sexta-feira, 31 de maio de 2024
Música
"Musik", de Angela Schanelec (2023)
Fico impressionado como "Música", vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim 2023, tenha justamente no seu roteiro o elemento mais confuso de sua narrativa, um verdadeiro quebra-cabeças. Li algumas críticas que diziam que a inspiração da roteirista e cineasta alemã Angela Schanelec foi o mito grego de Édipio, e muito por conta dessa referência, foi filmado nas ilhas gregas e com elenco local. Mas ainda assim, essa história que se passa nos dias atuais permanece uma incógnita para mim. De qualquer forma, existem elementos que me mantiveram atento ao filme, de ritmo bastante lento. O elenco e a figuração parecem saídos de um filme de Robert Bresson: ninguém expressa emoções. Os planos em sua maioria são gerais e poucas cenas possuem closes, com planos bem estendidos no tempo. Os elipses temporais acontecem a todo momento, e o protagonista Jon (Aliocha Schneider) permanece o mesmo ator, da adolescência até a fase já de meia idade. O filme é uma co-produção Alemanha, França, Grécia e Sérvia.
Um bebê com os pés ensanguentados é encontrado à beira de uma estrada. Um casal o recolhe e decide adotá-lo. Já adolescente, Jon passeia na praia com um grupo de amigos. Quando um homem decide beijá-lo, Jon o empurra, e o rapaz morre. Jon é preso e na prisão, ele conhece a guarda Iro (Agathe Bonitzer). Os dois se envolvem e Iro engravida. Após sair da prisão, os dois moram juntos. Mas uma revelação fará com que iro se suicide, e Jon precisa cuidar de sua filha, com a ajuda dos pais adotivos.
O nome "Música" vem pelo fato da música ser um elemento de conexão entre personagens, principalmente o casal jon e Iro, e porquê depois Jon se torna um cantor. Mas ainda assim, tudo é muito elipsado e o espectador recebe poucas informações. A diretora Angela Schanelec provoca o espectador ao força-lo a obter construções narrativas por conta própria, e isso talvez tenha estimulado o juri a votar no filme para melhor roteiro.
Mamãe e papai
sar a noite na casa dos pais deles.
"Mum & Dad", de Steven Sheil (2008)
Terror inglês independente, "Mamãe e papai" provocou controvérsias entre os críticos, que elogiaram a provocação do filme, repleta de terror estaológico e bizarro, com cenas nauseantes, ao passo que alguns críticos o acusaram de ser copia do clássico "O massacre da serra elétrica", de Tobe Hooper. O filme apresenta Lena, uma jovem imigrante romena, que trabalha como faxineira no Aeroporto de Heathrow, em Londres. Ela tem como colega de trabalho os jovens irmãos Elbie e Birdie. Ao perder um ônibus para voltar para casa, por causa de Elbie, os irmãos a convidam para passar a noite na casa dos pais deles. Assim que ela entra na casa sinistra, ela é sedada e desmaia. No dia seguinte, LEna se vê vestida como uma garotinha e decsobre que a família de Elbie é toda disfuncional: os pais são canibais, e para piorar, o pai se masturba o tempo todo e deseja fazer sexo com ela. Lena descobre que outras vítimas se encontram espalhadas na casa, e todas tratadas como filhos do casal.
Doentio e grotesco, o filme não se destina a pessoas sensíveis. O roteirista e cineasta Steven Sheil estréia com esse filme, e certamente quiz chocar bastante a platéia incluindo um monte de situações que fizessem o espectador virar o rosto. No entanto, a violência dele, mais do que gore, é mais perturbadora por conta das torturas praticadas contra as vítimas e as situações de humilhação.
quinta-feira, 30 de maio de 2024
O filho de sua mãe
"Anak ka ng ina mo", de Jun Lana (2023)
Drama de crime filipino, "O filho de sua mãe" quase entra no poliamor entre gêneros, mas foi somente um flerte. Com uma narrativa fria e sêca, "O filho de sua mãe" é ambientado durante a pandemia da covid. Com muitas pessoas sendo mandadas embora de sesu empregos e outros precisando dar aulas online, o filme contextualiza o desmeprego e a forma como a população precisou se virar da forma que fosse para sobreviver.
Sarah (Sue Prado) é uma professora que dá aula online, e nas horas vagas, cozinha para fora para ter um orçamento maior. Ela mora com seu filho adolescente, Emann ( Kokoy de Santos, que acabou de ser demitido do restaurante onde trabalhava e deice que agora ficará na cama sem fazer mais nada. A jovem empregada, May, ajuda Sarah e também, é amante do rapaz, sem que Sarah saiba. para surpresa de Emann, Sarah traz para morar com eles outro jovem, Oliver (Miggy Jimenez), por conta de violência doméstica. Oliver se torna amante de Sarah, e Emann é revelado também como amante de sua mãe, ou melhor, ela não é mãe de sangue e assim como Oliver, ela adotou emann, mas toda a vizinhança acredita serem mãe e filho.
Um filme curioso, rodado com atores que ousam em seus personagens, pricnipalmente nas cenas de sexo. É um filme de tom naturalista, representando a difícil vida na periferia e também, durante a pandemia. os personagens são viciados em sexo e é bizarro ver a mulher fazendo sexo com os dois adolescentes, num menage onde vale tudo.
Os estranhos- Capítulo 1
"The strangers- Chapter one", de Renny Harlin (2024)
Lançado em 2008, "Os estranhos", terror slasher com Liv Tyler se tornou em um cult. O filme, do sub-gênero "Home envasion", teve uma sequ6encia em 2018, que não fez tanto sucesso quanto o original. Agora, o cineasta Renny Harlin, finlandês radicado em Hollywood e realizador de 'Duro de matar 2", "Risco total" e "A ilha da garganta cortada", esse último, um dos maiores fracassos da históra do cinema, lan.ca um reboot do filme original. Ousadia ou pretensão, Harlin decidiu dividir o filme original em 3 partes, obviamente alterando o final da história e de certo, se tornar um filme de vingança.
Um jovem casal, Maya (Madelaine Petsch) e Jeff Morell (Ryan Bown) decidem se mudar para o interior. No caminho, eles param em uma pequena cidade, Venus, no Oregon, com menos de mil habitantes. Eles são mal recebidos na lanchonete, e ao saírem do local, decsobrem que o carro não pega. Maya sugere alugarem um airbnb que fica localizado no meio da floresta, isolado. Ao passarem a madrugada, descobrem que três estranhos invadiram a casa e sem motivos, os atormentam e ameaçam de morte.
Fala-se muito em clichês na comédia, mas a verdade é que o terror é o gênero que mais abusa dos clichês. Aqui, então, nenhuma fica de fora. Protagonistas que tomam decisões estúpidas, carro que não pega, moradores da cidade mal humorados, casal que se separa, quando pode matar alguém não mata e por aí vai. O filme se resume a corre pra cá, corre pra lá e me surpreende como os produtores decidiram esticar a história tão simples em 3 longas. Mas tem um lado positivo: excelente fotografia, ótima trilha sonora, e mesmo arrastado, o filme tem uma boa atmosfera. Muita gente meteu o pau na dupla de atores, e eu achei que foram bem e deram conta dos personagens. Claro, no original foram Liv Tyler e Scott Speedman, e o filme funcionou melhor. Mas esse aqui dá para assistir, mas pode ter certeza que a cada minuto você vai se pegar resmungando e xingando as ações dos protagonistas.
Uncle David
"Uncle David", de David Hoyle, Mike Nicholls e Gary Reich (2010)
Um drama LGBTQIAP+ inglês pessimista, foi rodado na bela Ilha de Sheppey, em Kent, sudeste da Inglaterra. Um rapaz, Ashley (o ator pornô Ashley Ryder) chega no local para passar um tempo com o seu tio David (David Hoyle), bem mais velho do que ele e afeminado. Ashley decidiu sair de casa após brigas rotineiras com sua mãe alcóolatra. Durante conversa com seu tio, Ashley deixa claro o quanto está infeliz e deseja se suicidar. O tio o ajuda a se preparar para um ritual de suicídio, mas até então, ambos se envolvem sexualmente e amorosamente.
