terça-feira, 15 de outubro de 2024
The seed of the sacred fig
"Danaye anjir-e moabad", de Mohammad Rasoulof (2024)
Toda a vez que vejo um filme iraniano, fico chocado com a qualidade das atuações: como são espetaculares esses atores!! Vencedor do Grande prêmio do Juri e do Fipresci no Festival de Cannes 2024, "The seed of the sacred fig" se tornou conhecido mundialmente pela história de seu diretor. Mohammad Rasoulof foi condenado há 5 anos de prisão pelo Estado islâmico por conta de seus filmes, que fazem críticas ao regime iraniano. Mas ele conseguiu fugir e andou a pé até chegar à Europa e se manter exilado, sem que ninguém soubesse aonde ele estava. Mas quando "The seed of the sacred fig" foi selacionado para a Palma de Ouro em Cannes, Mohammad Rasoulof inesperadamente surgiu no grande evento. É impossível não fazer um paralelo da história sobre perseguição política do filme, à vida real de Mohammad Rasoulof. O burburinho foi tanto, que o filme acabou sendo um dos grandes favoritos ao Oscar de filme internacional 2025, mas pela Alemanha. O filme foi todo rodado às escondidas em Teerã, financiado pela Alemanha. Isso explica os ambientes claustofóbicos e apertados do filme, o que acabou trazendo um conceito à narrativa, um aprisionamento físico e espiritual da família de Iman (Missagh Zareh), um postulante à juiz em Teerã. Ele mora com sua esposa dedicada, Najmeh (Soheila Golestani) e as duas filhas, Rezvan (Mahsa Rostami) e a adolescente Sana (Setareh Maleki). Iman é incumbido de assinar uma declaração de pena de morte, sem saber os motivos. Em conflito, ele recebe de seu colega de trabalho uma arma para se proteger dos eventuais ataques da população que protesta na rua pela prisão de uma jovem estudante, temendo que a pena de morte provoque um grande tumulto e revanchismo. Iman mostra à arma para sua esposa e a esconde. Enquanto isso, as filhas, que ficam ciente de todas as manifestações populares no país por conta das redes sociais, escondem em sua casa uma amiga, Sadaf (Niousha Akhshi), agredida pela polícia aparentemente sem motivos. Quando a mãe descobre, pede que Sadaf saia de casa, temendo represálias à família. Iman descobre que sua arma sumiu, e culpa sua esposa e filhas pelo sumiço, provocando um clima de medo e insegurança.
O filme transita inesperadamente do drama para o suspense e no final, um trhiller que chegou até a me lembrar de "O iluminado", com o labirinto sendo substituído por uma construção milenar repleta de esconderijos.
O roteiro traz um elemento que conecta o filme aos filmes contemporâneos: o quanto a internet e as redes sociais ajudam a geração de estudantes a entender o que se passa em seu país, onde o governo esconde as informações da população. Um filme poderoso, repleto de camadas e sub-textos.
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