quinta-feira, 25 de abril de 2024

O mar vermelho me faz querer chorar

"The rea sea makes me wanna cry", de Faris Alrjoob (2023) Concorrendo na Quinzena dos realizadores no Festival de Cannes 2023, "O mar vermelho me faz querer chorar" é uma co-produção Alemanha e Jordânia. Protagonizado pela atriz Clara Schwinner, no papel de Ida. Ela retorna à Jordânia após a notícia do falecimento de seu namorado, Ismail, que sofreu grave acidente de carro. Decidida a se despedir de alguém que havia sido importante em sua vida, Ida vai até a delegacia receber os objetos que estavam com Ismail e durante a hospedagem no hotel e caminhando pela região, procura se conectar com a memória de uma pessoa que foi muito importante para ela. O cineasta jordaniano Faris Alrjoob trabalha também com videoarte e atuação e mora em Berlim. O que mais gostei no filme é o uso do silêncio, mesmo em cenas dialogadas. É um recurso que rompe com o realismo e ao mesmo tempo, traz força à imagem. A atriz principal trabalha bem o sentimento do luto, refletido em seu olhar.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Holly

"Holly", de Fien Troch (2023) Que filme instigante e sedutor! "Holly" é um filme onde o espectador fica capturado pela atmosfera que flerta com o psicológico e o místico, e é difíicl pensar em como irá finalizar. Concorrendo no Festival de Veneza 2023, o filme é escrito e dirigido pela cineasta Fien Troch. A fotografia é do excelente Frank van den Eeden, de "Close", de Lukas Dhont. Ambos os filmes dependem muito do visual para criar quase que um mundo à parte, e "Holly" é favorecido imensamente pelas imagens deslumbrantes. Holly (Cathalina Geeraerts) tem 15 anos e estuda em uma escola onde ela pouco socializa com outros alunos, por conta de sua timidez e introversão. Seu melhor amigo é Bart, um adolescente que sofre bullying. Um dia, Holly decide ligar para a ecsola e dizer que não irá, pois acredita que algo ruim irá acontecer. De fato, um incêndio acontece e vários alunos morrem. Anna ( Greet Verstraete), a professora, se sensibiliza com Holly e a junta a um grupo de voluntários que Anna coordena, para dirimir os traumas dos pais e amigos dos mortos. As pessoas começam a acreditar que Holly tem poderes e realiza fé e milagres, e passam a pedir ajuda emocional. Holly passsa a cobrrar dinheiro, e Anna se revolta com esse ato pouco sensível. Ao mesmo tempo, Anna deseja engravidar e não consegue. O filme tem um roteiro bem construído, que deixa muitas questões em aberto. Mais do que tentar entender o legado de Holly e se ela realmente tem poderes místicos, o filme busca criar um olhar sobre o grande gap entre conexão entre as pessoas, tanto na relação jovens e adultos, quanto de abusadores e vítimas de abuso. O elenco é muito bom, e todos os 3 protagonistas trazem uma construção perfeita sobre os conflitos da alma.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Prova de coragem

"Arthur the king", de Simon Cellan Jones (2024) Tenho que admitir que chorei litros e litros asistindo ao filme. Não tem como não se emocionar com um filme onde o público sofre e se emociona com um cachorro. Adaptado de uma história real, o corrido com o esportista sueco Mikael Lindnord, que escreveu um livro e o vendeu para Hollywood. MArk Walhberg o interpreta, e a história mudou de país: ao invés do Equadir, país real onde o protagonista conheceu o vira lata, a ação mudou para a República Dominicana. Michael Light (Walhberg) chefia uma equipe maratonista, mas que nunca venceu nenhuma prova. O grupo se desfaz, mas anos depois, Michael devide propor uma retomada do grupo e competirem na República Dominicana. Ali, o grupo (Simu Liu, Nathalie Emmanuel e Ali Suliman) se prepara para tyentar vencer. Durante o trajeto, Michael dá almondegas para um vira latas. Apartir daí, o cão, apelidado pelo grupo de Arthur, os acompanha em todo o trajeto, inclusiev salvando-os da morte. Michael vai se apegando o cão, ao ponto de fazer de tudo para salvar a vida dele, ao decsobrir uma doença no animal. Obviamnete que o filme faz de tudo para arrancar lágrimas do espectador. E faz sem medo de exagerar. O animal é simplesmente carismático, e Mark walhberg é daqueles atores que brilham nesses papéis de homens enlutados ou dignos e de coração aberto. Mas existe um outro filme, que é o dedicado ao esporte radical, e tiro o chapéu à equipe técnica, que deve ter sofrido muuto para as cenas de esporte e maratona.

Talking heads

"Talking heads", de Dario Attanasio e Dominik Danielewicz ( (2024) Excelente e criativo curta americano, "Talking heads" mostra a conversa em um banheiro entre um homem, Jay (Jordan Stephens), e seu pênis. Jay estava fazendo sexo com uma mulher, mas o pênis s erecusou a ficar ereto. O filme mostra a conversa entre o homem e o pênis, que se recusa a fazer sexo com a mulher e coloca em pauta porque o homem abandonou a ex namorada para ficar fazendo aventuras. O filme é repleto de safadeza, linguajar chulo, erotismo e o melhor de tudo, o uso de animatronic para animar o pênis, que abre a boca pela uretra. Muito bom.

International male

"International male", de Heath Daniels (2015) Protagonizado por Brandon Rowan-Taylor, "International male" é um curta curioso, que oscila entre a linguagem do dcumentário, do video clipe e da comédia erótica de costumes. Um homem solitário, em dificuldades financeiras, decide fazer contatos com homens de culturas distintas , que vêm lhe fazer visita em sua casa. Partindo de estereótipo culturas dos países, o homem transa, faz comida, ouve música, conversa, lê livros, brinca. Com o asiático, experimenta comida. Com o francês, de perfil intelectualizado, lê livro. Com o espenhol , faz sexo. Com o indiano, ouve música, e por aí vai. No final das contas, o filme mostra a solidão pelo qual boa parte da comunidade lgbt passa, e para muitos, a busca incessante do amor eterno, do one night stand, ou de apenas alguém para conversar.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Depois de ser cinza

"Depois de ser cinza", de Eduardo Wannmacher (2020) Drama brasileiro rodado em Porto Alegre e na Croácia, dirigido por Eduardo Wannmacher e escrito por Leo Garcia, e com bela fotografia de Leonardo Maestrelli. Apesar de conduzido por homens, o filme, que possui três mulheres protagonistas, têm em comum o mesmo homem: Raul (João Campos). Raul é um antropólogo e sociólogo que, para fugir de traumas do passado, decide viajar para a Croácia. Lá, ele conhece a artista plástica Isabel (Elisa Volpatto), que também foge de um trauma. João, em seu passado, se relacionou com uma amiga,a. estudante Suzy(Branca Messina) e também, com a sua terapeuta, Manuela (Silvia Lourenço). O filme parece uma homenagem ao cinema existencialista de Antonioni, quase que unindo sua trilogia em um único filme. Ou pode mesmo se ruma versão mais melancolica de "Todas as mulheres do mundo", de Domingos Oliveira. É um filme sobre a dôr da alma e do amor, e de que forma as pessoas não conseguem administrar esse luto emocional. Os atores são ótimos, a fotografia e as locações são deslumbrantes. Mas não é um filme de fácil assimilação, por conta de sua enorme tristeza, desaconselhável para pessoas depressivas e em processos de luto.

