sábado, 13 de dezembro de 2025

Natal sangrento

"Silent night, deadly night", de Mike P. Nelson (2025) Remake do cult slasher 'Natal sangrento", de 1984, essa nova versão surpreendeu ao eliminar de sua trama sub-plots importantes do original e suas continuações: o elemento religioso. O protagonista, Billy, era constantemente torturado física e psicologicamente pela Madre superiora e adquiriu trauma. Além disso, eliminou seu irmão menor, Rick, que nas continuações da franquia, herdou a psicopatia e se tornou o Papai Noel assassino. No filme de 2025, novas tramas foram adicionadas, como o sequestro de crianças da cidade e o mais importante, o empoderamento da personagem feminina, PAmela (Ruby Modine), filha do dono da loja de Natal onde Billy (Rohan Campbell) trabalha. O prólogo é o mesmo: quando tinha 8 anos, Billy foi com seus pais para a clínica psiquiátrica onde seu avô estava internado. Na volta para casa, um papai noel os aborda, mata seu pai, abusa de sua mãe e a mata. O que muda aqui, é que o papai noel morre com uma facada que sua mãe dá antes de morrer. Ao apertar as mãos do Papai Noel, o espírito do assassino baixa em Billy. Billy cresce com uma segunda voz o guiando e dizendo o que ele deve fazer. E sinal dos novos tempos ( assim como no seriao de "Brinquedo assassino", agora Billy mata apenas as pessoas que merecem morrer, como por ex, nazistas, estupradores, assassinos. O filme traz easter eggs não somente de "Brinquedo assassino", mas também de "Carrie, a estranha", e "Kill Bill", com as cartelas animadas. Não gostei das mudanças na trama e essa nova roupagem politicamente correta. O original é melhor por seu um filme maldito, sujo, sem moral e por destuir a empatia do Papai Noel.

Natal sangrento 2

"Silent night deadly night part 2", de Lee Harry (1987) Continuação do cult slasher de 1984, "Natal sangrento", essa parte 2 ;e pura picaretahem dos produtores e roteiristas, uma forma que criaram para reduzir o orçamento: mais de 40 minutos do filme, ou seja, metade é composta de cenas do filme anterior. O protagonista, Rick (Eric Freeman), irmão de Rick, assassino do filme anterior, está sendo entrevistado pelo psiquiatra Dr. Henry Bloom, narrando os assassinatos que cometeu recentemente. Ele conta então toda a história do filme anterior, do início ao fim. Somente depois de terminada a história, é que o filme traz cenas novas: após a morte de seu pai adotivo, Ricky vai trabalhar como limpador de neve. Ao presenciar uma mulher sendo abusada, Rick tem um gatilho emocional do dia em que sua mãe foi morta e mata o abusador. Rick conhece uma jovem, Jennifer, mas após se desentender com ela, ele a mata. Rick tem um surto e sai matando pessoas na rua ( tem a famosa cena em que ele mata um morador que leva o lixo pra rua e ele diz "Garbage day", frase que virou meme. Mas o foco de Ricky é matar a Madre superiora, que torurou ele e seu irmão quando crianças. O filme é cultuado pelos fãs de filmes ruins, muito principalmente pela atuação de Eric Freeman, que atua com as sombrancelhas e é bem canastrão. As suas cenas são hilárias, e as mortes são tão bizarras que viraram motivos de gargalhadas. Um cult de terror trash que merece seu visto.

Father

"Otec", de Tereza Nvotová (2025) Um drama devastador, 'Father" foi indicado pela Eslovênia à uma vaga ao OScar internacional 2026. O filme concorreu no Fetsival de Veneza e outros importantes festivais. Co-produzido pela República Tcheca, Eslovênia e Polônia, o filme me fez lembrar do prmeiao=do drama romeno "Pororoca": ambos são filmes sobre a destruição emocional dos pais de uma criança e como lidam com a tragédia. Rodado em diversos planos sequências, a câmera de Adam Suzin lembra muito os filmes de Gaspar Noé e seus planos repletos de malabarismos impressionantes, em especial aqui, na cena do tribunak e na cena final da corrida. Liubliana, capital da Eslovênia, vive um surto de calor intenso. Michal (Milan Ondrík), meia idade, é dono de uma revista. Ele é casado com Zuzka (Dominika Morávková) e possuem uma filha pequena, Dominika. Aos olhos dos outros, um casal feliz e bem sucedido. Zuzka pede para que Michal leve Dominika para a creche por causa de uma reunião que ela precisa estar. Michal leva a filha e depois segue para o trabalho, onde um novo gerente é apresentado para tentar levantar as vendas da empresa, que está em dívidas. O dia está movimentado para Michael, até que ele percebe que esqueceu Dominika no carro. Ao chegar no estacionamento, entra em pânico ao ver que a filha morreu dentro do carro. O filme apresenta a síndrome do bebê esquecido: um fenômeno no qual um dos pais, devido a um lapso de memória, acidentalmente deixa seu filho em um carro quente. Isso acontece cerca de 40 vezes por ano somente nos EUA . Não é um diagnóstico médico formalmente reconhecido, mas há um bom respaldo em neurociência para explicar como e por que isso ocorre. Em resumo: o "piloto automático" do cérebro — nossa memória de hábitos — pode se sobrepor à memória cognitiva sob estresse. Você pensa que deixou o bebê em casa porque seu cérebro sente que já concluiu essa tarefa. Mas você não concluiu. O filme é dividido em 3 atos: pré acidente, pós acidente e meses depois,no dia do julgamento. Espectadores que tenham sensibilidade ao tema de pais que perdem filhos não podem assistir ao filme, correndo o risco de trazer gatilhos emocionais. A performance dos atores é arrebatadora, em especial, Milan Ondrik, que carreg ao filme nas costas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Johatsu- Into thin air

"Johatsu- Into thin air", de Andreas Hartmann e Arata Mori (2024) No Japão, mais de 80 mil pessoas desaparecem por ano. são dados alarmantes. Mas o mais chocante, é que boa parte dessas pessoas resetam a sua vida anterior, e recomeçam do zero, com nova identidade, e apagando qualquer rastro, para que ninguém os localize. Chamados de "Johatsu", esse fenômeno ocorre muito por conta da tradição japonesa sobre o conceito de "vergonha". "Morrer é melhor do que viver com vergonha", dizem os japoneses. Mas algumas pessoas preferem recomeçar a sua vida em um lugar onde ninguém o conheça. Abandonam família, conjugues, filhos, amigos. Por lei, ninguém, nem os parentes, podem acessar os dados bancários ou de celular da pessoa, o que dificulta o rastreamento por parte de detetives. Essas pessoas contratam serviços de empresas que os escondem e apagam todo rastro na internet. Esse tipo de serviço ganhou popularidade no Japão quando a bolha econômica estourou na década de 1990 e muitas pessoas não conseguiam pagar suas dívidas. Alguns trabalharam para a Yakusa e contraíram dívidas, fugindo com medo de morrer. O filme apresenta uma mulher, Saita, dona de uma desses empresas, explicando como é o procedimento de esconder as pessoas. Ao mesmo tempo, o filme entrevista parentes, detetives contratados para localizar os desaparecidos e também, alguns Johatsu, que surpreendentemente, mostram os seus rostos para a câmera. É um filme curioso, que mostra um comportamento que talvez só funcione na Ásia, muito por conta do culto da celebridade e mesmo pessoas anônimas que buscam fama em redes sociais no restante do mundo.

Compra-me um revólver

"Cómprame un revolver", de Julio Hernández Cordón (2018) Escrito e dirigido pelo mexicano Julio Hernández Cordón, diretor do cult gay "Prometo anarquia", "Compra-me um revólver" traz uma trama distópica que alguns críticos compararam à "Mad Max". Co-produzido por México e Colômbia, o filme concorreu na Quinzena dos realizadores do Festival de Cannes. A protagonista, a menina de 8 anos Matilde Hernandez, é filha do diretor. Ela interpreta Hulk, uma apelido dado poe todos por causa da máscara de Hulk que ela usa. Seu pai, Rogelio (Rogelio Sousa) pede que ela use para poder se passar por um menino. Nesse universo distópico, as mulheres são perseguidas e sequestradas pelos narcotraficantes. A esposa e filha de Rogelio foram levadas, e só lhe resta Hulk. Rogelio é um músico viciado e cuida do campo de beisebol dos traficantes. Hulk tem como amigos um grupo de garotos órfãos, que se camuflam no deserto. Um curioso filme que traz metáforas sobre um mundo futurista, mas obviamente refletrido na sociedade mexicana atual, onde mulheres continuam sendo abusadas pelos homens e o tráfico escraviza crianças. Um drama violento, com ótimas atuações e uma surpreendente performance da pequena Matilde, que segura bem o protagonismo, ao lado de Rogelio, que está convincente como seu pai drogado e desesperado.

