Diário de um Cinéfilo
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
Vou explodir
"Voy a explotar", de Gerardo Naranjo (2008)
Estréia dos atores Gael García Bernal e Diego Luna como produtores de cinema, "Vou explodir" é um drama comeing of age que traz uma grande adrenalina romântica de seu jovem casal protagonista, os não atores Maru (Maria Deschamps) e Román (Juan Pablo de Santiago) . O filme foi comparado pro muitos críticos a clássicos de filmes sobre a rebeldia juvenil: "Joventude transviada", "O demônio das onz ehoras", "Bonnye e Clyde- uma rajada de balas" e Louca espacada", além da óbvia referência ao romance "Romeu e Julieta" e seu amor impossível entre dois jovens de classes sociais distintas. Filmado em Guanajuato, cidade natal do roteirista e diretor, o filme apresenta Ramon, adolescente filho de família de elite e por conta de sua rebeldia, foi expulso de uma ecsola tradicional. Ao ser transferido para uma nova escola, ele conhece Manu, filha de classe media baixa e operária e moradora de comunidade. Os dois se conectam imediatamente em seu inconformismo com a sociedade, a escola e os pais. Eles decidem fugir e se refugiam no terraço do prédio onde a família de Román mora. Ambos são dados como desaparecidos. Quando Román simula um sequestro por telefone, a dupla rapidamente se torna alvo de uma busca em todo o país
O filme concorreu no Festival de Veneza e em outros importantes festivais. É um filme repleto de frescor, com câmera dinâmica e uma atmosfera urbana que tra zum tom de melancolia e solidão. É um filme sobre um amor improvável, e que muitas pessoas reclamaram de seu final moralista.
Kill Bill- The lost chapter- Yuki's revenge
"Kill Bill- The lost chapter- Yuki's revenge", de Quentin Tarantino (2025)
Há 20 anos atrás, Tarantino teve um sonho sobre um capítulo de "Kill Bill"e nunca conseguiu levar até à tela grande. Agora, em parceria com o Fortnite e a Epic games, Tarantino escreveu o roteiro de "The lost chapter- Yuki's revenge".
Após Gogo Yubari ser morta em um duelo com a Noiva , Bill envia Yuki, irmã gêmea de Gogo, para Los Angeles, Califórnia, para caçá-la e vingar sua morte. Ao chegar nos Estados Unidos, Yuki compra um carro esportivo rosa-choque e o usa para passear pela cidade, visitando diversas atrações e tirando fotos com os moradores locais. Ela encontra a Noiva no aeroporto e começa a segui-la, chegando a um motel ao anoitecer antes de confrontá-la.
Com a voz original de Uma Thurman dublando a animação, "Yuki's revenge" é divertido, mas me ficou uma frustração por ser óbvio e não oferecer algo diferente além de perseguição e saraivada de tiros de metralhadora. Mas como dizemos, melhor do que não ter nada. Fosse em live action talvez fosse mais interessante, mas sendo animação, fiquei com a impressão de ter ficado limitado.
La terminal
"La terminal", de Gustavo Fontán (2023)
Documentário argentino escrito e dirigido pelo cineasta e professor Gustavo Fontán. O filme apresenta 1 dia na estação rodoviária em La Falda, província de Córdoba. A câmera, intimista e escondida, registra o vai e vem de passageiros, e dessa forma, traz uma narrativa instigante sobre encontros e desencontros, despedidas e a curiosidade do espectador sobre histórias anônimas e criando a sua própria narrativa. é um filme experimental, onde a iluminação que varia ao longo do dia, a movimentação da diurna para a solidão da noturna, trazem um espaço de isolamento e desencanto. Um filme que reforça a melancolia da vida, tendo a estação como a sua protagonista.
Little Amélie or the Character of Rain
"Amélie et la métaphysique des tubes", de Liane-Cho HanJin Kuang e Maïlys Vallade (2025)
Co-produção França e Bélgica, "Little Amélie or the Character of Rain" concorreu no Festival de Cannes na Mostra Quinzena dos realizadores 2025, em San Sebastian e ganhou melhor animação do público no Festival Annecy. Os traços lembram uma animação para crianças, mas a verdade é que os temas propostos são adultos. Co-produzido pela França e Bélgica, o filme traz divagações existenciais de Amelie, uma menina que irá fazer 3 anos de idade. Ela questiona o mundo que ela observa, seus pais, seus irmãos e a sua babá, Nishio-San, uma japonesa. O filme trata de temas como luto, rancor, conflito geracional e conflito de identidade cultural, além de falar sobre perdão e ressentimento.
Baseado no romance autobiográfico da artista Amélie Nothomb, a história acompanha a pequena Amélie (Loïse Charpentier), nascida no japão de 1969, no pós 2a guerra mundial, onde muitos japoneses aind aguardam o rancor contra os estrangeiros, que acusam, por serem responsáveis pelas mortes de seus parentes e amigos. Amelie mora com seus pais belgas e os dois irmãos crianças. Até os 2 anos e meio, ela não fala. Quando sua avó os visita, vindo da Bélgica, Amelie passa a falar quando a avó lhe dá um pedaço de chocolate belga. A dona da casa onde moram, a senhora Kashima-san , guarda rancor dos estrangeiros; seu marido e seu filho morreram na guerra. Ela indica a jove, Nishio-San para ser a empregada da família e cuidar de Amelie. Aos poucos, Amelie se afeicoa à babá e cria um vínculo afetico e cultural come la. Quando seus pais decidem retornar à Bélgica, Amelie entra em crise, pois se considera japonesa.
Com traços em 2D, o filme é lindamente ilustrado, com muitas imagens de passagens de tempo, natureza, trazendo reflexões à personagem de Amelie e sobre o mundo que a rodeia. Me fez lembrar d eoutra animação prmeiada, "Marcel the Shell with Shoes On", que tem uma embalagem de filme infnatil, mas que na verdade é um filme existencialista para adultos nostálgicos.
Natal sangrento
"Silent Night Deadly Night", de Charles E. Sellier Jr. (1984)
Clássico slasher que na época de seu lançamento, em 1984, sofreu críticas e teve manifestações por grupos religiosos que portestavam contra o uso da imagem do Papai Noel como um serial killer. O sucesso de "Natal sangrento" foi tão grande, que gerou 5 continuações. Em 20212 teve um remake e em 2025 também.
Em 1971, a família Chapman: o pai Jim (Geoff Hansen), a mãe Ellie (Tara Buckman) e os filhos Billy (Jonathan Best), de 5 anos e o bebê Richard- seguem até à Clínica Mental de Utah, onde o pai de Jim está internado. O avô sai da catatonia só para avisar Billy para tomar cuidado com Papai noel, que se vinga de crianças malcriadas. No caminho de volta para casa, um papai noel, que acabara de assaltar um loja e matar o dono, pede carona. Ele mata o pai de Billy e estupra a mãe, e depois a mata. Billy e Ricky seguem para um orfanato, onde passam sua infância e adolescência. Billy tem pesadelos com a morte dos pais e é maltratado pela Madre superiora, que bate nele constantemente. COm 18 anos, Billy (Danny Wagner) vai trabalhar em uma loja de brinquedos, graças à Irmã Margareth. Billy vai bem, mas quando é obrigado a se vetsir de Papai Noel pelo dono da loja, ele tem um surto e começa a matar todo mundo.
O filme demora para ter os assassinatos, após o prólogo, quase 50 minutos depois de filme. Um dos assasinatos lembra o de "O massacre da serra elétrica", quando uma das vítimas é colocada em um ganho de carne. É um bom filme, de ritmo arrastado, mas com bons atores. As cenas de assassinato não são tão violentas assim, mas tem uma atmosfera curiosa por se passar no Natal, uma novidade na época.
domingo, 7 de dezembro de 2025
Palestina 36
"Palestina 36", de Annemarie Jacir (2025)
Melhor filme no Tokyo International Film Festival 2025, "Palestina 36" é o filme indicado pela Palestina à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026. Escrito e dirigido pela cineasta Annemarie Jacir, o filme foi criticado por trazer uma narrativa ocidentalizada sobre o evento histórico da Grande revolta palestina, ocorrida em 1936, contra a colonização britânica e tendo a população protestando contra injustiças, roubo de terras e políticas sionistas. No elenco, celebridades como Jeremy irons, que interpreta o vilanesco Comissário ingl6es Wauchope, Liam Cunningham ) de "Game of thrones) e Hiam Abbass, estrela palestina que representa a porção do elenco nativo.
O trabalhador portuário Khalid (Saleh Bakri) se junta ao movimento rebelde pelas péssimas condições de trabalho. Outras histórias parelelas se unem, protagonizadas por civis palestinos, entre elas, a jovem Afra (Wardi Eilabouni) e sua avó Hanan (Hiam Abbas), enfrenta ameaças crescentes dos ingleses contra os colonos na área rural.
