repele, frustrado que Archie queira apenas sexo e não um relacionamento real. Archie repensa o que realmente ele deseja com um outro homem. Um filme em tom realista, com ótima performance do jovem Jake Doyle no papel principal, é um filme que faz uma crítica à cultura dos app e dos relacionamentos fáceis.

Sala escura

"Sala escura", de Paulo Fontenelle (2024) O cineasta e roteirista Paulo Fontenelle é conhecido pelas suas comédias e documentários. Porém, seu 1o longa, "O intruso", era uma experiência no gênero thriller, e agora com 'Sala escura", Fontenelle coloca seu apreço ao terror em um slasher que traz uma história já vista no argentino "Mortes na matineé" (2020) e no italiano "Demons, os filhos das trevas" (1985), porém com um sabor bastante brasileiro. Para se ter uma idéia, o serial killer veste um figurino de pierrô, e na trilha sonora toca uma marchinha de carnaval. Nove pessoas são convidadas para uma pré estréia de um filme no cinema Odeon. A sala está vazia, e somente um atendente os recebe. Ainda assim, os 9 espectadores permanacem na sala. Assim que a sessão começa, o filme é trocado pela imagem da namorada de um dos espectadores, amarrada e torturada, tendo a sua orelha arrancada por uma figura misteriosa. Todos correm para ir embora, mas as portas estão trancadas. um a um, vai sucumbindo ao assassino, que tem uma motivação para os crimes. O elenco, majoritariamente jovem, é formado por talentos como Allan Souza Lima, Luiza Valdetaro e Tainá Medina. A fotografia é de Dudu Miranda. Para quem curte um bom slasher, talvez reclame do ritmo lento e das mortes que acontecem em sua maioria off screen. Mas é inegável que ter slasher 100% brasileiro é sempre motivo de comemoração.

My boy

"Atopi moy", de Yiorgos Mesimeris (2025) Curta LGBTQIAP+ grego, inspirado em uma história real. Um jovem gay encontra uma carta na rua e a le em casa. Quem escreveu foi um soldado, que escreveu para o seu companheiro antes de seguir para op front, e com quem mantém um relacionamento gay escondido.O rapaz que encontrou a carta imagina o casal gay de forma romantizada. Um filme simples, com bela fotografia e imagens homoeróticas expressas de forma poética e lúdica, com os dois rapazes se divertindo uma tarde na praia. Drama e romance para quem gosta de uma história de amor proibida.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Marte exaltado

"Mars exalté", de Jean-Sébastien Chauvin (2022) Concorrendo no Festival de Berlim em 2022, de onde saiu com um Teddy awards, "Marte exaltado" é um filme Lgbqtaip+ francês com cenas de sexo explícito. O filme tem uma narrativa poética e experimental. Intercalando imagens de Paris à noite, com trânsito, ruas, prédios iluminados, rio Sena, o filme mostra um homem dormindo em seu quarto, totalmente nú (Alain García Vergara). Com o corpo suado d euma noite quente de verão, ele tem sonhos eróticos, e no final, ejacula em polução noturna, assim que um novo dia amanhece. O filme traz sons urbanos intercalados com a respeiração do homem, como em uma sinfonia. Espectadores voyeurs certamente irão amar o filme, que mostra o corpo de Vregara em todos os seus ângulos, se mexendo na cama enquanto dorme. A bela fotografia de Máxime Berger torna a nudez e a cena explícita elegante, com uso de sombras, assim como as imagens captadas na noite da cidade.

Prédio vazio

"Prédio vazio", de Rodrigo Aragão (2025) Sétimo longa do cineasta do Espírito Santo Rodrigo Aragão, famoso nos festivais por trazer elementos tipicamente brasileiros ao gênero terror, na linha de José Mujica Marins: indie, poucos recursos e aliando efeitos práticos com CGI dentro do que o orçamento permite. Seu cinema é artesanal, trazendo atores pouco conhecidos do grande público, mas totalmente conectados ao seu estilo de narrar uma história. Em "Prédio vazio", que ganhou prêmio de distribuição na Mostra Tiradentes 2025, Aragão experimenta o seu primeiro filme ambientado na grande cidade, no caso,a. turística Guarapari, cidade litorÂnea do Espírito Santo. Assim como em "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, o prédio antigo, localizado em frente à praia, aqui batizado de Prédio Magdalena, é o personagem principal. Ali, moradores vivos e mortos convivem com a zeladora Dora (Gilda Nomacce), ema personagem que lembra o de José Mujica Marins em "A estranha hospedaria dos prazeres", de 1968. Preocupada com sua mãe (Rejane Arruda), que foi passar o carnaval em Guarapari e se hospedou no prédio, sua filha, a gótica Luna (Lorena Correa) segue para a cidade junto de seu namorado ingênuo e boa praça Fabio (Caio Macedo), um tipo que lembra o de Brad Majors, o galã bobalhão de "Rocky Horror". O filme tem como tema principal a maternidade. Ambas as mães, interpretadas com vigor por Gilda Nomacce e Rejane Arruda, defendem suas crias como verdadeiras leoas. O filme traz diversos easter eggs: "O iluminado", "Evil dead", "Fome de viver", entre outros. Para quem gosta de um cinema trash 100% nacional, "Prédio vazio" é uma boa dica.