Ele me quer, ele não me quer

"Me quiere, no me quiere", de Alejandro Galdón (2024) Premiado curta LGBTQIAP+ espanhol, "Ele me quer, ele não me quer" é um romance adolescente sobre o primeiro amor gay. Arnau é filho de uma empregada doméstica solteira. Sua mãe vai trabalhar na casa de uma família rica e leva Arnau para ajudá-la. Chegando lá, ele se apaixona imediatamente por Javier, filho da patroa. 4 anos depois, os dois se reencontram em uma festa. Arnau (Pablo Royo) e sua amiga comentam sobre Javier (Jaime Antón), que discute com a namorada. Arnau vai consolar Javier e ambos acabam se beijando. Mas no dia seguinte, Javier desaparece, sem responder as mensagens de Arnau. O filme tem uma narrativa bem simples, e uma história óbvia. Os atores são medianos. O que pode prender a atenção do espectador para esse filme, é a forma delicada e até adocidada sobre uma paixão adolescente. No mais, o filme tem um caráter bem amador.

domingo, 21 de abril de 2024

A fronteira infinita

"Marzhaye bi payan", de Abbas Amini (2023) Premiado em Rotterdam, "A fronteira infinita" é um drama co-produzido por Irã, Alemanha e República Tcheca. É um filme arrebatador, que apresenta vidas no fundo do poço, sem perspectiva e que colocam suas vidas em risco para ir em busca de uma vida melhor. Na fronteira entre Irã e Afeganistão, em um vilerajo extremamente árido e pobre, mora o professor Ahmad (Pourya Rahimi Sam). Ele dá aula para crianças. Ahmad foi expulso do Irã e está exilado no Afeganistão, onde toda manhã, deve comparecer à Embaixada do Irã, antes de dar aula. Sua esposa, Nilofar, est;a presa no Irã. Ambos foram acusados de conspirar contra o governo iraniano. Durante fuga de refugiados do Afeganistão que tentam fugir para o Irã, Ahmad ajuda um idoso, que esta morrendo, e o leva para sua casa, junto d edua sjovens. Ele decsobre que a adolescente, Hasifa, foi vendida para se casar com o idoso. Um de seus alunos, o jovem Balaj, acaba se apaixonando por Hasifa, e planejam fugir. Ahmad decide fugir junto, resgatar Nilofar e fugir com todos para a Turquia. "A fronteira infinita" é um filme doloroso, que traz um mundo de extrema pobreza, onde pessoas sobrevivem da forma que podem. O regime conservador e totalitário, a misoginia, o talibã que começa a tomar conta de todo Afeganistão e que quer matar ginecologistas, pois é proibido tocar nos corpos das mulheres. São tantas aas tragédias apresentadas no filme, que terminei atordoado, triste por um mundo tão injusto.

Névoa prateada

"Silver haze", de Sacha Polak (2023) Vencedor do prêmio Teddy, dedicado à produções Lgbtqiap+ no Festival de Berlim, e concorrendo em Tribeca, "Névoa prateada", é um drama LGBTQIAP+ co-produzido por Holanda e Reino Unido. A protagonista, a atriz Vicky Kinght, foi inspiração para o roteiro escrito pela diretoraSacha Polak: quando tinha 8 anos de idade, seu pai tinha um pub, onde ela morava com os dois irmãos. ocorreu um incêndio, seus irmãos morreram e ela ficou com o corpo todo cheio de cicatrizes, que ficaram marcadas na pele. Além disso, Vicky se tornou enfermeira, sua profissão, a mesma profissão de sua personagem Franky. Consumida pelo desejo de vingança, acreditando que a amante de seu pai provocou o incêndio no pub que deixou seu corpo com cicatrizes, Franky foi morar com sua mãe alcoólatra e seus dois irmãos. Um dia, ao atender uma paciente, Florence (Esmé Creed-Miles), que até então só se relacionava com homens,d ecsobre a sua homossexualidade. Ambas se apaixonam, e Florence sugere se vingar da amante do pai de Frank. O filme tem uma pegada de cinema realista, estilo Ken Loach e Mike Leigh, e todos os personagens estão vivendo no seu limite psicológico, agravados por questões pessoais e financeiras. Um drama intenso, com ótimas performances e um profundo tom de melancolia.

sábado, 20 de abril de 2024

Refuge

"Refuge", de Renny Harlin (2023) A carreira do cineasta finlandês Renny Harlin é curiosa: finlandês, ele construiu sua carreira em Hollywood nos anos 90 entre sucessos e grandes fracassos: "A ilha da garganta cortada", "Duro de matar 2", 'Risco mortal", "Do fundo do mar", "O exorcista- o início", "A hora do pesadelo 4". Depois ele perdeu o rumo e filmou filmes de segunda mão. Agora, ele retorna com essa co-produção Estados Unidos e Bulgária, "Refuge". O filme é um terror sobrenatural de possessão. O soldado americano Rick Pedroni (Aston McAuley) acaba de se casar com Kate (Sophie SInmet) e são apaixonados um pelo outro. Ele é enviado à Guerra dop Afeganistão e retorna de lá mudado. Os médicos acreditam ser PTSD, mas a verdade é que ele foi possuido por um demônio ao entrar em uma caverna e atirar em um menino possuído. Existem filmes ruins divertidos e filmes ruins que são apenas ruinas. Infelizmente, o filme vem na 2a categoria, e é uma pena, pois a premissa é boa. mas os atores são fracos, os efeitos são pavorosos, o ritmo arrastado e para piorar, Renny Harlin perdeu a mão para um bom filme de entretenimento. Nada aqui se salva.

Problemista

"Problemista", de Julio Torres (2023) Há muiot tempo eu não via um filme tão pretencioso e confuso, além de chato. "Problemista" é escrito, dirigido, produzido e protagonizado por Julio Torres. O filme concorreu no Festival de SXSW e é uma produção independente que conseguiu atachar Tilda Swinton e Isabella Rosselini ao projeto. E mais uma vez, Tilda Swinton interpreta um personagem excêntrico. Alejandro) Julio Torres) é um jovem salvadorenho que quer trabalhar como designer de brinquedos nos Estados Unidos. Quando l6e que a Hasbro está Centra-se na situação desesperadora de um imigrante que precisa de patrocínio de visto para permanecer nos EUA e sonha em se tornar designer de brinquedos. Julio trabalha de cuidador em Nova York, mas eu visto periga vencer quando a incrição para o “Programa Incubadora de Talentos” não dá certo. Ele conhece Elizabeth (Tilda Swinton) quando se emprega como voluntário em uma empresa de congelamento criogênico para artistas que esperam acordar no futuro. Ela decide patrocinar o visto de trabalho de Alejandro, contanto que ele aceite se congelar e encontrar o marido de Elizabeth no futuro. O roteiro é uma confusão, nem Spike Jonze ou Michel Gondry conseguiriam dar conta. Não me conectei em momento algum com essa bagunça narrativa e confusa, e fico pensando no que Julio Torres mirou ao fazer o filme, que tipo de público.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

That's sexploitation

"That's sexploitation", de Donald A. Davis, David F. Friedman e Frank Henenlotter (2013) Documentário de mais de 2 horas de duração, que explora o gênero "sexploitation", surgido nos anos 20 e que teve declínio nos anos 70, com o advento dos filmes de sexo explícito. Consumido por um público majoritariamente masculino, esses filmes era uma forma de escapar do código Hays, conjunto de diretrizes de censura para filmes de Hollywood, estabelecido em 1930. Esses sexploitations eram exibidos fora do circuito comercial, e por isso, a censura não os encontrava. HAvia toda uma sorte de sub-gêneros, disfarçados de documentarios para driblar a censura. Eram filmes chamados de "Campos de nudismo", native films (documentários que exploravam a nudez de mulheres africanas, da polinésia), war training films (filmes onde soldados ficavam nús para exames médicos), os sex hygiene films (filmes didáticos com fins educativos e que mostravam homens e mulheres totalmente nus, com closes nos genitais), os burlesques films (filmes onde mulheres se aprsentavam semi-nuas em palco, exibindo dotes artísticos), e o retorno dos filmes de campo de nudismo agora em colorido, nos anos 50. Nos anos 60, surgiram os filmes europeus de lésbicas com cenas de sexo. Cineastas como David Friedman, Dwain Esper, Doris Wishman, Russ Meyer e outros divertiram seu público, com muito erotismo e ingenuidade nas tramas, atiçando o imaginário da platéia. Russ Meyer dirigiu os antológicos "Faster pussy cat, Kill Kill" e "Beyond the valley of the dolls), com mulehers às voltas com sexo, violência, droga e empoderamento.