Dear stranger

"Dear stranger", de Tetsuya Mariko (2025) Primeira produção da produtora japonesa Toei nos Estados Unidos, "Dear stranger" é escrito e dirigido pelo cineasta Tetsuya Mariko. O filme foi todo rodado em Nova York e muitos críticos o compararam ao oscarizado 'Drive my car" por 2 motivos: o memso ator protagonista, Hidetoshi Nishijima, e por ambos os filmes falarem sobre a dificuldade de se expresar em línguas que não são as suas nativas. "Dear stranger" na sua primeira parte parece se aproximar de "Vidas passadas", de Celine Song, mas no seu 2o ato toma um rumo totalmente diferente, seguindo para uma trama policial que desvirtua toda a história e trazendo um elenco americano. O filme é co-produzido por Japão, Estados Unidos e Taiwan. Hidetoshi Nishijima interpreta Kenji, um professor japonês de arquitetura em Nova York. Ele é casado com Jane (Lun-Mei Gwei), taiwanesa professora de atuação que dá aula usando marionetes, e trabalha também na loja de conveniência de seus pais. Eles são pais do pequeno Kai (Everest Talde), 5 anos. O casal é classe média e batalha para manter uma vida digna. O casal está em crise pela falta de comunicação entre eles, por conta do trabalho exaustivo de ambos, e pela melhor criação para o filho (o casal fala em inglês, pois não falam a língua do outro). Quando Kai é sequestrado durante um passeio com o pai, a crise com o casal piora. O detetive Bixby (Christopher Mann) surge para esclarecer o que aconteceu com o menino. O primeiro sinal de que o filme não iria funcionar totalmente é a sua longa duração de quase 140 minutos. Eu não entendo porque tantos filmes independnetes e intimistas precisam ter uma duração tão longa, estendendo a narrativa ao excesso, com sub-plots desinteressantes. Hidetoshi Nishijima é excelente ator, mas aqui ele interpreta um personagem irritante e pouco carismático.

A metros de distância

'A metros de distância", de Tadeo Pestaña Caro (2025) Quando o filme "Shame", de Steve McQueen, surgiu em 2012, foi um grande escândalo. A história de um homem bem sucedido que coloca tudo a perder pelo seu vício em s3x0, com performance irretocável e corajosa de Michael Fassbender, corou os conservadores. "Em "A metros de distância", o cineasta chileno Tadeo Pestaña Caro, que também escreveu o roteiro, traz a história de vício em s3xo para a geração Z, viciada no app grindr. Santiago (Max Suen), 20 anos, é um estudante de arquitetura recém-chegado a Buenos Aires. Ele trabalha como atendente de telemarketing de uma empesa. Por conta de seu vício no grindr, Santiago falta várias vezes ao trabalho, levando uma chamada do gerente. Karen (Jazmín Carballo) é sua melhor amiga e trabalha na mesma empresa. À ela, Santiago confidencia toda a sua vida de s3x0 e pegação. Santiago não deseja um relacionamento fixo, fazendo encontros com uma quantidade enorme de homens. Um dia, porém, ele recebe uma mensagem de um perfil onde a foto é a de um pˆ3n1s. Ele fica imediatamente curioso em saber quem é a pessoa e observa ao redor, tentando descobrir o dono do perfil. O filme, repleto de cenas de s3x0 de todos os tipos e fetiches (terminando em uma org14) faz uma crítica ao uso dos apps, onde o anonimato é uma constante e o uso apenas para relacionamentos fúteis. É um retrato desolador e pessimista da geração Z, escrava dos apps e dos relacionamentos sem profundidade, baseadas em s3x0, apenas. O jovem ator Max Suen encarna o personagem com muita coragem e visceralidade, se entregando em cenas fortes e ousadas.

It ends

"It ends", de Alex Ullom (2025) O meu maior erro ao assistir a esse filme, foi acreditar que seria um filme de terror, como a divulgação anuncia. Não é, "It ends" é um drama filosófico e existencialista sobre a crise da geração Z. Produção indie americana escrita e dirigida pelo cineasta de 22 anos Alex Ullom, de ascendência jamaicana e chinesa, o filme concorreu no Festival SXSW e ganhou melhor filme do público no Florida film festival 2025. Protagonizado e realizado por integrantes da geração Z, todos na faixa dos 20 anos, "It ends" exala realismo nos diálogos, retratando os dilmes de uma geração sem perspectiva de um futuro que os leve a um conceito de felicidade. O título pega carona no terror "It follows", mas sua tentativa de terror e suspense em algumas situações são apenas metafóricas. Quatro amigos recém saídos da faculdade se reencontram com a partida de Tyler (Mitchell Cole) da cidade onde moram. Eles decidem pegar o carro e ir até um mercado. No caminho, com a estrada engarrafada, Tyler pega uma entrada que dá para uma estrada deserta. Enquanto isso, Day (Akira Jackson, a única mulher do grupo)), Fisher (Noah Toth) e James (Phinehas Yoon) conversam sobre um game. Aos poucos, percebem que a estrada parece não ter fim, e decidem retornar. Para espanto geral, eles não encontram uma saída. Ao sair do carro para averiguar a região, Tyler é perseguido por uma horda de pessoas que pedem ajuda e querem pegar o carro. Os 4 partem pela estrada. Os dias correm e eles percebem que o combustível não acaba, e eles não sentem fome nem sede. Eles tentam entender se algo que algum deles poss ater feirto tenha levado eles a esse universo fantástico. O filme utiliza a estrada como uma metáfora literal sobre caminhos a seguir quando o jovem se forma na faculdade. Há tambéma. ansiedade pela separação de amigos e o fim da amizade, e o medo de crescer e de enfrentar o mundo como uma pessoa forte e decidida. É um filme interessante,e scorado por um elenco de ótimos jovens atores. A filmagem deve ter sido cansativa, com boa parte do filme acontecendo dentro do carro e muitos diálogos, e muitas cenas noturnas.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Susana

"Susana", de Gerardo Coello Escalante e Amandine Thomas (2025) Concorrendo no Festival de Sundance 2025, "Susana" é escrito e dirigido pela dupla Gerardo Coello Escalante e Amandine Thomas. O filme é uma co-produção México e Estados Unidos. Ambientado na cidade do México, o filme apresenta Susana (Bonnie Hellman), uma turista americana de terceira idade. Susana está sozinha na cidade: sua filha, que viria com ela, teve que desistir de última hora por questões profissionais. Se arriscando no castelhano, Susana se vira como pode, fazendo o papel da turista típica, vestida à caráter. De noite, no hotel, ela conhece um grupo de jovens turistas americanos e vai com eles até uma balada, regada a bebidas e dança. Susana por um momento se sente livre e jovial ao fazer parte das conversas do grupo. Eles combinam um passeio para o dia seguinte. Susana está no local e horário marcado, mas os jovens não aparecem. Uma comédia dramática que certamente todo espectador que foi turistar em país sem dominar a língua irá se identificar. Ainda mais quando entender o poder d epossuir uns dólares em mãos. O final é certamente uma crítica ao poderio do dinheiro americano sobre o povo local, e é uma cena cruel. Bonnie Hellman está sensacional como a mulher ingênua, mas que sabe muito bem o país em que nasecu e em que momento faezr valer seus direitos e poderes.

