sexta-feira, 28 de março de 2025

The house was not hungry then

"The house was not hungry then", de Harry Aspinwall (2025) Filmes de terror sempre procuram se renovar para suspreender o seu público. "The house was not hungry then" parte da mesma premissa dos recentes "Here", de Robert Zemeckis, e "Presence", de Steven Soderbergh: o ponto de vista de uma casa. Em "The house was not hungry then", o roteirista e diretor Harry Aspinwall tenta criar atmosfera de terror e suspense tendo uma casa carnívora como protagonista. Um corretor de imóveis, (Clive Russell) atrai compradores para a casa, e acabam sendo devorados. O corertor mostra-se convivente com a casa e lhe traz vítimas para saciar sua fome. Uma jovem, (Bobby Rainsbury) invade a casa em busca de seu pai, que desapareceu ao ir até a casa. Produção inglesa, o filme é ruim e chato demais. Absolutamente quase nada acontece, e não existe terror. Nunca vemos a casa devorando as pessoas. As falas são incompresíveis, e o roteiro nunca explica o que acontece com a casa ou seus personagens. Letreiros surgem tão rápido que não dá nem para ler e nem entender o contetxo. O filme quer ser indie e autoral, mas é pretensioso e nunca chega a uma proposta sequer. Preferiaque fosse um filme trash, tipo "A poltrona asssassina", que pelo menos era divertido.

Holland

"Holland", de Mimi Cave (2025) "Holland", dirigido por Mimi Cave em roteiro escrito por Andree Sodrosky, me fez lembrar bastante de "Não se preocupe querida", filme de suspense dirigido por Olivia Wilde, sobre uma família perfeita, mas cuja esposa passa a desconfiar do seu marido e o que ele faz todo dia ao sair de casa. Em "Holland", o filme é ambientado em Holland, Michigan. Ali, com forte tradição holandesa e famílias conservadoras, moram a família Nancy (Nicole idman), seu marido Fred (Matthew Macfadyen) e o filho de 12 anos Harry (Jude Hill). Eles são felizes: Nancy é professora de culinária na escola, Fred é médico. Nancy tem um professor amigo, Dave (Gael Garcia Bernal). Um dia, Nancy liga para o hotel onde Fred teria se hoespedado em viagem de negócios e estranha que ele não está em casa. Ela vasculha as coisas dele na garagem e encontra nomes femininos. NAncy chama Dave para ajudá-la na invetsigação e emabos decsobren que Fred é um serial killer. O filme tem uma boa premissa e poderia render um ótimo thriller de suspense, que tivesse como pano de fundo uma crítica ao conservadorismo das famílias americanas. Mas "Holland" mistura demais os gêneros e acaba não funcionando: quer ser humor ácido e fazer humor, mas não é engraçado. Quer ser suspense, mas não provoca tensão. Quer ser ação, não empolga. Com um elenco estelar, "Holland" acaba tendo como maior atrativo as belas locações.

quinta-feira, 27 de março de 2025

A estação

"A estação", de Cristina Maure (2023) "A estação", filme independente produzido pela produtora mineira Vaca amarela filmes, concorreu na Mostra Tiradentes. A história do filme, escrita pela diretora Cristina Maure, me fez lembrar da bela sequência de 'A viagem de Chihiro", de Hayao Miyazaki, que acontece em um trem, que é na verdade, uma metáfora de espíritos que seguem para o "paraíso", sem terem conhecimento de que estão mortos. Assim é 'A estação". Filmado no município mineiro de Crockatt de Sá, o filme é fotografado em preto e branco sob o comando da fotógrafa Luciana Baseggio. Uma mulher, Sofia (Jimena Castiglioni) caminha à pé até uma estação de trem chamada Estação Vila Clemência. O trem que ela estava quebrou e ela marcou um encontro com uma pessoa que ela ama. O local é isolado e deserto. Ela descobre pelo funcionário que não tem horário para a chegada de trem, e que é melhor ela dormir na pousada. Outros hóspedes se encontram ali, e passam a conversar sobre suas vidas. O ritmo do filme é bem lento, com longos planos, que parecem ter referência no cinema do húngaro Bela Taar. É totalmente contemplativo, um filme arte e que poderá ser melhor apreciado por cinéfilos em busca de um projeto mais autoral e reflexivo.

Novocaine- À prova de dor

"Novocaine", de Dan Berk e Robert Olsen (2025) "The boys" é uma série de super heróis extremamente violenta que faz muito sucesso na Prime video. Hughie Campbell, o personagem de Jack Quaid, até então não tinha poderes, e passou a ter na 4a temporada. Pois "Novocaine- À prova de dor" parece até uma variação de Hughie Campbell. Jack Quaid é um gerente de banco, Nathan Caine, solitário e que possui uma condição: ele sofre de Insensibilidade Congênita à Dor com Anidrose (CIPA), uma doença não permite que ele sinta dores ou temperaturas, tornando-o praticamente um super herói. Quando uma nova funcionária começa a trabalhar no banco, ele se apaixona por ela. Sherry (Amber Midthunder) e Nathan passam a se curtir, até que um assalto ao banco, comandado por Simon (Ray Nicholson), termina com o sequestro de Sherry. Nathan decide ir atrás de sua amada e fará de tudo para trazê-la de volta. O filme traz diversos gêneros: comédia, humor ácido, fantasia, drama, romance, ação e policial. Jack Quaid e Ryan Nicholson são filhos de dois grandes astros: Dennis Quais e Jack Nicholson, e estão ótimos em cena. O roteiro é bem simples, pretexto para cenas de ação e violência. O início é lento e arrastado, e o filme engrena mesmo quando começa a sequência do assalto.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Alapaap

"Alapaap", de Freidric Macapagal Cortez (2022) Criado, co-roteirizado e co-produzido pelo premiado e polêmico cineasta filipino Brilhante Mendoza, "Alapaap" é um filme controverso dirigido pelo estreante Freidric Macapagal Cortez. Um grupo de jovens cineastas, capitaneado por Erik (Josef Elizalde), ex-aluno de medicina que largou tudo para estudar cinema, decide acompanhar o jovem cineasta até uma região remota no meio da floresta de Mindoro. Erik escreveu uma tese e deseja filmá-la: a tribo Banyan, escondida na floresta e que, reza a lenda, tomam um chá alucinógeno que os deixa em transa hiponótico. Todos os jovens da equipe de filmagem têm questões com seus pais, e se apropriam do cinema para darem asas à sua liberdade artística e pessoal. Todos participam de orgias e consumo de drogas. Ao encontrarem a tribo, eles decidem tomar o chá. O filme tem uma narrativa bem estranha, mesclando drama, documentário, com muitas cenas de sexo explícito. Todos os jovens atores se entregam à cenas viscerais. O ritmo arrastado e a longa duração do filme, de quase 130 minutos, tornam a experiência de assistir ao filme muito cansativa. O filme me lembrou alguns filmes famosos, que certamente foram inspirações: 'Climax", de Gaspar Noé, "Canibal holocausto", de Rugerro Deodato e "Viagens alucinantes, de Ken Russel.