Um filme polêmico em diversos sentidos: pelo estímulo de um dos personagens a que o outro se mate, dando argumentos de que a sociedade é fria e sem esperanças; e por um relacionamento pouco crível, não pela questão da idade, mas sim, por afinidades de duas pessoas de pensamentos tão distintos. Talvez a depressão e o desejo de morte tenha feito com que Ashley se pemritisse entregar de corpo e alma ao tio. Mas é um filme que traz mensagens muito obscuras. O desfecho é forte e cruel.
O alto preço do amor
"The cost of love", de Carl Medland (2011)
Drama LGBTQIAP+ inglês, tem como protagonista o garoto de programa Dale (Christopher Kelham), morador de Greenwich. Dale tem uma vasta clientela para todos os gostos: fetiches, Bondage, S & M, etc, realizando as fantasias de homens solitários. Ele divide seu apartamento com o indiano Raj (Valmike Rampersad) que está para se casar com Veena (Mandeesh Gill). Dale tem paixão platônica por Raj, que não se define sobre a sua sexualidade e prefere manter a heteroatividade. A melhor amiga de Dale é a drag Estee, e durante o dia é Sean (Michael Joyce). Estee/Sean por sua vez é apaixonado por Dale, que também não corresponde ao seu amor e prefere viver uma vida de sexo nas noites de dark rooms.
O filme tem uma narrativa interessante, mostrando relacionamentos infelizes e traz uma mensagem até pessimista de que você provavelmente viverá uma vida de fachada e seme star ao lado de quem ama. As cenas de sexo são intensas e a trilha sonora é vibrante. O elenco, no entanto, traz atores bons e outros amadores, com diferença gritante em cena. O desfecho é confuso, deixando o espectador na dúvida sobre se é real ou imaginação do protagonista.
Quarto 666
"Room 666", de Win Wenders (1982)
Durante o 35o Festival de Cannes, realizado de 14 a 26 de maio de 1982, o cineasta alemão Win Wenders convidou 15 cineastas de diversas nacionalidades e estilos para darem uma entrevista respondendo a seguinte pergunta: "Com o avanço dos programas de Tv, qual o futuro do cinema nas telas?". Todos deram entrevista no memso quarto de hotel, 666, sozinhos, com uma camera 16 mm que podia rodar 10 minutos no chassi e um gravador de Nagra. Os entrevistados davam entrevistas sem presença de ninguém, para poder ter liberdade de discurso. O depoimento mais longo foi o de Godard, que sozinho usou os 10 minutos, e o menor, de Fassbinder. Os 15 cineastas foram, na ordem: Jean-Luc Godard, Paul Morrissey, Mike De Leon, Monte Hellman, Romain Goupil, Susan Seidelman, Noël Simsolo, Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Robert Kramer, Ana Carolina, Maroun Bagdadi, Steven Spielberg, Michelangelo Antonioni, Wim Wenders e Yilmaz Güney. A única brasileira da lista foi Ana Carolina.
Coincidentemente, e por isso o filme ficou bastante conhecido, os cineastas Rainer Werner Fassbinder, Yilmaz Güney, Maroun Bagdadi, Robert Kramer e Michelangelo Antonioni morreram nesta ordem. Fassbinder faleceu semanas após a entrevista, que acabou sendo a sua última em vida.
O set armado no quarto é instigante: um plano geral, o entrevistado sentado em uma poltrona à esquerda de quadro, e atrás dele, uma tv ligada em algum programa: esporte, desenho, filme. o entrevistado não podia ver qual programa estava passando, e sim, escutá-lo. Uma provocação que já data de mais de 40 anos, e curioso que hoje em dia, a pauta continua sendo a da tv, ma sno caso, o streaming e a ameaça à sobrevivência do cinema nas telas.
quarta-feira, 29 de maio de 2024
Back to black
"Back to black", de Sam Taylor-Johnson (2024)
Cinebiografia da cantora Amy Winehouse, nascida em 1983 em Londres e falecida aos 27 anos em 23 de julho de 2011. A história de Amy sempre sacudiu a mídia e atiçava a curiosidade do público, que além de celebrar seus dois únicos discos, "Frank" de 2003 e "Back to black", de 2006, ficavam a'vidos por notícias em tablóides sobre o seu com álcool e drogas pesadas como ecstasy, crack e heroína, muitas apresentadas pelo seu marido, Blake Fielder Civil, com quem foi casada de 2007 a 2009. Amy foi dona de uma voz poderosa infleunciada pelo soul, jazz e as cantoras dos anos 60, como The Supremes e The Shirelles, e visualmente, pegou referências dos anos 50 e 60, como o icônico penteado Beehive. A diretora Sam Taylor-Johnson, de “Cinquenta tons de cinza” e "O garoto de Liverpool", e o roteirista Matt Greenhalgh de “O garoto de Liverpool” e 'Control", sobre Ian Curtis, do The Clash,, fizeram um recorte da vida de Amy (Marisa Abela) que vai antes dela assinar seu primeiro contrato, em meados doa anos 200, até o lançamento de seu segundo disco. No meio disso tudo, mostra seu relacionamento com sua avó paterna, Cynthia (Lesllie Manville), seu pai, Mitch (Ed Marsan), seu marido Blake (Jack O'Conell) e os empresários e managers.
O filme foi duramente criticado por, assim como em 'Whitney", ter apresentado uma versão chapa branca da biografada. O pai de Amy, Mitch, foi o produtor do filme e teve a sua figura abrandada. Cmo narrativa, o filme tem um retrato bastante morno sobre Amy, e estranhamente, não empolga, nem nos momentos musicais. Porém, o talento dos atores ingleses, todos bem em seus personagens, ajuda a manter o interesse do filme. E claro, as músicas do repertório de Amy. Ótima fotografia, make e direção de arte.
terça-feira, 28 de maio de 2024
My oni girl
"Suki demo kirai na amanojaku", de Tomotaka Shibayama (2024)
"My oni girl"me fez lembrar em vários momentos de "Suzume", de Makoto Shinkai, um excelente anime do memso diretor de "Your name". Existe o desaparecimento da personagem da mãe, existe um portal e existem as criaturas que são bastante semelhantes no visual. e claro, o encontro dos dois protagonistas, que se conectam em suas histórias.
Hiiragi é um garoto tímido, que mora com seus pais e sua irmã mais nova. Ele é constatemente pressionado pelo pai por melhores estudos e por aprimoramento. Um dia, voltando para casa, Hiiragi ajuda uma garota em um ônibus, que está sem dinheiro para pagar a tarifa. Hiiragi paga e ela se oferece para passar a noite em sua casa. os pais de Hiiragi acham que ela é a namorada dele, e ele desmente. Na madrugada, uma criatura, os Deuses da neve, surgem querendo atacar a menina, Tsmumugi. Hiiragi e Tsumugi fogem e Tsumugi decsobre que Hiiragi está se transformando em um mini-Oni. Ela se apresenta como uma Oni, uma moradora da Vila oculta, escondida entre as montanhas e protegida pelos deuses da neve. Hiiragi ajuda Tsumugi a procurar a mãe dele, que acreditam estar em um santuário.
O filme tem um ótimo visual e personagens carismáticos. Porém, o roteiro não tem o encantamento de filmes da Ghibli ou aé dos filmes de Makoto Shinkai, que seduziram multidões. Falta uma história que traga mensagens mais diretas e momentos mais mágicos, além daqueles personagens fofos que amamos.
Jorge da Capadócia
"Jorge da Capadócia", de Alexandre Machafer (2023)
Rodado na Turquia e em Niterói, Rio de Janeiro, "Jorge da Capadócia" é um projeto de 16 anos do seu diretor, produtor e ator Alexandre Machafer. Assim como o protagonista que interpreta, Machafer também manteve a fé e a perseverança de que o filme sairia do papel. Graças principalmente ao professor Serpa da Cesgranrio, esse sonho se tornou real. O filme é muito bem produzido, com ótima fotografia de Pedro Faerstein e roteiro de Matheus Souza, e aí está a maior curiosidade. Matheus dirigiu e escreveu filmes como "Tá escrito", com Larissa Manoela, e outros filmes voltados para o público adolescente. Foi importante ele ter se associado à Capadócia para poder tornar os diálogos mais acessíveis ao público de todas as faixas etáreas e não ficar engessado por ser de época.
