quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Um lugar bem longe daqui


 “Where the crawdads sing”, de Olivia Newman (2022)

Adaptação do best seller de Delia Owens, “Um lugar bem longe daqui” foi um enorme sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, tenso sido exibido no prestigiado Festival de Locarno.

O filme toca em diversos temas, sendo os mais importantes: violência doméstico, abandono do lar, estupro, machismo, sociedade conservadora, racismo, assédio moral, bullying, assassinato em defesa própria...enfim, são tantos os sub-plots que o espectaor fica até perdido em algum momento dessa história ambientada em 2 épocas e com dois elencos: anos 50 com os protagonistas crianças, e 1969, com eles já adultos. Kya (Dayse Edgar Jones, da premiada série inglesa “Normal people”), interpreta a protagonista na fase adulta. Morando sozinha em uma casa isolada no meio do pântano, ela é mal vista na cidade, apelidada desse criança de menina do pântano, que muitos acreditam ser meio lobo, meio humana, com criação selvagem. Ela acaba reencontrando Tate (Taylor John Smith), um garoto que ela conheceu quando criança. Diferente dos outros, Tate se afeiçoa à Kya, e como um Pigmaleao, a ensina a ler e escrever e se apaixonam. Mas quando ele passa na faculdade e se muda de cidade, ele não retorna mais, o que deixa Kya deprimida. Assim, ela se permite se apaixonar novamente por Chase (Harris Dickinson), um playboy que se diz apaixonado por ela. No entanto, logo no prólogo, vemos que Chase é encontrado morto no pântano, e Kya é considerada culpada, indo para o tribunal.
O filme é uma mistura de muitos gêneros em um só filme: drama, romance, suspense, tribunal. Pode ser muita coisa, e é, com uma duração superior a 2 horas. Mas para quem gosta de um bom filme de tribunal com o famoso ‘Whodunit” aliado à um triângulo amoroso com 3 jovens atores lindos de morrer, vai gostar do filme, que traz um desfecho que pode ser óbvio ou surpreendente, dependendo do quanto o espectador estiver atento. O filme foi produzido pela atriz Reese Wintersspoon, que está sempre em busca de obras que retratem mulheres que vivem em ambientes de violência doméstica.



Onde está Rose?


 "Where's Rose?", de John Mathis (2021)

Terror psicológico, "Onde está Rose" se apropria do gênero para falar de um tema bastante trágico, que é o do abuso e da violência doméstica contra as mulheres.

Em uma cidade do Interior da Califórnia, a família Daniel vive feliz. O pais, Mary e Nate, e os filhos: o jovem Eric (Ty Simpkins) e a pequena Rose (Skyler Elyse Philpot, ótima). Eric passou pra faculdade e está se preparando para partir, deixando sua irmã bastante triste. Eric sai para comemorar de noite com os colegas, enquanto a babá Jessica fica cuidando de Rose, com a ausência dos pais da menina. No dia seguinte, Rose desapareceu e todo se desesperam. Passado uns dias, rose retorna, mas Eric estranha e tem certeza de que não é sua irmã.
Fica bastante previsível o que está acontecendo, e o desfecho é exatamente isso, apesar de apostarem numa proposta fantástica para o desenrolar da história, até bastante confuso. Mas é um bom filme, com atores medianos, mas que mantém o interesse. A pequena atriz é o grande talento do filme, engolindo a todos.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Fogo nas montanhas


 Fire in the mountains”, de Ajitpal Singh (2021)

Premiado drama indiano escrito e dirigido por Ajitpal Singh, “Fogo nas montanhas” concorreu no Festival de Sundance 2021 e traz uma história de uma mulher que vive dentro de uma sociedade conservadora e patriarcal nas montanhas do Himalaia.

Em Uttarakhand, na Índia, Chandra (Vinamrata Rai) é uma mulher que sobrevive de vários trabalhos, entre eles, o de buscar turitas que queiram se hospedar em sua casa pobre nas altas montanhas onde não há estrada e as pessoas precisam subir por trilhas íngremes. Chandra é casada com Dharam, um homem bêbado que acredita que sua casa está amaldiçoada. O casal poussui 2 filho: Prakash, que nasceu com problemas de saúde e vive na cadeira de rodas, e a jovem Kanchan, estudiosa mas que ocupa seu tempo nas redes sociais e namorando escondida. A irmã desempregada quarentona de Dharam vive na casa da família, e Chandra acaba tendo que se ocupar e cuidar de todos na casa. O marido quer gastar as economias de Chandra com o xamã local, em uma festa chamada jagar para poder abençoar a todos e eliminar o maus espíritos. Mas tudo o que Chandra quer é construir uma estrada asfaltada para poder transportar o seu filho para a escola.
Apesar das belíssimas imagens do Himalaia, o filme é cruel e bastante duro com a protagonista Chandra, que sofre todos os horrores do patriarcado e da tradição milenar da aldeia. O filme tem um registro quase documental, com não atore espetaculares que dão vida a personagens bastante complexos e ricos. A sequência final, da festividade do Jagar, cai no realismo fantástico e é fascinante e ao mesmo tempo angustiante.