Bug

"Bug", de Tim Hythen e Macgregor (2024) Excelente curta de suspense e ficção científica, "Bug" é um projeto derivado da empresa de FX criada pelos cineastas Tim Hythen e Macgregor. Ambientado na Coréia do Sul, o filme apresenta a trabalhadora doméstica (Laura Yeseul Im) que ao chegar do mercado para a casa que trabalha, nas montanhas, encontra a casa revirada. Ela toma água da torneira e ao ouvir um alerta no celular, decsobre pela tv que a população não deve beber água da torneira, pois foi contaminada pelo governo da Coreia do norte. Econômico no tempo, o filme cumpre o seu papel, que é o de criar expectativa e de envolver o epsectador em uma trama que ele não sabe como irá terminar. Excelente efeito especial aplicado no final da história.

Conversas com o Diabo

"Late night with the Devil", de Cameron Cairnes e Colin Cairnes (2023) Aclamado pela crítica, furor em SXSW e vencedor do prêmio de melhor roteiro em Sitges 2023, "Conversas com o Diabo" é uma co-produção Estados Unidos/Austrália e Emirados Árabes, escrito e dirigido pelos irmãos australianos Cameron Cairnes e Colin Cairnes . A despeito da excelência técnica- fotografia, make, figurino, edição- o filme provocou polêmica pelo uso de Ai em design gráfico de algumas artes. Muita gente anunciou como o melhor filme de terror do ano de 2024, e eu, grande fã do gênero, fui com muita sede ao pote e me dei mal. O filme é bom, mas a expectativa sobre terror e deixar a platéia assustada é bom prevenir, acontece lá pelos últimos 20 minutos. Até então, é tudo uma preparação para um clímax, no melhor estilo "A bruxa de Blair", que assim como esse, é um found footage. O filme começa com o narrador fazendo uma apresentação sobre quem é o one man show Jack Delroy ((David Dastmalchian), um apresentador de um programa ao vivo dos anos 70 na tv americana chamada "Night owl). Com crise na audiência, ele decide faezr uma edição especial na noite de Halloween, e convida a parapsicóloga (Laura Gordon), adolescente Lilly (Ingrid Torelli) para um episódio da Noite de Halloween. um hipnotizador cético Carmichael Haig (Ian Bliss), um médium Christou (Fayssal Bazzi), além da ajuda de seu assistente de palco Gus (Rhys ALteri). Lilly é apresentada como possuída pelo demônio, e sofre um exorcismo ao vivo. Tecnicamente, o filme é impecável, você realmente acredita estar assistindo a um programa ao vivo dos anos 70. Mas a demora para acontecer alguma violência, algum terror, pode provocar irritaçao em quem busca levar uns sustos. Como filme independnete autoral, é ótimo.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Abigail

"Abigail", de Matt Bettinelli (2024) Filmes de terror recentes têm trazido crianças como assassinas. Foi assim com os megas sucessos 'M3ghan", "Brightburn", "O cemitério maldito", "A órfã", entre outros, e agora, "Abigail". É possível ver muitos easter eggs no filme: "Poltergeist" (a cena da piscina), "M3ghan"e "A hora do espanto. Dotado de um humor próprio de filmes de terror dos anos 80 e 90, o filme traz ótimos efeitos especiais. Uma quadrilha de sequestradores que não se conhece, é contratada por um homem, Lambert (Giancarlo Esposito) para sequestrar uma menina de 12 anos, Abigail (Alisha Weir), dançarina de ballet e filha de um milionário que é dono de um império do submundo. Joey (Melissa Barrera, da franquia "Pânico"), Frank (Dan Stevens), Rickles (William Catlett), Sammy (Kathryn Newton), Dean (Angus Cloud) e Peter (Kevin Durand) mantêm Abigail em uma mansão isolada, por ordem de LAmbert, e devem esperar 24 horas pelo recebimento do dinheiro. Mas logo decsobrem que ABigail é uma vampira, e ela passa a caçar um por um, que não podem fugir da mansão. O filme é bastante divertido e todo ambientado na mansão. A fotografia e a câmera ajudam bastante a dar sensação de enclausuramento e a direção de Matt Bettinelli traz ritmo. Os atores estão ótimos, se divertindo com seus personagens apatetados. A pequena Alisha Weir é incrível, claro que a make ajuda bastante, mas seu olhar e seu sorriso bizarro e maquiavélico são assustadores.

Guerra civil

"Civil war", de Alex Garland (2024) Todo mundo já sabe que "Guerra civil" é o maior orçamento da produtora independente A24, de U$ 50 milhões de dólares, e que foi a maior abertura dos Estados Unidos na semana de estréia, recebendo elogios de toda a crítica. O filme, escrito e dirigido por Alex Garland, realizador de "Ex-Machina", "Men-faces do medo" e "Aniquilação", traz Kirsten Durnst e Wagner Moura como protagonistas. No elenco coadjuvante, temos Jesse Plemons, marido de Durnst na vida real e indicado por ela ao cineasta quando o ator original não pôde mais fazer o papel do militar psicótico; tem Cailee Spaeny (que interpretou Priscilla Presley no filme de Sofia Coppola) e Stephen McKinley Henderson. O filme é uma metáfora do governo de extrema direita de Trump, e é ambientado em um futuro indefinido. Nos Estados Unidos distópico, o país se encontra em guerra civil, agravado por polarização entre partidos e estados americanos que não seguem o memso ideal. Lee (Durnst) é uma fotojornalista, e Joel (Moura), o redator. Eles decidem seguir de carro até Washington, para tentar entrevistar o Presidente dos Estados Unidos (Nick Offerman), responsável pela guerra civil. Junto dos dois, seguem o repórter veterano Sammy (Henderson), e a novata fotojornalista Jessie (Spaeny). Ao atravessar vários estados, os 4 testemunham os horrores de um país dividido. Tenho que admitir que eu odiei o final, me revoltou bastante. A curiosidade, é que eu fui ver o filme imaginando encontrar um blockbuster de ação, e me deparei com um drama político que reflete o mundo polarizado e de como esse conflito ideológico induz as pessoas a agirem como animais violentos, provocando massacres. O elenco está bem, as cenas de ação são bem dirigidas. Wagner Moura encontra o seu grande protagonista em uma produção americana, e faz com louvor. Mas o protagonismo é de Kirsten Durnst, em uma personagem complexa e é pelo seu perfil que a novata Jessie vai se moldando como pessoa e profissional.

TPM! meu amor

"TPM! meu amor", de Eliana Fonseca (2023) Adaptado do monólogo escrito pela roteirista e autora Jaqueline Vargas, "A mulher sem superego", "TPM! meu amor", é dirigido por Eliana Fonseca, atriz e roteirista que já havia dirigido um filme em 2005, 'Coisa de mulher", igualmente sobre pauta feminina com humor, apresnetando mulheres às voltas com problemas da rotina de toda mulher: homens abusivos, machismo, Tpm, mulheres que rivalizam e claro, sororidade. Com um elenco predominante de mulheres, como Paloma Bernardi, Negra Li, Maria Bopp, Iara Jamra, Polly Marinho, Tânia Alves e um elenco numeroso, o filme traz um visual que remete a sitcoms americanos, com cenários coloridos e fotografia que deixa todo o ambiente iluminado, uma prodposta conceitual certamente para aproximar o espectador do humor popular, alimentado por drama, romance e delírios da protagonisa, que se imagina em situações provocadas pela Tpm. Todo homem já disse alguma vez quando v6e uma mulher estresaada : "Deve estar de TPM". Partindo dessa premissa, Monique (Bernardi) se divide em 2: a enferneira boazinha e que tem atitude passiva, e a irritada e que não deixa nenhum desaforo por menos, quando está de TPM. Nessa brincadeira de Jekyl e Hyde, o filme apresenta os homens com todos os tipos esquemáticos: machista, abusivo, arrogante, controlador, mansplanning, traidor, narcisista, com exceção do médico Júlio (Rafael Zulu), crush de Monique. Para quem quer se divertir com personagens que parecem saído de um filme do Almodovar dos anos 80, o filme é uma pedida. Paloma Bernardi tem carisma e as cenas dela com as crianças hospitalizadas é bem emocionante.