No ano de 303 D.C., Jorge (Machafer) é condecorado como o novo capitão do exército, após vencer uma batalha. O Imperador Diocleciano (Roberto Bontempo) o condecora, mas ao mesmo tenpo, decide iniciar sua perseguição aos cristãos. A mãe de Jorge (Cyrya Coentro) é cristã e ensinou todos os preceitos da rleigião para Jorge. Dividido na sua crença, pelo fato de sua esposa e seu filho terem morrido, Jorge fica na dúvida sobre qual caminho seguir. Em seus sonhos, ele se imagina lutando contra um dragão.
Ricardo Soares, Miriam Freeland, Augusto Garcia, Antônio Gonzalez, Adriano Garib, Charles Paraventi, Roney Vilella são atores que também fazem parte desse filme com cara de super produção. Machafer conseguiu lidar com o orçamento apertado e imprimir um filme com valor de produção. Um filme que inicia um novo gênero no pais, o do épico que segue os passos de 'Gladiador" e a série "Game of thrones".
segunda-feira, 27 de maio de 2024
Emma and Eddie- A working couple
"Emma és Eddie: A képen kívül", de Gábor Hörcher (2024)
Documentário que explora a vida do casal Eddie e Emma Lorett, super estrelas premiadas de conteúdo adulto da webcam. O filme, escrito e dirigido pelo húngaro Gábor Hörcher, acompanha a vida dentro e fora da live cam do casal: dentro do virtual, eles foram um casal exemplar: lindos, sexies, modelos para outros casais fazerem sexo, além de ganharem uma fortuna. Fora, eles vivem um relacionamento abusivo, tóxico e desgastante. OS nomes reais deles são Edvin e Marija, e se conheceram no Arizona há mais de 10 anos. Seus pais migraram para os Estados Unidos durante a guerra da Iguslávia. Após se conhecerem, se mudaram para a Croácia e depois, Hungria, se tornando celebridades da webcam. O diretor Gabor acompanhou o casal durante 3 anos antes da pandemia, e as gravações paralisaram por conta da covid. Quando retomou, descobriu que o casal, que vivia um relacionamento tenso, acabou se separando, cada um morando em diferente apartamento. O que o filme mostra, é a indústria do sexo como algo milionário: festas glamurosas, roupas de grife, luxo e restaurantes caríssimos. Se essa vida irá durar quanto tempo, ninguém saberá dizer. Mas acompanhar uma dupla de profissional de sexo, traz muita melancolia e uma sensação de que a felicidade só existe ao gastarem dinheiro em coisas fúteis.
domingo, 26 de maio de 2024
South Park- O fim da obesidade
"South Park- the end of obesity", de Trey Parker (2024)
Hilário filme com a turma de South Park, que dessa vez, faz uma pesada crítica à onda de uso do Ozempic, injeções auto-aplicáveis que se tornaram modismo no mundo todo, por favorecerem a perda do peso corporal. Em South Park, um grupo de mães se droga com o Ozempic, e para desespero delas, as injeções estão em falta. Assim como viciados em drogas, elas decidem roubar farmácias e carregamentos do remédio. Paralleo, Cartman vai ao endocrinologista com sua mãe, e o médico lhe indica Ozempic, mas os pais não podem pagar por conta do preço. O médico receita então uma dorga chamada Lizzo, uma brincadeira com a cantora americana Lizzo, que prega a positividade corporal e que as pessoas aceitam seus corpos como são, normalizando o peso. Mas proprietários de marcas famosas que vendem açucar para a população estão revoltados com a onda de Ozempic, por conta da baixa de vendas dos produtos açucarados, e decidem matar os fabricantes.
O filme é engraçado demais e obviamente, seguindo a linha da animação, repleto de palavrões e politicamente incorreto. Uma sequência de persgeuição de carros com muita violência e adrenalina é o ponto alto do filme, gargalhei demais com a bizarrice. Quem ama a turma, irá se esborrachar nesse filme.
Gaga chromatica ball
"Gaga chromatica ball", de Lady Gaga (2024)
Registro do show que Lady Gaga apresentou em los Angeles durante a turnê The Chromatica Ball, realizada no dia 10 de setembro de 2022, ao Dodger Stadium, em Los Angeles, onde 53.344 fãs assistiram aoi show, ainda no início da abertura pós pandemia da Covid. A turnê foi composto por 20 shows e aconteceu de 17 de julho a 17 de setembro de 2022. O disco "Chromatica" foi lançado durante a pandemia em 2020, e por isso,Gaga não pôde divulgá-lo presencialmente. Do disco, tem os sucessos "Rain on me" e "911". O documentário do show foi produzido, dirigido e criado por Lady Gaga, levando quase 2 anos para ficar pronto. Gaga foi bastante perfeccionista e ficou resposnável por todas as etapas, para poder satisfazer o desejo dos fãs que não conseguiram ver o show e sentirem um gostinho de estarem ali ao vivo.
Com visual exuberante e futurístico, o cenário começa com os mega clássicos "Bad romance", "Just dance"e "Poker face", e depois, os obrigatóris "Born this way", "Shallow", música tema do filme "Nasce uma estrela" e vencedora do Oscar, cantada em um bloco de baladas ao piano.
Desnecessário dizer que é um presente para os fãs da cantora e atriz e que supre qualquer vontade de querer ouvir quela sua música favorita.
Phantom
"Phantom", de Lee Hae-young (2023)
Espetacular filme de ação es espionagem sul coreano, "Phantom" traz todos os elementos que quem amou filmes como "Bastardos inglórios" vai amar: suspense, muita ação, cenas coreografadas, excelente elenco, traições, vilões odiosos e principalmente, heroínas fodonas, à frente de seu tempo. E para emular Marlene Dietrich, que é homenageada em cenas de "Shanghai express", a heroína é lésbica, durona como Dietrich, e jamais se pemritindo ser suplantada por homens. A história se passa em Kyungsung, ex Seul, em 1933. A coréia estava sob a ocupação japonesa por mais de 2 décadas, e um grupo de resistência procura combater a colonização, arriscando suas vidas pela independência do país. Park Cha-kyung (Lee Hanee, excelente), é namorada da também espiã Yoon Nan-young, encarregada de assassinar um alto funcionário japonês. Mas a missão falha e Yoon é morta.
Kaito, oficial das forçasd de segurança japonesa, prende Park e outros 4 suspeitos e procura decsobrir quem é Phantom, o espião infiltrado. Todos são levados à um hotel isolado. Os suspeitos são: Baek-ho, um jovem que trabalha com Cha-kyung, Chefe Cheon, um decifrador de códigos, Yuriko (Park So Damn, também excelente), secretária de um poderoso no governo japonês e Junji Muramaya, um policial japonês suspeito porque sua a mãe é Coreana.
Fico impressionando com a excelência técnica e o enorme talento dos atores sul coreanos. Tudo no filme é exemplar. O filme talvez se estique mais do que o necessário (tem 2:hrs e 15 min) e tem uma barriga no 2o ato, mas a reviravolta do 3o ato, com incríveis cenas de ação, fazem valer assistir ao filme. Muito suspense, adrenalina e uma dupla de heroínas de aplaudir de pé.
Blue boy
"Blue boy", de Manuel Abramovich (2019)
Vencedor do prêmio de melhor curta no Festival de Berlim 2019, "Blue boy" é um documentário LGBTQIAP+ dirigido e escrito pelo realizador argentino Manuel Abramovich, mesmo do ótimo drama lgbt erótico "Pornomelancolia". "Blue boy" apresenta o bar gay homônimo existente no centro de Berlim por mais de 40 anos. Jovens imigrantes que saem de seus países em busca de dinheiro acabam parando nesse bar de solitários para se tornarem garotos de programa. O diretor Manuel Abramovich entrevista 10 rapazes romenos, que expõe seus drama, problemas com roubos, policia, drogas, gay for pay, entre outros assuntos. O filme é composto de portraits: os rapazes ficam em silêncio, riem constrangidos com a câmera, e em off, ouvimos os seus depoimentos. É uma sensação bastante incômoda, como se o espectador estivesse ali conversando com eles e rolass euma saia justa. Logo no início, em off, um dos rapazes lê o termo de autorizaçvão de imagem, deixando claro que todos os rapazes estavam cientes da gravação e que liberavam integralmente o uso de imagem e áudio para o filme.
sábado, 25 de maio de 2024
Ryuichi Sakamoto - Opus
"Ryuichi Sakamoto- Opus ", de Neo Sora (2023)
Comovente documentário dirigido pelo filho do compositor japonês Ryuichi Sakamoto, morto de câncer em 2023. Seis meses antes de falecer, Sakamoto pediu para gravar em um estíduio de gravação e com uma equipe reduzida, aquele que seria o seu requiem para a posteridade: ele sozinho, com seu piano, tocando 20 temas musicais, incluindo trilhas famosas para "O último imperador", "Furyo- em nome da honra" e "O céu que nos protege".