Christy

"Christy", de David Michôd (2025) Curioso que no ano de 2025, dois astros de primeira grandeza americanos decidiram investir em protagonismo baseado em história real de lutadores de ringue. Fama, decadência, depressão, guerra familiar: The Rock, com a cinebiografia de Mark Kerr, um dos pioneiros do MMA nos anos 90, em "The smashing machine", e agora, Sidney Sweeney, que interpreta Christy Martin, a boxeadora mais bem sucedida dos anos 90, mas repleta de conflitos pessoais como o medo de se expôr como lésbica e se casar com seu treinador, Jim Martin (Ben Foster), que a abusou moralmente e fisicamente, a ponto de esfaqueá-la e dar tiro nela. Sweeney ganhou 14 kilos e praticou um treino pesado em exercícios para ficar com o corpo de Cristy. O filme começa em 1989, na Virgínia Ocidental. Cristhy é uma estudante que pratica basquete. Seus pais, Joyce (Merritt Wever) e Jonnhy (Ethan Embry) ouvem comentários de que Christy está tendo um romnace com sua amiga Rosie (Jess Gabor). Joyce pede para a filha se afstar de Rpsie. Christy é convidada a participar de uma luta de boxe, ao que ela, desconfiada, aceita. Começa a carreira de Christy, que acaba se casando sob pressão de seus pais com Jim, para ajudá-la na carreira. Mas Jim passa a torturar Christy de todas as formas possíveis, ainda mais quando decsobre que ela é apaixonada por Rosie. Ben Foster, igualmente irreconhecível, também ganhou peso para o personagem. Dirigido pelo cineasta asutraliano David Michod, do excelente drama "Animal kingdom", "Christy" tem um problema de excessiva duração: não dá para achar que é "Touro indomável" e fazer um filme de quase 150 minutos de duração. O filme se torna cansativo. Por mais que todo o elenco esteja bem no filme, é uma história que como base é repetitiva. O que o torna pelo menos original em plot é o fato da protagonista ser lésbica e não poder viver a sua relação com Rosie. O filme é dedicado à mulheres que sofrem violência e feminicídio. Hoje em dia, Chrtsy é promotora de lutas e advogada em defesa das mulheres, além de casada com Rosie.

Merv

"Merv", de Jessica Swale (2025) Comédia romântica protagonizada por Zooey Deschanel ("500 dias com ela") e Charlie Cox, "Merv" é dirigido por Jessica swale e escrito por Dane Clark e Linsey Stewart. Anna e Russ estão recém separados. Ela é oftamologista, e ele, professor de ensino fundamental. Eles t6em a guarda compartilhada do pequeno terrier Merv, que semana sim, semana não, fica na casa de um dos ex-tutores. Só que Merv desenvolve depressão pela ausência de um deles. Com esse diagnóstico dado por uma veterinária, Russ decide passar uma semana em uma "Praia de cachorros", um resort para cães na Flórida, acreditando que o frio da cidade onde moram, Wilmington, North Carolina, influencia no temperamento do cachorro. O que Russ não podia imaginar era que Anna também aparecesse por lá, após ver a foto de Merv. Ambos conhecem novos crushes no resort, mas Merv fará de tudo para unir seus ex-tutores. O filme é previsível do início ao fim e não faz questão de ser nada além disso. Para quem ama comédias românticas bobinhas e filmes com animais fofos, irá curtir bastante. ALguns críticos apontaram a falta de química do elenco principal, o que discordo, achei Zoey e Charlie bem simpáticos em seus papéis.

O olhar misterioso do flamingo

"La misteriosa mirada del flamenco", de Diego Céspedes (2025) Indicado pelo Chile à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026, "O olhar misterioso do flamingo" ganhou melhor filme na Mostra Un certain regard em Cannes 2025. O filme me fez lembrar de "Alpha", de Julia Ducorneau, e de "Miss carbón", com Lux Pascal, irmã trans de Pablo Pascal. O 1o é uma metáfora distópica sobre a chegada do HIV. O 2o, retrata mulheres em uma região de extração de carvão e que são ajudadas pelas mulheres trans a se empoderarem em um mundo machista. Co-produzido pela França, Chile, Alemanha, Espanha e Bélgica, "O olhar misterioso do flaminco" é o longa de estréia do cineasta chileno Diego Céspedes, que também escreveu o roteiro. O filme é ambientado em 1982, em uma cidade mineradora do norte do Chile. Lídia (Tamara Cortes), 11 anos, é criada por uma família de mulheres trans. O único local onde os homens mineradores possuem para se divertir, é no cabaré de Mama Boa (Paula Dinamarca. Lá, eles bebem, dançam e se divertem com as dançarinas da casa. Uma doença desconhecida e mortal começa a se espalhar; a lenda diz que ela é transmitida por um simples olhar, quando duas pessoas se apaixonam. A família trans de Lídia é acusada de espalhar a doença. Flamingo (Matías Catalán), uma das dançarinas e quem cuida de Lídia, tem como amante um dos mineradores, Yovani (Pedro Muñoz), que a acusa de lhe ter contaminado. O filme tem aspect ratio de 4:3 e uma textura que reproduz películas dos anos 70, com granulação. O tom utilizdao pelo cineasta é a de um faroeste, enquadradando a locação do deserto da região como um filme de John Ford. durante boa parte do filme, a Aids é trabalhada de forma metafórica, só s erevelando realista em seu desfecho. O filme trabalha com lindas imagens de realismo fantástico, incluindo uma no final que irá emocionar o público. O trabalho do elenco é todo excelente.

I swear

"I swear", de Kirk Jones (2025) Comovente drama baseado na história real do escocês John Davidson, natural de Galashiels, na região da Escócia, e portador da síndrome de Tourette. Nascido em 1971, ele desenvolveu na adolescência a síndrome de Tourette, numa época onde havia poucos estudos sobre a doença e quase ninguém havia ouvido falar. Acreditando ser uma brincadeira do filho, o pai se separa de sua mãe e abandona a família. Sua mãe, enfermeira, não conseguiu lidar com a condição de John, que foi morar na casa de seu melhor amigo e criado pela mãe dele, Dottie. Aos 16 anos, John foi tema de um documentário da BBC, em 1989, "John's Not Mad ". Hoje em dia, John é embaixador nacionalmente conhecido pela síndrome. Em 2019, recebeu da Rainha Elizabeth em um evento a condecoração da Ordem do Império Britânico, em reconhecimento aos "seus esforços para aumentar a compreensão da condição e ajudar famílias a lidar com ela em todo o país". COm uma trilha sonora que traz clássicos dos anos 80 e 90, como "New order", "Oasis", "Dexys Midnight Runners", o filme tem nas performances a sua grande força. John é interpretado por 2 atores: Scott Ellis Watson quando adolescente, e Robert Aramayo na fase adulta, e Shirley Henderson como sua mãe Heather Davidson e Maxine Peake como a mãe de seu amigo e que o adota, Dottie Achenbach estão absolutamente fantásticos. É impossível não chorar em diversas cenas do filme, e sentir muita tristeza pelos percalços que John sofreu na vida. Por total desconhecimento da causa, ele foi preso, apanhou, sofreu bullying. O desfecho, com cenas reais do verdadeiro John em diversas etapas de sua vida, coroam a sensibilidade desse drama onde é inevitável o espectador não rir nos momentos em que John xinga as pessoas. E é importamte o público começar a entender a doença como algo a ser tratado e não motivo de deboche e risadas.

Apocalipse nos trópicos

"Apocalipse nos trópicos", de Petra Costa (2024) Após o seu premiado 'Democracia em vertigem", que foi finalista ao Oscar de documentário em 2020, a cineasta Petra Costa lança "Apocalipse nos trópicos", filmado boa parte durante a pandemia da covid. Quase que uma continuação de seu filme anterior, que mostrava como que o impeachment de Dilma Roussef abriu portas para a extrema direita no Brasil, agora o ponto de vista é sobre como a entrada dos evangélicos na religião e ao poder favoreceu a eleição de Bolsonaro em 2018. O filme é dividido em capítulos, tendo como referência o livro do Apocalipse no novo testamento. Silas Malafaia é o principal elo de narrativa do filme. Através dele, que tem sua vida pessoal e política acompanhada pela câmera de Petra e de vídeos de redes sociais, o filme mostra a influência da igreja pentecostal na política brasileira, onde 30 por cento dos políticos são evangélicos. O filme traz imagens de arquivo da construção de Brasília, e faz uma comparação com o país dos dias de hoje. A relação de Bolsonaro com a eleição em 2018, a prisão de Lula, a pandemia, a eleição de 2022 e como Bolsonaro descrebilizou o resultado das eleições, e finalmente, o fatídico dia 8 de janeiro de 2023, quando sedes do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional foram atacadas e depredadas pela população.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

The carpenter's son

"The carpenter's son", de Lotfy Nathan (2025) Um filme de terror sobre a juventude de Jesus Cristo, torturado pelo demônio e que tem Nicolas Cage como José e Noah Jupe como Jesus Cristo? Quando li a sinopse não tive dúvidas em correr para assistir. O filme é escrito e dirigido pelo cineasta de ascendência egípica Lofty Nathan, que queria inicalmente filmar no Egito, mas foi proibido quando acusaram o filme de blasfemo, indo filmar na Grécia. O filme é adaptado dos escritos apócrifos de 'Evangelho da Infância de Tomé, que retrata a infância de Jesus. A escritura, que data do final do século II ou início do século III, detalha o uso de poderes miraculosos por Jesus durante sua infância. A produção é de Nicolas Cage. Ele solicitou ao seu agente um roteiro mais próximo ao universo de Robert Eggars ("A bruxa", "O farol") que havia dito que Cage não era um perfil de ator para seus filmes. O filme começa com o nascimento de Jesus. José (Cage) e Maria (FKA Twigs) escapam de soldados romanos que estavam levando recém-nascidos do sexo masculino e os jogando em uma fogueira. Já crescido, Jesus (Jupe) começa a descobrir que possui habilidades incomuns, envoltos em elementos sobrenaturais. Ao conhecer Lilith, Jesus fica fascinado pela figura sedutora da jovem garota, sem saber que na verdade, ela é o Diabo. Eu queria muuto ter gostado do filme. Tem momentos de puro trash que são divertidos, como quando a serpente sai d aboca de Lilith e sai atacando José (Cage grotando é tudo o que queremos) e Jesus o defende segurando na serpente. Mas o filme em si nao encontra nunca um tom certo. não sabe se quer ser drama, terror ou um filme religioso. Vale por Cage e seus exageros e pelos efeitos de CGI toscos e bizarros. Jupe não encontra um tom certo para Jesus, mas não por sua culpa, e sim pelo roteiro, que nao desenlvolve bem seus conflitos.