Eu sou Maria

"Eu sou Maria", de Clara Linhart (2023) Longa de estréia de Clara Linhart, como diretora solo, com roteiro escrito por Sonia Rodrigues, fotografia de Bacco Andrade e protagonizado por Núbia Maurício. As participações são muitas, o que atesta o carinho com que grandes atores tem com Linhart, uma profissional de cinema brasileiro com anos de estrada como Assistente de direção, produtora e que co-dirigiu o filme "Domingo", com Fellipe Barbosa. Cleo, Pablo Sanábio, Daniel Dantas, Edmilson Filho, Bianca Joy, Izabela Machado, se juntam a jovens atores como Clara Moneke, Milena Melo, Samuel Scasciotti e Drico Alves. A história, voltada a um público juvenil, retrata o contraste entre um Rio de Janeiro dividido entre estudantes moradores de perfireria e estudantes ricos da Zona Sul, e todas as problemáticas que envolvem uma ecsola aristocrata: bullying, gravidez indesejada, racismo, aversão à pobreza, chantagem com sex tapes, uso de drogas, diretor e professores insensíveis. É nesse mundo que Maria (Núbia Maurício) é apresentada ao público. O roteiro, de assimilação imediata, não perde tempo em explicar quais são os desejos e ambições de Maria, filha de Célia e irmã de Anderson: ela quer estudar, ao contrário de seus amigos da comunidade, que querem fazer parte do tráfico, engravidam, faltam aula e vão a bailes funk. Maria é focada, e isso faz com que ela ganhe uma bolsa para uma escola tradicional da Zona Sul. Ali, ela sofre todo tipo de preconceito, mas um menino, intyerpretado por Drico Alves, se apaixona por ela e a a ajuda a enfrentar esse mundo de preconceitos e abusos morais e físicos. Linhart se sai bem em seu filme, narrativamente bem contado e que explora de forma simples mas eficiente um universo do ponto de vista feminino e de exclusão. O filme foi exibido no Festival do Rio e a Mostra Internacional de cinema de São Paulo, além de ser laçado pelo selo 'Elas", voltado a vozes femininas.

Além de nós

"Além de nós", de Rogério Rodrigues (2022) Concorrendo na 43a Mostra internacional de cinema de São Paulo, "ALém de nós" é uma produção do sul do país, rodado em 14 municípios de Estados como Porto Alegre, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. O filme segue a tradição de um road movie, onde a estrada serve como uma met'fora de encontros e desencontros e a reconexão de 2 pessoas que estavam simbolicamente sem rumo na vida. Leo (Miguel Coelho é um jovem peão de fazenda que mora em um vilarejo no Sul do país e nunca saiu de lá. Ele trabalha em uma fazenda, mas é demitido quando o dono da fazenda decide largar a pecuária e abraçar o plantio de eucaliptos. Ao chegar em casa, ele discute com seu pai, Leopoldino (Clemente Viscaino), irmão de seu tio ARthur (Thiago Lacerda), um desempregado, galanteador e alcóolatra. Quando o pai morre, Leo se sente culpado e decide cumprir o último desejo dele: levar a foto do pai com Getúlio e colocar na escadaria do palácio do Catete, Rio de Janeiro. Seu tio decide seguir essa viagem com ele, e no caminho, muitas coisas acontecem que irá transformar a vida dos dois para sempre. O filme tem bela fotografia em tons melancolicos de Renato Falcão, e roteiro escrito a três mãos, inspirado nos livros da Trilogia do Gaúcho a Pé, escritos por Cyro Martins. O elenco de apoio conta com participação de Ida Celina, Naruna Costa e Yngra Liberato. Um filme delicado, correto, com boas performances de Miguel Coelho e Thiago Lacerda.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Paraquedas

"Parachute", de Brittany Snow (2023) Vencedor do prêmio de melhor performance para Courtney Eaton no SXSW, é levemente inspirado na vida de Brittany Snow, atriz e cantora, que passou pela situação de transtorno alimentar, causado pelo excesso de preocupação com a aparência e seu corpo. O filme apresenta Riley (Courtney Eaton), recém saída de uma clínica, internada por conta de distúrbios alimentares. Ela está buscando recompor a sua vida, se reconectando com amigos e familiares. Ela consegue um emprego como atendente em um bar onde acontece peça teatral e conhjece um rapaz, Ethan (Thomas Mann), colega de quarto do namorado de sua amiga Olivia, que logo se apaixona por Ethan. Ao irem na mesma noite na casa de Riley, ambos tentam fazer sexo, mas Riley fica desconfortável em tirar a roupa. Um drama defendido com garra pelo elenco, em especial Curtney Eaton, em um papel bastante complexo e doloroso. Um roteiro bem construído, fotografia que busca trazer a tonalidade do drama interno da protagonista, mas sem carregar demais na aura trágica. Um filme que renderia facilmente uma boa peça de teatro.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Dencanse em paz

"Descansar en paz", de Sebastián Borensztein (2024) Premiado no Festival de Málaga com os prêmios de melhor ator (Joaquin Furriel) e ator coadjuvante (Gabriel Goity), "Descansar em paz" é do mesmo realizador dos premiados "Um conto chinês" e "A odisséia dos tontos", o cineasta e roteirista argentino Sebastián Borensztein. O filme é um drama de suspense ambientado em 1994, e tendo como pano de fundo o ataque contra a AMIA, atentado terrorista ao prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), ocorrido em Buenos Aires em 18 de julho de 1994, matando 85 pessoas e ferindo centenas. Sergio Dayan (Joaquin Furriel) é um empresário com uma enorme dívida e não consegue pagar os salários dos funcionários. Ele é ameaçado pelo agiota a quem pediu dinheiro emprestado, Hugo Brenner (Gabriel Goity). Sem ter mais como mentir, ele conta tudo à sua esposa, Estela (Griselda Siciliani)e promete que tudo irá melhorar, para eles e os dois filhos. Mas ao caminhar na rua, desesperado, Sergio se vê no meio da explosão da AMIA. Sergio , ferido, aproveita o evento e foge para o Paraguai. Dado como morto, a família recebe seguro e mais, Hugo acaba se aproximando de Estela e dos filhos dela, vindo a se casar com ela. Quinze anos depois, ao ver as fotos no FAcebook de sua antiga família, Sergio decide voltar a Buenos Aires e resgatar o amor de sua esposa e filhos. O filme tem altos e baixos, e talvez o que mais me incomodou, foi o roteiro, com o excesso de coincidências para que a vida de Sergio vá pra frente. É difícil também de crer que após tantos anos, ele queira voltar à antiga família, quando já está estabalecido em uma nova vida e sabendo que se voltar, sofrerá represálias. Os atores estão bem, e esse é o ponto alto.

O jogo das chaves

"El juego de las llaves", de Vicente Villanueva (2023) Vicebte Villanueva é o diretor da excelente comédia espanhola "Toc toc", um clássico do humor sobre pessoas com toques e manias que se encontram em um consultório. Agora, Villanueva retorna ao formato de vários personagens restritos a locações únicas com "O jogo das chaves", uma comédia romântica erótica que deseja abraçar todos os gêneros sexuais. Rodado em Valência, o filme apresenta um elenco de 8 atores e atrizes brancos, lindos, jovens e com perfil de capas de revista. São eles: Laura (Eva Ugarte), Raquel (Miren Ibarguren), Sergio (Fernando Guallar), Quique (Tamar Novas), Cris (Maria Castro), Antonio (Ricardo Farré), Siena (Justina Bustus), Daniel (Dani Tatay). são 4 casais em crise em seus casamentos. Siena decide propôr um jogo: que as mulheres joguem suas chaves em um vaso e os homens que pegarem, deverão seguir para a casa da mulher dona da chave e passar a noite com ela. O filme é derivado de uma série de sucesso mexicana, e o tal jogo, já foi visto na obra-prima de Ang Lee, "Tempestade de gelo". São filmes que falam sobre conservadorismo e que deve ser quebrado com sexo, antídoto perfeito para o tédio no relacionamento. Claro, gays enrustidos, lésbicas surgem em meio à liberação sexual. O filme não chega aos pés de "Toc toc", mas para quem deseja ver um filme com lindos atores desnudos (o sexo e nudez aqui são super soft, merecia ser mais picante) , o filme pode ser uma pedida. Referência também a "De olhos bem fechados". em seu desfecho em um castslo onde rola uma festa do sexo.