A princesa adormecida

'A princesa adormecida", de Claudio Boeckel (2024) Adaptação do livro juvenil escrito por Paula Pimenta e adaptada para o cinema por Bruno Garotti e Marcelo Saback, "Princesa adormecida" tem como base o conto de fadas de "A bela adormecida". Doroteia (Juliana Knust) sai do Brasil para estudar gastronomia e vai para um país semelhante à Suíça. Lá, ela se apaixona pelo principe Stefan e têm uma filha, Áurea. A amiga de Doroteia, Marie Maleville, fica enciumada por conta do príncipe ter preferido Doroteia à ela e tenta sequestrar Aurea, mas é impedida por um menino, Felipe. Com poderes sobrenaturais, Marie roga uma praga para Aurea, que aos 16 anos, ela irá encontrá-la e matá-la. Os pais enviam Aurea para o Brasil, aos cuidados de 3 tios superproteres: Florindo (Aramis Trondade), Fausto (Claudio Gabriel) e Petronio (Rene Stern). Ao completar 16 anos, Aurea, que agora se chama Ana Rosa, conhece um mneino, Phil (Guilherme Cabral), ao memso tempo que Marie ressurge, O filme é voltado ao público adolescente e tem bons momentos. O ritmo, no entanto, é claudicante, variando em sequências dinâmicas com outras arrastadas. O elenco tem as melhores participações quando surge o elenco adulto. Certamente o público jovem irá curtir o filme, que vai de acordo com a simplicidade ao narrar uma história, que ainda tem a participação especial de MAisa como a Dj Cinderella.

terça-feira, 25 de março de 2025

Branca de neve

"Snow white", de Marc Webb (2025) "Branca de neve e os sete anões" é histórico, por ser a primeira animação em longa-metragem da Disney, lançado em 1937, vencendo um Oscar honorário em 1939. Marc Webber, diretor do cult "500 dias com ela" e "O espetacular homem aranha", com Andrew Garfield, teve a missão muito ingrata de dirigir a versão em live action do filme. Antes mesmo de ser filmado, o filme sofreu retaliações por todos os lados: pela escalação de Rachel Zegler no papel principal e pela decisão muito errada de transformar os sete anões em figuras pavorosas de CGI, ao invés de contratar atores, tudo por conta de uma declaração de Peter Dinklage, que achou um estereótipo a escalação de portadores de nanismo nos papéis. Quando as críticas saíram, sobrou para Gal Gadot praticamente toda a fúria sobre o insucesso e fracasso fenomenal do filme. Eu diria que ela é o menor dos problemas: Rachel Zegler está sem carisma, os sete anões em CGI são muito ruins e feios e o roteiro destruiu o encanto do filme adaptado dos irmãos Grimm. Eu até imaginava que não teria mais o beijo, e me surpreendi que mantiveram. O que mudaram , foi que não é mais um príncipe, mas um vagabundo da classe desfavorecida. O filme tem músicas chatas, um CGI falso demais. A mudança do desfecho da história não deu o impacto da animação original, que era mais cruel, e eu não gosto mesmo nessas versões live action quando misturam atores com bichinhos que parecem saidos de animação.

Abá e sua banda

"Abá e sua banda", de Humberto Avellar (2024) Com roteiro escrito por Silvia Fraiha, Sylvio Gonçalves e Daniel Fraiha, 'Abá e sua banda" é uma simpática animação brasileira que traz elementos de contos de fada para falar sobre política e sobre sonhos e desejos. No reino de Pomar (onde todos os personagens são frutas), Abá (voz de Filipe Bragança" é um jovem órfão de mãe. A rainha era uma cantora que alegrava o reino, e o Rei promovia concurso de música. Com a sua morte, ele decidiu que nenhum herdeiro irá mais cantar. Abá, que sempre gostou de cantar, decide cantar escondido, nas ruas do reino, e assim poder participar do concurso, junto dos amigos Ana (Carol Valença) e Juca (Robson Nunes). O Tirano Don Coco decide prender o Rei e toma o poder. Rafael Infante e Zezé Motta são outras vozes conhecidas. A animação em si tem traços simples. Mas a boa história cativa o público, com elementos e dramaturgia que certamente irão seduzir o público infantil e adulto.

segunda-feira, 24 de março de 2025

A vingança de Popeye

"Popeye's revenge", de William Stead (2025) Desde que o personagem Popeye entrou e domínio público em 2025, esse já é o 2o filme onde o marinheiro é representado como um serial killer (o outro é "Popeye, the slayer man"). Desde que personagens icônicos como Mickey, ursinho Pooh, Popeye e Chacinhos dourados entraram em domínio público, os produtores acharam que seria uma idéia de gênio transformá-los em assassinos psicopatas. A verdade é que todos os filmes são ruins, sendo que "Ursinho Pooh 2" é o melhor de todos, o que não quer dizer muita coisa. Com baixíssmo orçamento, o filme começa com um longo prólogo em desenho animado apresentando a origem de Popeye: nascido com deformidade, escondido pelos pais e alvo da fúria da cidade, que matou seus pais. Popeye acabou fugindo. Anos depois, um grupo de jovens retorna para a casa onde Popeye morava, que fica em uma floresta à beira do lago. Tara (Emily Mogilner) e seus amigos decidem conhecer a casa, que será herdade por Tara. Mas o espírito asassino de Popeye, ajudado por Olivia Palito, surge através de um fog, e vai matando um por um usando a sua âncora. O filme procura escancaradamente copiar elementos de "Sexta feira 13": a trilha sonora, incluindo os gemidos; o lago e a floresta, a cabana. as mortes como se Popeye fosse Jason. O filme ainda recupera o erotismo dos anos 80, com mulheres nuas e seios de fora. Esse é muito pior que "Popeye the slayer man", que é muito mais decente em termos de história e mortes. O filme não tem ritmo, as mortes são sem graça, com exceção de uma em que ele arranca a espinha dorsal de um rapaz. Final pavoroso.

Cadáver exquisito

"Cadaver exquisito", de Lúcia Vasallo (2021) Drama psicológico de suspense co=produzido por Argentina, Brasil e Espanha, "Cadáver exquisito" flerta com o realismno fantástico. O ponto forte do filme é a fotografia, de Fernando Marticorena. Clara (Sofía Gala Castiglione) e Blanca (Blanca Nieves Villalba) formam um casal lésbico. Clara é maquiadora e garçonete. Blanca é uma cientista e é albina. Blanca está fazendo experiências com ratos e está fazendo pesquisa sobre hormônios do desejo. Quando ela aplica em si, sente efeitos colaterais e entra em coma. Clara se desespera e cuida de Blanca eme stado vegetativo no hospital. Ao mexer no celular de Blanca, Clara encontra mensagens dela com homens, deixando claro que ela a traía, e mais, está grávida. Clara passa por uma jornada psicológica onde deseja estar no corpo de Blanca. O filme tem um roteiro muito incompreensivo, experimental, uma jornada surrealista que a co-roteirista e cineasta argentina Lúcia Vasallo desenvolveu quandoi a sua mãe ficou doente e ela mexeu nas coisas de sua mãe, descobrindo uma pessoa diferente de quem ela imaginaria que fosse. O filme tinha uma premissa muito interessante, mas a diretora decidiu ir por um caminho ilógicco. epouco interessate. O filme ainda explora desnecessariamente o cpro feminino, em excesso de nudez. Entediante.

domingo, 23 de março de 2025

Dalia e o livro vermelho

"Dalia y el libro rojo", de David Bisbano (2024) Co-produzido por diversos países: Argentina, Espanha, Brasil, Peru, Colômbia e Equador, "Dalia e o livro vermelho" me fez lembrar da recente animação brasileira "Teca e Tuti: uma noite na biblioteca", de Eduardo Perdido e Diego M. Doimo. Ambos os filmes falam sobre a imprtância da literatura para as crianças, e também, sobre como a criatividade é a solução para resolver muitas questões. Dalia é uma menina que ama seus pais. 7 anos depois, já adolescente, ela mora com sua mãe. Seu pai faleceu recentemente e, apaixonado pela escrita, deixou um livro inacabado. Dalia encontra o livro. Mas alguns personagens do livro, que está fechado com cadeado, criam vida e vêemn atrás do livro, que somente pode ser aberto por Dalia. Eles sequestram Dalia, e ela tem um tempo limitado para finalizar o livro, correndo o risco de nunca mais voltar. Para isso, ela conta com a ajuda de uma cabra, personagem criado pelo pai de Dalia. Com boas mensagens fáceis de serem captadas pela garotada, o filme traz lindas mensagens edificantes, sobre o amor à literatura e sobre passeios na biblioteca. O ritmo do filme, no entanto, é bem arrastado e lento, com uma duração que parece maior do que é, com quase 110 minutos de duração.