Popeye- Maré de horror

"Shiver me timbers", de Paul Stephen Mann (2025) Producao inglesa que tira proveito do domínio público do personagemm Popeye e sua turma, que entrou em vigor em 2035. "Popeye, maré de horror", é o 3o filme com Popeye slasher, depois de 'Popeye, the slayer man", "Popeye's revenge". "Popeye, the slayer man", continua sendo o melhor dos 3, o que não quer dizer muita coisa, já que os 3 são muito ruins e feitos à toque de caixa com efeitos ruins, elenco amador e roteiros pobres e sem criatividade, principalmente nas mortes. O filme acontece no dia 12 de abril de 1986, no dia da passagem do cometa Harley no mundo. No norte da Califórnia, Olívia Palito seu irmão Castor e um grupo de amigos decide ie até o deserto para assistir melhor à passagem do cometa. No caminho, eles maltratam um sem teto, que os alerta sobre uma maldição que irá pairar na pssagem do Harley. Um marinheiro idoso, Popeye, é atingido por uma fagulha do cometa, que cai em seu cachimbo, e ele s etransforma em uma figura monstruosa, que mata quem cruza pelo sue caminho. O filme traz referências explícitas a diversos clássicos de terror dos anos 80, como "Evild ead", "O massacre da serra elétrica", "Sexta feira 13", "Alien", "A hora do pesadelo". Mas nada disso salva o filme, é ruim demais, as mortes sao copiadas de diversos slashers e absiolutamente não assusta nem faz rir.

Acabe com eles

"Bring them down", de Chris Andrews (2024) Premiada co-produção Irlanda, Reino Unido e Bélgica, "Acabe com eles" é uma trama sobre vingança, liderada por Christopper Abott e Barry Keoghan. Ambientada no oeste da Irlanda, nas montanhas onde duas famílias criadoras são vizinhas. Michael (Abotta) dirige sua caminhonete junto de sua esposa, Caroline (Nora Jane Noon) e a mãe de Michael. Quando a mãe de Michael avisa que irá sair de casa para morar com sua irmã, por conta dos abusos violentos do pai de Michael, ele acelera o carro e provoca um acidente, matando sua mãe e desfigurando Caroline. Tempos depois, Caroline decidiu abandonar Michael e casar com o vizinho Gary (Paul Ready), pai de Jack (Keoghan). Michael mora sozinho com seu pai cadeirante, Ray (Colm Meaney). Quando uma ponte que liga a cidade para a casa de Gary cai, a família passa necessidades. Jack decide roubar ovelhas de Michael para poder vender e pagar as dívidas da família. Michael decsobre, e Ray pede para que ele mate Gary e Jack. Mesmo com o ritmo lento, "Acabe com eles" é um filme que vale muito pelo seu elenco e pela direção. A fotografia traz tons densos que enaltecem a atmosfera de tensão. As locações ajudam a trazer uma sensação de isolamento. O embate entre Christoper Abott e Barry Keoghan é excelente, deixando clara a excelência de suas performances.

Código preto

"Black bag", de Steven Soderbergh (2024) Dirigido por Steven Soderbergh e escrito pelo roteirista David Koepp, que escreveu "Jurassic Park", "Indiana Jones e a caveira de cristal"e junto de Soderbergh, escreveu "Kimi", "Código preto" e "Presença". O filme é uma trama de espionagem com uma roupagem à la Hitchcok, com o famoso 'Who dounit", 'Quem matou?", na verdade, quem é o traidor responsável pelo roubo de uma arma chamada Severus, um programa ultrasecreto desenvolvido pelos Estados Unidos para derrubar o governo de Vlaidmir Putin. George Woodhouse (Michael Fassbender) recebe uma missão de seu chefe, Meacham (Gustaf Skarsgård) para descobrir qual agente secreto britÂnico roubou a arma militar. Uma das suspeitas é a esposa de George, Kathryn (Cate Blanchett), o que deixa George em grande conflito. Ele organiza um jantar, onde convida 5 suspeitos:a especialista em imagens de satélite Clarissa (Marisa Abella), seu namorado e agente administrativo Freddie (Tom Burke), a psiquiatra da agência Zoe (Naomi Harris) (Regé-Jean Page) e seu namorado e agente administrativo James. não tem como não comparar o filme à 'Sr e Sra SMith", guardada as devidas proporções, por conta da relação de um casal ond eum suspeita do outro. Soderbegh traz um humor fino para construir a sua narrativa. O filme conta com um excelente elenco para poder criar tensão na sua trajetória, em um roteiro excessivamente dialogado e um desfecho explicativo para quem não entendeu nada. Só senti o ritmo bem arrastado e lento e adoraria que tivesse mais cenas de ação, que são bastante restritas.