O tempo de amar

"Le temps d'aimer", de Katell Quillévéré (2023) Concorrendo no festival de Cannes 2023, "O tempo de amar" é escrito e dirigido pela cineasta francesa Katell Quillévéré e traz uma triste história de amor que começa em 1947, na França pós libertação da ocupação nazista, e se estende até os anos 60. O filme começa com um clipe em preto e branco da França libertada pelos americanos, e de como mulheres que foram obrigadas a terem relacionamento com alemães foram maltratadas e humilhadas em público. Entre elas, está Madeleine (Anaïs Demoustier) mãe de um menino e garçonete de um restaurante na Bretanha, que tenta começar uma nova vida longe de casa. Ela conhece um jovem estudante, François (Vincent Lacoste) de família burguesa que manca após contrair poliomielite. Ele lhe propõe um casamento. Ela aceita e se mudam para Paris. O tempo passa e Madeleine mente pro filho, dizendo que François é seu pai. Mas François é gay enrustido, e deseja ardentemente homens. Madeleine sabe desse segredo de François, e assim como ela, ambos guardam seus segredos. A crítica destruiu o filme, chamando-o de melodrama barato. O filme é repleto de intrigas, mentiras e jogos sexuais. Os dois atores estão ótimos. Mas como se passam décadas na história, manter Vincent Lacoste foi um erro. Ele tem cara de jovem nerd, e 20 anos depois com a mesma cara não deu credibilidade, por excelente ator que ele seja.

A última festa

"A últims festa", de Matheus Souza (2023) Matheus Souza comumente é comparado pelos críticos ao mestre Woody Allen, muito por conta dos diálogos verborrágico, afinados, ácidos e críticos. mas Matheus tem algo que o diferencia: uma profunda melancoia, escondida sobre uma manta de humor geek. O que mais gosto em seus filmes, é a atmosfera pop e a trilha sonora, sempre se comunicando com o seu público. Em "A última festa", novamente ele traz referências cinéfilas, e para mim, a bola da vez é "O primeiro ano do resto de nossas vidas", um clássico juvenil dos anos 80 sobre as agruras e ansiedades da formatura. Lá, era a faculdade. Aqui, o ensino médio. O último dia onde todes estudarão juntos, se verão, pois a partir do dia seguinte, cada um seguirá um caninho diferente, uma turma diferente, até uma cidade diferente. Rodado em uma fabulosa mansão em Portugal, o filme traz uma noite na vida dos formandos, capitaneado por 4 amigos: Marina (Giulia Gayoso), Nathan (Christian Malheiros), Bianca (Thalita Meneghim) e Nina (Marina Moschen). Nathan é gay e negro, e suas amigas, brancas. Todos ricos e com dilemas na maioria amorosos. Virgindade, ex-namorado, crush, gravidez indesejada. Já vimos tudo isso em centenas de outros filmes. Mas Matheus tem seus diálogos próprios: frases feitas, até construídas demais para queme stá na faixa etárea ( o elenco inclusive está acima da idade, mas são talentosos e isso acaba passando). O elenco coadjuvante é a turma que Matheus Souza sempre trabalha: Victor Lamoglia, Leo Cidade, Victor Meyniel. A fotografia, linda, é de Lícia Arosteguy. Mas o que mais gostei mesmo foi d atrilha sonora de Lucas SIlveira, perfeita e funcional.

Três tigres tristes

"Três tigres tristes", de Gustavo Vinagre (2022) Vencedor do prêmio Teddy no Festival de Berlim 2022, dedicado à produções Lgbt, "três tigres tristes" é escrito e dirigido por Gustavo Vinagre. Além de seus habituais parceiros de projetos, Julia Katharine e Caetano Gotardo, que surgem em cenas, Gustavo convoca participações especiais de Inês Brasil, Cida Moreira e a excelente atriz Gilda Nomacce, em hilária presença como a zeladora do prédio ond emoram os três protagonistas: Isabella (Isabella Pereira), Jonata (Jonata Vieira) e Pedro (Pedro Ribeiro). Todos estão confinados durante a pandemia da covid, já em sua quarta onda, onde é possível sair para as ruas, porém usando máscaras. Isabella é trans, nascida em Fortaleza, e vai fazer Enem para administração. Pedro é garoto de programa e faz livecam, além de atender um cliente idoso, interpretado por Everaldo Pontes. Jonatas é negro e soropositivo, e está em São Paulo para um tratamento de HIV. Todos sem dinheiro, sem trabalho, com as vidas destruídas pela covid. Mas decidem partir para as ruas e encontrar as pessoas. Gustavo Vinagre tem uma filmografia particular, de provocaçao social, política e discutindo as questões de gênero. Suas pautas são muitas, e tudo apresnetando com deboche, ironia e humor. A cena de sexo com Pedro e Everaldo Pontes é sensacional, principalmente na hora da chuca. Um filme ousado, livre, solto e sem amarras narrativas.

Rio doce

"Rio doce", de Fellipe Fernandes (2022) Longa de estréia do roteirista e cineasta recifense Fellipe Fernandes, "Rio doce" é um filme sobre famílias, aceitação, classes sociais e as mazelas brasileiras, como racismo, pobreza, desemprego. protagonista é interpretado pelo músico e ator recifense Okado do canal, interpretando Tiago, um jovem negro de 28 anos no auge de sua crise pessoa e profissional: prestes a fazer aniversário, pai de uma menina cuja mãe ele não se relaciona direito, devendo à muita gente e para piorar, uma dor nas costas que o impossibilita de fazer o que ama, cantar e dançar rap. De repente, ele descobre através de uma carta que seu pai tinha uma outra família, e ao ir atrás, descobre que possui três meia irmãs moradores de um bairro de classe média. AOoprocurá-las, ele descobre um enorme abismo entre ele e a nova família. Um filme metafórico de boa parte da população do Brasil, que vive à margem da sociedade. Tiago ainda vive a crise da paternidade, e através de sua trajetória, ele se reconecta com a sua própria vida. Os atores estão ótimos, e além de Okado, a participação de Nash Laila, uma atriz incrível.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Gay USA

"Gay USA", de Arthur J. Bressan Jr. (1977) Documentário histórico, "Gay USA" é dirigido por Arthur J. Bressan Jr. e durante o ano de 1977, coordenou uma equipe de 27 cameramen que rodaram diversos estados e cidades dos Estados Unidos, filmando passeatas LGBTQIAP+. Os pioneiras passeatas lutavam a favor dos direitos dos homossexuais. Lésbicas, gays, drag queens, travestis e simpatizantes dão depoimentos, em um rico painel sobre o que é a homossexualidade, sob vários pontos de vista. Ativistas, recém saídos de armário e curiosos trazem histórias de vida comoventes, que certamente poderiam render bons filmes com ricos personagens. O que me deixou de certa forma melancólico, é perceber a alegria e a felicidade de gays de várias gerações falando o quanto estão felizes em poder participar das passeatas e poder finalmente viver a sua vida gay plena, e pensar que 5 anos depois, a Aids chegou e devastou milhares de vidas, e certamente, muitos que deram os depoimentos.

Sting

'Sting", de Kiah Roache-Turner (2024) Divertido terror que homenageia os Filmes B, "Sting" traz uma aranha alienígena que cai do céu. Charlotte (Alyla Browne), 12 anos, mora em um prédio de classe média no Brooklyn junto de sua mãe, Heather (Penelope Mitchell) e seu padrasto, Ethan (Ryan Coor). Estamos no inervno, e nas rua geladas, todos os moradores estão em casa. Charlotte, que tem um relacionamento ruim com seu padrasto, que é quadrinista, encontra a aranha e decide criá-la. Mas para sua surpresa, a aranha vai crescendo, e sem que ela saiba, vai devorando pets e humanos no prédio, ficando cada vez maior. O filme é o que promete, nada além disso: uma diversão enquanto se assiste, depois se esquece tudo. Um besteirol repleto de cenas de humor ácido e de personagens caricatos e que estão estampados na cara que irão morrer em breve. Os efeitos em sua maioria são práticos, o que traz um charme a mais.