Na juventude nós confiamos

"In youth we trust", de Putthipong Naktong (2024) Drama tailandês, "Na juventude nós confiamos" é a clássica história do drama de um homem que por algum ato de violência, acaba preso em um prsídio de segurança máxima e acaba ameaçado pelos policiais internos e por gangues rivais. Quando criança, Puek morava em uma favela com sua irmã pequena e a mãe deles, uma traficantes de drogas. Puek e sua irmã cresceram nesse ambiente de pobreza e de criminalidade. 7 anos depois, após a morte de sua mãe, Puek (Arak Amornsupasiri) se mantém trabalhando como traficante de drogas. Mas ao defender a honra de sua irmã, ele acaba matando agressor e vai preso em um presídio de segurança máxima, de onde dificilmente ele saíurá impune e precisará se manter vivo e são. O filme é bem produzido, com boa fotografia e um elenco engajado na história de ódio e violência. O roteiro, no entanto, não traz muitas noviodades, e aposta no lugar comum, já visto em diversos filmes. É longo, com quase 135 minutos, e com um ritmo lento, esticandoa. história em um tempo maior do que o necessário.

sábado, 22 de março de 2025

Popeye the slayer man

"Popeye the slayer man", de Robert Michael Ryan (2025) O cinema de terror contemporâneo encontrou uma nova mina de ouro. Já não bastassem tantos sub-gêneros recentes, como os filmes trash de tubarões, atividades paranormais, serial killers e etc, agora Hollywood indie busca sua mina de ouro em personagens clássicos do imaginário infantil que entraram em domínio público, transformando-os em assassinos cruéis. Mickey, Banana split, Ursinho Pooh e agora, Popeye, o marinheiro. O filme fala da lenda urbana de Popeye, um fantasma que habita uma fábrica de espinafres em Anchor bay, desativada há mais de 20 anos, após um acidente ambiental, onde latas de eninafre ficaram contaminados. Um grupo de estudantes universitários, entre eles, Dexter (Sean Michael Conway) e Olivia (Elena Juliano), arrombam a fábrica para fazerem um documentário sobre a fábrica. Paralelo a isso, um empresário inescrupuloso decide vender a fábrica, para ser demolida e construir um prédio. O namorado ciumento de uma das universitárias e sua gangue também decide entrar na fábrica. Todos serão vítimas da fúria assassina de Popeye (Jason Robert Stephens), que se alimentoi do enpinafre contaminado, conferindo poderes de um super home. Claro que o roteiro do filme é pretexto para as mortes violentas, e que ninguém espere uma história original. O que é divertido, são as mortes todas produzidas com efeitos práticos, e nada de CGI. São mortes que lembram a tosquice dos anos 80, com cabeças fakes explodindo e olhos saindo, além de escalpo e outras mortes bizarras. O filme não é tão ruim como eu imaginava, dá para assistir de boa. Atores fracos, decisões idiotas, carro que não pega e todo tipo de irritação que o público curte em um slasher. E a maquiagem de Popeye é engraçada.

Big world

"Xiao xiao de wo", de Lina Yang (2024) Premiado drama chinês, sucesso de bilheteria mas que suscitou críticas por conta de um ator interpretar um protagonista com paralisia cerebral. Em tempos de politicamente correto e contra o capacitismo, produções têm contratado atores com situações reais aos personagens com deficiências. Em "Big world", o ex-integrante de boy band Yi Yangqianxi faz um trabalho excepcional de construção corporal e de dicção para dar vida a Liu Chubhe, 20 anos, que nasceu com paralisia cerebral. Liu tem uma parte intelectual muito precisa e sonha em fazer faculdade. Mas a sua mãe, Chen Lu (Jiang Qinqin), que o criou sozinha, teme que ele seja alvo de constrangimento e humilhação e o mantém em casa. Um dia, Chen Lu, sem dar conta de todo o seu trabalho dentro e fora de casa, chama a sua mãe para ajudála a cuidar do neto. A avó, Chen Suqun (Lin Xiaojie), tem um pensamento diferente da filha: que Liu deve ser tratado como ima pessoa normal. Ele participa de um grupo musical, se apaixona por uma jovem e procura se socializar, mas a sua mãe intervém. O filme procura trazer à tona a questão do capacitismo e do quanto que pessoas com algum tipo de decificência física ou mental podem interagir com a sociedade. O elenco é muito carismático e o ator Yi Yangqianxi, no papel do protagonista Liu, de verdade está muito bem. É complexo escalar um ator "normal" para interpretar alguem com deficiência, pois tende-se a tornar uma caricatura muitas vezes constrangedora para quem é deficiente. É uma questão polêmica. O roteiro, no entanto, vai com tudo no melodrama, trazendo aquela mensagem edificante de que no final, tudo irá dar certo.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Você não sou eu

"Tu no eres yo", de Marisa Crespo e Moisés Romera (2023) Drama de suspense espanhol que lembra "O bebê de Rosemary", "Corra!" e "Midsommar". Eu já estou bem cansado de ver filmes que retratam seitas demoníacas como forma de trazer juventude e vitalidade para pessoas de terceira idade. O filme traz como pano de fundo, temas como xenofobia, lesbofobia e racismo. Aitana (Roser Tapias) traz sua esposa Gabi (Yapoena Silva) e seu filho adotivo ( que é um bebê negro) para apresentar a seus pais, que ela não vê há 3 anos. A visita é uma surpresa. Ao chegar na casa isolada, elas são recebidas por uma mulher que Ainata decsonhece. Logo, descobrem que os pais de Aitana, Dori (Pilar Almería) e Justo (Alfred Picó) não estão felizes com a visita. O irmão de Aitana, um paraplégico (João Motos), é o único que se anima com sua visita. Para piorar a situação, Aitana descobre que uma mulher, Nadia (Anna Kurikka)), uma refugiada romena, está morando ali e no seu quarto, e sendo tratada como filha por seus pais. O filme tem um roteiro que vai a lugares que já foram retratados nos filmes citados acima, logo, as surpresas se tornam bastante óbvias. O que sustenta o filme, é o bom elenco e a fotografia que trabalha as cenas noturnas com uma atmosfera de suspense interessante. A violência é bem moderada e o desfecho, que traz o plot twist, pode pegar diversos espectadores de surpresa.

Aleksandr's Price

"Aleksandr's Price", de Pau Masó e Ason Intrigue (2013) Drama Lgbtqiap+ indie americano, "O preço de Aleksandr" tem uma cena de incesto entre pai e filho que me lembrou "O rio", filme do chinês Tsai Min Liang: sem saberem do parentesco, um homem mais velho e seu filho fazem sexo. Aleksandr (Paul Maso) é um imigrante russo que vem para Nova York com sua irmã, em busca do pai que viajou para os Estados Unidos e nunca mais retornou. A mãe deles lhes dá dinheiro para que procurem o pai, mas sem sucesso. Desgostosa, a mãe se mata. A irmã pega o dinheiro e vai embora. Sem condições financeiras para se manter em NY, Aleksndr decide trabalhar como go go boy em uma noght club gay. Eles sai com um cliente e tem sua primeira experiência sexual. Aleksandr acaba se tornando um garoto de programa. Mas a sua trajetória é de decadência e humilhação: estuprado, enganado, se torna viciado em drogas e sai com clientes que o humilham. Escrito, editado, dirigido e protagonizado por Paul Masó, "O preço de Alekandr" procura chocar o público. Mas a verdade é que o filme é pouco provocativo. As cenas de sexo são pudicas, faltou um olhar mais cru e realista para o filme. O fato do diretor atuar no projeto deve ter lhe dado uma trava, tornando temas polêmicos muito pouco convincentes na tela. Os atores são fraquíssimos, incluindo o protagonista Paul Masó. O fato do filme ser todo narrado para uma terapeuta, é muito desnecessário e fraco.

quinta-feira, 20 de março de 2025

The kingdom

"Le royaume", de Julien Colonna (2024) Concorrendo no Festival de Cannes na mostra Camera D'or, dedicado a filmes de cineastas estreantes. "The kingdom" é co-escrito e dirigido por Julien Colonna, baseado livremente em sua própria história. O filme se passa em 1995, na região da Córsega, conhecida pelos conflitos entre clãs mafiosos. Lesia (Ghjuvanna Benedetti) mora com sua família em uma ilha pesqueira. Ela tem um namorado e amigos. Um dia, uma moto vem para buscá-la e levá-la para seu pai, o chefe da máfia Pierre-Paul Savelli (Saveriu Santucci) com quem ela raramente passa tempo junto. Pierre é procurado pelas autoridades. Uma nova clã mafiosa surge e começa uma guerra entre outras gangues, até chegar na gangue de Pierre. Ele treina a sua filha para a luta, e Lesia vai aos poucos se deixando envolver pelo mundo do crime. O filme levou 3 anos e meio para ser filmado, e todo o seu elenco é formado por não atores. Surpreende que o filme tenha sido o filme de estréia do cineasta, que apresenta um enorme apuro técnico. As cenas de ação e principalmente a cena do acidente de carro são primorosos.