O filme lembra aquelas produções grandiosas e monótonas dos anos 90, como "Ghandi" ou "Um grito de liberdade". Filmes com alto valor de produção, mas que carecem de uma história conduzida com personagens mais carismáticos e menos pulverizados com uma quantidade enorme de personagens que fazem o espectador se perder na história.
O prazer é meu
"El placer es mío", de Sacha Amaral (2024)
Co-produzido por Argentina, França e Brasil, "O prazer é meu" é dirigido pelo brasileiro Sacha Amaral, radicado há 20 anos na Argentina. O filme é uma produção independente queer, e traz o protagonista Antonio (Max Suen), 20 anos, que mora na periferia de Buenos Aires. Antonio vive de vender drogas, fazer encontros s3xu41s casuais com homens e mulheres e na casa de seus amantes, ele rouba dinheiro e objetos. Antonio convive com sua meia irmã, mãe de duas crianças, e tem um péssimo relacionamento abusivo com sua mãe, uma ex-garota de programa.
O filme faz um estudo de personagem sobre um jovem de uma geração que vive uma vida vazia e solitária, onde todos os encontros terminam em sua fuga após o roubo. É um filme desolador, sobre uma juventude inepta em saber viver com dignidade, estudando ou trabalhando. Rejeitando qualquer tipo de aproximação carinhosa, seja de quem for, Antonio visa o dinheiro e o uso de drogas. "O praezr é meu" chega a trazer uma perspectiva de mudança para Antonio quando ele se envolve com um jovem marginal a quem ele protege e fazem s3x0.
Mirrors No. 3
"Miroirs No. 3", de Christian Petzold (2025)
Eu sou um grande fã dos filmes do cineasta alemão Christian Petzold: 'Afire", "Undine", "Phoenix", Barbara", entre outros. Concorrendo na Quinzena dos realizadores do Festival de Cannes 2025, "Mirros No 3" é um dos que menos me surpreendeu. O filme é a sua 4a parceria com a excelente atriz Paula Beer, uma atriz sempre interessante e sedutora. O filme no início me parece que ia pro caminho de "Louca obsessão", com Kathy Bates: Laura (Beer) é uma estudante de piano que namora Jajob. Quando ela decide retornar para Berlim para continuar seus estudos lá, Jakob reage mal, mas decide levá-la até a estação d etrem de carro. No caminho, eles sofrem um acidente. Jakoc morre e Laura fica gravemente ferida. Ela é resgatada por uma mulher, Betty, que mora perto do local. Ela a acolhe e cuida dela durante sua recuperação. Betty apresenta Laura ao marido, Richard, e ao filho deles, Max, que administram uma oficina mecânica. A presença de Laura e a convivência com a família irá alterar o rumo da shistórias de todos os personagens.
O filme parece caminhar para um thriller, mas acaba sendo um drama sensível sobre se reconectar com a vida, depois de tragédias pessoais. O cineasta Christian Petzold é também excelente diretor de atores e extrai ótimas performances do elenco. As locações na bucólica Brandenburg são captadas belamente pela fotografia de Hans Fromm.
Amor y matemáticas
"Amor y matemáticas", de Claudia Sainte-Luce (2022)
Premiada produção mexicana escrita por Adriana Pelusi e dirigida por Claudia Sainte-Luce, "Amor y matemáticas" é anunciado como uma comédia romântica, mas na verdade é um drama melancólico com pitadas de humor e romance, mas tudo numa atmosfera bem baixo astral sobre personagens errantes e sem rumo na vida.
Billy (Roberto Quijano) é um ex-astro pop de uma banda de boy band anos 90 (estilo "Menudos"). Casado e com um filho pequeno, ele mora com sua esposa Lucía (Daniela Salinas). Billy agora é um homem que vive de seu passado e vive infeliz, pois não conseguiu mais se reposiconar no mercado da música. Quem sustenta a casa é sua esposa. Quando um casal de novos vizinhos se muda para a casa do lado, Billy conhece Mónica (Diana Bovio), que era uma grande fã sua na época da banda. Ela reacende o desejo dele de se motivar a cantar, e mais, ele volta a se apaixonar...mas por Mônica.
O filme tem aquele tom de comédias argentinas, onde os personagens são losers e tambem vivem uma vida sem perspactiva, quase uma reprodução dos filmes apáticos do finlandês Mika Kaurismaki. Os atores são ótimos, com destaque para Roberto Quijano, comovente em sua performance emocionalmente sem vida.
Hippo
"Hippo", de Mark H. Rapaport (2023)
Premiado em diversos festivais de gênero fantástico, "Hippo" é um drama co-escrito e dirigido por Mark H. Rapaport. Fotografado em preto e branco por William Babcock, o filme é uma produção indie americana que traz referências aos cinemas de Jim Jarmush, Lars Von triers, Robert Bresson e até Wes Anderson, em uma mistura que beira o sórdido, cômico e psicológico. O cineasta David Gordon Green, realizador da trilogia "Halloween", é um dos produtores executivos.
Na Pensilvânia, uma mulher de meia idade, Ethel (Eliza Roberts), mantém em sua casa isolada seus dois filhos: Hippo (Kimball Farley, também co-roteirista), e uma filha adotiva, Buttercup (Lilla Kizlinger), que vem da Hungria. Hippo sofre de problemas mentais e está obcecado por teorias de conspiração alienígena. Buttercup, de 17 anos, deseja ser mãe, e tem pensamentos de ter um filho com Hippo, que a evita, por não se sentir conectado ao s3x0. Quando Buttercup usa a internet de Hippo e entra na Craglist, ela marca um internauta, Darwin (Jesse Pimentel) de vir até a sua casa e conhecer a família, sem saber que ele na verdade é um criminoso sexual.
O diretor Mark H. Rapaport encontra em "Hippo" uma narrativa bem particular, com narração de Eric Roberts. É uma família desfuncional, com os 3 integrantes vivendo em mundos quase autistas e privados de bom senso, agindo e tomando decisões arriscadas. O tom do filme varia entre o drama, o lúdico, o surreal, bizarro e cômico.
sábado, 6 de dezembro de 2025
O Troll da montanha 2
"Troll 2", de Roar Uthaug (2025)
Continuação do grande sucesso "O troll da montanha", de 2022, "O Trll da montanha 2" segue anos depois do desfecho do anterior, onde o Rei da montanha acaba sendo morto, mesmo tentando proteger a natureza. Os pesquisadores Nora e Andreas retornam nessa continuação. Eles acabam se envolvendo em uma conspiração do governo da Noruega, que mantém um outro troll, chamado de Megatroll, escondido em suas bases militares. Nora se junta à equipe de cientistas responsável por estudá-lo, mas uma série de erros faz com que o troll desperte e fuja. Para evitar que ele chegue na cidade e destrua tudo, Nora leva os cientistas até as montanhas onde o Rei da Montanha foi encontrado e revela a existência de Bonito, o filho do antigo rei, com quem mantém comunicação há anos. Ele será a única solução para deter o poder de destruição do megatroll.
O filme obviamente pega carona nos filmes blockbusters de Hollyqood que traz monstros se degladiando, como "Godzilla e King Kong".
Diretor da franquia de terror norueguesa "Presos no gelo", do remake de "Tomb raider" e do filme catástrofe "A onda", o cineasta norueguês Roar Uthaug é conhecido pelos seus filmes de ação e thriller. Ele sabe criar cenas de ação e manter a atenção do espectador. Mesmo com um roteiro óbvio e previsível, o filme é um pipoca sustentado por bons atores, e easter eggs que trazem até referências a filmes como "Tubarão".
Synthesized
"Synthesized", de Chris Green (2025)
Drama psicológico inglês, escrito e dirigido por Chris Green, "Synthetized" é uma produção indie que traz drama, suspense, romance e música em um projeto estranho, mas curioso e instigante. O protagonista é Martyn (Thomas Turgoose), um rapaz introvertido, casado com Valkyrie (Sacha Parkinson) e que trabalha em uma loja de conserto de eletrônicos. Martyn tem obsessão por música de sintetizadores dos anos 80, e acaba comprando um sintetizador usado, onde treina em casa para poder tocar nos bares de noite. Martyn recia uma nova versão do clássico "Enola gay", do Orchestral Manoeuvres in the Dark. Ele descobre a traição de sua esposa, que o humilha na frente do amante e sai de casa. Martyn fica psicologicamente abalado pela separação. Ele ajuda uma cliente, Tia (Hannah Traylen), uma mulher depressiva e solitária, que acaba se suicidando. Martyn decide se vingar das pessoas que o prejudicaram e também foram responsáveis pela morta de Tia. Enquanto isso, ele conhece uma mulher em um app, Jasmine (Kiran Landa), que se conecta bastante com os gostos de Martyn. O que Martyn não sabe é que Jasmine é policial.