Polywood

"Polywood", de Alessio Mineo (2023) Comédia romântica LGBTQIAP+, "Polywwod" apresenta o mundo da pegação Poliamor de Los Angeles. Dois amigos gays dividem um apartamento: Clayton (Michael Lyons) e o flamboyant Brad (Julian Goza). Clayton está se preparando para ir a um date às escuras com um peguete do Grindr. Clayton é romântico, enquanto Brad só quer saber de sexo sem compromisso. Clayton vai ao encontro em um bar e conhece August (Jeremy Feight) e logo os dois se conectam nas afinidades. Quando August revela a Clayton que tem um parceiro e que busca somente uma aventura, Clayton se frustra e decide ir embora. Apesar do tom de comédia, o filme busca trazer uma mensagem sobre relacionamentos monogâmicos na comunidade lgbt, que é algo bem raro. O final surpresa e que destrói qualquer possibilidade de romantismo é coerente com o comportamento de boa parte das pessoas, independente de sua orientação sexual.

domingo, 14 de abril de 2024

Laroy, Texas

"Laroy, Texas", de Shane Atkinson (2023) Concorrendo no Festival de Tribeca, "Leroy, Texas" é uma ótima imitação dos filmes dos irmãos Coen. Trazendo todas aquelas situações típicas de filmes como "Onde os fracos não tem vez", "Fargo", entre outros, o filme mescla comédia, ação, policial, suspense, drama e muitos personagens à beira de um ataque de nervos. Ray (John Magaro) é dono de uma loja de ferramentes em Leroy, junto de seu vaidoso irmão. Ray é casado com Stacey Lyn, uma perua que sonha em ter um salão de cabeleireiros. Ao descobrir por Skip (Steve Zhan), um detteive amigo de Junior, que sua esposa o está traindo, Ray decide comprar uma arma para se matar. Mas ao parar no local errado, ele é confundido com o assassino de aluguel Harry (Dylan Baker ) e decidido a manter a farsa, Ray decide aceitar a missão, colocando assim, adrenalina em sua vida. Mas Harry decsobre que alguém está se passando por ele e decide ir atrás de Ray. Com excelentes atores no elenco, o filme é vibrante, tem cenas hilárias e um roteiro que, por mais óbvio que seja, diverte bastante.

Uma parede entre nós

"Pared con pared", de Patricia Font (2024) Comédia romântica espanhola que traz elementos que lembram o argentino "Medianeiras- Buenos Aires da era do amor", e "A outra", de Woody Allen. O filme apresenta 2 adultos solteiros: Valentina (Aitana), uma pianista clássica que se prepara para um teste, e acaba de se mudar para um apartamento em Madrid. David (Fernando Guaillar) é seu vizinho de parede: ele é um inventor que raramente sai do apartamento. Ela precisa de silÊncio, e ele também, mas acontece que os sons que ambos emitem em seus trabalhaos atrapalham ao ao outro. A discussão entre parede faz com que eles falem sobre suas vidas e se abram como se fossem pessoas íntimas. Simpático, o filme parece uma peça de teatro: 2/3 do filme são os vizinhos snetados cada um de um lado, sem nunca se conhecerem, abrindo seus corações. Por conta dessa dinâmica, o filme fica um pouco arrastado. Mas o carisma do elenco mantém a atenção do espectador, em uma trama bastante açucarada, mas fofa.

sábado, 13 de abril de 2024

On my way

"On my way", de Sonam Larcin (2020) Drama LGBTQIAP+ belga, apresenta 3 personagens: Niels e Antoine, dois homens belgas, e Dayo, um imigrante nigeriano em busca de asilo político. Niels trabalha em um restaurante de estrada e mora em um trailer ao lado do restaurante. Antonie é veterinário, casado com uma mulher e amante de Niels, em relação sigilosa. Quando Dayo se esconde nos fundos do restaurante, Niels decide ajudá-lo, levando-o à sua caravana. Antoine surge e cuida das feridas de Dayo, mas se incomoda ao decsobrir que Dayo fugiu de seu país por ser gay e ameaçado de morte, enquanto ele mora em um pa'si livre, mas decide viver dentro de um armário. Com um tema atual e relevante, fazendo uma analogia entre um país onde a homossexualidade é crime e punido com morte, e um país onde a homossexualidade é livre mas pessoas aind avivem sob fachadas, "On my way" traz pessoas altruístas que ajudam estranhos por bondade e sem pedir nada em troca. Durante o filme eu tava achando toda a situação bastante forçada, mas a verdade é que existem pessoas que não vêem maldade e estão ali para dar apoio. Essa é a grande mensagem do filme, sobre acreditar na humanidade. Um belo filme que traz como pano de fundo histórias de tragédias, mas que encontram alento.

Saturn Bowling

"Bowling Saturne", de Patricia Mazuy (2022) Uma das cenas mais brutais de violência contra a mulher, pertence à esse filme e curiosamente, é dirigido e co-escrito por uma mulher, a francesa Patricia Mazuy. Concorrendo em Locarno e eleito pela Revista Cahiers do cunema um dos 10 melhores filmes de 2022, "Saturn bowling" conta a história de 2 irmãos, um que é serial killer, e outro, um policial. Co-produzido por França e Bélgica, apresentamos Guillaume (Arieh Worthalter), um policial que após a morte de seu pai, herda a pista de boliche da família. Mas em vez de assumir ele mesmo, ele decide dar a pista de boliche para seu meio-irmão Armand (Achille Reggiani). Ao assumir o local, Armand passa a adquirir a índole assassina do pai, um ex-caçador de animais. Armand, sem que Guillaume saiba, flerta com mulheres e as mata, após fazer sexo, de forma brutal. Sem saber que seu irmão é o assassino, Guillaume fica na busca do serial killer. O filme começa apresentando Armand como protagonista, e quando ele assassina a sua primeira vítima, o filme passa a acoompanhar Guillaume, até o inevitável encontro dos dois. É um filme dirigido de forma bastante fria e chocante, com excelente atuação dos dois atores, footgrafia que intensifica a crueza da narrativa e uma direção afiada.

Arcadian

"Arcadian", de Benjamin Brewer (2024) Cópia descarada de "Um lugar silencioso", "Arcadian" é uma co-produção dos Estados Unidos, Canadá, irlanda. Totalmente rodado em Dublin, Irlanda, o filme tem como protagonista o incansável Nicholas Cage. Assim como o personagem de John Krasinsky, Cage é um pai que precisa proteger seus dois filhos gêmeos, cuja mãe morreu no parto. Já adolescentes, os jovens cresceram em um mundo pós apocalítico, onde insetos mutantes atacam e matam os humanos. Os sobreviventes precisam aprender a lidar com os ataques que aocntecem de noite. Paul (Cage) e seus dois filhos, Joseph (Jaeden Martell) e Thomas (Maxwell Jenkins) se unem à Charlotte (Sadie Soverall), que mora com seus pais e alguns sobreviventes, para um eminente ataque. Nada de novo no front em um filme que deixa os ataque smais pro terço final, e cuja ação demora muito a acontecer em cena. De qualquer forma, a figura dos monstros é bem interessante, algo meio Alien, com uma boca frenética. Cage dá o protagonismo para os adolescentes, e está em um modo mais comedido, sem as caras e bocas que seu público tanto ama.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Damaged

"Damaged", de Terry McDonough (2024) Desde que 'Seven", de David Fincher surgiu em 1995, quase todo filme de serial killer quer copair a sua narrativa e estética. Não seria diferente com "Damaged", uma co-produção Estados Unidos e Reino Unido, e que reúne dois grandes astros do cinema: o americano Samuel L. Jackson e o francês Vincent Cassel. Mas infelizmente, esse encontro de veteranos resultou em um filme meia bomba, e com um final querendo ter um plot twist que deixe o espectador caído. A revelação, vamos combinar, era quase de se esperar. O roteiro procura lançar muitas pistas falsas para o público, que fica toda hora desconfiando de todo mundo. Mas quando digo de todo mundo, são os personagens masculinos, pois as femininas, coitadas, mal possuem tempo de tela para se defenderem. Samuel L. Jackson é o detetive Dan Lawson, que trabalha em Chicago e que por anos, esteve atrás de um serial killer, sem sucesso. Quando surgem indicios de que o mesmo serial killer estaria em Edimburgh, na Escócia, Dan é enviado para lá, sendo recebido pelo detetive local, Gleb Boyd (Gianni Calapdi). Dan reencontra seu ex-parceiro de Chicago, Walker Bravo (Vincent Cassel), hoje aposentado. Os suspeitos são um vizinho e um mecânico ligado a um grupo religioso marginal. Como falei antes, a parte fraca do filme é justamente o roteiro. Existe violência, e elas surgem naquele flash que nem no filme "Seven", que não mostra os assassinatos em si, apenas o depois. Samuel L.Jackson há tempos faz aquele estilo particular dele, totalmente no automático e apostando em seu carisma. Cassel também não traz nada de novo no front.