O que Josias viu


 "What Josiah saw", de Vincent Grashaw (2021). Excelente filme de terror independente americano, "O que Josias viu" apresenta uma instigante história que tem como pano de fundo a culpa carregada por uma família por mas de 20 anos, criado sob forte educação religiosa cristã.

Ha 20 anos atrás, Mary, uma mãe e esposa devota à família e à Igreja se enforca sem explicações. Nos dias de hoje, a fazenda onde ainda moram o ex-marido, Josias, e um dos filhos, Thomas, é considerada assombrada pela população da cidade. Thomas tem distúrbios mentais e Josias v6e o fantasma da ex esposa o assombrando. Os outros dois filhos, os gêmeos Eli e Mary, moram na cidade e cada um deles possui seus problemas pessoais: Eli é envolvido com uma acusação de pedofilia e tráfico de drogas, e Mary tenta a todo custo adotar uma criança. Os 3 irmãos se unem novamente quando existe a possibilidade de venda da fazenda. Mas o reencontro irá trazer traumas do passado que se revelam mortais.
Com excelentes atuações de todo o elenco, o filme ainda possui uma claustrofóbica fotografia e uma trilha sonora bastante sinistra. É um filme com um roteiro instigante, dividido em capítulo, cada um contando a história de um dos irmãos até o eu desfecho sangrento. Uma ótima pedida para quem é fã do chamado "neo terror", repleto de atmosfera e em ritmo lento mas sedutor.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Pier Paolo Pasolini- Uma jornada italiana


 "Pier Paolo Pasolini- raisen durch italien”, de Claus Bredenbock (2018)

Excelente documentário que mostra o registro de imagens e de fotos da viagem que o cineasta Pasolini, então roteirista e escritor, fez na costa italiana entre os anos de 1959 a 1971. Junto do fotógrafo Paolo di Paolo, que dá divertido depoimento sobre a personalidade s6eca e fria de Paoslini, viajaram mais de 3 mil quilômetros.

No verão de 1959, como correspondente da revista “Sucesso”, Pasolini percorreu a costa italiana. O livro que Pasolini publicou em 1959, “The long road of sand” é um relato duro e contundente sobre a Itália testemunhada por Pasolini. Segundo ele, a Itália foi entregue para os ingleses, alemães e franceses, que invadiram a costa italiana no pós guerra. Pasolini ficou chocado com a pobreza das regiões visitadas por ele: prostituição, fome, desemprego, máfia matando políticos e civis. Nessa época, Pasolini escrevi roteiros para Fellini e ensaios para revistas, além de poesias. Marxista e homossexual assumido, Pasolini sempre foi mal visto pela população conservadora e pela Igreja, que o condenava. O choque para Pasolini foi tamanho, que socialmente influenciou todos o filmes que viria a fazer, começando por “mama Roma” e “Accatone”, seus primeiros filmes que falam sobre delinquência e prostituição. Em 1963, ele documentou o comportamento sexual italiano, explicado em “Comícios de amor”, um filme de 1964. Pasolini ficou chocado com os depoimentos vagos e conservadores sobre sexo, que ele concluía dizendo ser por conta da religiosidade cristã dos italianos. No inverno de 1970-71, ele testemunhou a situação da população italiana mais empobrecida e dos inocentes que sofreram com o poder estatal. Após essas três viagens, ele concluiu que a sociedade italiana havia mudado drasticamente para pior ao longo de todos esses anos. Um filme com imagens belíssimas, ao mesmo tempo poéticas e tristes pela pobreza da população em contraste com o turistas. Para quem é fã de Pasolini, imperdível.