Eu fiquei assistindo ao filme tentando entender aonde a história iria querer chegar. Tem momentos que parece querer recriar 'Drive", como na cena em que Ryan Gosling mata um capanga com golpes de martelo ( O filme recria essa cena, inclusive a iluminação de neon". Mas tem momentos que o filme parece querer rir de si mesmo e parece uma paródia. De qualquer forma, o ator que interpreta Martyn, Thomas Turgoose, está muito bem e seu olhar parece mesmo a de um psicopata perigosíssimo.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Apolo
'Apolo", de Ísis Broken e Tainá Müller (2025)
Documentário lgbt premiado no Festival do Rio 2025, como melhor documentário e melhor trilha sonora, "Apolo" é uma história de luta de um casal transgênero por dignidade para o filho que irá nascer. A história aconteceu durante a pandemia de Covid. Lourenzo Gabriel é um homem trans, e Isis Broken, co-diretora do filme, é uma mulher trans. Lourenzo está grávido e serão pais de Apolo. Os dois se conheceram durante a pandemia, em um aplicativo. Lourenço é rapper em São Paulo. Ísis é cantora em Sergipe. Acabaram se conhecendo online e na primeira oportnidade, Ísis se mudou para São Paulo. O filme é dedicado a APolo, e é um testatamento narrado pelos pais, para que Apolo, no futuro, entenda toda a luta que seus pais sofreram para encontrar um hospital maternidade que aceitasse uma gravidez de um casal trans, revelando a transfobia não somente dos médicos e enfermeiros, como de amigos e familiares do casal.
Realizado com sensibilidade, "Apolo" é um filme em sua natureza de tema comovente. As histórias de ísis e Lourenço são facilmente identificáveis pelo espectador, que torce para que a gravidez ocorra nas melhors condições possíveis.
Delírio sangrento
"Color me blood red", de Herschell Gordon Lewis (1965)
Um cult trash de 1965, "Delírio sangrento" encerra a trilogia escrita e dirigida pelo cineasta Herschell Gordon Lewis, iniciada com "Blood Feast" (1963) e "Two Thousand Maniacs!" (1964). O diretor Herschell Gordon Lewis citou "Um balde de sangue" (1959), de Roger Corman, como a principal inspiração para "Delírio sangrento".
A premissa do filme é divertida e instigante: um artista plástico arrogante, Adam Sorg (Gordon Oas-Heim), tem suas obras criticadas por críticos de arte, que dizem que ele pinta sem alma, sem o uso adequado das cores. Quando sua namorada Gigi se corta em um acidente, o sangue dela escorre na tela. Ao ver o vermelho do snague, Adam tem uma epifania e acredita ter encontrado a cor perfeita para os seus quadros. Ele acaba matando gigi e usa seu sangue na pintura. Precisando de mais sangue, ele sai matando banhistas na praia próxima à sua casa.
Se essa história estivesse nas mãos de Dario Aagento, certamente seria um clássico. Infelizmente, o filme ficou arrastado, monótono, com uma duração que certamente poderia ter sido enxugada em mais de meia hora. As cenas de violência são toscas, e dependendo do mood do espectador, poderá até se divertir.
Pose
"Turn Up the Sun!", de Jamie Adams (2025)
Incialmente chamado de "Turn up the sun!", e que depois mudou para 'Pose", o filme,e scrito e dirigido por Jamie Adams, tem como maior atração, a presença do ator James McAvoy. Aliás, um dos maiores motivos, ou talve zo único motivo de se ver o filme, é a sua presença em cena em alta voltagem erótica: semi-nú, sexy e arrebatador em sua beleza madura. O filme em si tem uma história confusa e elenco mal aproveitado. A sinopse me fez lembrar do filme americano de Marco Pigossi, "Bone lake", onde ele e sua namorada alugam uma cabana afastada para descansarem e acabam decsobrindo que a mesma cabana foi alugada para um outro casal, e decidem ficar os 4 juntos, o que gera tensão e suspense. Infelizmente, o suspense em "Pose" é nulo, e o que poderia ter sido um ótimo thriller, vira apenas um filme monótono, onde todos os diálogos foram improvisados, o que explica o roteiro desconexo e o ritmo vacilante. Os outros atores fazem o que podem em seus imrpovisos, emprestando apenas a beleza para os personagens. Lucas Bravo também tem sua sensualidade exposta pelas câmeras do filme, rivalizando na atenção do espectador em ecnas levemente homoeróticas.
Thomas Alexander (James McAvoy), um famoso fotógrafo, mora em uma mansão do século XIX. A agente artística Dolly (Leila Farzad) – que já foi amante de Thomas – alugou a mansão para que sua cliente, a cantora pop Patricia (Aisling Franciosi), e o namorado fotógrafo de Patricia, Peter (Lucas Bravo), possam fotografar a capa do último álbum de Patricia. Peter é fã do trabalho de Thomas. Thomas, para surpresa de todos, está na mansão, junto de sua nova namorada. Todos irão conviver os dias seguintes envolvidos em sedução e mistérios acerca do que Thomas deseja.
Não teve jeito, o filme é muito pedante e pretencioso. O que se salva são as presenças de MacAvoy e Bravo e a bela fotografia de Jan Vrhovnik.
O guerreiro silencioso
"Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn (2009)
2 anos antes de sua obra-prima "Drive", o cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn lançou "O guerreiro silencioso", filmado na Escócia. O filme de Robert Eggars, "O homem do norte", de 2002, com Alexander Skasgard, certamente buscou muitas referências aqui nesse filme de 2009, protagonizado pelo dinamarquês Mads Mikkelsen. O filme se passa a 1000 d.C. Durante anos, um guerreiro mudo de força sobrenatural chamado One-Eye (Mads Mikkelsen), foi mantido prisioneiro. Ele é chamado assim pois tem um olho ferido e cicatrizado. Ele é levado pelos seu tutores para batalhas sangrentas, e sempre ganha. Um dia, ele decide matar seus donos. Quando vai embora, um menino ((Maarten Stevenson)), que tinha a missão de lhe dar água e comida, o segue em sua caminhada. Eles encontram um grupo de guerreiros cristãos que os convencem de juntarem-se a eles numa jornada até Jerusalém, sob a promessa de farturas e riquezas. Mas a viagem de barco é longa e eles só encontram nevoeiro, o que deixa os homens em estado de alucinação. Ao chegarem em uma terra, acreditam ser Jerusalém, mas na verdade, é o Mundo novo, com nativos selvagens à espreita.
Como nos filmes de Nicolas Winding Refn, a violência é extrema, repleta de decapitações, cabeças arrebentadas e barrigas abertas. A fotografia de Morten Søborg, em tons cinzentos, ajuda a dar um tom de desolação e pesadelo. De ritmo lento e quase sme diálogos "o personagem de Mikkelsen não fala em momento algum), "O guerreiro silencioso" é um projeto ousado e arriscado, que irá agradar mais aos fãs da filmografia de Nicolas, do que espectadores afoitos por violência brutal.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Coragem
'Coraje", de Rubén Rojo Aura (2022)
Premiado drama mexicano que traz uma história que renderia uma excelente peça de teatro com 2 atores: uma mulher de 60/70 anos, e um ator na faixa dos 35/40 anos, mãe e filho. Co-produzido por México e Espanha, o filme traz a veterana atriz mexicana Marta Aura, falecida aos 79 anos por pneumonia. O roteiro mescla ficção e realidade: o diretor e roteirista Rubén Rojo AUra é filho da atriz Marta Aura, que protagoniza o filme. O personagem do filho de Alma é alter ego de Rubén, e se chama Alejandro (Simón Guevara, também filho real de Marta). Alma é uma atriz de 76 anos, que enfrenta os desafios da velhice, incluindo a perda progressiva da visão devido à degeneração macular, enquanto lida com as exigências de sua carreira de atriz. Enquanto isso, seu filho mais velho, Alejandro (Simón Guevara), retorna para casa após anos em Madri, buscando redenção depois de lutar contra o alcoolismo. Ela irá encenar a versão teatral de "Mãe coragem e os seus filhos", de Bertolt Brecht e Margarete Steffin, em uma metalinguagem mesclando vida real e da obra fictícia.
O filme tem material dramatúrgico bastante comovente. Testemunhar a batalha da atriz Marta Aura, representado pela personagem Alma, e entender que são a mesma pessoa, é de doer o coração. É um filme intimista e bastante melancólico. A reconexão mãe e filho em um momento delicado da vida da mãe é motivo para muitas lágrimas.