The greatest hits

"The greatest hits", de Ned Benson (2024) "Questão de tempo", com Rachel Macadms, foi daqueles romances de viagem ao tempo que mais amei nos últimos anos. Vez ou outra o cinema vem com um filme sobre apaixonados que buscam a volta ao tempo para resgatar o seu amor, vide o mega clássico "Em algum lugar do passado". Agora, "The greatest hits" vem com uma premissa interessante: uma jovem, Harriet (Lucy Boynton), tem o dom de voltar ao tempo toda vez que escuta uma música que fez parte da playlist sua e de seu namorado, Max (David Corenswet, morto em um acidente de trânsito. Ela tenta fazer com que as coisas mudem para evitar a morte dele, mas não consegue. Em dois anos d eluto, ela frequenta um grupo de terapia, e lá conhece David (Justin Mim0, que perdeu seus pais. Os dois acabam se apaixonando, mas a insistente viagem d etempo para rever Max faz com que a relação de Harriet e David entre em crise, O filme tem momentos muito bons, e a playlist é sensacional, variando entre dance, pop, rock, disco e folk rock. Os atores também são ótimos, carismáticos e super críveis em sua paixão. Muita gente reclamou do final, e eu também aredito que poderia ter sido diferente. Mas é um belo filme para se assistir, e principalmente para os apaixonados por romance, suspirar.

O Vourdalak

"Le Vourdalak", de Adrien Beau (2023) Exibido no Festival de Veneza 2023, "O Vourdalak" é uma adaptação do romance gótico de Aleksey Konstantinovich Tolstoy, escrito em 1839. É uma história de vampiros ambientada na Europa oriental do século XVIII. Filmado em 16 mm, e a trilha sonora, segundo consta, inspirado no filme "Casanova de Fellini", de Nino Rota. Um cortesão francês e enviado do Rei de França, Marquês Jacques Antoine (Kacey Mottlet Klein) é incumbido pelo Rei para uma missão. No caminho, ele e sua caravana são roubados, e ele acaba sozinho, à pé. Ao bater em uma porta, é orientado a procurar a casa de Gorcha. Na manhã seguinte, Jacques Antoine encontra uma mulher que o leva até a sua família, moradores de uma casa isolada na floresta. A mulher, a jovem Sdenka, o apresenta à família: Anja, o menino Vlad, o adolescente Piotr e o filho mais velho de Gorcha, Jegor. Um dia, Gorcha retorna, mas ele não é mais o mesmo. Ele está vampirizado, e um a um da família vai sucumbindo à maldição. O filme tem uma interessante atmosfera de filme antigo, dos anos 60/70, e a curiosidade maior, o velho Gorcha, o vanpiro, é representado por um fantoche de tamanho humano. O filme tem um ritmo arrastado e os efeitos são em sua maioria, práticos. Não sei se curti o filme, mas a levada quase experimental de sua proposta não deixa de ser corajosa.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Cold meat

"Cold meat", de Sébastien Drouin (2023) Terror rodado ma região gelada de Prince George, British Columbia, Canadá, "Cold meat" é uma co-produção Reino Unido e Canadá. Sébastien Drouin dirigiu, co-escreveu, co-produziu, fez a marcação de cor, os efeitos especiais e editou. Rodado em 13 dias, o filme se passa 80 por centro dentro de um carro atolado na nevasca com 2 personagens tentando sobreviver. A questão é que uma das pessoas é um serial killer, e a outra precisa de certa forma da ajuda dessa outra pessoa para poder sobreviver. David (Allen Leech) está de passagem pelas montanhas geladas quando decide parar em um restaurante de estrada. Lá, ele conhece a garçonete Annne (Nina Bergman), que está discutindo com seu ex-marido tóxico, Vincent (Yan Tial). Ao ir embora, David se vê preso um uma nevasca, em um local isolado, e precisa da ajuda de alguém, mas seu celular está descarregado. O filme tem um plot twist no meio da história, e para um filme de baixo orçamento, 'Cold meat" é muito bom e eficiente, melhor que muito filme de maior orçamento. Seu grande mérito é contar com dois excelentes atores, que seguram todo o filme. Claro, para manter o filme, o espectador tem que abrir mão de credibilidade e das decisões de determinado personagem. Mas ainda assim, vale assistir. E fico imaginando a dificuldade que deve ter sido filmar nas condições climáticas da nevasca real.

Ghostbusters- Apocalipse de gelo

"Ghostbusters- ice empire", de Gil Kenan (2024) Em 2021, foi lançada a terceira parte da franquia "Ghostbusters", iniciada em 1984. Os produtores e roteiristas ignoraram a polêmica versão feminina de 2016. O filme trouxe comoção aos fãs ao fazer retornar os caça fantasmas originais, Dan Ackroyd, Bill Murray e o fantasma do falecido Harold Ramis. Pois agora, 3 anos depois, é lançada a quarta parte, 'Apocalipse do gêlo". Como o anterior foi sucesso de crítica e público, era inevitável esse novo capítulo. Mas para minha tristeza, o filme não traz nada, mas nada de novo. É a mesma história de sempre, agora retornando à Nova York. O que difere mesmo, e é um enorme exagero, é que agora, se formma um grupo de 11 caça fantasmas! Além dos originais, Dan Ackroyd e Bill Murray, ainda voltam os também originais Annie Potts e Ernie Hudson + a família de Cally (Carrie Coon) e Gary (Paul Rudd) e os adolescentes Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace). Aí se juntam ainda outros, que lutam contra uma entidade que quer transformar Nova York em um imopério do gelo. Chato, arrastado, o filme funciona quando prestamos atenção no trabalho do elenco, principalmente na jovem Mckenna Grace, que possui o melhor arco, a da adolescente em crise, e sua amizade com a fantasma Melody (Emily Alyn Lind).

City after dark

"City after dark", de Ishmael Bernal (1980) Considerado pela crítica uma das maiores obras primas do cinema filipino, "Manila by night", seu título original, teve que alterar o nome por exigência da então primeira dama Imelda Marcos. O país vivia a ditadura sanguinária de Ferdinand Marcos e Imelda acreditava que o filme iria trazer uma imagem negativa ao país, inclusive ela proibiu que o filme fosse pro Festival de Berlim, exigiu cortes nas cenas de sexo. Lançado em 1980, o filme é um épico de 150 minutos, retratando as vidas de jovens que moram na capital que de certa forma, têm relação com Virgie (Charito Solis), uma mulher de meia idade, ex-prostituta que esconde seu passado. Ela está casada com um policial e é mãe de 3 filhos, entre eles, Willian, o mais velho, que é amigo de traficantes e gasta dinheiro com drogas; Baby, que se descobre grávida e teme que seus pais a recriminem. Outros personagens surgem nas noites de Manilla, apresentando uma cidade decadente, onde prostitutas, gays, strippers masculinos, assassinos, traficantes e bandidos convivem em uma dura e cruel realidade. A fotografia, a direção de arte e a trilha sonora ajudam a dar uma atmosfera perversa e crua, quase documental. Um fabuloso registro de uma época, e fico imaginando como deve ter sido filmar e lancar esse filme durante um regime do assassino Ferdinand Marcos.