O vingador silencioso

"Il grande silenzio", de Sergio Corbucci (1968) Grande clássico do faroeste italiano, dirigido pelo cineasta Sergio Corbucci, que muitos críticos consideram superior a Sergio Leone. O filme já vale ser visto somente pelo seu elenco, reunindo dois mitos do cinema: o francês Jean Louis Trintignant e o alemão Klaus Kinsky. Além deles, a trilha sonora traz Enio Morricone em mais uma obra-prima musical. Filmado nas montanhas geladas de Cortina d'Ampezzo na Itália, o filme traz o mocinho clássico, que é um personagem sem falas. Silenzio (Trintingnant) é um caçador de recompensas mudo- quando criança, seus pais foram mortos e ele teve suas cordas vocais retiradas. Ele é contratado por Pauline (Vonetta Macgee), uma mulher cujo marido foi assassinado pelo caçador de recompensas Tirego (Kinsky). Pauline e Silenzio acabam se tornando amantes. O filme ficou conhecido pelo seu final pessimista, em uma sequência arrebatadora. A fotografia de Silvano Ippoliti intensifica as montanhas brancas e geladas da região. É curioso saber que a cidade de Snow Hill, onde acontece a batalha final, teve sua neve feita com creme de barbear. É divertido também saber que Jean Louis, por não saber falar italiano, acabou tendo o personagem alterado para mudo. Um filme bem dirigido, com ótimas cenas de ação e de expectativas, com muitos momentos de tempos cinematográficos incríveis.

quarta-feira, 19 de março de 2025

No limite da proteção

"Borderline", de Jimmy Warden (2025) "No limite da proteção" é anunciado como uma comédia de terror. Para quem gosta do sub-gênero, pode ter como atrativos a presença de Ray Nicholson ( filho de Jack Nicholson, em cacoetes que lembrar muito do seu famoso pai) ou da atriz Samara Weaving, que é esposa do cineasta Jimmy Warden. Quem busca um filme de terror que assuste, não irá encontrar aqui. As misturas de gêneros não funcionou muito bem, e tem momentos onde a tensão é totalmente abafada por um humor meio non sense. Paul Duerson (Ray Nicholson) é um psicopata que deseja se vingar da famosa atriz Sofia (Weaving). Indiretamente, ela foi responsável pela morte da noiva de Paul: ela estava de carro indo em direção a um evento onde Sofia estaria e acabou morrendo em um acidente de carro. Sofia namora um jogador de NBA Rhodes (Jimmy Fails) e tem um guarda costas fiel, Bell (Eric Dane). Ela a protege de Paul e acaba levando uma facada. Paul vai preso, mas 6 anos depois, foge do manicômio, junto de outros internos, e decidem invadir a mansão onde moram Sofia e sua família. Fico pensando o quanto esse filme teria sido muito mais interessante se tivesse investido em terror e no sub-gênero clássico do home invasion. Mas a aposta do humor não deu liga, e me pareceu uma oportunidade disperdiçada. Pior, não tem violência, gore ou qualqer atrativo para quem busca um bom terror, até porquê qua enão existem mortes.

Dear David

"Dear David", de John McPhail (2023) O site Buzzfeed surgiu en 2006 e rapidamente, foi responsável em publicar matérias que viralizaram, como criar listas sobre diversos assuntos, geralmente temas descartáveis da cultura pop. O filme 'Dear David" é uma livre adaptação da "lenda urbana" que surgiu em 2017, quando o quadrinista Adam Ellis (Augustus Prew), que trabalhava para. buzzfeed, começou a receber "trolls" de internautas anônimos que escreviam comentários em suas postagens nas redses sociais. Ele também começou a receber mensagens ameaçadoras de um usuário chamado "Dear David", que lhe enviava mensagens assustadoras. Seu ex-namorado Kyle e sua colega de trabalho Evelyn acreditam que o stress do trabalho estão provocando alucinações em David, enquanto o seu chefe, Bryce (Justin Long) quer que ele explore melhor a sua interação com "Dear David" para viralizar o conteúdo. Um filme infelizmente ruim em todos os aspectos: atuação mediana, roteiro sem suspense ou terror, edição sem ritmo e como terror, não assusta ou provoca tensão em nenhum momento. Os efeitos são fraquíssimos. Talvez valha assistir por ter como pano de fundo o site Buzzfeed ( o filme se passa em 2017), que hoje em dia perdeu muito de seu potencial e já nem existe mais no Brasil.

James

"James", de Connor Clements (2008) Um dos filmes mais desconfortáveis que assisti sobre o tema da pedofilia, "James" concorreu no Festival de Sundance e ganhou diversos prêmios, inlcuindo melhor filme em Palm Spring. Ousado e corajoso ao tratar realisticamente um tema tabu, o diretor e roteirista Connor Clementes retira uma performance irretocável do jovem ator Niall Wright, no papel de James, um garoto de 13 anos. Ambientado na Irlanda do Norte, o filme apresenta James como um garoto tímido e sem amigos. Seus pais são conservadores. James sente atração pelo seu professor, Sr Sutherland (Matt Jennings), mas não sabe como expressar seus sentimentos para ele. James decsobre que existe um banheiro público onde homens fazem pegação. Ele se tranca no banheiro e fica observando a movimentação por um pequeno buraco da fechadura, até que um gay idoso procura seduzi-lo. Eu de verdade não imaginava um desfecho tão angustiante e que certamente irá deixar muitos espectadores chocados. Também fico pensando como que os pais do jovem ator Nell Wright autorizaram a sua participação no filme. Bem dirigido, o cineasta Connor Clementes não abre mão de concessões para apresentar um filme polêmico sobre os impulsos sexuais e desejos reprimidos de uma criança.

terça-feira, 18 de março de 2025

Eu ainda estou aqui

"I am still here", de Mischa Marcus (2017) Vencedor de mais de 40 prêmios, "Eu ainda estou aqui" é um drama baseado em história real. Violento, trágico e angustiante, a história gira em torno de tráfico sexual de meninas na faixa de 10 anos de idade, que são sequestradas e obrigadas a se prostituir para clientes pedófilos. Layla (Aliyah Conley), 10 anos, mora com sua mãe e irmão em Anytown. Quando ela sai para comprar sorvete, é sequestrada e levada até um cativeiro, onde outras meninas moram. O cafetão Ricky (Johnny Rey Diaz) as inciia sexualmente e durante 7 anos, elas são obrigadas. a se prostituir. O filme tem cenas tão realistas, envolvendo crianças, que fiquei pensando como os pais das atrizes permitiram que elas se envolvessem com a produção. Cenas pesadíssimas, envolvendo estupros, e ainda apresentando Layla, aos 17 anos, sendo currada por diversos homens. Não recomendo o filme para pessoas sensíveis e que possam vir a ter gatilhos. O filme pesa no tom ao retratar o cafetão Ricky, apresentado como uma pessoas mega violenta, que grita o tempo todo, torturando as crianças e as sexualizando. Mas não posso deixar de elogiar o excelente trabalho das atrizes mirins, que dão um banho em suas versões mais adultas.