Ernesto

"Ernesto", de Salvatore Samperi (1979) Esse cult queer italiano de 1979 me fez lembrar do filme "Maurice", de James Ivory, onde convenções moralistas da época impedem que um casal de homens apaixonados mantenha o seu amor e paixão adiante, por medo do reflexo na sociedade. O filme é adaptado do romance escrito pelo italiano Umberto Saba em 1953, e que causou enorme polêmica na época, ao retratar o romance entre um jovem de 16 anos e um operário de 28 anos, em sua inciação s3xu4l, na Triste de 1898. O filme altera a data para 1911. Ernesto (Martin Halm) é um garoto de 17 anos que vive com sua mãe viúva na casa de seu tio judeu amante de violino e trabalha em um escritório em um trabalho rotineiro. Ele descobre sua homossexualidade ao conhecer um cavalariço (Michele Placido) mais velho. Eles se apaixonam um pelo outro e mantêm uma relação intensa, escondida de todos. Ernesto perde o emprego quando seu relacionamento é descoberto. Ernesto decide terminar seu romance com seu amante, que fica arrasado, e busca uma prostituta para poder se redimir e mostrar sua masculinidade. Ernesto tem aulas de violino onde conhece Rachel, de 15 anos, e seu irmão gêmeo Emilio, ambos interpretados pela mesma atriz (Lara Wendel). Ambos os irmãos se apaixonam por Ernesto. O ator Martin Halm lembra muito Timoteé Chalamet com o seu tipo físico twink. É um filme ousado por apresnetar um relacionamento entre um menor de idade e um homem mais velho. As cenas de s3x0 são discretas. É uma história melancólica, sobre viver na fachada moralista de uam sociedade e negação da homossexualidade. A cena final do encontro entre Ernesto e seu ex-amante é muito triste e mostra a hipocrisia da burguesia.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Para sempre minha

"keeper", de Osgood Perkins (2025) Após lançar o grande sucesso de bilheteria e de crítica "Longlegs" e na sequência a adaptação de Stephen King,"O macaco", o cineasta Osgood Perkins e o roteirista Nick Lepard lançam o terror "Para sempre minha". O título em português para 'Keeper" já dá um imenso spoiler da trama. Me lembrei também de "Noite passada no Soho", de Edgar Wright e protagonizado por Anya Taylor-Joy. Mas o que mais me chamou atenção no filme foi a semelhança da atriz Tatiana Maslany com a brasileira Miá Mello. Passei o filme todo achando que era ela. Distribuído pela Neon, "Para sempre minha" foi bastante criticado pelo público e crítica. Ele é um terror que não assusta, tem um ritmo muito arrastado e um desfecho previsível. Rodado em Vancouver, Canadá, o filme tem um excelente e promissor prólogo. Mas à medida que o filme avança ( gente, quem aguenta um terror de casal que passa fim de semana em uma cabana isolada?) , a trama se perde com elementos de sobrenatural. Afinal, quem era a mulher do rio? Liz (Meslany), uma pintora, vai com seu namorado, o médico Malcolm (Rossif Sutherland) para um final de semana em uma cabana isolada. Ela encontra um bolo. O irmão de Malcolm, Darren, chega do nada, junto de uma namorada, Minka. No dia seguinte, Minka, ao caminhar na floresta, é atacada por uma entidade. Fatos estranhos passam a ocorrer com Liz. Malcom é chamado para voltar à cidade e Liz fica sozinha, e tendo visões de criaturas.

Shenzhou 13

"Shenzhou 13", de Zhu Yiran (2025) Melhor documentário no China Movie Channel Award 2025, "Shengzhou 13" é um trunfo de tecnologia. é o primeiro filme totalmente rodado no espaço, usando câmeras com qualidade 8K. O feito está todo na tela; um filme magistral, com imagens exuberantes do espaço e da Terra vista pelos astronautas. O filme acompanha a missão espacial da espaçonave Shengzhou 13 ( sim, já tiveram 12 outras viagens anteriores0, mas essa é a mais duradpra: 6 meses no espaço. A missão espacial chinesa começou em 1970 e avança cada vez mais na alta tecnologia. O diretor Zhu Yiran deu a responsabilidade de registrar tudo à bordo e no espaço para os 3 astronautas, já que ele não pôde acompanhar a viagem. Zhai Zhigang, Wang Yaping ( a única mulher à bordo, e a primeira mulher astronauta na história a caminhar no espaço nesss viagem) e Ye Guangfu tiveram que aprender em pouco tempo a manusear as câmeras 8K, elaboradas pela CMG (China media group). O lançamento aconteceu em 15 de outubro de 2021 e retornou em 15 de abril de 2022 (em plena pandemia).O filme acompanha a impressionante rotina dos astronautas, em um realismo jamais visto em filmes: como eles comem, bebem água, aprendem a se acostumar com a gravidade, lacam os cabelos, cortam cabelos, fazem exercícios, brincam com jogos para cuidar da saúde mental, se comunicam com parentes na Terra, dão aula de física para crianças ao vivo e o mais tenso, realizando tarefas do lado de fora da espaçonave. O grand etrunfo e acerto do filme é ser todo narrado pela astronauta Wang Yaping, trazendo em seus raletos insegurança, força, empoderamento, luta feminina, em um tom comovente e sensível. Sua fala sobre ser a 1a mulher a caminhar no espaço e a importância desse feito para todas as mulheres da Terra é sublime.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Vou explodir

"Voy a explotar", de Gerardo Naranjo (2008) Estréia dos atores Gael García Bernal e Diego Luna como produtores de cinema, "Vou explodir" é um drama comeing of age que traz uma grande adrenalina romântica de seu jovem casal protagonista, os não atores Maru (Maria Deschamps) e Román (Juan Pablo de Santiago) . O filme foi comparado pro muitos críticos a clássicos de filmes sobre a rebeldia juvenil: "Joventude transviada", "O demônio das onz ehoras", "Bonnye e Clyde- uma rajada de balas" e Louca espacada", além da óbvia referência ao romance "Romeu e Julieta" e seu amor impossível entre dois jovens de classes sociais distintas. Filmado em Guanajuato, cidade natal do roteirista e diretor, o filme apresenta Ramon, adolescente filho de família de elite e por conta de sua rebeldia, foi expulso de uma ecsola tradicional. Ao ser transferido para uma nova escola, ele conhece Manu, filha de classe media baixa e operária e moradora de comunidade. Os dois se conectam imediatamente em seu inconformismo com a sociedade, a escola e os pais. Eles decidem fugir e se refugiam no terraço do prédio onde a família de Román mora. Ambos são dados como desaparecidos. Quando Román simula um sequestro por telefone, a dupla rapidamente se torna alvo de uma busca em todo o país O filme concorreu no Festival de Veneza e em outros importantes festivais. É um filme repleto de frescor, com câmera dinâmica e uma atmosfera urbana que tra zum tom de melancolia e solidão. É um filme sobre um amor improvável, e que muitas pessoas reclamaram de seu final moralista.