Rodado em belo preto e branco e com muitas sutileza e belos planos com movimentos e enquadramentos que valorizam o trabalho de Sakamoto no piano, o filme deixa um ar de melancolia profunda, principalmente por saber que ele viria a falecer 6 meses depois e que aquele era um registro pra posteridade. Fragilizado, mas jamais perdendo a postura ou sobriedade, Sakamoto mostra no filme porque foi um dos mais celebrados compositores da história do cinema.
The Beach Boys
"The Beach Boys", de Frank Marshall e Thom Zimny (2024)
Documentário que retrata uma das mais famosas bandas da história, "The Beach Boys", famosos pela surf music desde o lançamento do 1o disco, 'Surf'n safari", e depois, ao longo dos anos, foram trazendo outras influências, como rock, folk, bossa nova, chegando ao auge no mais famoso disco da banda, "Pet sounds", lançado em 1966 e que dizem, foi o responsável a influenciar a banda The Beatles no disco 'St Peper's", por conta das experimentações e do psicodelismo sonoro. "Pet sounds" traz os clássicos "Wouldn't it be nice"e "God only knows". O disco e considerado pela crítica um dos melhores albuns da história.
Surgidos em 1961, na California, a banda original foi formada por 5 integrantes: os irmãos Wilson ((Brian, Dennis e Carl), o primo Mike Love e o amigo Al Jardine. Brian é o irmão mais velho e o filme traz entrevistas com cada um deles, mas é Brian o grande mentor do grupo, considerado um gênio pela crítica. É ele o responsável pela busca de novas sonoridades. O filme mostra também as brigas, o uso de drogas lisérgicas e as diversas formações da banda, que influenciou a cultura pop, desde o cinema como a música, passando pelo visual e pelo comportamento.
sexta-feira, 24 de maio de 2024
Morando com o crush
"Morando com o crush", de Hsu Chien (2024)
Crítica do Estação nerd
Luana e Hugo são colegas de escola e apaixonados um pelo outro. Mas quando a mãe de Hugo e o pai de Luana decidem namorar e mudar de cidade com todos, a situação complica para os pretendentes. A comédia romântica Morando com o Crush, do diretor Hsu Chien (Um Dia Cinco Estrelas), chega nos cinemas para garantir o título de produção nacional mais fofa do ano.
A história de amor e os problemas que ele terá que enfrentar são apresentados na velocidade de um videoclipe. O texto de Sylvio Gonçalves (Confissões de Adolescente) constrói uma trama simples, leve e divertida que com o tempo vai se expandindo até atingir seu ápice. Além do romance proibido, a produção explora temas como saúde e respeito as diferenças que num primeiro podem parecer que mais vão atrapalhar a história central, porém com o tempo as peças vão se encaixando e formando um belo quadro.
O elenco está impecável e bastante confortável em seus papéis. Giulia Benite (Turma da Mônica) e Vitor Figueiredo (A Cara do Pai) formam um casal apaixonante e possuem muita química em cena. Marcos Pasquim (O Quinto dos Infernos) tem ótimos momentos e tiradas. Por fim, Ed Gama (Porta dos Fundos) arranca gargalhadas com seu personagem em uma divertida participação especial, que ganha destaque no último ato do filme. Todo elenco, em especial os mais jovens tem tempo para mostrar seu talento, graças a direção, que permite que os atores brilhem e brinquem com o texto. Destaque para a estreante Sara Alves, que interpreta a fofíssima Tetê.
A produção tem diversas influências, uma delas é a mais divertida delas é a que referência Janela Indiscreta. Além disso, é necessário destacar a trilha sonora que surge em momentos específicios e engrandece as cenas, destaque para a cena na roda-gigante.
Morando com o Crush é um filme nacional pra lá de fofo, com um enredo alto astral e apaixonante! Assista com a pessoa amada e se divirta com essa bela história de amor.
The last stop in Yuma county
"The last stop in Yuma County", de Francis Galluppi (2023)
Vez ou outra surge um filme indie americano que emula referências à clássicos de Tarantino e dos irmãos Coen, ambientado em um posto de gasolina no meio do deserto americano e onde pessoas ambiciosas e gananciosas se matam para ficarem com o dinheiro. "Bad hombes", "Leroy, Texas" são alguns exemplos recentes, todos devidamente tendo que revenciar o maior de todos os clássicos sobre a cobiça ao dinheiro, "O tesouro de Sierra Madre".
Um vendedor de facas dos anos 70 (Jim Cummings) precisa abastecer seu carro para poder ir vissitar sua filha na Califórnia. No caminho, ele para em um posto no meio do deserto. Chegando lá, ele conversa com a garçonete Charlotte, que é esposa do sherife. Dois homens brutamontes, BEau e Travis, acabaram de assaltar um banco e pararam ali. Aos poucos, diversos personagens vão surgindo no local, cada um com o interesse no dinheiro, assim que decsobrem que a dupla carrega uma fortuna.
Filmes assim devem ser vistos mais como parábola, pois certamente, existe uma inversão de personalidades. Ninguém é bom o suficiente, pois quem não quer ficar com uma bolada? Para isso, a história acontece praticamente em um único ambiente, o posto, lembrando a construção de "Os oito odiados", e sim, tem diálogos incríveis e um elenco afiadíssimo. Uma ótima surpresa para quem busca um filme viiolento e ao mesmo tempo, sórdido e satírico.
The same storm
"The same storm", de Peter Hedges (2021)
Roteirista de "Gilbert Grape", clássico de Lasse Hallstrom, com Leonardo DiCaprio e Jonnhy Depp, Peter Hedges escereveu e dirigiu 'The same storm"no ano de 2020, em plena pandemia da Covid. O filme é um represnetante do que se chama "Cinema pandêmico", ou seja, realizado dentro das possibilidades que haviam na época: o próprio elenco posicionava suas câmeras portáteis, sejam celulares, Ipads ou computadores e se conecvatam ao ZOom, além de terem que eles mesmo iluminarem o ambiente, se vestir e maquiar. Com 24 personagens, o filme propõe um "filme mural": cada personagem vai se conectando ao próximo, e por aí vai. Invariavelmente, as histórias acontecem durante a Covid. Uma mulher está tensa em casa esperando saber como está o estado de saúde de seu marido, internado no hospital com Covid e sem poder ter contatos; o enfermeiro que liga para ela, depois liga para uma call girl (Mary Louise Parker); ela tem um problema com sua mãe, uma viúva (Elaine May", e por aí em diante, é um painel cruel sobre o isolamento e como ele reforça o pior do ser humano. São histórias de solidão, falta de comunicação, sordidez, fragilidades. Logo no início, surge uma cartela com uma frase do jornalista Damian Barr que dá título ao filme: “Não estamos todos no mesmo barco. Estamos todos na mesma tempestade.” O elenco conta com atores conhecidos, como Sandra Oh, Mary Louise Parker, Elaine May, Raul Castillo, Ron Livingston, Rosemarie DeWitt, Alisson Pill.
quinta-feira, 23 de maio de 2024
Jaggi
"Jaggi", de Anmol Sidhu (2023)
Drama LGBTQIAP+ indiano, "Jaggi" me surpreendeu pela sua crueza nas imagens. Acho que foi o 1o filme indiano que assisti que apresenta cenas entre homens de forma explícita. O roteiro explora tragicamente o quanto a homofobia e o preconceito transforma a vida das pessoas. Com uma performance singular de Ramnish Chaudhary no papel do protagonista Jaggi, interpretando cenas intensas de sexo, incluindo dezenas de momentos de masturbação e também estupros coletivos. Filmado em Punjab, área rural pobre na Índia, Jaggi é um homem atormentado pelo seu passado e presente. Quando estudante, há 10 anos atrás, ele morava com seus pais. O pai, um polciial, era impotente e por isso sua mãe o traía com o cunhado. Jaggi também era impotente. Na escola os colegas ficaram sabendo que ele se masturbava mas não conseguia ficar com o pênis ereto, e por isso, passou a ser cmahado de gay por todos. Jaggi é estuprado por homens da cidade e pelos colegas da escola. e para piorar, o cunhado de sua mãe também o estupra. Já crecsido, Jaggi continua sendo humilhado e estuprado, até que pega em uma arma e decide se vingar.