Hunted- gay and afraid
"Hunted- gay and afraid", de Liz MacKean (2015)
Documentário produzido pela Chanel 4 dentro do programa 'Dispatches". O filme faz um alerta sobre o crescimento de grupos de extrema direita que financiam palestras e congressos, apoiados pela igreja, onde têm o foco à família. Esses grupos apoiam uma nova onda de legislação anti-gay em todo o mundo, incluindo o "Congresso Mundial das Famílias" dos Estados Unidos e que acontece em diversos países no mundo, como África, Rússia. O congressista Bobby Brown é uma das figuras centrais nessa luta contra a comunidade lgbt, apoiado por cristãos. Apresentado pela inglesa Liz Mackean, ela faz um relatório onde investiga Bobby Brown e outros congressistas, que pressionam governos europeus e africanos para ajudar a aprovar leis que restringem os direitos de indívíduos lgbt, além de promover ativamente a violência contra gays em todo o mundo.
em uma cena brutal, gravada por um dos particiantes, um jovem gay russo vai até um encontro marcado por app e descobre na hira que é uma armadilha promovida por jovens homofobicos, que o espancam. É uma cena chocante.
Cyclone
"Cyclone", de Flavia Castro (2025)
Produzido pela atriz Luiza Mariani, dirigido por Flavia Castro e escrito por Rita Piffer, "Cyclone" é um drama brasileiro sob a ótica feminina na frente e atrás das câmeras, com fotografia de Heloísa Passos e uma equipe majoritariamente formada por mulheres. O filme é uma cinebiografia de Maria de Lourdes Castro Pontes (1900–1919), mais conhecida pelo nome artístco de Miss Cyclone. Escritora brasileira associada ao movimento modernista, Maria morreu por complicações associadas ao aborto clandestino, aos 19 anos de idade. A narrativa e estética do filme me fizeram lembrar do recente filme "Madame Durocher", sobre a primeira parteira do Brasil. Ambos filmes históricos, filmados sob uma linguagem intimista e com a câmera literalmente colada no rosto da protagonista (linguagem que auxilia muito para resolver questões orçamentárias para um filme de época). São Paulo, 1919. Maria de Lourdes era operária, escrevia peças de teatro escondida no intervalo do trabalho e venceu um concurso que a levaria para Paris. Ela mantém um caso escondido com o autor Heitor Gamba (Eduardo Moscovis), que se apropria de suas escritas e anuncia como sendo dele.
Esse tema da apropriação rtístoca macsulina sobre a obra criatva de uma mulher já foi vista em filmes como "Colette", 'A esposa", e 'Sr e Sra Adelmann". Vivendo em mundos machistas, todas essas escritoras foram silenciadas e abafadas pelos seus parceiros. O filme traz diversas participações especiais de um ótimo elenco: Eduardo Moscovis, Karine Teles, Magali Biff, Luciana Paes e Ricardo Teodoro, que interpreta o chefe de Maria na gráfica, e que também a maltrata com ofensas e humilhações. O filme concorreu no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
O quarto escuro de Satã
"Il tuo vizio è una stanza chiusa e solo io ne ho la chiave", de Sergio Martino (1972)
Livremente inspirado no clássico de Edgar Allan Poe, "O gato preto", "O quarto escuro de Satã" é um cult do gênero giallio, dirigido pelo mestre italiano Sergio Martino. O filme é repleto de erotismo e nudez total de todo o elenco feminino, uma constante nos filmes italianos do gênero. A história apresenta o escritor fracassado Oliviero Rouvigny (Luigi Pistilli, que herdou a mansão de sua mãe, a atriz Esther, que morreu há pouco tempo. Ele é casado com Irina (Anita Strindberg e possui uma empregada, Brenda (Angela La Vorgna). Oliviero é alcólara e maltrata Irina e Brenda, xingando-as. Oliviero força fazer s3x0 com as duas, e também tem outras amantes. Uma das amantes, uma atendente de uma livraria, é assassinada. Oliviero pede ajuda à Irina para ecsonder o corpo da mulher, com medo de ser acusado de tê-la matado. Eles abrem um buraco na parede do porão e escondem o corpo ali. O gato preto satã, que [ertenceu à mãe de Oliviero, testemunha tudo. Brenda acaba sendo assassinada, e também tem seu corpo escondido. A sobrinha de Oliviero, Floriana, chega repentinamente na cidade e deseja passar uns dias com ele. Ela se torna amante de Irina, e logo depois, de Oliviero. Novos crimes acontecem e a polícia surge para tentar descobrir o paradeiro de pessoas desaparecidas.
Realizador das obras primasd do giallio "Torso" e "Todas as cores do medo", Martino faz aqui um bom filme, mas distante do primor dos filmes citados. Ainda assim, é um filme interessante e com um roteiro repleto de plot twists intrigantes e surpreendentes. As cenas de morte não são violentas, e o suspense é razoável.
All the empty rooms
"All the empty rooms", de Joshua Seftel (2025)
Premiado documentário que traz um tema emocionalmente devastador: apresentar os quartos de crianças e adolescentes que foram assassinados em tiroteios nas ecsolas dos Estados Unidos. Não é um filme fácil de se assistir e não recomendado para quem possa sofrer gatilhos emocionais por questões de violência contra menores. O filme apresenta um relatório onde em 1997, houveram 17 tiroteios em escolas nos Estados Unidos. Já em 2024, foram 132 tiroteios no ano. O filme é apresentado pelo repórter da CBS news, Steve Hartman. Após cobrir uma matéria sobre um tiroteio em uma escola, Steve era acionado sempre para fazer matérias sobre tiroteios. Steve diz que já se sentia banalizando o tema e não sentindo mais emoção. "Eu estava me repetindo". Então, mudou sua abordagem. Convidou o fotógrafo Lou Bopp, especializado em naturezas mortas, para acompanhá-lo em suas visitas às famílias enlutadas e documentar sua perda de uma maneira nova e mais significativa. Ao visitar os quartos, além da decoração e dos objetos pertencentes aos jovens, o filme apresenta vídeos gravados em celular, e nenhum rosto é coberto. Vítimas como Jackie Cazares, 9 anos, assassinada em tiroteiro na escola Robbs no dia 24 de maio de 2022 e que tinha o sonho de ser veterinária. Grace Muehlberger, 15 anos assassinada no Saugus high schol no dia 14 de nov de 2019 e tinha o sonho de ser bailarina. Tem também os quartos de Dominic Blackwell e Hallie Scruggs. Os pais de Dominic dizem que não lavaram as roupas do filho desde a sua morte, para que o quarto mantivesse o seu cheiro. No final, tanto Steve quanto Bopp retornam para suas casas, e voltam com uma percepção diferente em relação aos seus filhos. É um filme que deixa claro o quanto a vida é imprevisível, e que sonhos morrem inesperadamente pela obra do destino.
Jay Kelly
"Jay Kelly", de Noah Baumbach (2025)
Dirigido e co-escrito pelo cineasta Noah Baumbach, ex-marido de Greta Gerwig (que faz uma participação), "Jey Kelly"concorreu no Fetsival de Veneza e em San Sebastian. O filme é um drama com elementos de humor, protagonizado por George Clooney e Adam Sandler (Sandler já havia trabalhado com Baumbach em 2017 em "Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe"). O filme explora uma reflexão sobre uma grande estrela de Hollywood, Jay Kelly (George Clooney) e as suas ecsolhas da vida pessoal e profisisonal, e que o fizeram se afastar de suas filhas, ums entimento que o deixa ressentido, eque agora, ele decide se reaproximar. Adam Sandler interpreta o seu agente, Ron Sukenick, que também se ressente de dedicar a sua vida profissional aos problemas de Jay Kelly e deixando a sua própria família em 2o plano. O mesmo acontece com Liz (Laura Dern), assessora de imprensa de Jay, e que no passado flertava com Ron, mas abdicou do romance para se dedicar ao trabalho. Quando terminam as filmagens de seu útlimo loga, Jay decide convidar sua filha mais jovem Daisy (Grace Edwards) para viajar com ele para a Itália, antes que ela entre na faculdade. Mas Daysi já havia marcado uma viagem para Toscana com suas amigas. Jay decide ir atrás da filha,s em que ela saiba.
O filme tem um elenco enorme que inclui participações da italiana Alba Rohrwacher, de Patrick Wilson, Riley Keough ( que interpreta a filha mais velha de Jay, Jessica), Jim Broadbent que interpreta Peter, pai de Jay, e muitos outros. Filmando na Itália, Londres e Nova York, o filme é uma produção de alto valor de produção, com muita figuração, ambientes sofisticados e uma fotografia e direção de arte requintadas. Mas a parte que mais gostei foi o desfecho, com um clipe que homenageia Clloney, com diversas cenas de seus filmes mais famosos.