Twoyoungmen.Ut

"Twoyoungmen.Ut", de Sam McConnell (2009) Curta LGBTQIA+ americano, "Twoyoungmen.UT"é escrito e dirigdo por Sam McConnell. O filme é um drama minimalista sobre dois rapazes, Eli (Art Gager) e Will (George Loomis) que se conhecem por um acaso em um bar gay em Utah. Eles decidem seguir juntoss de carro até uma festa rave nas salinas do deserto. No caminho, eles falam sobre se aceitarem como gays em um universo machsita e conservador do lugar onde moram. Filme correto, com dois bons atores e um roteiro simples que trata de temas como saída do armário, homofobia e aceitação. Belas locações em Utah com uma fotografia que transita entre exteriores e interiores noite com sobriedade, culminando com um belo amanhecer no deserto.

segunda-feira, 17 de março de 2025

A woman

"Kong Xiu", de Chao Wang (2022) Vencedor do prêmio de melhor roteiro em San Sebastian 2022, "A woman" tem no título original em chinês, o nome da protagonista, "Kong Xiu". O filme, ambicioso, propõe o retrato da praticamente impossível emancipação feminina, na China comunista de Mao Tsé Tung, de 1967 a 1980. Kong Xiu (Shen Si yu), então com 19 anos, é obrigada pela família a se casar e prover filhos. Ao longo de sua vida, Kong Xiu irá se casar duas vezes, ter filhos, se divorciar nos dois casamentos, trabalhar na fábrica textil e nos dias de folga, trabalhar para seus maridos. Ainda assim, ela conseguirá escrever textos que serão celebrados, mesmos endo quase analfabeta e ter pouco estudo. O filme é uma adaptação do romance autobiográfico da escritora Zhang Xiu Zhen. A atriz Shen Si Yu está excelente no papel, e percoree bem todos os períodos históricos retratados. A direção de arte traz um rigor na reconstituição de época, com fotografia que traz tom épico e intimista. Um forte registro histórico de uma época, com ritmo lento e quase documental. \

Blokes

"Blokes", de Marialy Rivas (2010) Concorrendo à Palma de ouro em Cannes e no Festival de Sundance, "Blokes" é um curta Lgbtqiap+ chileno que fala sobre repressão sexual e política no Chile de 1986, sob regime militar. Luchito (Afonso David), 13 anos, mora com sua mãe, que e costureira, em um bairor classe média de Santiago. Luchito é gay enrustido e sente desejos sexuais por um vizinho do prédio da frente, Manuel (Pedro di Girolamo), 16 anos. Quando Pedro leva uma garota para fazer sexo, Luchito, enciumado, acende uma naterna, o que faz a garota ir embora. No dia seguinte, uma batida militar obriga todos os moradores a descerem para a rua. Luchito fica atrás de Manuel e edmira o corpo do rapaz, que está de cueca. Ousado e pervertido, "Blokes" traz cenas polêmicas, como Luchito se masturbando e também, um desejo do menino por MAnuel mesmo em situações de perigo e risco de vida. Um retrato sobre desejos sexuais pelo ponto de vista de um adolescente em período de repressão política, com excelente cinematografia e direção de arte.

domingo, 16 de março de 2025

Vidente por acidente

"Vidente por acidente", de Rodrigo Van Der Put (2024) Com idéia original desenvolvida por Otaviano Costa, "Vidente por acidente" traz um elenco enorme para contar a história de Ulisses (costa), um arquiteto que entra em crise profissional ao completar 45 anos de vida. Casado com Fernanda (Evelyn Castro) e pais da jovem Maria (Jamilly Marinho), Ulisses trabalha na empresa de sua mãe, Sra Betarello (Totia Meirelles). Ulisses sonha com Deus (Sergio Loroza) e acaba procurando uma coach, Sarah (Katiuscia Canoro), que leva todos os seus pertences como vigarista, mas dá um chá para ele que o faz ter poderes de vidência: quando ele encosta em alguém, ele enxerga o verdadeiro desejo profissional da pessoa. Ulisses viraliza e muitas pessoas o procuram, mas ao mesmo tempo, a sua vida pessoal vira um caos. O elenco conta também com Nany People, Xuxa, Flavia Alessandra, Victor Lamoglia, Stepan Nercessian, Marcio Vito, entre outros.

Plainclothes

"Plainclothes", de Carmen Emmi (2025) Exibido em competição no Festival de Sundance , "Plaincothes". é um drama LGBTQIAP+ indie americano. Me fez lembrar bastante de "Parceiros da noite", polêmico filme com Al Pacino onde ele representa um policial que se infiltra na comunidade gay para localizar um serial killer que está atando gays. Em "Plaincothes", Lucas (Tom Blyth) é um jovem policial de Nova York de 1997. Infiltrado pela polícia e se fazendo passar por gay, ele frequenta banheiros públicos para servir de isca para homens gays que o seduzem e aí, anuncia voz de prisão. Lucas vive em um ambiente homofóbico: sua família, os policiais, os amigios, todos condenam atos homossexuais de forma violenta. Mas ao tentar flagrar Andrew (Russel Tovey no banheiro, Lucas se sente atraído por ele e decide não entregá-lo aos policiais. Lucas busca contato com Andrew e os dois mantém um relacionamento, até que Lucas decsobre que Andrew é um reverendo de uma igreja, casado e com filho. O filme tem uma estética visual que mescla película, Vhs e super 8. Os dois atores principais estão otimos, e o filme traz muito boa ficha técnica, com fotografia e direção de arte reconstituindo com detalhes os anos 90. É um filme que traz um olhar trágico e contundente sobre a homofobia e sobre como se libertar das amarras sociais e sexuais diante da sociedade.

Davi

"David", de Roberto Fiesco (2005) Premiado curta LGBTQIAP+ mexicano, "David" trata com delicadeza um tema bastante ousado: a relação sexual entre um homem mais velho e um adolescente. David (Jorge Adrian Espindola), um jovem mudo, mata a aula e decide ir ao cinema. Caminhando na rua, ele encontra um homem desempregado, José (Javier Escobar), de meia idade, sentado em um banco da rua, de terno e gravata, procurando emprego. Davi pede por sinais para procurar um filme na coluna de cinema. O homem empresta. Entre os dois surge uma atração, e David pede para que o homem o leve até um hotel. O homem paga um hotel bem barato, mas David não se incomoda. Eles fazem sexo, e o homem vai embora, se despedindo de David que o olha romântico e realizado pela janela. O filme tem um roteiro de um simplicidade absrda. toda a história gira em torno de flerte, paixãoe tesão. O filme não faz julgamentos. Mostra um encontro fortuito, que prossegue para uma transa e uma despedida. FIlmado com muita delicadeza, e bela fotografia e direção de arte. O interesse sexual de um rapaz por um homem mais velho, que levanta a bandeira de desejos por pessoas mais velhas.

sábado, 15 de março de 2025

Os Radley

"The Radleys", de Euros Lyn (2024) Terrir inglês, "Os Radley" é adaptação de romance escrito por Matt Haig em 2010. O filme traz também romance gay adolescente, personagens m,achistas e tóxicos, empoderamento feminino e muitas outras pautas. É difícil não pensar na franquia "Crepúsculo", ao ter como pano de fundo uma história sobre iniciação "vampiresca" entre adolescentes, e principalmente, a transformação de um crush em vampiro para eternizar o amor (oi, Bella?). Os adolescentes Rowan (Harry Baxendale) e Clara (Bo Bragason) são filhos de Helen (Kelly Macdonald) e Peter (Damian Lewis). Durante seu aniversário de 18 anos, atingindo a maioridade, Clara se sente estranha. Ao caminhar em uma floresta, ela é atacada pelo jovem Stuart, que tenta estuprá-la. Ao se defender, Clara descobre possuir uma força descomunal, e num acesso de raiva, se torna vampira e mata Stuart. Seu irmão Rowan está apaixonado por Evan (Jay Licurgo), cujo pai, Jared (Shaun Parkes), é um policial que investiga crimes, que ele acredita ser praticado por vampiros. Ao comentar com os pais sobre o ocorrido, Clara e Rowan descobrem que são vampiros e que os pais esconderam para que eles não se tornassem predadores. Os pais chamam o irmão gêmeo de Peter, Will, que continua como vampiro, para que ensine aos filhos como agir. O filme me deu saudades do excelente "O que fazemos nas sombras", terrir australiano sobre vampiros dirigido por Taika Waititi e que o projetou em Hollywood. "Os Radley" não é engraçado quando quer fazer graça, é longo, arrastado, o terror não tem atmosfera. A sub-trama que mais funciona é a do amor adolescente de Rowan pro Evan. Mas é pouco para manter o interesse.