O filme tinha tudo para ficar bem tosco, pois as situações pelos quais o personagem passa são bem exageradas. Mas cinematograficamente, o filme tem cenas bem filmadas, como por exemplo, o seu primeiroe stupro por dois homens debaixo de uma ponte. É um plano sequência que procura reproduzir a angústia de "Irreversível", de Gaspar Noé e deixa um gosto amargo na boca de tão violenta.
terça-feira, 21 de maio de 2024
Let it be
"Let it be", de Michael Lindsay-Hogg (1970)
Vencedor do Oscar de melhor trilha sonora adaptada em 1971, "Let it be" é um documentário dirigido pelo cineasta inglês em 21 dias, começando no dia 2 de janeiro de 1969, e finalizado no final do mês, totalizando 28 horas de filmagem. Quando o filme foi lançado em 1970, não teve sucesso de crítica e nem de público, que viu o filme como um registro de despedida da banda, que se desfez em 1970. A melancolia presente nas gravações, as brigas e discussão artística acerca da gravação do disco 'Abbey road", tudo foi captado pelas lentes de Michael Lindsay Hogg. Nas imagens, Yoko Ono se faz presente sempre ao lado de John Lennon, sem interagir com os outros integrantes.
O filme começa com uma conversa entre o cineasta neo-zelandês Peter Jackson e o cineasta do documentário Michael Lindsay-Hogg. O filme ficou mais de 40 anos sem ser visto pelo público, tendo sido remasterizado em 2021 pela produtora de Jackson e pela Disney, que lançou não somente o filme, como também produziu a série "Get back", de Peter Jackson, com mais de 8 horas de duração, tendo como base as filmagens de Hogg.
O final do documentário ficou famoso pelo show ao vivo no telhado do estúdio em Saville Row, atraindo uma multidão que viu a apresentação nas ruas. Com imagens antológicas e uma narrativa copiada centenas de vezes, eles cantam "Get back", "Don't let mw down", "I've got a feeling", entre outras. O rooftop concert foi a última apresentação pública da banda, iniciada ao meio-dia de 30 de janeiro de 1969 e terminou em confusão com a polícia que queria impedir o concerto por desordem urbana.
La Villa Santo Sospir
"La Villa Santo Sospir", de Jean Cocteau (1952)
Rodado em 1950, esse documentário de Jean Cocteau é considerado seu único filme com o uso de cores. Ao ser convidado pela amiga Francine Weisweiller a passar um tempo em sua Villa, chamada de Santo Sospir, em Saint-Jean-Cap-Ferat, na Côte d'Azur, Cocteau acabou criando mais de 200 desenhos decorativos em todos os ambientes da casa. Picasso decorou também alguns ambientes. O filme faz um tour por casa, repassando cada dependência, externa e interna, mostrando além das pinturas, o jardim e obras de arte. Nessa Villa Cocteau filmou posteriormente "O testamento de Orfeu".
Orgia ou o homem que deu cria
"Orgia ou o homem que deu cria", de João Silvério Trevisan (1970)
Autor do clássico livro "Devassos no paraíso", um importante documento sobre a história da homossexualidade no Brasil, João Silvério Trevisan dirigiu seu longa "Orgia ou o homem que deu cria" na esteira do movimento do cinema marginal, e trazendo muitas referências do movimento tropicalista. Bebendo na fonte da antrofopagia de Oswald de Andrade, o filme também busca influências de clássicos como "Macunaíma". Roddao em preto e branco, o filme traz uma equipe técnica de grandes cineastas: na fotografia e câmera, Carlos Reichenbach. Na montagem: João Batista de Andrade. O elenco traz Pedro Paulo Rangel, Ozualdo Candeias, Jean-Claude Bernardet, Cláudio Mamberti, entre outros.
No interior do país, um pobre agricultor (Pedro Paulo Ranbgel) acaba matando seu pai (Candeias) e segue em direção à cidade chamada Brasil. No caminho do Brasil, ele encontra diversas pessoas: um cangaceiro grávido, uma drag queen vestida de Carmen Miranda e que declama Oswald de Andrade, prostitutas, um anjo, um rei, indígenas, um padre. Nesse grupo eclético, discutem-se vátios temas. E como não poderia deixar de ser, um ato de canibalismo encerra a tragetória.
Para quem está íntimo de narrativas antropofágicas e tropicalistas do cinema marginal, vai se sentir em casa. Para inciantes, a experiência certamente trará impressões para o bem ou para o mal. A sensação de liberdade narrativa, de que vale tudo para romper com a dramaturgia clássica,é um convite para a expressão artística estritamente autoral e vanguardista.
Pet shop boys- Then and now
"Pet shop boys- then and now", de Louise Lockwood (2024)
Documentário obrigatório para fãs da dupla inglesa Pet shop boys, formado por Neil Tennant e Chris Lowe. A dupla angariou uma legião de fãs no mundo inteiro, sendo considerada pelo Guiness book como a dupla de maior sucesso da história da música inglesa. Adeptos da música eletrônica, os Pet shop boys surgiram em 1981 e já chegaram com clássicos como "West end girls", "Always on my mind", 'Rent", "It's a sin". Daí em diante, muitas canções se tornaram obrigatórias para se entender o caminho da música pop inglesa dos anos 90 e 2000, como "Being boring". "Go west", "Left to my own devices", etc. A dupla criou parcerias bem sucesiddas com david Bowie, Liza Minelli e seu clássico "Losing my mind". Criaram também trilhas para musicais e espetáculos de teatro. O filme acompanha toda a tragetória da dupla, indo até novembro de 2023, com a tour "Drwanworld"que seguiu pela América latina, e o início do lançamento do novo disco em 2024. Um presente maravilhosos para quem ama a dupla.
A saga de Slyth
'Slyth- The hunt saga", de Panjapong Kongkanoy e Supawit Suwannet (2023)
Ficção cinetífica repleta de aventura e romance realizado na Tailândia, "A saga de Slyth" é ambientado no futuro, em um mundo distópico onde a população da Terra sofre com as consequências de um incêndio florestal que polui o ar com gás tóxico. Zee, uma jovem gamer, é órfã de mãe, que morreu em um acidente de carro. Seu pai, Chris, desde então ficou de luto e se afastou de Zee. Chris é criador de games. Zee tem um grupo de jovens amigos que se reúnem para jogar. Uma noite, se deparam com Name, um rapaz com amnésia. Zee decide cuidar dele e o ensina a se adaptar ao dia a dia. Ikitar surge e quer caçar Name. Os dois pertecem à raça Slyth, um povo em forma de grandes lagartos que adquirem forma humana e que sempre ajudaram os humanos, usando seu sangue para salvar os homens de suas doenças. Mas Ikitar quer se vingar de seu povo ao tentar se rebelar contra a parceria ente humanos e SLyhts.