Bizarro

"Bizarre", de Étienne Faure (2015) Um retrato extremamente cruel da juventude sem futuro, ‘Bizarro” narra a história de Maurice, um francês de 18 anos que fugiu de seu País e veio morar em Nova York. Sem teto, Maurice mora nas ruas e faz bico como lavador de louça. Com sua beleza incomum, ele atrai os olhares de homens, mulheres, gays, trans, idosos e jovens. Todos querem possuir o belo corpo de Maurice e se aproveitar de sua inocência e ingenuidade. Duas mulheres, donas do Cabaret “Bizarre”, o tiram das ruas e o empregam na boite, dando casa, comida e exigindo que ele durma com elas. Maurice acaba se envolvendo com Lukas, o bar men da boite, que é um homem em transição para se tornar uma mulher. Ao mesmo tempo, surge Charlie, um rapaz sedutor que se envolve sexualmente com Lukas. Para quem for voyeur, “Bizarro” será um deleite, com cenas de sexo, nudez total do elenco e apresentações de performers reais no palco de Bizarre, envolvendo fetichismo e dominação. É um filme sobre “pessoas fantasmas”, aquelas figuras anônimas que surgem e desaparecem e absolutamente ninguém dá falta. A cena final é bastante melancólica e deixa um vazio no coração.

Que ninguém durma

"Que nadie duerma", de Antonio Méndez Esparza (2023) Melhor atriz para Malena Alteiro no Goya 2024, além de diversos prêmios em importantes festivais de cinema de gênero, "Que ninguém durma" é adaptado do romance "Não Deixe Ninguém Dormir, de Juan José Millás. O filme é um ótimo drama que no seu ato final muda de tom de forma surpreendente. Lucia (Malena Aõteiro, excelente), é uma técnica de informática de uma empresa que atualmente está em condiçoes financeiras desfavoráveis. lucia trabalha lá há 20 anos, e está há 6 meses sem receber. Ela mora com seu pai doente, e sua mãe se suicidou. Quando ela é demitida, Lucia decide se tornar uma taxista. Ela conversa com diversos passageiros e com alguns, ela se relaciona sexualmente, como uma conselheira. Uma das passageiras é Roberta, uma diretora de teatro, e elas ficam amigas e confidentes. Lucia se torna amante de um vizinho ator e apaixonado por Turandot. Quando ele some, Lucia se torna obcecada em saber do padadeiro dele. O filme tem mais de 2 horas, mas a performance de ALteiro é tão magnética, que nem senti o tempo. Com um tom realista, o filme busca trazer histórias de passageiros em interessantes, e o que mais me comoveu foi a dupla de músicos cegos. As cenas de sexo são recorrentes, mas nada que torne o filme vulgar.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Blackbird blackbird blackberry

"Shashvi shashvi maq'vali", de Elene Naveriani (2023) Premiado em diversos festivais e competindo no Festival de Cannes 2023 na Mostra quinzena dos realizadores, "Blackbird blackbird blackberry" é um excelente exemplar do cinema da Geórgia. O filme traz uma narrativa muito semelhante ao finlandês Aki Kaurismaki, sobre pessoas solitárias e com perfis de losers, que encontram algum alento em momento específico de suas vidas sem brilho. Etero (Eka Chavleishvili) é uma mulher de 48 anos, solitária, dona de uma loja simples no interior da Geórgia onde vende produtos de beleza para as mulheres. Ao colher amoras na beira de um penhasco, ela escorrega e quase morre. Essa sensação de quase morte a faz despertar sexualmente, e ela avança para o entregador de sua loja, Murman (Temiko Chichinadze), casado e pai de dois filhos, que gosta da iniciativa de Etero e se apaixona por ela. Etero era virgem e alvo de fofocas das amigas, todas casadas e com filhos. Agpra feliz, Etero curte bem a vida de amante, até que suspeita estar com câncer no útero. Apesar do tom dramático, o filme resguarda um sutil humor, não tanto como nos filmes de Mika, mas ainda assim, trazendo o sabor acredoce do constrangimento. Os planos são esparçados no tempo e o elenco imprime uma performance minimalista, quase sem exressar emoções. Excelente trabalho da atriz Eka Chavleishvili no papel principal, lembrando uma personagem Felliniana.

Canções da terra

"Fedrelandet", de Margreth Olin (2023) Premiado documentário dirigido pela documentarista norueguesa Margreth Olin, "Canções da terra" é produzido, entre outros, por Win Wenders e Liv Ulmann, o que o credencia com pedigree para diversos festivais. O filme traz imagens espetaculares do vale Oldedalen, no oeste da Noruega. O filme traz imagens aéreas das montanhas e lagos gelados, mas também, na troca das estações de ano, no campo florido. Acompanhando as 4 estações, o filme traz dois temas: a exaltação e preservação da natureza, e o paralleo com a história de seus pais, Jørgen Mykløen e Magnhild Mykløen, ambos na faixa dos 80 anos e casados há 55 anos. Diante da fragilidade de seus pais, já idosos, e da eminente destruição da natureza, o filme traz um tom de espiritualidade e existencialismo. A morte próxima dos pais, que contam para a filha a história de ambos e de suas famílias, por gerações, residentes da região e de como vários integrantes morreram nos desabamentos, traz um tom de tragédia, associado à paixão pela mesma locação que tira vidas, mas que também é a grande devoção de Jorgen. O filme é longo e mesmo diante de imagens cinematogrtaficamente de cair o queixo, o ritmo é lento e arrastado.

terça-feira, 9 de abril de 2024

Wicked little letters

"Wicked little letters", de Thea Sharrock (2023) Duas das maiores atrizes no mesmo filme: Olivia Colman e Jessie Buckley! E ainda com o talento irrepreensível de Timothy Spall. Nada poderia dar errado em "Wicked little letters. Para quem ama filme com atuações do melhor do elenco inglês, o filme é imperdível. Baseado em uma bizarra história real, o texto renderia uma excelente peça de teatro. O filme é inspirado no escândalo da vida real que abalou a pequena cidade de Littlehampton, Sussex, na década de 1920. Em 1918, a migrante irlandesa Rose Gooding (Buckley) mudou-se para a pequena cidade, junto de sua filha pequena, e iniciou uma amizade com a sua vizinha: a conservadora Edith Swan (Colman), que mora com seu pai. Amigas de compartilhar intimidades, por conta de uma desavença, elas se tornam inimigas. Edith acusasse Rose de enviar uma série de cartas obscenas para ela e outras pessoas do bairro. Rose é levada à julgamento e fica presa. O caso se torna famoso. A policial Gladys Moss (Anjana Vasan), começa a investigar o crime, apesar da recriminação de seu chefe da polícia, que é misógeno. Gladys acredita que Rose, mesmo sendo impetuosa e desbocada, não seja a autora das cartas. O filme, claro, é levado nas costas pelo elenco, que passa mais da metade falando palavrões de todos os tipos. é divertido, e ao memso tempo, apresenta a personagem de Rose e de Gladys, que são mulheres à frente de seu tempo, batalhando pela independência e provando ao mundo que elas podem cuidar de si mesma.

A teia

'Sleeping dogs", de Adam Cooper (2024) Adaptação do livro escrito por EO Chirovici, "O livro dos espelhos", "A teia" é um thriller policial que traz um protagonista com Alzheimer, Roy Freeman (Russel Crowe), um deetive da homicídios. Após ser procurado por uma mulher que quer provar que o detento Isaac Samuel ( Pacharo Mzembe), condenado há 10 anos e agora às vésperas da pena de morte é inocente, Freeman decide reabrir o caso. Ele começa a investigar, junto de seu parceiro Jimmy (Tommy Flanagan) e se aproxima de Laura (Karen Gillan), ex-parceira de um escritor, Richard Finn (Harry Greenwood), morto recentemente. Laura trabalhou com o professor Joseph Wieder (MArton Ckosas), que foi assassinado e por quem Issac está sendo acusado do crime. Longa de estréia do roteirista Adam Cooper, o filme é bastante complexo, com muitas sub-tramas e personagens, todos para deixar pistas falsas, que claro, surge nos últimos minutos como um plot twist. O filme é interessante, mas tem um ritmo lento e cansativo, e vale mais pelo elenco do que pela trama. Alías, policiais com protagonista com Alzheimer já virou tema batido, incluindo o brasileiro "A suspeita", com Gloria Pires.