Letícia

"Letícia", de Cristiano Vieira (2024) "A mitomania é um transtorno psicológico em que a pessoa possui uma tendência compulsiva em mentir. A pessoa precisa de acompanhamento psicológico e de apoio e comprensão de familiares e amigos." Esse é o letreiro que finaliza o drama romântico "Letícia", co-escrita e dirigida pelo cineasta brasilianese Cristiano Vieira. O filme foi realizado de forma independente e com equipe 100% de Brasília. Baseada em uma história real, o filme tem como protagonistas Gustavo (Bernardo Felinto), um empresário de sucesso do ramo imobiliário, e Letícia (Sophia Abrahão). Gustavo é sedutor e prefere a vida de solteiro e playboy, para ter diversos relacionamentos. Mas durante um evento em um hotel, ele conhece Letícia e fica apaixonado por ela. Ele a leva para casa, conversam e transam. No dia seguinte ela sumiu. Obcecado por Letícia, ele tenta localizá-la sem sucesso, até que a reencontra em uma rede social. Eles voltam a se relacionar. Mas aos poucos, Gustavo vai percebendo que Letícia é uma mulher que necessita de ajuda psicológica. O mais estranho no filme é o contexto como pano de fundo da pandemia da Covid. Pelo filme, parece que o pior já passou, mas sempre tem pessoas de máscaras e outras não. As que estão com máscaras, muitas vezes as tiram e beijam ou têm contato físico sem qualquer tipo de proteção: alcool gel, desinfetante ou qualquer tipo de imunizante. O filme procura trazer gêneros distintos: drama, romance, um pouco de humor, um pouco de suspense. Sophia Abrahão é o grande destaque, e levou o prêmio de melhor atriz no Festival de São Bernardo do Campo.

sexta-feira, 14 de março de 2025

Homens de barro

"Homens de barro", de Angelisa Stein (2025) Em 2021, o drama gaúcho "Verona", de Ane Siederman, trouxe uma releitura de "Romeu e Julieta" envolvendo 2 famílias de fazendeiros em guerra eterna, e para a infelicidade de todos, o filho de uma família se apaixona pela filha de outra família. "Homens de barro" é uma co-produção Brasil e Argentina, rodada na área rural de Belém Velho, em Porto Alegre, e também traz a mesma releitura de 2 famílias de fazendeiros em pé de guerra. Só que agora, a paixão tem conteúdo Lgbtaqip+. As famílias Tamai e Miranda se odeiam. Pássaro, filho dos Tamai, tem em Marciano, filho dos Miranda, seu melhor amigo. Mas seus respectivos pais proíbem que contiunuem se vendo. O pai de uma família foi encontrado morto. O outro, desapareceu. Os anos se passam, e o rancor entre Pássaro e Marciano, alimentado pelos pais, se intensificou e agora eles resgatam a briga das famílias. Os anos se passam. Pássaro (Gui Malmann) agora namora Vera (Mariane Catalane). Mas quando ele conhece Ângelo (João Pedro Prates), irmão m,ais novo de Marciano, eles se apaixonam. O filme traz bela fotografia de Bruno Polidoro, rodando com luz natural as cenas dia e entardecer, e com luz azulada bem anos 80 as noturnas. O elenco jovem da fase adolescente tem em Gui Malmann e João Paulo Prates o grande destaque. Um filme que tem um roteiro que não surpreende por ser uma releitura já bastante conhecida, mas que ainda assim traz uma ponta de frescor ao trazer contexto lgbt aos protagonistas.

Control freak

"Control freak", de Shal Ngo (2025) Terror sobrenatural escrito e dirigido pelo cineasta vietnamita Shal Ngo, com produção americana. Val (Kelly Marie Tran) é uma coach motivacional de sucesso. Prestes a fazer uma turnê para a Ásia, ela é avisada pelos organizadores chineses da necessidade da certidão de nascimento. Ao procurar no armário de seu pai, Sang, com quem ela não fala há desde que era criança, quando ele matou sua mãe afogada, Val descobre uma foto de um demônio, Sanshi, que se alimenta do medo e da angústia. A partir desse momento, Val começa a sentir coceiras na parte de trás de sua coceira, que vão se intensificando. Ela procura o pai, que diz que o demônio está querendo se apossar dela, assim como se apossou dele e da mãe de Val. Val conta com a ajuda de seu namorado, robbie (Miles Robbins), que acha que a coceira é da ansiedade. "Control freak" é o tipo de terror que se apropria do gênero para falar de traumas do passado. O demônio é uma metáfora desse sentimento de culpa de tantas mortes, uma espécie de Transtorno de Estresse Pós-Traumático criando vida na forma de um monstro. É um filme de produção modesta, com efeitos razoáveis e atores corretos em seus papéis. Não empolga e nem cria tensão ou medo. É mais um drama fantástico do que apropriadamente terror.

Last call

"Last call", de Nick Corporon (2009) Curta Lgbtqiap+, "Last call" trabalha com o realismo fantástico para contar a história de Gavin (Travis joe Dixon). Ele mora com Mark (Davod Devora), mas o relacionamento está em crise e Gavin se entrega ao alcoolismo. Depois de beber muito, numa noite, Gavin liga para Mark. Ao dirigir o carro, bate e morre. Gavin acorda em um bar, cuja bartender (Jody Jaress) propõe a Gavin, antes de abrir uma porta, a tomar alguns copos de bebida e a cada um dele,s reviver um momento feliz de seu passado. O filme tem uma prmeissa simples, com uma história de redenção e perdão. A atriz Jody Jaress é a grande força do fil;me. Sua presença em cena, sublime, minimalista, faz crescer todas as cenas em que aparece.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Casa do terror

"Haunt", de Scott Beck e Bryan Madeiras (2019) Terror slasher escrito e dirigido pela dupla Scott Beck e Bryan Madeiras, que escreveram o roteiro do mega sucesso "Um lugar silencioso", "Casa do terror" foi considerado o 50o melhor slasher de todos os tempos. Na minha opinião, um exagero, se considerarmos que existem muitos clássicos relevantes que merecem esse posto. Por exemplo, "Pague para entrar, reze para sair", cult de Tobe Hooper de 1981, é muuto melhor e certamente foi uma referência direta, já que a história é idêntica. Na noite de Halloween em Carbondale, Illinois, um grupo de 6 amigos decide ir até uma casa do terror afastada da cidade. Ao entrarem, são recepcionados por um palhaço misterioso. Harper, Nathan, Mallory, Bailey, Evan e Angela se divertem, mas aos poucos começam a perceber que a bruxa, o palhaço, o demônio, o vampiro e outros fantasiados querem matá-los de verdade. O filme é co-produzido pro Eli Roth, diretor de "O Albergue". Quem busca um slasher para passar o tempo, vai se animar com esse aqui, até porque as mortes são sangrentas e existem cenas tensas. Os clichês abundam: carro que não pega, celular recolhido, assassinos mascarados, decisões idiotas e claro, uma galera que só faz merda.

Go go reject

"Go go reject", de Michael J. Saul (2010) Divertido curta Lgbtqiap+ escrito e dirigido por Michael J. Saul. Daniels (Heath Daniel) é um funcionário de uma sorveteria. Ele trabalha com sua melhor amiga, Becky (Iva Turner). De noite, ele sai coms eu amigo Matthew (Mathew Bridges) para um clube gay de go go dancers. Matthew observa os gogo dancers dançarem sem jeito e diz a Daniels que ele é quem deveria esttar dançando ali. Desde criança, quando Daniels viu o filme "Flashdance", ele tem o sonho de se apresnetar dançando. Daniels vai se oferecer para dançar, mas o gerente diz que ele não tem o corpo perfeito: é magro e sem graça. Um go go dancer, Cesar (Korken Alexander) se apaixona por Daniels e decide ensiná-lo a se apresentar nos palcos como dançarino sexy. O filme aposta em um humor ingênuo, com personagens divertidos e carismáticos, que parecem saído de um sitcom. Colorido, exagerado e com uma história bobinha, o filme cativa pela simplicidade e fofura.