O filme tem um roteiro bem confuso, e parece que estamos assistindo a dois filmes diferentes. Todo o plot sobre jogos já daria um filme por si só, e a trama de vingança de Slyth, um outro filme. A mistura ficou mal ajambrada. Os efeitos de CGI são bastante fakes, mas como o filme tem como panpo de fundo o mundo dos games, a qualidade dos efeitos acaba ficando camuflada. O elenco é carismático e divertido e ajuda a manter o interesse na trama.
segunda-feira, 20 de maio de 2024
Single8
"Single8", de Kazuya Konaka (2023)
Pegando o espíritio de filmes como "A família Fabblemann" e "Super 8", "Single8" é escrito e dirigido pelo cineasta japonês Kazuya Konaka. Quando estudante colegial, ele foi inspirado pelos filmes de Spielberg e George Lucas e começou a filmar filmes caseiros para realizar seu sonho de poder fazer cinema. No filme, o alter ego de Konaka é Hiroshi (Yu Uemura). Ele junta amigos da escola, asism como a sua crush, Natsumi (Akari Takaishi), e passa a filmar filmes de ficção científica a la Ed Wood. O impacto do filme "Star wars", em 1978, o deixou fascinado com o plano inicial da nave cruzando o espaço e ele decide reproduzir da forma que pode.
O filme é bem divertido e obviamente, uma carta de amor ao cinema. Para quem é apaixonado pela 7a arte, vai se apaixonar pelo filme. Konaka faz com que seus personagens consigam realizar cenas que exigiriam milhões em efeitos de uma forma lúdica e repleta de inocência. Nos créditos finais, Konaka inclui clipes de alguns de seus próprios filmes de 8 mm entre eles, "Claws", que foi lançado em 1976 e foi uma homenagem à "Tubarão", usando um urso para atacar as pessoas.
Faceless after dark
"Faceless after dark", de Raymond Wood (2023)
Premiado terror indie, "Facelles after dark" é um terror slasher que como pano de fundo, faz uma crítica aos abusos de fãs que stalkeam e praticam bullying contra seus musos. No filme, a atriz Bowie (Jenna Kanell" ficou famosa após estrelar uma série de filmes sobre um palhaço assassino ( curiosamente, a atriz protagonizou os 2 filmes "Terrifier", também de um palhaço assassino, o que confere um sabor mais instigante). Bowie no entanto, ficou depressiva e com ansiedade após receber in;umeras mensagens de fãs que praticam bullying e mandam mensagens maldosas. Ela mora com sua namorada Jessica, também atriz de filmes de terror. Quando Jessica viaja para um trabalho, Bowie está sozinha em casa . Um fã, vestido como o palhaço do filme, invade a casa como uma brincadeira, mas acaba sendo morto por Bowie. Revigorada após matar a pessoa, Bowie decide convidar fãs abusadores para a casa e matar um por um.
O filme traz diversas referências de filmes de terror, sendo que a última homenageia Anthony Perkins em "Psicose". O roteiro é interessante, mas falvez tivesse faltado mais camadas para esses fãs, para que não focassem apenas como pessoas mau caráter. Tratar de um tema interessante como o preço da fama e as suas consequências é levado às últimas consequências aqui, e tivesse apostado mais em gore e menos em galhofas, o filme poderia ter se trnado algo mais assustador.
domingo, 19 de maio de 2024
Amigos imaginários
"If", de John Krasinski (2024)
Quem se lembra de "Divertidamente" e aquele momento de arrancar lágrimas onde a protagonista, uma menina que está se tornando adolescente, vai deixando para trás seu amigo imaginário, que desaparece de sua vida? Pois é assim 'Amigos imaginários", um filme que irá divertir e fazer chorar, escrito e dirigido por John Krasinski, mesmo cineasta do terror "Um lugar silencioso".
A adolescente Bea (Cailey Fleming) vai morar com sua avó, após sua mãe morrer de cancer e seu pai (John Krasinski) se preparar para uma cirurgia do coração. Sentindo-se triste, Bea descobre que alguém a persegue nas ruas e no prédio. Ela acaba conhecendo Cal (Ryan Reynolds) e seu amigo imaginário, Azul voz de Steve Carell), uma figura peluda gigante que só é visto por quem ainda guarda no coração, afeições ao amigo imaginário da infância. Como Bea consegue enxergar Azul, ela recebe a missão de reunir os amigos imaginários variados e fazer seus ex-amigos voltarem a enxergá-los novamente.
Muita gente comentou o quão melancólico é o filme. Não poderia ser diferente, quando o tema principal é a morte e o luto, e por conseguinte, o esquecimento dos amigos imaginários, figuras criadas por pessoas em sua fases criativas mas que por crescerem e se tornarem adultos, foram deixadas de lado. O que me chamou muita atenção é a alta qualidade dos efeitos especiais, todos excelentes, alguns lembrando as criaturas de 'Monstros S.A". Ryan Reynolds é o carisma em pessoa, assim como John Krazinsky e a jovem Cailey Fleming, no papel principal.
Pandemonium
"Pandemonium", de Quarxx (2023)
Concorrendo no festival de gênero Sitges, "Pandemonium" é um terror fantástico vindo da França. Ele lembra um pouco o drama "A passagem", sobre um homem que sofre um acidente de carro e descobre estar morto. Mas talvez a maior referência seja Zé do Caixão: um homem morre e é obrigado a entrar em um portal. Ali, ele segue até o Inferno, e encontra almas desesperadas que estão sofrendo nas mãos de criaturas monstruosas. Nathan (Hugo Dillon) sofreu um acidente de carro na estrada e ao entrar no portal, se depara com cadáveres. Ao encostar nos corpos, ele testemunhas as histórias de crimes dos mortos, entre eles, a de uma menina de 9 anos que mata seus pais à facadas e sua irmã assada no forno; e de uma mulher que não dá atenção à sua filha adoelscente que sofre bullyinga escola e que acaba se suicidando.
O filme tem tons totalmente diferentes, passando de um filme espírita a um filme meio trash, até suspense, terror psicológico e um desfecho bizarro, que fala sobre reencarnação e Anticristo. O roteiro é bem bagunçado e os episódios não possuem qualquer organicidade entre si, pareceu meio aleatório. Mas é de se louvar o trabalho da pequena atriz Manon Maindivide no papel da psicopata Nina: uma atriz tão pequena e já capaz de adquirir contornos de uma serial killer.
Sasquatch sunset
"Sasqatch sunset", de David Zellner e Nathan Zellner (2024)
Concorrendo em Sundance e SXSW, "Sasqatch sunset" me lembrou o tempo todo de 2 filmes: "A guerra do fogo", clássico de Jean Jacques Annaud sobre homens da pré-história, e "A vila", de Shyamalan. Co-produzido por Ari Aster, o filem tinha tudo para ser um filme no mínimo instigante e metafórico sobre como voltar à natureza parece ser a única forma possível da sobrevivência da civilização, tal qual "Capitão Fantástico". O filme acompanha uma família de Sasqatch, ou Pé grandes, figuras míticas que habitam as florestas, com sua aparência peluda e de homens primitivos. São 2 machos (Jesse Eisenberg e Nathan Zellner), 1 fêmea (Kiley Reough) e uma criança (Christophe Zajac-Denek). Os 4 precisams obreviver diante de animais selvagens, a natureza e da presença da civilização ( o filme se passa nos anos 90).
A longa duração do filme torna a experiência bastante cansativa, já que o filme não tem diálogos e se resume a aventura e aandanças pela floresta, lutando contra a natureza. Em momentos bem bizarros, os Sqatchs mijam e defecam para marcar território. De qualquer forma, a ousadia dos irmãos David Zellner e Nathan Zellner em realizar um filme tão atípico merece elogios.
Holadirio
"Holadirio", de Mariel Sosa (2022)
Premiado curta peruano, "Holidorio" é um filme que se apropria da fantasia e do terror psicológico para lidar com temas como colonização, desejos na adolescência e culpa. O filme acontece na região, de Pozuzo, Peru, região que foi cenário da colonização auutríaca. Tanto os nativos de origem indigena quanto os jovens de origem austríaca interagem bem. Duas histórias estranhas acontecem paralelo: um jovem casal peruano decide namorar na floresta. Chegando ali, o rapaz é guiado por um chamado sinistro dentro da floresta. Sua namorada o procura, e o vê transformado, com patas de burro, e ele se esconde de vez na floresta. Em outra história, acontece uma competição de cavaleiros. Uma menina asutríaca é apaixonada por um cavaleiro adulto peruano. Ao passear com uma amioga na floresta, ela testa um rifle, e sem querer, mata o rapaz com patas de burro.
O filme é tdo simbólico e deixa o final em aberto. Logicamente, está aberto a todas as interpretações. Os atores são todos amadores, quase em registro documental e parecendo fazerem parte de um filme de Robert Bresson, que faz de seus atores, modelos sem expressão.