Hijra
"Hijra", de Shahad Ameen (2025)
Indicado pela Arábia Saudita à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026, "Hijra" é um comovente drama que representa como as mulheres vivem em um país conservador e que segue a religião muçulmana, tirando muito de seus direitos como cidadãs. Ambientado em 2001, um momento histórico onde era impensável que as mulheres tivessem voz ativa, o filme venceu um pr6emio especial no Festival de Veneza 2025. Co-produzido por Arábia Saudita, Iraque, Reino Unido e Egito, o crédito final traz o isgnificado do título do filme: "Migração de Maomé de Meca à Medina em 622 DC, que marcou a consolidação da primeira comunidade muculmana."
A história se passa em Al Taif e segue até Meca (onde são realizados os rituais da peregrinação), e acompanhamos três gerações de mulheres: Sitti (Khairia Nazmi), a avó rigorosa e que traz em si toda uma educação rigida e patriarcal; e as netas Janna (Lamar Feddan), 12 anos, e Sarah (Khairiah Nathmy), 14 anos. Sarah é rebelde, ouve música em um fone e durante a viagem, ela foge. Janna percebe que Sarah quer fugir do país e começar uma vid anova em outro lugar. Sitti decide abandonar a peregrinação e viaja para o norte em busca da neta desaparecida.
O filme traça um paralelo entre Sitti, uma mulher que sofreu todos os tipos de pressão sobre como ser uma mulher obediente e silenciada em um país conservador, e a geração mais nova de sarah e Janna, frutos de inquietação e de rebeldia. Belamente fotografado por MI Littin-Menz, que explora as regiões áridas, e uma trilha sonora emocionante de Amad Armand. A diretora Shahadd Ameen dirige com afeto e poesia uma história trágica, cruel e de sofrimento, com uma impecável direção de atores e um desfecho que explora o realismo fantástico.
The end of cruising
"The end of cruising", de Antony Hickling, Charles Lum, Xavier Stentz (2013)
"Cruising"é uma gíria queer inglesa que significa a prática de encontrar parceiros s3xu41s anônimos em locais públicos, como estacionamentos, praças ou praias, comum entre homens gay. "The end of cruising" é um documentário com cenas filmadas com atores pornôs ilustrando os depoimentos de indivíduos de diversas partes do mundo, retratando de forma explícita as suas aventuras s3xu41a em pontos de pegação espalhados pelo mundo. O tema mais interessante é sobre como o surgimento de apps como Grindr e Scruff fizeram com que a prática do cruising presencial diminuísse a ponto de quase não existir mais em alguns lugares, muito pela praticidade e segurança. Segundo um dos entrevistados, "qual o sentido de correr riscos de fazer pegação em banheiros públicos e nas ruas, correndo o risco de ser preso ou morto?"
Dirigido por vários cineastas do mundo, o filme faz um verdadeiro mapeamento de locais famosos em países na prática do cruising:
Prospect Drive - London
Hyde park- London
Meat rack- Fire island, Nova York
Washington square park- Washington
Route 91- Mount Holyoke- Massachussets
Val D'auron - Bourges- França
The fens- Boston's Emerald Necklace-Boston
Tuelieries 75001- Paris
Orstedsparken- Copenhaguen
Tiergarten- Berlim
Tom's gift- Nova York (local de banheiro público para glory holes)
Flushing Meadows–Corona Park- World's fair- Queens- Nova York
Buttes Chaumont- 75019- Paris
The Loop at Mattapan station- Boston
Independence park- Tel Aviv
Banheiro público de Lisboa- portugal
World trade center - Nova York
The towers of cum and Horndogs of Yore - Nova York
Hampstead Heath - London
Atores contratados para retratar depoimentos
Na era do Grindr, Scruff e outros aplicativos, quem ainda pratica cruising? Este instigante documentário antológico celebra os prazeres que os homens gays encontravam em lugares para atividades sexuais anônimas. Narradores eloquentes falam com saudade e apreço sobre como o ato de cruising desempenhou um papel importante em seu desenvolvimento e satisfação sexual. Explora diferentes pontos de cruising nos EUA, Reino Unido e Europa através de histórias contadas pelos homens que os frequentaram (incluindo alguns muito ativos no antigo World Trade Center). É político, é sensual e, às vezes, sexualmente explícito. Uma exploração oportuna do cruising gay e do sexo em público.
Qualquer pessoa que já tenha tido experiências de cruising em banheiros públicos ou parques se identificará com as histórias anedóticas contadas aqui. O filme é dividido em pequenas vinhetas de 5 a 10 minutos, cada uma focada em um local específico de cruising e narrando a experiência de uma pessoa ali. Visualmente, somos transportados para o local em questão e vemos os espaços de cruising como eram antigamente, ou como se tornaram (muitas vezes extintos). Somos brindados com um caleidoscópio de imagens em movimento, uma paisagem onírica para os flashbacks de outras pessoas sobre as características desses locais, por assim dizer. Verow também conseguiu transmitir, em cada história, um sentimento diferente. A trilha sonora contribui muito para isso.
Felizmente, não há entrevistas com especialistas neste filme. As vozes (muitas vezes animadas) falam por si mesmas e, visualmente, é a atmosfera do local que se sobrepõe à recriação exata das práticas sexuais narradas. Eu gosto assim. Embora possa ter um toque de abstração, é totalmente acessível a qualquer pessoa interessada em cruzeiros (para elas, as imagens farão todo o sentido).
Apesar do título "O Fim dos Cruzeiros", o filme apresenta alguns locais e histórias que indicam que ainda há esperança. Fico feliz por isso, pois, pela minha experiência, acredito que ainda existem muitos lugares prosperando (graças a Deus!).
Útil
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terça-feira, 2 de dezembro de 2025
Ya no te amo (pero me seguís volando la cabeza)
"Ya no te amo (pero me seguís volando la cabeza)", de Geronimo Gutierrez (2024)
Premiado curta argentino, "Ya no te amo (pero me seguís volando la cabeza)" traz elementos de drama, romance, fantasia e ficção científica e poderia ter sido um bom episódio de "Black mirror" (considerando seu orçamento de apenas 500 dólares).
Em uma sociedade distópica, onde o planeta caminha para o fim do mundo, o Ministério da Crise Intergaláctica convoca os cidadãos a deixarem a Terra antes do Armaggedon, oferecendo voos interplanetários para assentamentos espaciais na órbita de J-18. Enquanto isso, num bar, 23 minutos antes da partida dos voos finais, um casal, Gero (Francisco Vicentini) e Brenda (Luciana Capriotti) precisa tomar uma decisão: viajar, ou colocar um fim na sua crise de relacionamento.
Uma história simples mas que funciona pelos seus elementos estéticos: a ótima direção de arte, que recria um bar vintage repleto de neons, em uma ambiemntação que parece saído de "Blade runner", e a ótima fotografia estilizada oitentista de Luciano Cazanave. O desfecho me lembrou alguns filmes de apocalipse, com um tom trágico e pessimista.
Ladybug
"Ladybug", de Tim Cruz (2024)
Thriller sobrenatural queer dirigido e co-escrito pelo cineasta Tim Cruz, de ascendência filipina mas residente nos Estados Unidos. O filme é uma produção indie, co-escrita e protagonizada por Anthony del Negro.
Abalado por um término de relacionamento, o artista plástico Grayson (del Negro) retorna à cabana afastada de sua família para passar uns dias. Saindo de Nova York, ele é cobrado pela sua agente, Wendy (Scout Taylor-Compton) a entregar uma nova série de pinturas para uma exposição. Grayson encontra a cabana suja e decide contratar o serviço de uam empresa, que lhe envia o jovem Sawyer (Zachary Roozen) para fazer. alimpeza. A atração entre os dois é imediata. Greyson pede para Sawyer posar para ele nas pinturas. Enquanto isso, um serial killer homofóbico ronda a região.
Esse filme poderia ter sido bem interessante, mas afunda na pobreza do roteiro, longo, arrastado e com um desfecho confuso. O que salva o filme é a presença dos dois atores principais. são bonitos e aparecem semi-nus, mas como atores, são fracos e não transmitem as variações emotivas de seus personagens. Como thriller e suspense, o filme não traz tensão.
O estrangeiro
" L'étranger", de François Ozon (2025)
"O estrangeiro", romance de Albert Camus, teve 2 adaptações para o cinema, e ambas competindo no Festival de Veneza. A versão de 1967 foi dirigida por Luchino Visconti e protagonizada por Marcello Mastroiani e Ana Karina. Em 2025, François Ozon faz a sua versão, protagonizada por Benjamin Voisin e Rebecca Marder. O filme começa com imagens documentais apresentando a Algéria, sob ocupação francesa, nos anos 60. Em seguida, Meursault (Voisin), jovem francês, entra em um presídio na Algéria, e colocado em uma cela. Ele é acusado de ter assassinado um árabe, acusação que ele confirma no tribunal. O filme retorna em flashbacks para entender o corrido e a personalidade de Meursault. Assim como os personagens dos filmes de Robert Bresson, ele não exprime emoção, nem mesmo no velório de sua mãe.