Foram os sussurros que me mataram

"Foram os sussurros que me mataram", de Arthur Tuotto (2024) Thriller claustrofóbico escrito e dirigido pelo curitibano Arthur Tuotto. O filme tem uma narrativa que acontece toda em um único ambeinte: um quarto de hotel. Ali, se encontra a atriz Ingrid Savoy (Mel Lisboa). O mundo é distópico. Lá fora acontecem conflitos entre sociedade e governo. Assim como um BBB, Ingrid e outros concorrentes, que nunca vemos, aguardam em seus quartos para em alguns dias, darem início a um relaity show transmitido na tv. Estão todos anônimos, suas identidades não foram reveladas. Ingrid conversa com sua secretária (Carla Rodrigues), um influencer e do diretor do programa. Mas ela tem visões do futuro, onde uma rebelião irá destuir tudo. O filme tem uma estranha opção de direçao de manter todos os atores interpretando de forma monocórdica e fria, como se declamssem o texto. O texto, também, é construído com frases feitas. O tetxo poderia perfeitamente ser adaptado para o palco de teatro. É uma fantasia futurista, uma crítica ao poder, à extrema direita, e óbvio, ao culto dos realities shows e a alienação que provoca no público.

Better man- A história de Robbie Willians

"Better man", de Michael Gracey (2024) A maior ousadia dessa super produção que traz a cinebiografia do cantor Robbie Willians, certamente é a de representá-lo através da imagem de um macaco antropomórfico. A idéia veio do diretor Michael Gracey, após ouvir o próprio Robbie Willians dizer que se fosse um animal, seria um macaco, pois é como se sente quando está nos palcos. Isso fez com que o orçamento do filme aumentasse imansamente, afinal, a figura de CGI do macaco está o filme inteiro. Fora isso, números musicais épicos, envolvendo muitos efeitos, figuração, painés de Led, justificam o orçamento de 110 milhões de dólares. Mas infelizmente, o filme não teve retorno financeiro, tornando-se um fracasso comercial. Com a crítica, foi o oposto: bem recebido, ganhou prêmios e foi indicado ao Oscar de efeitos viauis e Globo de ouro de canção original. Michael dirigiu o musical "o rei do show", com Hugh Jackman, e dirige muito bem os números musicais, com câmeras muito bem coreografadas e fotografia e direção de arte espetaculares. O repertório de Willians, que vai da fase com a boyband Take That até sua carreira solo, traz inúmeros hits. Mas é quando toca "My way", de Frank Sinatra, na cena final, que o filme arrebata, emociona e faz chorar. É a coroação d eum artista qud esde criança, deixou-se envolver com a música, e entendeu que não poderia viver sem ela, conectando-se com seu pai e com a história de luta de sua família.

quarta-feira, 12 de março de 2025

O vazio de domingo à tarde

"O vazio de domingo à tarde", Gustavo Galvão (2024) Co-escrito junto da roteirista e diretora Cristiana Oliveira, o cineasta Gustavo Galvão traz um olhar crítico sobre o universo machista e sexista do audiovisual. O filme ainda traz outros temas: abuso moral, relacionamentos tóxicos, preparação de e;enco masoquista, e como pano de fundo para toda a trama, o Brasil de 2019, pré pandemia, sob o governo de Bolsonaro e o sucateamento da cultura. São muitos os discursos apresentados no filme, de um diretor que já trouxe os instigantes "Uma dose violenta de qualquer coisa" e "Ainda temos a imensidão da noite". O filme acontece em Brasília e em Abadilândia. Duas mulheres com histórias de vida unidas pelo amor ao cinema. Mônica (Gisele Frade), é uma atriz na faixa dos 30 anos, uma celebridade televisiva, que se encontra em um momento de desgaste da superexposição. Ela quer novos desafios artísticos, e deseja fazer mais cinema autoral e visceral. Kelly (Ana Eliza) ;e uma jovem de 17 anos, que mora em AbadilÂncia. Ela tem o sonho de ser atriz, e tem Mônica como sua musa inspiradora. Ambas vivem relações desgastadas com seu parceiros. Mônica é levada a um mundo abusivo por seu empresário e por um diretor sádico. Kelly passa por uma situação de quase estupro, ma svira o jogo e passa a ser a manipuladora. O filme é fotografado por André Carvalheira, que ganhou o Kikito de fotografia por "Oeste outra vez". O elenco é bom, incluindo Erom Cordeiro em uma participação como o marido de Mônica. A cena da preparação como atriz para o filme de um diretor sádico é angustiante e certamente, fará muitos atores e atrizes relembrarem momentos de puro terror psicológico.

Sweat

"Sweat", de John Lochland (2008) Drama Lgbtqiap+ inglês, 'Sweat" narra a primeira experiência de um rapaz, Simon (David Paisley), em uma sauna gay. Tímido e introvertido, Simon chega e de imediato, se vê num lugar que não lhe pertence. No vestiário, ele tira sua roupa e coloca uma toalha, enquando é seduzido por um rapaz, Tim. Ao entrar em uma cabine, Tim vai atrás de Simon, que tenso, decide sair da cabine. Em outros ambientes, Simon observa os frequentadores fazendo sexo sem compromisso, e com muito desprendimento. Um garoto de programa de 17 anos, Tiger, pergunta se Simon quer um programa, e Simon se assusta com a experiência sexual de um rapaz mais novo do que ele. Tentado a experimentar poppres, SImon passa a fantasiar visões sexuais. O filme é mal dirigido e tem uma fotografia e áudio ruim. Para quem gosta de um filme vouyerista, pode ser que curta, com cenas de homoerotismo com sexo fake e mal coreografado. O filme tinha potencial para ser mais ousado. No finaal, é um filme ingênuo sobre um jovem gay sem experiência sexual.

O fundo do mar

El fondo del mar", de Damian Szifron (2008) Dirigido e escrito pelo argentino Damian Szifron, diretor do grande sucesso de crítica e público "Relatos selvagens", "O fundo do mar" é um filme de estréia de Szifron como realizador de cinema. O filme, lançado em 2008, já traz muitas sementes de "Relatos selvagens": personagens que vivem à beira d eum colapso nervoso, e surtando em momentos de cotidiano. Ezequiel (Daniel Hendler) é um estudante de arquitetura de 28 anos, totalmente obcecado e ciumento com sua namorada, Ana (Dolores Fonzi). Uma noite, ele decide visita-la de surpresa no apartamento dela. Ao ir até o quarto de Ana, ele observa um sapato masculino que não é seu, e pior, uma mão dque sai debaixo da cama e recolhe o sapato. Ezequiel decide não comentar nada com Ana. Ele vai embora e se esconde na rua, querendo saber quem é o suposto amante de sua namorada. Um home, Anibal (Gustavo Garzon) sai, e Ezequiel passa a segui-lo. O filme acontece no período de uma noite. Divertido e repleto de humor ácido, o filme teve como referências explícitas e citadas pelo diretor de "D eolhos bem abertos", de Kubrick, e "Inferno- o ciúme do amor possessivo", de Claude Chabrol. Eu adicionaria "Following", de Christopher Nolam, que é exatamente essa perseguição à alguém que não conhecemos. Daniel HEndler está excelente e prova ser um dos melhores atore slatinos.

Batom

"Lipstick", de Khais Millen (2014) Drama Lgbtqiap indiano, "Batom" e um melodrama trágico, que apresenta uma história de amor complexa. Shyam (Jinu Kuttikkatt) e krishnan (Prem Sankar) são dois homens, amantes às escondidas. Desde que tinham 8 anos de idade, eles se amam. Krishhnam fez de Shyam a sua "mulher", maquiando com batom e fazendo dele a figura feminina da relação. Mas Krishnam é casado com uma mulher trans, e não pode assumir um relacionamento sério com Shyam, que ficou viciado em Krishnam e não pode ficar longe dele. A cena final certamente irá deixar a comunidade lgbt irritada, com uma cena de morte exacerbada. O filme tem cenas de sexo implícitas mas bem eróticas. A fotografia é fraca, mas esse defeito técnico, estranhamente, traz uma atmosfera de filme underground, que achei bem interessante.