Raging Grace
"Raging Grace", de Paris Zarcilla (2023)
Drama de terror co-produzido por Filipinas e Reino Unido, concorreu no SXSW em 2023, vencendo e Grande Prêmio do Júri de Melhor Filme e do Thunderbird Rising Award. O filme acompanha a imigrante filipina Joy (Max Eigenmann), trabalhadora doméstica que vai de casa em casa limpando tudo, acompanhada de sua filha pequena Grace (Jaeden Paige Boadilla), uma menina rebelde que não gosta do trabalho de sua mãe, e mais, não gosta que sua mãe a esconda aos olhos dos empregadores. Um dia, uma amiga de Joy pede para que ela a substitua em um trabalho: cuidar de um idoso, Sr. Garett Nigel (David Hayman), que está em estado terminal e morador de uma mansão isolada. Joy se anima, pois a sobrinha de Garret, Katherine (Leanne Best), que cuida do tio, decide empregar Joy, lhe pagando mil dólares por semana, mais do que ela recebia em 6 semanas. Com o dinheiro, Joy terá o suficiente para pagar a documentação necessária para se manter de vez no país. Mas Joy precisa esconder Grace na mansão, com medo que os patrões a demitam.
O terror recentemente tem sido utilizado como um gênero que metaforicamente, faz críticas sociais. Aqui no caso, é um alerta sobre maus tratos que imigrantes sofrem de patrões que representam o primeiro mundo, e de que forma são explorados. Quem gosta de terror, poderá ficar decepcionado com o ritmo do filme, que é lento. E o terror em si, vem através de pequenos jump scares e somente no ato final algo mais vai surgindo. O trabalho dos atores é ótimo, e o filme reserva alguns bons plot twists, até óbvios, mas funcionais.
sexta-feira, 17 de maio de 2024
Mamacruz
"Mamacruz", de Patricia Ortega (2023)
Co-escrito e dirigido pela cineasta venezuelana Patricia Ortega, "Mamacruz" é dedicado à mãe de Ortega e por tabela, à todas as mulheres que estão redescobrindo o sentido de viver novamente, através da aceitação de seu corpo e do entendimento da importância do sexo e do orgasmo para a felicidade e bem estar, principalmente na terceira idade. Concorrendo no Festival de Sundance 2023, essa produção espanhola acompanha Cruz (Kiti Manver, brilhante), uma avó que mora com o marido e cuida da neta adolescente, enquanto a mãe dela dedica o tempo para estudar dança. Cruz dedica o seu tempo vago à obras da igreja. Na sua rotina, o seu tempo é dedicado aos outros. Quando por acidente, ao pesquisar na internet, ela entra em uma página pornográfica, Cruz reacende a sua chama por sexo e prazer. O marido estranha sua postura e se afasta dela; a filha também estranha a mãe, achando que ela não está bem. Apenas a neta dedica seu tempo e amor à avó. Cruz dedice se matricular em um grupo de terapia da masturbação, com outras mulheres que perderam o viço da vida.
Fazendo no sub-texto uma crítica à religião e ao governo conservador, "Mamacruz" é uma dramédia com ótimos atores e uma protagonista apaixonante. Mas a polêmica existe: há uma cena onde Cruz se imagina tocando eroticamente uma estátua de Cristo, que toma forma como seu humano. Essa provocação pode levar o filme a outros lugares, mas o espectador que entender que o filme é mais do que esse momento, e sim, sobre querer viver e ser feliz, será agraciado com um filme delicado e comovente da vida de uma mulher da terceira idade.
Handling the undead
"Håndtering av udøde,", de Thea Hvistendahl (2024)
Drama de terror norurguês, "Handling the undead" concorreu em Sundance 202, de onde saiu com o prêmio de melhor trilha. O filme foi escrito e dirigido pela cineasta Thea Hvistendahl e subverte os filmes de zumbis, pelo menos até os 20 minutos finais, quando deixa claro a função dos mortos vivos no cinema de gênero. Mas a maior curiosidade acaba sendo a inclusão no elenco dos atores Renate Reinsve e Anders Danielsen Lie, do excelente "A pior pessoa do mundo". Os dois fazem parte de sub-plots diferentes e não contracenam juntos. Na trama, diversas famílias vivem o luto pela morte de algum ente querido. Um mãe (Reinsve), que mora com seu pai, vive de lito pela morte do filho pequeno, e procura se suicidar. Uma idosa sofre pela morte da irmã. Um filho sofre com a eminente morte da mãe, que sofreu acidente de carro. Quando uma estranha nuvem surge, os mortos ressuscitam. Mas eles surgem tranquilos, e interagem com as famílias.
Belamente fotografado por Pål Ulvik Rokseth, que traz cores frias enaltecendo o tom melancólico e trágico do projeto,e. uma trilha sonora envolvente de Peter Raeburn, a cineasta Thea Hvistendahl traz performances que trabalham a depressão. Não existe um personagem solar. É um drama revestido de terror, e certamente amantes do gênero ficarão insatisfeitos com o ritmo e a falta de corpos empilhados. Mas sairão com um drama existencial que traz discussão sobre a morte e o luto.
A festa do jantar
"The dinner party", de Neda Jebelli (2023)
Impressionante filme de estréia da roteirista e cineasta iraniana Neda Jebelli, "A festa do jantar" acontece totalmente na cozinha de uma casa, onde as mulheres se reúnem para preparara sobremesa da festa de casamento da filha de Najibeh (Nazanin Farahani), uma mulher de meia idade que segue os preceitos conservadores de uma sociedade machista e que coloca a mulher em papéis de subserviência. O ano é 2009, no dia em que explodiu a revolução verde, protestos de jovens contra o ditador iraniano. Enquanto nas ruas a população clama por mudanças, Najibeh liga para a confeitaria e reclama que o bolo encomendado ainda não chegou. São várias as mulheres: a sua mãe conservadora; a filha adolescente que irá se casar e que está grávida; a sobrinha revolucionária que quer ir para a rua; a filha menor que sofre bullying por estar acima do peso; a empregada que é vista como subalterna. São muitas as camadas desse filme: social, religioso, de educação patriarcal, onde a mulher reproduz tudo o que aprendeu e guia as filhas para o mesmo movimento de subserviência. Um filme que vai se tornando bem tenso e é muito fácil o espectador ficar com repulsa pelo personagem da mãe, brilhantemente interpretado pela atriz Nazanin Farahani.
quinta-feira, 16 de maio de 2024
Numb
"Asab keshi", de Amir Toodehroosta (2023)
Concorrendo em Rotterdan, "Numb" é um drama iraniano que impressiona pela forma como o roteirista e diretor Amir Toodehroosta conduz a interpretação de crianças de 5 anos de idade, que são as protagonistas de uma história com um forte cunho social e religioso, e que deixa clara que a formação de um futuro adulto já começa nessa tenra e inocente idade. Baseado em fatos reais acontecidos com si próprio e com o seu sobrinho, o filme tem uma linguagem ficional documental, e sério, fiquei chapado o tempo todo com a performance das crianças, inclusive tecnicamente falando. Existem planos sequências longos que dependem da interpretação e da movimentação delas em cena, e tudo flui perfeitamente.
Logo nos créditos iniciais, o público fica sabendo que noIrã, meninos e meninas estudam juntos apenas até o jardim da infância. Após essa turma, são separados e nunca mais se unem. O filme mostra essa dinâmica entre meninos e meninas antes da separação, e como o protagonista, o pequeno Roham, se apaixona por Rana. Quando Roham começa a expressar curiosidade sobre as relações entre homens e mulheres, o diretor do jardim de infância contrata um religioso muçulmano para orientar as crianças de acordo com os padrões religiosos e éticos da escola iraniana.
