domingo, 30 de novembro de 2025
A caridade
"La caridad", de Marcelino Islas Hernández (2016)
"A caridade" é um drama mexicano que me fez lembrar da frieza e crueldade do cinema de Michel Franco e Michael Haneke. Premiado em festivais, o filme é escrito e dirigido por Marcelino Islas Hernández. José Luís (Jaime Garza) e Angélica (Veronica Langer) se conheceram no final dos anos 80 e tiveram um relacionamento feliz. Quando o filho Daniel cresceu e saiu de casa, o casal continuou na mesma casa. Após comemorarem 30 anos de casamento, José Luis e Angélica sofrem um acidente de carro. José Luis é submetido a uma cirurgia e perde a perna, que teve que ser amputada. Sua reabilitação é um processo lento e doloroso que colocará à prova seu relacionamento com Angélica, que já estava desgastada. A perna que falta em José se torna a metáfora de um casamento que não se sustenta mais. José Luis encontra refúgio em suas fantasias sexuais com a jovem enfermeira Eva (Adriana Paz)que cuida dele, enquanto Angélica tenta, sem sucesso, chamar a atenção do marido.
O grande desafio para que o filme funcionasse, seria a escalação para o ator que iria interpretar José Luís. Estava claro para o diretor que deveria ser um ator que tivesse uma perna amputada, e não apagada em pós produção. Ele acabou sendo procurado por uma mulher, Ana Garza, irmã de Jaime, que era um ator que perdeu a perna, assim como o personagem. O filme é intimista, silencioso. As cenas tanto de José Luis com a enfermeira, e a de Angélica, em um baile, em busca de parceiro, são muito dolorosas. Não é um filme recomendado para queme stá em uma situação semelhante de desgaste no casamento, pois poderá trazer gatilhos emocionais bem fortes. O elenco, incluindo Adriana Paz, está excelente, com a melancolia de seus olhares comunicando uma vida desesperançada.
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