Com partipação de Denis Lavant, ator fetiche dos filmes de Leos Carax, 'O estrangeiro" é todo rodado em belo preto e branco. O filme não tem temática gay, mas ozon filma com forte teor homoerótico nas imagens, tanto na exploração de corpos masculinos semi-nus, quantos nos belos rostos de seus atores.
Eu sou um grande apreciador da obra de Ozon, mas confesso que "O estrangeiro" é o que menos gosto. Lento, a história não me seduziu, e achei tudo bem chato.
Era uma vez minha mãe
"Ma mère, Dieu et Sylvie Vartan", de Ken Scott (2025)
A última cena desse comovente drama traz a narração em off do protagonista Roland: "Um escritor inglês uma vez que escreveu que Deus não pode estar em todos os lugares, e por isso ele inventou as mães.". O espectador já pode esperar em se emocionar e chorar em muitos momentos desse filme lindo, adaptado do livro escrito pelo próprio Roland Perez, chamado 'Minha mãe, Deus e Sylvie Vartan".
Esther (Leila Bekhti, casada com o ator Tahar Rahim) é casada com Maklouf Perez (Lionel Dray), e são imigrantes judeus do Marrocos. Em 1962, morando na França, eles são uma família de classe média, com 5 filhos, Esther está grávida de seu 6o filho, Roland, que nasec com uma deficiência física em um pé, que é torto. Decida a não tratar seu filho como deficiente, Esther procura médicos em todo o país, para ver se algum consegue resolver o problema físico do pé de Roland. Sem resultados, Esther se dedica a orações e rezas. Mas Roland, que não vai para a escola e fica em casa, aprende a ler ouvindo a smúsicas da cantira Sylvie Vartan, de quem ele é grande fã. Décadas depois, Roland (Jonathan Cohen) é casado e tem três filhos e se torna um grande advogado, tendo a própria Sylvie Varatan como sua cliente. Mas o seu relacionamento com sua mãe entra em crise, acusando-a de nuna deixar ele viver a vida que ele sempre quiz.
A alma do filme é a atriz Leila Bekhti, fantástica no papel de Esther. Detreminada, amororsa, teimosa, a atriz percorre todas as camadas de emoção da personagem, tanto na fase jovem quanto na terceira idade. O que atrapalha e muito o trabalho da atriz é a maquiagem de envelhecimento, muito ruim. A própria Sylvie Vartan surge no filme, trazendo dignidade e glamour.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
A mulher morcego
"La mujer murciélago", de Rená Cardona (1968)
Com o grande sucesso da série de Tv de "Batman", com Adam West, que foi ao ar de 1966 a 1968, os mecicanos decidiram pegar uma casquinha no universo dos personagens de Bob Kane e criou a sua própria versão de "Batgirl", chamada oportunamente de "A mulher morcego". O filme, lançado em 1968, foi dirigido por René Cardona e escrito por Alfredo Salazar (os criadores de Batman Bill Finger e Bob Kane também foram creditados). Fruto do universo exploitation e dos filmes B de Russ Meyer e Roger Corman, "A mulher morcego" apresenta uma Batgirl, chamada de Gliria, muito sexy e usando figurino onde expõe quase todo o seu corpo escultural. Não contentes em se apropriar da mulher morcego e não pagar direitos, os produtores incluíram também na história "O monstro da Lagoa negra", e o resultado, é um cult idolatrado pelos mexicanos.
Os créditos inciais apresentam "A mulher morcego": “Uma mulher maravilhosa, imensamente rica, cuja fortuna colocou a serviço da justiça, lutando incansavelmente contra o mal. Dotada de qualidades incomuns, em pouco tempo conseguiu dominar todos os esportes e, sob uma máscara e o apelido de Mulher-Morcego, tornou-se uma lutadora extraordinária ”, ou seja, Batman e Bruce Wayne escancarados em versão feminina.
Gloria ( a modelo e atriz italiana Maura Monti) é também A mulher morcego. Ela pratica luta livre e outros esportes radicais (saltos de paraquedas em Acapulco, locação do filme). Ela é procurada pela dupla de policiais O inspetor ( Crox Alvarado) e o agente Mario Robles (Héctor Godoy) para solucionar um misterioso crime: homens atletas aparecem mortos na praia. Logo Mulher morcego descobre que um cientista, Willian, e seu assistente maluco, Igor, estão extraindo a glândula pineal do cérebro dos atletas e injetando em peixes, para criar homens peixe e dominar o mundo. Gloria precisa usar de seus dotes, tanto de luta quanto se sedução, para destruir os intentos vilanescos do cientista. C;aro que os dois policiais, galãs e canastrões, se apaixonam por Gloria.
Descobri o filme por um acaso em uma postagem no "X"e me diverti bastante. É um giulty pleasure delicioso, tosco e trash, mas sempre admiravelmente sexy.
Mary is happy, Mary is happy
"Mary is happy, Mary is happy", de Nawapol Thamrongrattanarit (2013)
Escrito e dirigido por Nawapol Thamrongrattanarit, "Mary is happy, Mary is happy" é um filme de linguagem inusitada e conectada ao universo das redes sociais. Em 2009, a usuária do Twitter conhecida como Mary Maloney (@Marylony), uma adolescente tailandesa, publicou 410 teets em sua conta, explorando temas como amizade, o primeiro amor, família e inquietações típicas de uma adolescente. O filme é costurado por cada um dos tweets, que aparecem a cada minuto na tela, com um sketche explorando o texto publicado. O cineasta Nawapol Thamrongrattanarit traz referências ao cinema de Godard, Wong Kar Wai e Ang Lee, tanto na linguagem quanto na reprodução de cenas e estética de cada um desses cineastas. Como não pdoeria deixar de ser, a narrativa é toda fragmentada. não existe um roteiro sequencial, e sim, momentos elipsados da vida da estudante Mary (Patcha Poonpiriya), que estuda no último ano do ensino médio e precisa se preparar para estudar para a faculdade. Inquieta, ela tem a sua melhor amiga Suri (Meiko Chonnikan Netjui) com quem ela confidencia tudo. Até que surge o estudante Pakor (Tor Thanapob Leeratanakachorn), e tudo muda na vida de Mary.
Zootopia 2
"Zootopia 2", de Jared Bush e Byron Howard (2025)
Quase 10 anos depois do grande sucesso do filme original, lançado em 2010, a Disney lança 'Zootopia 2" e que somente no final de semana de estréia, arrecador quase 600 milhões de dólares pelo mundo, uma bilheteria astronômica. O filme traz de volta o casal Judy Hopps (Ginnifer Goodwin), uma coelha policial e ansiosa, e a raposa Nick Wilde (Jason Bateman), agora como uma dupla policial da cidade de Zootopia. Mas seus colegas de profissão não os vêem com bons olhos, e a dupla precisa provar que merece a honraria. Durante a comemoração de 100 anos da cidade, no baile de gala, Gary De'Snake (Ke Huy Quan). surge disfarçado e sequestra Milton (David Strathairn), o patriarca da família Lynxley, fundadores da cidade. As cobras foram expulsas da cidade por serem consideradas não confiáveis. O filho de Milton, Paebert (Andy Samberg) pede ajuda a Judy e Nick para resgatarem seu pai e prender Gary.
O filme é divertido e tem muitos easter eggs, sendo que a melhor certamente é a brincadeira com "O iluminado", na cena de perseguição de neve no labirinto, onde toca inclusive a famosa trilha de Wendy Carlos e Rachel Elkind. O filme agrada toda a família, com humor, cenas de ação e os bichinhos fofos da Disney, que certamente irá render uma fortjna em merchandising e prodytos.
domingo, 30 de novembro de 2025
Eternidade
'Eternity", de David Freyne (2025)
Meu Deus, chorei por meia hora sem parar nessa brilhante comédia romântica fantasiosa produzida pela A24. Diversos críticos o compararam a "Brilho eterno de uma mente sme lembrança", e mesmo não chegando ao nível d egenialidade do filme de Michel Gondry, "Eternidade" irá cativar e comover o público apaixonado por histórias de amor à moda antiga, baseada nos preceitos de felicidade e amor eterno.