Um filme espetacular, que deveria ser obrigatório para quem trabalha com crianças, sejam educadores ou professores de artes. É mágico, e pensando no forte conservadorismo iraniano, me choca saber como esse filme foi realizado, e mais, como os pais permitiram a presença deles no filme.
quarta-feira, 15 de maio de 2024
Chime
"Chime", de Kiyoshi Kurosawa (2023)
Exibido no Fetsival de Berlim 2023, "Chime" é realizado por Kiyoshi Kurosawa, um mestre do terror japonês, diretor de 'A cura", "Pulse", entre outros excelentes filmes. O filme, como em quase todos os projetos de Kurosawa, partem de uma situação cotidiana e dela ele faz o seu terror, muitas vezes sem explicação. Os fatos apenas acontecem. Matsuoka (Mutsuo Yoshioka) é um professor burocrático e frio de uma escola de culinária. Um de seus alunos é visto como estranho pelos alunos e funcionários. Ele diz ao professor ouvir um som estranho. A partir daí, fatos inexplicáveis começam a acontecer, desencadeando um efeito dominó que desestrutura o professor e quem está próximo dele.
Belamente fotografado e filmado, o visual do filme e a edição reforçam a frieza da ambientação. Tanto a escola, as ruas e a casa do professor são vistos como ambientes clean, silenciosos, sem qualquer sinal de humanidade. É instigante e talvez irrite pelo seu final abrupto, deixado em aberto.
terça-feira, 14 de maio de 2024
Blackout
"Blackout", de Larry Fessenden (2024)
A maior curiosidade desse filme de terror sobre lobisomens, é que o protagonista , Alex Hurt, é filho do grande ator Willian Hurt. Produção independente, o filme é mais um drama existencialista sobre um homem que se descobre ser um lobisomem, assim como o protagonista do clássico "Um lobisomem americano em Londres", do que terror gore propriamente dito. Os efeitos de transformação, que são o aperitico de qualquer filme de licantropo, nem existe aqui, por falta de orçamento, e é narrado através de animação. O lobisomem que já aparece transformado é todtalmente montado com efeitos práticos, e lembra os filmes clássicos dos anos 40 e 50, com máscara e tudo. O filme tem o ser charme, mas que se perde um pouco pela longa duração e o ritmo bastante arrastado. Mas vale por umas 3 cenas de ataque: a do início, a da delegacia e a de um com pessoas que buscam ajudar um acidentado no trânsito.
Em uma cidade do interior, um artista plástico, Charley (Alex Hurt) procura um amigo, dizendo para matá-lo, pois acredita ser um lobisomem que se transforma nas noites de lua cheia. Paralelo, um delegado coloca a culpa em um imigrante latino em relação às mortes ocorridas na região.
Atualmente, boa parte dos filmes de terror usam o gênero como metáfora de alguma pauta social. Em "blackout", se discute a xenofobia em relação aos imigrantes e a forma como são maltratados. "Blackout" poderia ser um ótimo filme, e tem elementos para isso. Os atores são bons, algumas cenas são ousadas. Mas faltou uma editada para enxugar a duração, excessiva.
Campfire
"Campfire", de Austin Bunn (2023)
Premiado curta LGBTQIAP+, "Campfire" é um excelente filme dirigido pelo professor da Universidade de Cornell. Austin é professor Associado no Departamento de Artes Cênicas e Mídia, e escreveu um roteiro delicado e comovente sobre a comunidade queer na terceira idade. Mais: misturando ficção e depoimentos reais de frequentadores de um acampamento lgbt para idosos, ele narra diversas histórias, captaneadas pelo protagonista Carl (Mark Rowe), um fazendeiro casado e com uma filha que vai até um acampamento isolado na Pensilvânia em busca do homem por quem se apaixonou 30 anos atrás, Mark. Eles se conheceram na fazenda do pai de Carl e Mark era funcionário, e ambos se apaixonaram e se amaram. Mas Carl teve medo de assumir o relacionamento e deixou Mark partir. Agora, ele quer ir em busca do homem que ama.
Impossível o espectador não ficar torcendo por um final feliz, e pelo encontro entre os dois homens. O flashback, apresentando um Mark jovial, conforme a lembrança e memória de Carl, é lindamente fotografado. Ao mesmo tempo que é delicado, o filme mostra, contraditoriamente, um universo fetichista e de SM bondage. Mas como o filme deixa claro, antes tarde do que nunca. E nunca deixe de fazer algo, para não se arrepender depois.
segunda-feira, 13 de maio de 2024
Baby
"Baby", de Jessie Levandov (2019)
Excelente curta LGBTQIAP+ americano, premiado em diversos festivais de gênero. A roteirista e diretora Jessie Levandov durante mais de uma década, deu aula de cinema em escolas públicas de Nova York. Através da convivência com os alunos, JEssie pôde entender melhor a aadolescência e seus conflitos, entre eles, o da sexualidade, envolvendo o medo da masculinidade tóxica. Escalando seus atoree entre seus alunos, todos sem experiência prévia na atuação, dessa forma, trazendo uma verdade e um naturalismo comovente para uma história simples , mas impactante em seu subtexto.
Ambientado no Bronx, o filme apresenta Baby (Ali Mian), um adolescente dominicano americano do Bronx, em uma tarde de sábado, junto de sua turma em uma quadra. Eles fumam, riem, ouvem música. Baby pega o metrô e segue até uma barbearia, para coirtar o cabelo para um encontro. O barbeiro pergunta como é a garota, Baby interage. Depois Baby entra em uma loja e compra uma rosa, novamente o vendedor diz como é a garota. Até que Bbay revela quem é seu interesse amoroso: um rapaz dominicano, que BAby conheceu no encontro com a galera.
O filme revela o quanto ainda é difícil para rapazes gays conseguirem sair do armário, quando vivem e cresceram em ambientes extremamente conservadores e homofóbicos. O que a soiedade espera do homem, as expectativas. Ainda assim, o filme deixa em aberto uma luz no final do túnel, uma possibilidade do amor entre esses dois rapazes, que mesmo que se encontrem escondidos, podem florescer para algo maior do que eles.
domingo, 12 de maio de 2024
Read aloud
"Read aloud", de Blake Pruitt (2015)
Curta dramático LGBTQIAP+ , 'Read aloud" fala sobre relações efêmeras em apps compo Grindr e o que de fato as pessoas buscam ali. Justin (Isaac Josephthal) é um editor de cinema independnete que está editando diversos materiais sobre performances de drags. Solitário, Anthony marca peguetes do Grindr para irem em sua casa. Um deles é um diretor de filme independente, com quem Anthony troca informações sobre conceito de filme e performance drag. Mas o rapaz depois desse dia, não responde mais as mensagens de Anthony.
O filme traz um roteiro que me parecem 2 filmes distintos: Anthony desejar performar como drag, e a discussão acerca de relacionamentos baseados em sexo através de apps. O que poderia render um bom filme, acaba se tornando confuso e sem foco. Anthony também é apresentado como um jovem gay arrogante e sem carisma.
The surf report
"The surf report", de Courtney Powell (2016)
K (Ronadl Peet), um surfista de Rockaways, sai para surfar um dia e nunca mais volta. Freddie (Frankie Lapace), seu namorado, se desespera a saber do desaparecimento. Os dias se passam e a polícia dá o caso como encerrado. Evitando comparecer ao velório sme corpo, Freedie acaba frequentando uma taróloga.
Curioso curta dividido em 4 capítulos, o filme discute o espiritismo. Fosse aqui no Brasil, certamente a taróloga teria sido substituída por uma espírita. Não curti muito o roteiro. O que faz valer assistir são as belas locações e o bom trabalho do elenco.
Gatilho
"Trigger", de Yorgo Glynatsis e Chloe Potamiti (2022)
Baseado na história real do co-diretor, roteirista e protagonista de "Gatilho", o grego Yorgo Glynatsis. Durante uma audição para o reality show inglês "Dream island", Anthony (Yorgo Glynatsis ) é entrevistado por uma diretora de elenco, que grava os depoimentso em uma câmera. As perguntas têm caráter invaisov, com questionamentos sobre sexualidade, formas de fazer sexo, etc. Essas perguntas trazem uma lembrança de Anthony, quando ele foi à uma festa e fez sexo sem camisinha com um estranho.
Um filme premiado que traz diversos temas: o quanto uma audição pode invadir a intimidade de um ator durante um teste de elenco, e também, sobre fazer sexo sem proteção. No início, o filme traz elementos de humor, mas à medida que avança, vai ficando cada vez mais dramático. Um filme simples, porém bem executado e que deixa bem clara as suas mensagens.
Assinar:
Postagens (Atom)