O senhor dos mortos

"The shrouds", de David Cronemberg (2024) Eu sou um grande apreciador da filmografia de David Cronemberg. Mas infelizmente, seus dois últimos filmes exibidos em Cannes, "Crimes do futuro" e agora "O senhor dos mortos", ambos em competição oficial, foram grande frustração, e não me curvo em dizer que "The shrouds", título original, é provavelmente o mais fraco e menos interessante de seus filmes. A idéia filme partiu de uma situação ocorrida com Cronemberg: o falecimento de sua esposa, a omtadora Carolyn Zeifman, falecida em 2017. O filme apresenta Vincent Cassel como Karsch, um produtor de cinema, também dono de restaurante e de um cemitério, chamado "the shrounds" e onde o cliente pode acompanhar 24 horas via pp próprio, o corpo do ente querido, inclusive, em decomposição. Uma noite, Karsch descobre que os túmulos foram profanados, inclusive o de sua esposa, Becca (Diane Kruger). Karsch decide ir atrás dos responsáveis. Ele acredita que seu ex técnico, Maury (Guy Pierce), que ele acredita ter sido amante de Becca foi o responsável. O roteiro é muito bizarro, envolvendo Ai e versões de Becca recriadas. É tudo muito chato, o ritmo é arrastado, e confesso, bastante confuso. O desfecho termina abruptamente, sem resolução. E para quem espera ver um Cronemberg repleto de body horror e vísceras, esqueça.

Leopardo da neve

"Sa", de Pema Tseden (2023) Falecido em 2023 aos 53 anos, o cineasta tibetano Pema Tseden ganhou respeito no meio cinematográfico, ao apresentar filmes ambientados no Tibete, mostrando tradições e costumes, com aprovação do governo chinês. Tendo como pano de fundo um contexto da religião budista, o filme é embientado na província rural de Qinghai, Tibete. Um leopardo da nevem animal raro e considerado patrimônio do governo, ataca um rebanho de ovelhas de um fazendeiro e mata 9 ovelhas. Jinpa, o fazendeiro, consegue prender o leopardo e o tortura. Seu irmão, um monge budista apelidado de Snow leopard por apreciar os leopardos, tem visões dizendo para ele libertar o animal. Uma equipe de tv chega para documentar o incidente, assim como as autoridades obrigam Jimpa a libertar o animal , o que ele se nega a fazer. O leopardo da neve é todo construído em CGI, e é esse feito que mais me impressionou no filme. O animal está em diversas cenas, cenas até complexas, e o Cgi é muuto bem feito. Fico imaginando o custo de construir o animal em 3D, em uma produção modesta. O contexto budista, sobre não matar, é muito bem discutido no filme. O elenco, uma mistura d eprofissionais e amadores, é bem orgânico. E a fotografia do belga Matthias Deulvaux é um desbunde, retratando a gelada região montanhosa com muito apuro. O filme recebeu diversos prêmios em festivais internacionais.

Parque de diversões

"Parque de diversões", de Ricardo Alves jr (2024) Até os anos 90, a maioria das praças e parques públicos não eram fechados por grades. Isso permitia que muitos pessoas utilizassem os seus espaços na madrugada para encontros sexuais, o popular termo "cruising", ou "pegação". Alertado pela população conservadora, os governos mandaram cercar tudo e determinar um horário para fechamento. No filme "Parque de diversões", cabe à uma mulher trans o rompimento de uma das grades para liberar a entrada da comunidade queer e assim, poderem liberar e extravazar seus desejos e apetites sexuais e fetichistas. Esse movimento anárquico pode ser visto como um recado aos gocernos conservadores, que procuram privar e apagar a existência de pessoas lgbtqiap+. "Parque de diversões" é dirigido por Ricardo Alves Jr, do ótimo "Elon não acredita na morte". Ele traz referências a dois clássicos do universo "cruising": "Parceiros da noite", de Willian Fridkin, e "Um estranho no lago", de Alain Guiraudie. Em ambos os filmes, ums erial killer frequenta o ambiente para buscar suas vítimas. 'Em parque de diversões", não existe crime, e tudo está liberado. É um filme sem protagonismo de personagens. Homens cis, trans de diversas idades, raças e corpos, se encontram anônimos para encontros sexuais, apresentados de forma explícita. Em uma cena , um rapaz narra para um deficiente visual idoso uma relação sexual para que o mesmo se excite. É um filme voyeurista, feito para um público em busca de imagens homoeróticas e explícitas, com imagens estilizadas quase referenciando os anos 80 com sua iluminação niturna com muitoa gelatina azulada. Senti falta de uma dramaturgia, mas entendo que a proposta é a perversão e a crítica ao conservadorismo.

terça-feira, 11 de março de 2025

Betânia

"Betânia", de Marcelo Botta (2024) O que mais me impressiona em "Betânia", selecionado para a Mostra Panorama do Festival de Berlim 2024, é que o diretor, um paulista de São Carlos, veio do universo da comédia, o que comprova que um realizador pode dirigir qualquer gênero cinematográfico. Marcelo Botta dirigiu na Mtv programas com Marcelo Adnet e co-dirigiu a comédia "Abestalhados 2" com Paulinho Serra. Em 2018, ao rodar uma série no Maranhão, em Lençois maranhenses, chamada "Viajo logo existo", ele se apaixonou pela região e a cultura e retornou outras vezes. Decidiu escrever um roteiro com elenco totalmente maranhene e parte da equipe local. Betânia é o nome da protagonista, interpretado por Diana Mattos (menção honrosa de melhor atriz no Festival do Rio 2024), 65 anos, recém viúva. E Betânia é o nome de um vilarejo de 250 habitantes em Santo Amaro do Maranhão, próximo dos lençois maranhenses. É para lá que as filhas de Betânia, Irineusa (Michelle Cabral) e Jucélia (Rosa Ewerton Jará), querem que ela vá, para morar com ela. Tonhão (Caçula Rodrigues), genro de Betânia, trabalha como guia de turismo e recebe turistas dos Lençóis Maranhenses. O forte do filme inegavelmente é a fotografia de Bruno Graziano, ressaltando toda a beleza natural da região. O filme tem um olhar documental mesclado à uma ficção deliciosa de filmes que lembram a narrativa de Sergio Assis, com muitas sub-tramas com personagens divertidos e emocionantes.

A batalha da rua Maria Antônia

"A batalha da rua Maria Antônia", de Vera Egito (2024) Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival do Rio 2023, nada mais oportuno do que "A batalha da rua Maria Antônia" ser lançado após o sucesso avassalador de "Ainda estou aqui". O filme, escrito e dirigido por Vera Egito, é basedo em uma história real ocorrida no dia 2 de outubro de 1968, em São Paulo: o confronto entre estudantes e professores do Movimento Estudantil de Esquerda, no prédio da Faculdade de Filosofia da USP, contra o Comando de Caça aos Comunistas vindos do outro lado da rua, da Universidade Mackenzie. Entre estudantes revolucionários, professores delatores e uma professora despolitizada que acaba se envolvendo com o movimento estudantil, o filme conquista o público tanto pela narrativa, quanto pela forma como é exibido: buscando referência estética na obra-prima "Eu sou Cuba", de Mikhail Kalatozov, composto por famosos planos sequências e em preto e branco, incluindo um segmento que mostra uma batalha entre estudantes e policiais. "A batalha da rua Maria Antônia" segue um rigor formal: rodado em preto e branco, janela 1:37 e composto por 21 planos sequências, que vão sendo contados em contagem regressiva. Todas as cenas são bem marcadas e coreografadas, com espetacular fotografia de Will Etchebehere e direçào de arte impecável de Valéria Costa. O elenco é forte: Gabriela Carneiro da Cunha, Juliana Gerais, Caio Horowicz, Philipe Lavra, entre outros, colocam toda a energia em campo para dar vida a personagens representativos de uma época de luta história do Brasil.