O roteiro, co-escrito pelo diretor David Freyne e Patrick Cunnane, é extremamente criativo e percorre muitos gêneros: drama, romance, comédia, ficção científica, ação e aventura. Larry (Barry Primus) e Joan (Betty Buckley) formam um casal octagenário casados há 50 anos. Eles possuem 2 filhos adultos. Durante a visita do casal à casa do filho que será pai, Larry vê uma foto antiga de Joan com o primeiro marido dela, Luke, que morreu na Guerra da Coréia. Ele engasga e acaba morrendo. Ao acordar, ele se vê jovem (Miles Teller) em uma espécie de estação de trem, com uma multidão, e descobre que é uma espécie de purgatório. Todos que morrem, são recebidos por agentes que os orientam a escolher um mundo temático para passarem a eternidade. Para surpresa de Larry, Joan aparece (Elisabeth Olsen), e eles decidem passar a eternidade juntos. Mas o detsino faz com que surja Luke (Callum Turner), que por 67 anos, ficou aguardando a chegada de Joan. Agora, ela precisa decidir com qual dois dois ela vai querer passar a eternidade.
Produzido pela A24, "Eternidade" encontra no roteiro e no elenco o melhor dos mundos. Miles Teller, que já havia feito outras comédias românticas, agora está madruo, sem aquele rostinho de garoto, e está apaixonante com seu tipo divertido e irreverente. Elisabeth Olsen compõe uma mulher dividida entre dois amores de forma bastante carismática, e seus olhos grandes exprimem a tensão e comoção da escolha. Callum Turner está ótimo como o homem de espírito juvenil, pois morreu jovem e não entende de maturidade. O elenco de poio, principalmente Da'Vine Joy Randolph e John Early, como os agentes Anna e Ryan, estão hilários. O Desenho de produção busca um visual vintage e acerta no apelo nostálgico.
A caridade
"La caridad", de Marcelino Islas Hernández (2016)
"A caridade" é um drama mexicano que me fez lembrar da frieza e crueldade do cinema de Michel Franco e Michael Haneke. Premiado em festivais, o filme é escrito e dirigido por Marcelino Islas Hernández. José Luís (Jaime Garza) e Angélica (Veronica Langer) se conheceram no final dos anos 80 e tiveram um relacionamento feliz. Quando o filho Daniel cresceu e saiu de casa, o casal continuou na mesma casa. Após comemorarem 30 anos de casamento, José Luis e Angélica sofrem um acidente de carro. José Luis é submetido a uma cirurgia e perde a perna, que teve que ser amputada. Sua reabilitação é um processo lento e doloroso que colocará à prova seu relacionamento com Angélica, que já estava desgastada. A perna que falta em José se torna a metáfora de um casamento que não se sustenta mais. José Luis encontra refúgio em suas fantasias sexuais com a jovem enfermeira Eva (Adriana Paz)que cuida dele, enquanto Angélica tenta, sem sucesso, chamar a atenção do marido.
O grande desafio para que o filme funcionasse, seria a escalação para o ator que iria interpretar José Luís. Estava claro para o diretor que deveria ser um ator que tivesse uma perna amputada, e não apagada em pós produção. Ele acabou sendo procurado por uma mulher, Ana Garza, irmã de Jaime, que era um ator que perdeu a perna, assim como o personagem. O filme é intimista, silencioso. As cenas tanto de José Luis com a enfermeira, e a de Angélica, em um baile, em busca de parceiro, são muito dolorosas. Não é um filme recomendado para queme stá em uma situação semelhante de desgaste no casamento, pois poderá trazer gatilhos emocionais bem fortes. O elenco, incluindo Adriana Paz, está excelente, com a melancolia de seus olhares comunicando uma vida desesperançada.
sábado, 29 de novembro de 2025
Truth
"Truth", de Rob Moretti (2013)
Escrito e dirigido por Rob Moretti, "Truth" é um thriller erótico queer protagonizado pelo jovem Sean Paul Lockhart, nome artístico de Brent Corigan, famoso ator pornô que em 2005, declarou publicamente que tinha 17 anos quando fez seus primeiros filmes eróticos, produzidos pela Cobra video, cujo dono foi assassinado por conta de uma disputa com o concorrente sobre os direitos do uso de Corrigan.
O filme apresenta Caleb (Lockhart), que está preso na penitenciária e contando a sua história para a Dra Carter (Blanche Baker). Quando adolescente, ele foi abusado moralmente por sua mãe homofóbica (Suzanne Didonna, caricata e divertidamente histriônica). Adulto, ele conhece por um app de pegação Jeremy (o diretor e roteirista Rob Moretti), um homem mais velho. Os dois se apaixonam e fazem s3x0. Mas Jeremy some por 3 dias. Caleb procura localizá-lo, sem sucesso, até que Jeremy reaparece. Eles retornam o relacionamento. Mas quando Caleb decsobre que Jeremy é casado e pai d euma filha pequena, e que esconde de todo mundo a sua homossexualidade, Caleb surta e se torna um psicopata violento, amarrando Jeremy com algemas na cama e o torturando.
O filme reúne um festival de atuações amadoras e canastronas, e talvez esse seja o motivo de se assistir ao filme e se divertir bastante. Outro motivo para assistir, voltado ao público gay, são as cenas de s3x0, que mesmo pudicas, contém alta dose de homoerotismo. O desfecho é ruim, tentando trazer referências de "A mão que balança o berço", mas sem suspense e uma construção fraca de tensão.
Bia mais um
"Bia mais um", de Wellington Sari (2021)
Produção independente de Curitiba, escrita e dirigida por Wellington Sari, "Bia mais um" é seu longa de estréia, rodado em 2018 e que somente encontrou espaço par distribuição em circuito comercial em 2025. Ambientado em Curitiba, o filme é um drama coming of age dividido em dois pontos de vista no relacionamento de um jovem casal: o 1o ato acompanha Bia (Gabrielle Pizzato), uma jovem de 17 anos recém chegada do exterior. Ela vem antes que seus pais para o apartamento e aproveita o momento de solidão e independência. Angustiada, Bia sabe que está grávida, mas não contou ainda para seus pais. Ela conhece Jean (Gustavo Piaskoski), se apaixonam, mas não está certa se deverá contar a ele sobre a sua gravidez. No 1o ato, o espectador acompanha a rotina de Jean.
O filme exala artes, tanto a plástica, através da paixão de Bia por pinturas, quanto pela literatura ( Jean trabalha como bibliotecário). O filme encontra espaço para referências cinefílas, como a homenagem a Brian de Palma e "Vestida para matar".
A garota canhota
"Zuopiezi nuhai", de Shih-Ching Tsou (2025)
O cineasta Edward Yang lançou em 2000 o clássico "As coisas simples da vida", de onde saiu com o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. O drama traz uma estrutura familiar observada por um menino de 8 anos de idade, que tenta entender o mundo conflituoso dos adultos. Em "A garota canhota", a estrutura é identica, porém sob um olhar feminino de 4 mulheres de uma mesma família, mas de gerações diferentes. O filme é dirigido e co-escrito pela cineasta de Taiwan Shih-Ching Tsou, parceira em produção de diversos filmes de Sean Baker: "Tangerina", "Projeto Florida" e "Red rocket". Sean Baker co-escreveu o roteiro e editou o filme, que, para quem conhece a sua filmografia, tem muito de sua narrativa. O filme, todo rodado em Iphone ( assim como "Tangerina"), concorreu na Mostra semana da crítica do Festival de Cannes 2025, de onde saiu com um prêmio de distribuição.
Shu Fen (Janel Tsai) é uma mulher abandonada pelo marido, e por isso, decidiu sair de Taipei com suas duas filhas: a jovem de 18 anos, I Ann (Shih-Yuan Ma), e a pequena de 8 anos, I Jing (Nina Yeh). Passado um tempo, ela decide retornar para Taipei, para ficar mais próxima de seus pais e poder abrir um negócio: uma barraca de macarrão em uma feira noturna. I Ann teve que abandonar a faculdade para poder ajudar a família financeiramente, trabalhando em uma barraca de óleo e ervas. I Ann acaba se envolvendo com o seu chefe, que é casado, e engravidam mantendo em segredo para sua mãe. I Jing é canhota e seu avô a recrimina, dizendo que na lenda, pessoas canhotas são associadas ao diabo. O ex-marido de Shu Fen está internado e ea decide visitá-lo. Mas ao morrer, ele deixa a ex-esposa com mais dívidas do hospital.
Quem assiste aos filmes de Baker, sabe que ele não tem pudor com seus protagonistas, e que as faz sofrer bastante, colocando-as cada vez mais em situações que normalmente terminam no fundo do poço. Aqui não é diferente. É uma tragédia atrás de tragédia, uma decsoberta cruel atrás da outra. A pequena I Jing lembra a pequena protagonista curiosa e com comportamento de adulta de "Projeto Flórida". As atrizes são todas excelentes, e o ator que interpreta Jonnhy, o barraqueiro que fica amigo de Shu Fen, tamnbém é ótimo.