Kill Bill- The lost chapter- Yuki's revenge

"Kill Bill- The lost chapter- Yuki's revenge", de Quentin Tarantino (2025) Há 20 anos atrás, Tarantino teve um sonho sobre um capítulo de "Kill Bill"e nunca conseguiu levar até à tela grande. Agora, em parceria com o Fortnite e a Epic games, Tarantino escreveu o roteiro de "The lost chapter- Yuki's revenge". Após Gogo Yubari ser morta em um duelo com a Noiva , Bill envia Yuki, irmã gêmea de Gogo, para Los Angeles, Califórnia, para caçá-la e vingar sua morte. Ao chegar nos Estados Unidos, Yuki compra um carro esportivo rosa-choque e o usa para passear pela cidade, visitando diversas atrações e tirando fotos com os moradores locais. Ela encontra a Noiva no aeroporto e começa a segui-la, chegando a um motel ao anoitecer antes de confrontá-la. Com a voz original de Uma Thurman dublando a animação, "Yuki's revenge" é divertido, mas me ficou uma frustração por ser óbvio e não oferecer algo diferente além de perseguição e saraivada de tiros de metralhadora. Mas como dizemos, melhor do que não ter nada. Fosse em live action talvez fosse mais interessante, mas sendo animação, fiquei com a impressão de ter ficado limitado.

La terminal

"La terminal", de Gustavo Fontán (2023) Documentário argentino escrito e dirigido pelo cineasta e professor Gustavo Fontán. O filme apresenta 1 dia na estação rodoviária em La Falda, província de Córdoba. A câmera, intimista e escondida, registra o vai e vem de passageiros, e dessa forma, traz uma narrativa instigante sobre encontros e desencontros, despedidas e a curiosidade do espectador sobre histórias anônimas e criando a sua própria narrativa. é um filme experimental, onde a iluminação que varia ao longo do dia, a movimentação da diurna para a solidão da noturna, trazem um espaço de isolamento e desencanto. Um filme que reforça a melancolia da vida, tendo a estação como a sua protagonista.

Little Amélie or the Character of Rain

"Amélie et la métaphysique des tubes", de Liane-Cho HanJin Kuang e Maïlys Vallade (2025) Co-produção França e Bélgica, "Little Amélie or the Character of Rain" concorreu no Festival de Cannes na Mostra Quinzena dos realizadores 2025, em San Sebastian e ganhou melhor animação do público no Festival Annecy. Os traços lembram uma animação para crianças, mas a verdade é que os temas propostos são adultos. Co-produzido pela França e Bélgica, o filme traz divagações existenciais de Amelie, uma menina que irá fazer 3 anos de idade. Ela questiona o mundo que ela observa, seus pais, seus irmãos e a sua babá, Nishio-San, uma japonesa. O filme trata de temas como luto, rancor, conflito geracional e conflito de identidade cultural, além de falar sobre perdão e ressentimento. Baseado no romance autobiográfico da artista Amélie Nothomb, a história acompanha a pequena Amélie (Loïse Charpentier), nascida no japão de 1969, no pós 2a guerra mundial, onde muitos japoneses aind aguardam o rancor contra os estrangeiros, que acusam, por serem responsáveis pelas mortes de seus parentes e amigos. Amelie mora com seus pais belgas e os dois irmãos crianças. Até os 2 anos e meio, ela não fala. Quando sua avó os visita, vindo da Bélgica, Amelie passa a falar quando a avó lhe dá um pedaço de chocolate belga. A dona da casa onde moram, a senhora Kashima-san , guarda rancor dos estrangeiros; seu marido e seu filho morreram na guerra. Ela indica a jove, Nishio-San para ser a empregada da família e cuidar de Amelie. Aos poucos, Amelie se afeicoa à babá e cria um vínculo afetico e cultural come la. Quando seus pais decidem retornar à Bélgica, Amelie entra em crise, pois se considera japonesa. Com traços em 2D, o filme é lindamente ilustrado, com muitas imagens de passagens de tempo, natureza, trazendo reflexões à personagem de Amelie e sobre o mundo que a rodeia. Me fez lembrar d eoutra animação prmeiada, "Marcel the Shell with Shoes On", que tem uma embalagem de filme infnatil, mas que na verdade é um filme existencialista para adultos nostálgicos.

Natal sangrento

"Silent Night Deadly Night", de Charles E. Sellier Jr. (1984) Clássico slasher que na época de seu lançamento, em 1984, sofreu críticas e teve manifestações por grupos religiosos que portestavam contra o uso da imagem do Papai Noel como um serial killer. O sucesso de "Natal sangrento" foi tão grande, que gerou 5 continuações. Em 20212 teve um remake e em 2025 também. Em 1971, a família Chapman: o pai Jim (Geoff Hansen), a mãe Ellie (Tara Buckman) e os filhos Billy (Jonathan Best), de 5 anos e o bebê Richard- seguem até à Clínica Mental de Utah, onde o pai de Jim está internado. O avô sai da catatonia só para avisar Billy para tomar cuidado com Papai noel, que se vinga de crianças malcriadas. No caminho de volta para casa, um papai noel, que acabara de assaltar um loja e matar o dono, pede carona. Ele mata o pai de Billy e estupra a mãe, e depois a mata. Billy e Ricky seguem para um orfanato, onde passam sua infância e adolescência. Billy tem pesadelos com a morte dos pais e é maltratado pela Madre superiora, que bate nele constantemente. COm 18 anos, Billy (Danny Wagner) vai trabalhar em uma loja de brinquedos, graças à Irmã Margareth. Billy vai bem, mas quando é obrigado a se vetsir de Papai Noel pelo dono da loja, ele tem um surto e começa a matar todo mundo. O filme demora para ter os assassinatos, após o prólogo, quase 50 minutos depois de filme. Um dos assasinatos lembra o de "O massacre da serra elétrica", quando uma das vítimas é colocada em um ganho de carne. É um bom filme, de ritmo arrastado, mas com bons atores. As cenas de assassinato não são tão violentas assim, mas tem uma atmosfera curiosa por se passar no Natal, uma novidade na época.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Palestina 36

"Palestina 36", de Annemarie Jacir (2025) Melhor filme no Tokyo International Film Festival 2025, "Palestina 36" é o filme indicado pela Palestina à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026. Escrito e dirigido pela cineasta Annemarie Jacir, o filme foi criticado por trazer uma narrativa ocidentalizada sobre o evento histórico da Grande revolta palestina, ocorrida em 1936, contra a colonização britânica e tendo a população protestando contra injustiças, roubo de terras e políticas sionistas. No elenco, celebridades como Jeremy irons, que interpreta o vilanesco Comissário ingl6es Wauchope, Liam Cunningham ) de "Game of thrones) e Hiam Abbass, estrela palestina que representa a porção do elenco nativo. O trabalhador portuário Khalid (Saleh Bakri) se junta ao movimento rebelde pelas péssimas condições de trabalho. Outras histórias parelelas se unem, protagonizadas por civis palestinos, entre elas, a jovem Afra (Wardi Eilabouni) e sua avó Hanan (Hiam Abbas), enfrenta ameaças crescentes dos ingleses contra os colonos na área rural. O filme lembra aquelas produções grandiosas e monótonas dos anos 90, como "Ghandi" ou "Um grito de liberdade". Filmes com alto valor de produção, mas que carecem de uma história conduzida com personagens mais carismáticos e menos pulverizados com uma quantidade enorme de personagens que fazem o espectador se perder na história.

O prazer é meu

"El placer es mío", de Sacha Amaral (2024) Co-produzido por Argentina, França e Brasil, "O prazer é meu" é dirigido pelo brasileiro Sacha Amaral, radicado há 20 anos na Argentina. O filme é uma produção independente queer, e traz o protagonista Antonio (Max Suen), 20 anos, que mora na periferia de Buenos Aires. Antonio vive de vender drogas, fazer encontros s3xu41s casuais com homens e mulheres e na casa de seus amantes, ele rouba dinheiro e objetos. Antonio convive com sua meia irmã, mãe de duas crianças, e tem um péssimo relacionamento abusivo com sua mãe, uma ex-garota de programa. O filme faz um estudo de personagem sobre um jovem de uma geração que vive uma vida vazia e solitária, onde todos os encontros terminam em sua fuga após o roubo. É um filme desolador, sobre uma juventude inepta em saber viver com dignidade, estudando ou trabalhando. Rejeitando qualquer tipo de aproximação carinhosa, seja de quem for, Antonio visa o dinheiro e o uso de drogas. "O praezr é meu" chega a trazer uma perspectiva de mudança para Antonio quando ele se envolve com um jovem marginal a quem ele protege e fazem s3x0.

