terça-feira, 4 de março de 2014
Vidas ao vento
"Kaze tachinu", de Hayao Miyazaki (2013)
A mais recente produção de Miyazaki e dos Estúdios Ghibli pode ser também a última do Mestre da animação. Durante coletiva no Festival de Veneza, onde o filme concorreu, o Cineasta afirmou que não iria mais fazer filmes. Guardando as devidas proporções, para mim, é como se Woody Allen resolvesse não filmar mais. Uma grande perda. Nesse filme, Miyazaki se baseia na história real do designer de aviões Jiro Horikoshi. Desde criança, Jiro sempre quiz ser piloto de avião. Mas devido à sua miopia, ele não pode realizar esse desejo. Durante um sonho, no qual ele se imagina em conversa com o designer italiano Caproni, ele tem a idéia de seguir a carreira do italiano. Anos depois, já crescido, Jiro vai trabalhar em uma empresa de aviação, durante a recessão econômica japonesa no período entre as 2 grandes guerras, anos 30. Acidentalmente, dentro de um trem , ele conhece Naoko, mas um terremoto irá separar suas vidas. Anos depois ele a reencontra, mas descobre que ela é tuberculosa. Ao mesmo tempo, ele precisa projetar aviões que servirão ao governo japonês lutar na 2a guerra. Diferente de seus outros filmes onde ele se baseia no Universo fantástico, aqui Hayao se baseia nos sonhos de seu protagonista para poder criar o lúdico perante uma realidade violenta e cruel. Os seus traços são lindos, poéticos ao extremo. A neve que cai, as nuvens que passam, os raios de sol, e principalmente, o vento que guia os seus personagens, tudo é de uma beleza absurda. A trilha sonora de Joe Hisaishi se utliza de referências italianas para dar vida a um mundo romantizado. Chorei rios durante o filme, emocionante ao extremo. Como todos os filmes de Miyazaki, esse também é longo, são mais de 2 horas e duração. Lá pelo meio existe uma "barriga", mais para ilustrar com didatismo a vida de Jiro e seu percurso como homem forte dentro da aviação servindo ao governo japonês. Uma cena antológica: Jiro indo atrás do guarda-sol de Naoko. Me lembrou bastante Marcello Mastroiani em "Olhos negros". Imperdível. Nota: 9
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