A palavra
"A palavra", de Guilherme de Almeida Prado (2025)
Cineasta festejado pelas premiadas produções "A dama do cine Shanghai", "Perfume de Gardênia" e "Onde andará Dulce Veiga", todos com elementos de cinema noir e protagonizados por femmes fatales, Guilherme de Almeida Prado retorna, 20 anos depois de sua última ficção, com um filme encomendado, saindo de sua seara autoral. Rodado no sertão pernambucano, o filme é uma releitura da passagem bíblica de Elias e Eliseu, ambos interpretados por Tuca Andrada. Guilherme de Almeida Prado porpõe a seguinte possibilidade: e se a história de Elias e Eliseu fosse ambientada nos dias atuais, e no sertão nordestino? Elias é visto como um profeta, e Eliseu é um engenheiro. Uma repórter famosa e bastante ambiciosa de tv, Jezebel (Regina Remencius), é enviada por seu namorado (luciano Szafir), que produz o programa dela, até um lugar do interior do sertão nordestino, para desmascarar um homem do povo ELias, considerado um profeta e milagreiro. Acompanhada de seu cinegrafista, ela entrevista moradores, capta a pobreza da região e tenta localizar o paradeiro dele. AO mesmo tempo, descobre estar grávida. Decsrente das palavras de Deus, ela logo entenderá que precisará se conectar com sua religiosidade para poder salvar a quem ela mais ama.
El cielo dividido
'El cielo dividido", de Julián Hernández (2006)
Premiado drama queer mexicano, escrito e dirigido por Julián Hernández, "El cielo dividido" é um ambicioso filme sobre um triângulo amoroso entre 3 rapazes adolescentes de 140 minutos de duração. A história é recheada com intensas e explícitas cenas de s3x0 e nudez total do elenco de jovens atores. Com poucos diáologos, é um filme minimalista, com cenas longas, ritmo lento e muia exploração do olhar. Os estudantes Gerardo (Miguel Ángel Hoppe) e Jonás (Fernando Arroyo) se conhecem na escola de ensino médio e se sentem atraídos de imediato. A atração se transforma em paixão, que eles não escondem de ninguém. Quando os dois seguem para uma boite, Gerardo presencia Jonas ficando com um desconhecido e fica emocionamlemte destruído. Os dois discutem, e continuam o relacionamento. Mas agora é Gerardo quem conhece um novo rapaz, Sérgio (Alejandro Rojo), e a partir dái, o relacionamento dos três se torna mais dolorosa e inconstante.
Fico muito na dúvida sobre minha opinião em relação ao filme. A excessiva duração me deixou muito incomodado. O trabalho dos atores é bom, e o diretor explora a beleza deles e a objetificação de seus corpos e nudez. Mas a simplicidade da história, que poderia ter sido contada em 80 minutos, é explorada ao extremo, em cenas expositivas.
sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Tentáculos
"Deep rising", de Stephen Sommers (1998)
Um filme de ação e aventura com um monstro aquático e que faz referências explícitas a "Titanic", "Alien, o 8o passageiro" e "Jurassic park"? Mas como eu nunca soube da existência desse filme de 1998?
Chamado de "Tentáculos" ("Deep rising" no original), o filme foi dirigido e escrito por Stephen Sommers, diretor dos grandes sucessos " A múmia", "O retorno da múmia", "Van Helsing" e "GI Joe". No elenco, Treat Willians ( de "Hair"), Djimon Hounsou, Famke Janssen ( de ""X-men") e Anthony Heald ( de "O silêncio dos inocentes") se unem para lutar contra um grande Octopus, oriundo de uma criatura pré-histórica gigante, com centenas de tentáculos e um ácido que dissolve tudo. Treat Willians é John Finnegan, um capitão d eum barco de mercenários, que invadem cruzeiros d eluxo para roubar os passageiros. Quando ele e sua trupe de bandidos se aproximam de um transatlântico, se espantam que o local está todo destruído e sem ninguém. Logo eles encontra, Trillian (Jamsen), uma ladra, e Simon (Anthony Heald), o dono do navio. Todos lutam pela sobrevivência quando decsobrem a existência do monstruoso octopus.
Li que o filme, de 1998, custou a grande fortuna para a época de 45 milhões de dólares, e foi um grande fracasso comercial. O final supõe uma continuação, mas a posisbilidade de continuação foi engavetada. Uma pena, pois o filme é um divertido filme B, com cenas divertidas, personagens carismáticos e ótimas cenas de ação, descaradamente roubadas principalmente de "Alien". Vale uma super sessão pipoca.
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
G lost in Frankfurt
"G lost in Frankfurt", de George Dare (2015)
Eu chamaria "G lost in Frankfurt" de uma versão queer de "Requiém para um sonho", de Daren Aranofsky. G, do título do filme, é uma abreviação para GHB, droga sintética utilizada em raves, baladas e principalmente, nas famosas "Chem s3x", festas de s3x0 onde os participantes consomem GHB e passam dias fazendo s3x0 ininterruptamente. A droga também é utilizada em bebidas no golpe "Boa noite, Cinderela", deixando as vítimas desnorteadas. "G lost in Frankfurt" traça um painel na vida queer em Frankfurt, regadas a s3x0, drogas e música eletrônica, em contemplação hedonista, onde s3x0 e prazer ditam a sregras para a geração Z.
Kris (Krzysztof Broda-Zurawski) é um jovem alemão não consegue emprego em Varsóvia e agora tenta a sorte em Frankfurt. Ele acaba conseguindo um emprego como vendedor de uma loja de underwear masculina voltada para o público gay. O seu empregador diz que a regra é simples: não se envolva com clientes em busca de s3x0. Mas o primeiro cliente que chega, Damiano (Damiano Gaumann), já deixa Kris seduzido pela beleza do rapaz, que o convida para sair d enoite. Eles vão para uma balada, tomam GHB e fazem s3x0. No dia seguinte, Damiano apresenta um amigo a Kriz, David (David Sembritzki) e eles saem de noite para um ménage. Com o passar dos dias, a loucura do s3x0 e das drogas vai aumentando, até chegar em uma 0rg14 em um evento de chem s3x.
Curiosamente, o filme, escrito e dirigido por George Dare, tem poucos diálogos. No entanto, a trilha sonora toca ininterruptamente músicas eletrônicas, como se o filme fosse uma grande coletânea de festa rave. Não gostei das cenas de s3x0 da forma como foram retratadas: sempre em cor vermelha, como se fossem cenas "infernais", e o aspect ratio e o uso de efeitos descaracterizam as imagens. Um filme moralista, que mostra a perdição de uma parcela da comunidade lgbt sem filtro e sem futuro.
Sisu- Road to revenge
"Sisu 2", de Jalmari Helander (2025)
Em 2022, surgiu um inusitado filme de ação co-produzido pela Finlândia, Reino Unido e Estados Unidos chamado 'Sisu" que imediatamente se tornou um cult, sendo comparado a "John Wick" e suas milaborantes e coreografadas cenas de ação. O Sucesso foi tanto que em 2025, foi lanácada uma parte 2, chamada de "Sisu- Road to revenge", com o mesmo protagonista e ambientado agora já no pós 2a guerra mundial. Segundo um crítico que comparou os dois filmes com 'Evil dead": o 1o "Sisu" estaria para o primeiro 'Evil dead", e o 2o, para o "Evil dead 2", que era mais explosivo e movimentado, com muito mais ação. O diretor Jalmari Helander disse em entrevista que o tom pretendido para o filme e seu foco na ação foram influenciados por 'Indiana Jones', 'James Bond' e por Buster Keaton. O filme é excelente, e é tudo o que "Mr Nobody 2" não conseguiu, que era manter o interesse e a paixão pela história e pelo protagonista.
Aatami Korpi (Jorma Tommila), o sobrevivente do filme anterior, agora retorna para casa, mas decsobre que sua esposa e seus dois filhos foram assassinados friamente pelos russos. Aatami resolve demsontar toda a sua casa, madeira por madeira, e a transporta, junto de seu fiel cachorro, para uma região e poder reconstruí-la do zero. Mas um general russo (Richard Brake) decide libertar um perigoso oficial do Exército Vermelho, Igor Draganov (Stephen Lang, de 'Avatar" e "O homem das trevas"), que matou a família de Aatami, e o envia para perseguir e matá-lo.
Toda. ahistória pode ser resumida em 2 frases. O que interessa aqui são as absurdas e bizarras cenas de ação, que envolvem motociclistas, aviões, as madeiras!!!!! do caminhão e um trem, com muita cabeça decepada, corpos explodindo, e violência gráfica, fazendo lembrar de desenhos animados pela escalada surreal de porradaria. É uma aula de filme de ação, praticamente sem diálogos (o protagonista não diz uma única palavra ao longo do filme).
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