Mirrors No. 3

"Miroirs No. 3", de Christian Petzold (2025) Eu sou um grande fã dos filmes do cineasta alemão Christian Petzold: 'Afire", "Undine", "Phoenix", Barbara", entre outros. Concorrendo na Quinzena dos realizadores do Festival de Cannes 2025, "Mirros No 3" é um dos que menos me surpreendeu. O filme é a sua 4a parceria com a excelente atriz Paula Beer, uma atriz sempre interessante e sedutora. O filme no início me parece que ia pro caminho de "Louca obsessão", com Kathy Bates: Laura (Beer) é uma estudante de piano que namora Jajob. Quando ela decide retornar para Berlim para continuar seus estudos lá, Jakob reage mal, mas decide levá-la até a estação d etrem de carro. No caminho, eles sofrem um acidente. Jakoc morre e Laura fica gravemente ferida. Ela é resgatada por uma mulher, Betty, que mora perto do local. Ela a acolhe e cuida dela durante sua recuperação. Betty apresenta Laura ao marido, Richard, e ao filho deles, Max, que administram uma oficina mecânica. A presença de Laura e a convivência com a família irá alterar o rumo da shistórias de todos os personagens. O filme parece caminhar para um thriller, mas acaba sendo um drama sensível sobre se reconectar com a vida, depois de tragédias pessoais. O cineasta Christian Petzold é também excelente diretor de atores e extrai ótimas performances do elenco. As locações na bucólica Brandenburg são captadas belamente pela fotografia de Hans Fromm.

Amor y matemáticas

"Amor y matemáticas", de Claudia Sainte-Luce (2022) Premiada produção mexicana escrita por Adriana Pelusi e dirigida por Claudia Sainte-Luce, "Amor y matemáticas" é anunciado como uma comédia romântica, mas na verdade é um drama melancólico com pitadas de humor e romance, mas tudo numa atmosfera bem baixo astral sobre personagens errantes e sem rumo na vida. Billy (Roberto Quijano) é um ex-astro pop de uma banda de boy band anos 90 (estilo "Menudos"). Casado e com um filho pequeno, ele mora com sua esposa Lucía (Daniela Salinas). Billy agora é um homem que vive de seu passado e vive infeliz, pois não conseguiu mais se reposiconar no mercado da música. Quem sustenta a casa é sua esposa. Quando um casal de novos vizinhos se muda para a casa do lado, Billy conhece Mónica (Diana Bovio), que era uma grande fã sua na época da banda. Ela reacende o desejo dele de se motivar a cantar, e mais, ele volta a se apaixonar...mas por Mônica. O filme tem aquele tom de comédias argentinas, onde os personagens são losers e tambem vivem uma vida sem perspactiva, quase uma reprodução dos filmes apáticos do finlandês Mika Kaurismaki. Os atores são ótimos, com destaque para Roberto Quijano, comovente em sua performance emocionalmente sem vida.

Hippo

"Hippo", de Mark H. Rapaport (2023) Premiado em diversos festivais de gênero fantástico, "Hippo" é um drama co-escrito e dirigido por Mark H. Rapaport. Fotografado em preto e branco por William Babcock, o filme é uma produção indie americana que traz referências aos cinemas de Jim Jarmush, Lars Von triers, Robert Bresson e até Wes Anderson, em uma mistura que beira o sórdido, cômico e psicológico. O cineasta David Gordon Green, realizador da trilogia "Halloween", é um dos produtores executivos. Na Pensilvânia, uma mulher de meia idade, Ethel (Eliza Roberts), mantém em sua casa isolada seus dois filhos: Hippo (Kimball Farley, também co-roteirista), e uma filha adotiva, Buttercup (Lilla Kizlinger), que vem da Hungria. Hippo sofre de problemas mentais e está obcecado por teorias de conspiração alienígena. Buttercup, de 17 anos, deseja ser mãe, e tem pensamentos de ter um filho com Hippo, que a evita, por não se sentir conectado ao s3x0. Quando Buttercup usa a internet de Hippo e entra na Craglist, ela marca um internauta, Darwin (Jesse Pimentel) de vir até a sua casa e conhecer a família, sem saber que ele na verdade é um criminoso sexual. O diretor Mark H. Rapaport encontra em "Hippo" uma narrativa bem particular, com narração de Eric Roberts. É uma família desfuncional, com os 3 integrantes vivendo em mundos quase autistas e privados de bom senso, agindo e tomando decisões arriscadas. O tom do filme varia entre o drama, o lúdico, o surreal, bizarro e cômico.

sábado, 6 de dezembro de 2025

O Troll da montanha 2

"Troll 2", de Roar Uthaug (2025) Continuação do grande sucesso "O troll da montanha", de 2022, "O Trll da montanha 2" segue anos depois do desfecho do anterior, onde o Rei da montanha acaba sendo morto, mesmo tentando proteger a natureza. Os pesquisadores Nora e Andreas retornam nessa continuação. Eles acabam se envolvendo em uma conspiração do governo da Noruega, que mantém um outro troll, chamado de Megatroll, escondido em suas bases militares. Nora se junta à equipe de cientistas responsável por estudá-lo, mas uma série de erros faz com que o troll desperte e fuja. Para evitar que ele chegue na cidade e destrua tudo, Nora leva os cientistas até as montanhas onde o Rei da Montanha foi encontrado e revela a existência de Bonito, o filho do antigo rei, com quem mantém comunicação há anos. Ele será a única solução para deter o poder de destruição do megatroll. O filme obviamente pega carona nos filmes blockbusters de Hollyqood que traz monstros se degladiando, como "Godzilla e King Kong". Diretor da franquia de terror norueguesa "Presos no gelo", do remake de "Tomb raider" e do filme catástrofe "A onda", o cineasta norueguês Roar Uthaug é conhecido pelos seus filmes de ação e thriller. Ele sabe criar cenas de ação e manter a atenção do espectador. Mesmo com um roteiro óbvio e previsível, o filme é um pipoca sustentado por bons atores, e easter eggs que trazem até referências a filmes como "Tubarão".

Synthesized

"Synthesized", de Chris Green (2025) Drama psicológico inglês, escrito e dirigido por Chris Green, "Synthetized" é uma produção indie que traz drama, suspense, romance e música em um projeto estranho, mas curioso e instigante. O protagonista é Martyn (Thomas Turgoose), um rapaz introvertido, casado com Valkyrie (Sacha Parkinson) e que trabalha em uma loja de conserto de eletrônicos. Martyn tem obsessão por música de sintetizadores dos anos 80, e acaba comprando um sintetizador usado, onde treina em casa para poder tocar nos bares de noite. Martyn recia uma nova versão do clássico "Enola gay", do Orchestral Manoeuvres in the Dark. Ele descobre a traição de sua esposa, que o humilha na frente do amante e sai de casa. Martyn fica psicologicamente abalado pela separação. Ele ajuda uma cliente, Tia (Hannah Traylen), uma mulher depressiva e solitária, que acaba se suicidando. Martyn decide se vingar das pessoas que o prejudicaram e também foram responsáveis pela morta de Tia. Enquanto isso, ele conhece uma mulher em um app, Jasmine (Kiran Landa), que se conecta bastante com os gostos de Martyn. O que Martyn não sabe é que Jasmine é policial. Eu fiquei assistindo ao filme tentando entender aonde a história iria querer chegar. Tem momentos que parece querer recriar 'Drive", como na cena em que Ryan Gosling mata um capanga com golpes de martelo ( O filme recria essa cena, inclusive a iluminação de neon". Mas tem momentos que o filme parece querer rir de si mesmo e parece uma paródia. De qualquer forma, o ator que interpreta Martyn, Thomas Turgoose, está muito bem e seu olhar parece mesmo a de um psicopata perigosíssimo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Apolo

'Apolo", de Ísis Broken e Tainá Müller (2025) Documentário lgbt premiado no Festival do Rio 2025, como melhor documentário e melhor trilha sonora, "Apolo" é uma história de luta de um casal transgênero por dignidade para o filho que irá nascer. A história aconteceu durante a pandemia de Covid. Lourenzo Gabriel é um homem trans, e Isis Broken, co-diretora do filme, é uma mulher trans. Lourenzo está grávido e serão pais de Apolo. Os dois se conheceram durante a pandemia, em um aplicativo. Lourenço é rapper em São Paulo. Ísis é cantora em Sergipe. Acabaram se conhecendo online e na primeira oportnidade, Ísis se mudou para São Paulo. O filme é dedicado a APolo, e é um testatamento narrado pelos pais, para que Apolo, no futuro, entenda toda a luta que seus pais sofreram para encontrar um hospital maternidade que aceitasse uma gravidez de um casal trans, revelando a transfobia não somente dos médicos e enfermeiros, como de amigos e familiares do casal. Realizado com sensibilidade, "Apolo" é um filme em sua natureza de tema comovente. As histórias de ísis e Lourenço são facilmente identificáveis pelo espectador, que torce para que a gravidez ocorra nas melhors condições possíveis.

Delírio sangrento

"Color me blood red", de Herschell Gordon Lewis (1965) Um cult trash de 1965, "Delírio sangrento" encerra a trilogia escrita e dirigida pelo cineasta Herschell Gordon Lewis, iniciada com "Blood Feast" (1963) e "Two Thousand Maniacs!" (1964). O diretor Herschell Gordon Lewis citou "Um balde de sangue" (1959), de Roger Corman, como a principal inspiração para "Delírio sangrento". A premissa do filme é divertida e instigante: um artista plástico arrogante, Adam Sorg (Gordon Oas-Heim), tem suas obras criticadas por críticos de arte, que dizem que ele pinta sem alma, sem o uso adequado das cores. Quando sua namorada Gigi se corta em um acidente, o sangue dela escorre na tela. Ao ver o vermelho do snague, Adam tem uma epifania e acredita ter encontrado a cor perfeita para os seus quadros. Ele acaba matando gigi e usa seu sangue na pintura. Precisando de mais sangue, ele sai matando banhistas na praia próxima à sua casa. Se essa história estivesse nas mãos de Dario Aagento, certamente seria um clássico. Infelizmente, o filme ficou arrastado, monótono, com uma duração que certamente poderia ter sido enxugada em mais de meia hora. As cenas de violência são toscas, e dependendo do mood do espectador, poderá até se divertir.

Pose

"Turn Up the Sun!", de Jamie Adams (2025) Incialmente chamado de "Turn up the sun!", e que depois mudou para 'Pose", o filme,e scrito e dirigido por Jamie Adams, tem como maior atração, a presença do ator James McAvoy. Aliás, um dos maiores motivos, ou talve zo único motivo de se ver o filme, é a sua presença em cena em alta voltagem erótica: semi-nú, sexy e arrebatador em sua beleza madura. O filme em si tem uma história confusa e elenco mal aproveitado. A sinopse me fez lembrar do filme americano de Marco Pigossi, "Bone lake", onde ele e sua namorada alugam uma cabana afastada para descansarem e acabam decsobrindo que a mesma cabana foi alugada para um outro casal, e decidem ficar os 4 juntos, o que gera tensão e suspense. Infelizmente, o suspense em "Pose" é nulo, e o que poderia ter sido um ótimo thriller, vira apenas um filme monótono, onde todos os diálogos foram improvisados, o que explica o roteiro desconexo e o ritmo vacilante. Os outros atores fazem o que podem em seus imrpovisos, emprestando apenas a beleza para os personagens. Lucas Bravo também tem sua sensualidade exposta pelas câmeras do filme, rivalizando na atenção do espectador em ecnas levemente homoeróticas. Thomas Alexander (James McAvoy), um famoso fotógrafo, mora em uma mansão do século XIX. A agente artística Dolly (Leila Farzad) – que já foi amante de Thomas – alugou a mansão para que sua cliente, a cantora pop Patricia (Aisling Franciosi), e o namorado fotógrafo de Patricia, Peter (Lucas Bravo), possam fotografar a capa do último álbum de Patricia. Peter é fã do trabalho de Thomas. Thomas, para surpresa de todos, está na mansão, junto de sua nova namorada. Todos irão conviver os dias seguintes envolvidos em sedução e mistérios acerca do que Thomas deseja. Não teve jeito, o filme é muito pedante e pretencioso. O que se salva são as presenças de MacAvoy e Bravo e a bela fotografia de Jan Vrhovnik.

O guerreiro silencioso

"Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn (2009) 2 anos antes de sua obra-prima "Drive", o cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn lançou "O guerreiro silencioso", filmado na Escócia. O filme de Robert Eggars, "O homem do norte", de 2002, com Alexander Skasgard, certamente buscou muitas referências aqui nesse filme de 2009, protagonizado pelo dinamarquês Mads Mikkelsen. O filme se passa a 1000 d.C. Durante anos, um guerreiro mudo de força sobrenatural chamado One-Eye (Mads Mikkelsen), foi mantido prisioneiro. Ele é chamado assim pois tem um olho ferido e cicatrizado. Ele é levado pelos seu tutores para batalhas sangrentas, e sempre ganha. Um dia, ele decide matar seus donos. Quando vai embora, um menino ((Maarten Stevenson)), que tinha a missão de lhe dar água e comida, o segue em sua caminhada. Eles encontram um grupo de guerreiros cristãos que os convencem de juntarem-se a eles numa jornada até Jerusalém, sob a promessa de farturas e riquezas. Mas a viagem de barco é longa e eles só encontram nevoeiro, o que deixa os homens em estado de alucinação. Ao chegarem em uma terra, acreditam ser Jerusalém, mas na verdade, é o Mundo novo, com nativos selvagens à espreita. Como nos filmes de Nicolas Winding Refn, a violência é extrema, repleta de decapitações, cabeças arrebentadas e barrigas abertas. A fotografia de Morten Søborg, em tons cinzentos, ajuda a dar um tom de desolação e pesadelo. De ritmo lento e quase sme diálogos "o personagem de Mikkelsen não fala em momento algum), "O guerreiro silencioso" é um projeto ousado e arriscado, que irá agradar mais aos fãs da filmografia de Nicolas, do que espectadores afoitos por violência brutal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Coragem

'Coraje", de Rubén Rojo Aura (2022) Premiado drama mexicano que traz uma história que renderia uma excelente peça de teatro com 2 atores: uma mulher de 60/70 anos, e um ator na faixa dos 35/40 anos, mãe e filho. Co-produzido por México e Espanha, o filme traz a veterana atriz mexicana Marta Aura, falecida aos 79 anos por pneumonia. O roteiro mescla ficção e realidade: o diretor e roteirista Rubén Rojo AUra é filho da atriz Marta Aura, que protagoniza o filme. O personagem do filho de Alma é alter ego de Rubén, e se chama Alejandro (Simón Guevara, também filho real de Marta). Alma é uma atriz de 76 anos, que enfrenta os desafios da velhice, incluindo a perda progressiva da visão devido à degeneração macular, enquanto lida com as exigências de sua carreira de atriz. Enquanto isso, seu filho mais velho, Alejandro (Simón Guevara), retorna para casa após anos em Madri, buscando redenção depois de lutar contra o alcoolismo. Ela irá encenar a versão teatral de "Mãe coragem e os seus filhos", de Bertolt Brecht e Margarete Steffin, em uma metalinguagem mesclando vida real e da obra fictícia. O filme tem material dramatúrgico bastante comovente. Testemunhar a batalha da atriz Marta Aura, representado pela personagem Alma, e entender que são a mesma pessoa, é de doer o coração. É um filme intimista e bastante melancólico. A reconexão mãe e filho em um momento delicado da vida da mãe é motivo para muitas lágrimas.

Hunted- gay and afraid

"Hunted- gay and afraid", de Liz MacKean (2015) Documentário produzido pela Chanel 4 dentro do programa 'Dispatches". O filme faz um alerta sobre o crescimento de grupos de extrema direita que financiam palestras e congressos, apoiados pela igreja, onde têm o foco à família. Esses grupos apoiam uma nova onda de legislação anti-gay em todo o mundo, incluindo o "Congresso Mundial das Famílias" dos Estados Unidos e que acontece em diversos países no mundo, como África, Rússia. O congressista Bobby Brown é uma das figuras centrais nessa luta contra a comunidade lgbt, apoiado por cristãos. Apresentado pela inglesa Liz Mackean, ela faz um relatório onde investiga Bobby Brown e outros congressistas, que pressionam governos europeus e africanos para ajudar a aprovar leis que restringem os direitos de indívíduos lgbt, além de promover ativamente a violência contra gays em todo o mundo. em uma cena brutal, gravada por um dos particiantes, um jovem gay russo vai até um encontro marcado por app e descobre na hira que é uma armadilha promovida por jovens homofobicos, que o espancam. É uma cena chocante.

Cyclone

"Cyclone", de Flavia Castro (2025) Produzido pela atriz Luiza Mariani, dirigido por Flavia Castro e escrito por Rita Piffer, "Cyclone" é um drama brasileiro sob a ótica feminina na frente e atrás das câmeras, com fotografia de Heloísa Passos e uma equipe majoritariamente formada por mulheres. O filme é uma cinebiografia de Maria de Lourdes Castro Pontes (1900–1919), mais conhecida pelo nome artístco de Miss Cyclone. Escritora brasileira associada ao movimento modernista, Maria morreu por complicações associadas ao aborto clandestino, aos 19 anos de idade. A narrativa e estética do filme me fizeram lembrar do recente filme "Madame Durocher", sobre a primeira parteira do Brasil. Ambos filmes históricos, filmados sob uma linguagem intimista e com a câmera literalmente colada no rosto da protagonista (linguagem que auxilia muito para resolver questões orçamentárias para um filme de época). São Paulo, 1919. Maria de Lourdes era operária, escrevia peças de teatro escondida no intervalo do trabalho e venceu um concurso que a levaria para Paris. Ela mantém um caso escondido com o autor Heitor Gamba (Eduardo Moscovis), que se apropria de suas escritas e anuncia como sendo dele. Esse tema da apropriação rtístoca macsulina sobre a obra criatva de uma mulher já foi vista em filmes como "Colette", 'A esposa", e 'Sr e Sra Adelmann". Vivendo em mundos machistas, todas essas escritoras foram silenciadas e abafadas pelos seus parceiros. O filme traz diversas participações especiais de um ótimo elenco: Eduardo Moscovis, Karine Teles, Magali Biff, Luciana Paes e Ricardo Teodoro, que interpreta o chefe de Maria na gráfica, e que também a maltrata com ofensas e humilhações. O filme concorreu no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O quarto escuro de Satã

"Il tuo vizio è una stanza chiusa e solo io ne ho la chiave", de Sergio Martino (1972) Livremente inspirado no clássico de Edgar Allan Poe, "O gato preto", "O quarto escuro de Satã" é um cult do gênero giallio, dirigido pelo mestre italiano Sergio Martino. O filme é repleto de erotismo e nudez total de todo o elenco feminino, uma constante nos filmes italianos do gênero. A história apresenta o escritor fracassado Oliviero Rouvigny (Luigi Pistilli, que herdou a mansão de sua mãe, a atriz Esther, que morreu há pouco tempo. Ele é casado com Irina (Anita Strindberg e possui uma empregada, Brenda (Angela La Vorgna). Oliviero é alcólara e maltrata Irina e Brenda, xingando-as. Oliviero força fazer s3x0 com as duas, e também tem outras amantes. Uma das amantes, uma atendente de uma livraria, é assassinada. Oliviero pede ajuda à Irina para ecsonder o corpo da mulher, com medo de ser acusado de tê-la matado. Eles abrem um buraco na parede do porão e escondem o corpo ali. O gato preto satã, que [ertenceu à mãe de Oliviero, testemunha tudo. Brenda acaba sendo assassinada, e também tem seu corpo escondido. A sobrinha de Oliviero, Floriana, chega repentinamente na cidade e deseja passar uns dias com ele. Ela se torna amante de Irina, e logo depois, de Oliviero. Novos crimes acontecem e a polícia surge para tentar descobrir o paradeiro de pessoas desaparecidas. Realizador das obras primasd do giallio "Torso" e "Todas as cores do medo", Martino faz aqui um bom filme, mas distante do primor dos filmes citados. Ainda assim, é um filme interessante e com um roteiro repleto de plot twists intrigantes e surpreendentes. As cenas de morte não são violentas, e o suspense é razoável.

All the empty rooms

"All the empty rooms", de Joshua Seftel (2025) Premiado documentário que traz um tema emocionalmente devastador: apresentar os quartos de crianças e adolescentes que foram assassinados em tiroteios nas ecsolas dos Estados Unidos. Não é um filme fácil de se assistir e não recomendado para quem possa sofrer gatilhos emocionais por questões de violência contra menores. O filme apresenta um relatório onde em 1997, houveram 17 tiroteios em escolas nos Estados Unidos. Já em 2024, foram 132 tiroteios no ano. O filme é apresentado pelo repórter da CBS news, Steve Hartman. Após cobrir uma matéria sobre um tiroteio em uma escola, Steve era acionado sempre para fazer matérias sobre tiroteios. Steve diz que já se sentia banalizando o tema e não sentindo mais emoção. "Eu estava me repetindo". Então, mudou sua abordagem. Convidou o fotógrafo Lou Bopp, especializado em naturezas mortas, para acompanhá-lo em suas visitas às famílias enlutadas e documentar sua perda de uma maneira nova e mais significativa. Ao visitar os quartos, além da decoração e dos objetos pertencentes aos jovens, o filme apresenta vídeos gravados em celular, e nenhum rosto é coberto. Vítimas como Jackie Cazares, 9 anos, assassinada em tiroteiro na escola Robbs no dia 24 de maio de 2022 e que tinha o sonho de ser veterinária. Grace Muehlberger, 15 anos assassinada no Saugus high schol no dia 14 de nov de 2019 e tinha o sonho de ser bailarina. Tem também os quartos de Dominic Blackwell e Hallie Scruggs. Os pais de Dominic dizem que não lavaram as roupas do filho desde a sua morte, para que o quarto mantivesse o seu cheiro. No final, tanto Steve quanto Bopp retornam para suas casas, e voltam com uma percepção diferente em relação aos seus filhos. É um filme que deixa claro o quanto a vida é imprevisível, e que sonhos morrem inesperadamente pela obra do destino.

Jay Kelly

"Jay Kelly", de Noah Baumbach (2025) Dirigido e co-escrito pelo cineasta Noah Baumbach, ex-marido de Greta Gerwig (que faz uma participação), "Jey Kelly"concorreu no Fetsival de Veneza e em San Sebastian. O filme é um drama com elementos de humor, protagonizado por George Clooney e Adam Sandler (Sandler já havia trabalhado com Baumbach em 2017 em "Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe"). O filme explora uma reflexão sobre uma grande estrela de Hollywood, Jay Kelly (George Clooney) e as suas ecsolhas da vida pessoal e profisisonal, e que o fizeram se afastar de suas filhas, ums entimento que o deixa ressentido, eque agora, ele decide se reaproximar. Adam Sandler interpreta o seu agente, Ron Sukenick, que também se ressente de dedicar a sua vida profissional aos problemas de Jay Kelly e deixando a sua própria família em 2o plano. O mesmo acontece com Liz (Laura Dern), assessora de imprensa de Jay, e que no passado flertava com Ron, mas abdicou do romance para se dedicar ao trabalho. Quando terminam as filmagens de seu útlimo loga, Jay decide convidar sua filha mais jovem Daisy (Grace Edwards) para viajar com ele para a Itália, antes que ela entre na faculdade. Mas Daysi já havia marcado uma viagem para Toscana com suas amigas. Jay decide ir atrás da filha,s em que ela saiba. O filme tem um elenco enorme que inclui participações da italiana Alba Rohrwacher, de Patrick Wilson, Riley Keough ( que interpreta a filha mais velha de Jay, Jessica), Jim Broadbent que interpreta Peter, pai de Jay, e muitos outros. Filmando na Itália, Londres e Nova York, o filme é uma produção de alto valor de produção, com muita figuração, ambientes sofisticados e uma fotografia e direção de arte requintadas. Mas a parte que mais gostei foi o desfecho, com um clipe que homenageia Clloney, com diversas cenas de seus filmes mais famosos.

Hijra

"Hijra", de Shahad Ameen (2025) Indicado pela Arábia Saudita à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026, "Hijra" é um comovente drama que representa como as mulheres vivem em um país conservador e que segue a religião muçulmana, tirando muito de seus direitos como cidadãs. Ambientado em 2001, um momento histórico onde era impensável que as mulheres tivessem voz ativa, o filme venceu um pr6emio especial no Festival de Veneza 2025. Co-produzido por Arábia Saudita, Iraque, Reino Unido e Egito, o crédito final traz o isgnificado do título do filme: "Migração de Maomé de Meca à Medina em 622 DC, que marcou a consolidação da primeira comunidade muculmana." A história se passa em Al Taif e segue até Meca (onde são realizados os rituais da peregrinação), e acompanhamos três gerações de mulheres: Sitti (Khairia Nazmi), a avó rigorosa e que traz em si toda uma educação rigida e patriarcal; e as netas Janna (Lamar Feddan), 12 anos, e Sarah (Khairiah Nathmy), 14 anos. Sarah é rebelde, ouve música em um fone e durante a viagem, ela foge. Janna percebe que Sarah quer fugir do país e começar uma vid anova em outro lugar. Sitti decide abandonar a peregrinação e viaja para o norte em busca da neta desaparecida. O filme traça um paralelo entre Sitti, uma mulher que sofreu todos os tipos de pressão sobre como ser uma mulher obediente e silenciada em um país conservador, e a geração mais nova de sarah e Janna, frutos de inquietação e de rebeldia. Belamente fotografado por MI Littin-Menz, que explora as regiões áridas, e uma trilha sonora emocionante de Amad Armand. A diretora Shahadd Ameen dirige com afeto e poesia uma história trágica, cruel e de sofrimento, com uma impecável direção de atores e um desfecho que explora o realismo fantástico.