Assalto na Paulissta

 


Assalto na Paulista”, de Flavio Frederico (2021)
Livre adaptação do maior assalto a banco ocorrido no Brasil: foi em agosto de 2011, no Banco Itaú, Avenida Paulista. O produtor e cineasta Flavio Frederico, realizador dos filmes “Boca” e “Urbania” dá a sua versão dos fatos, ficcionalizando a vida dos integrantes da quadrilha. Curiosamente, escalou o ator Eriberto Leão, que também protagonizou “Assalto ao Banco Central”, também como um dos cabeças. Na vida real, os assaltantes tiveram ajuda de um vigilante e de um funcionário do banco que desativou os alarmes. Os assaltantes permaneceram 10 horas no banco, roubando 161 cofres particulares, com jóias, dólares, euros e muita arte.
Rubens (Leão) é o orquestrador do assalto. Rubens já tem décadas como bandido, mas decidiu que essa será sua última ação, com o desejo de morar sozinho em uma Ilha particular. Junto dele está, entre outros complexos e integrantes, Leonia (Bianca Bin), uma garota abusada pelo pai aos 15 anos e que foi adotada por Rubens. Mas durante o assalto, muita coisa dá errado, e Rubens precisa manter a calma para não botar tudo a perder.
O filme acontece em flashbacks, quando entendemos a origem dos principais integrantes, no dia do assalto, e no pós assalto. A estrutura e a dramaturgia é comum a todo cinéfilo, que já assistiu a pelo menos 10 filmes sobre assaltos a bancos, além da série espanhola ‘La casa de papel”. O que chama atenção no filme é a bela fotografia de Carlos Salaczik, e a direção de arte. Flavio Frederico merece aplausos por escalar em quase sua totalidade do elenco atores pouco conhecidos do público, mostrando sue talento.




Vida sexual em Los Angeles partes 1 e 2


 "Sex life in LA part 1 and 2", de Jocken Hick (2005)

Polêmico documentário dirigido pelo cineasta alemão Jocken Jick, famoso por ter realizado o filme “Via Appia”, rodado no Brasil em 1987, mostrando o mundo underground gay da época e protagonizado por Guilherme de Pádua. “Vida sexual em Los Angeles parte 1 e 2” concorreu no festival de Berlim na Mostra Teddy, e apresenta a vida sexual de garotos de programa, atores pornôs e produtores do entretenimento do sexo de Los Angeles em 1997 e em 2005. Através da passagem, acompanhamos o que ocorreu com os mesmos entrevistados, envolvidos com HIV, drogas, festas com orgias e muita decadência. Uma frase que resume o que move esses rapazes, proferida por um deles após realizar uma cena pornô:” Another day, another dollar, another job done.”

A produtora de Jocken Hick, curiosamente, se chama “galeria Alaska”, famoso point queer dos anos 70 a 90 em Copacabana, palco do Show dos Leopardos.


O mais famoso dos entrevistados é Tony Ward, que estrelou o clipe de Madonna “Justify my love” e foi descoberto pelo famoso fotógrafo Bruce Weber, tornando-se amantes. Ward também namorou Madonna e segundo seu relato, tinha problemas de auto-estima, se achando feio, até que weber disse que ele era bonito. Ward comovido diz que a primeira pessoa que disse que ele era bonito, aumentando sua auto-estima, foi um homem.
Repleto de cenas de sexo explícito, o filme mostra a transição da indústria pornô entre os anos 90 e os 2000: o surgimento de casas onde garotos moram e se apresentam em câmeras ao vivo, tirando os rapazes das ruas de Los Angeles. O uso de drogas pesadas (responsável pela morte de alguns entrevistados nos anos 90) e o relato da mãe de um deles, dizendo que a droga matou mas gays do pornô do que a Aids.
Em mais de 3 horas de filmes, ouvimos depoimentos dos mais variados: de pais conservadores que descobriram que seus filhos estavam no pornô ao frequentarem livrarias, de homens que moram dentro de carros ou nas ruas por falta de dinheiro, de portadores de HIV que continuam fazendo cenas de sexo, da questão do corpo e tamanho do p6enis como impositivos para a pessoa fazer sucesso. Mas talvez o momento mais triste e decadente, de cortar o coração, seja a de um garoto de programa latino, que precisando de dinheiro, é contratado para uma festa frequentado por gays de mais de 50 anos, todos usuário de drogas pesadas, tendo que fazer sexo com todos eles, repletos de feches de sadomasô, e ainda, obrigado a usar drogas. Um filme forte e ousado que retrata o undergorund do mundo queer sem censura e sem glamour.


domingo, 28 de agosto de 2022

Vera sonha com o mar


 "Vera sonha com o mar", de Kaltrina Krasniq. premiado drama co-produzido por Albânia, Kosovo e Macedônia, "Vera sonha com o mar" é um filme escrito, dirigido e protagonizado por mulheres, e retrata o drama de uma mulher de meia idade que precisa lutar contra a sociedade patriarcal e arcaica que insiste em fazer de Vera uma mulher que abaixe a cabeça para os homens. Mas ninguém esperava que ela fosse lutar pelo que é seu de direito e de sua filha. Vera (Teita Ajdini), uma intérprete de linguagem de sinais de meia-idade, tem uma vida aparentemente bem resolvida: esposa de um juiz renomado, mãe solidária e avó cuidadosa. Sua tranquilidade é interrompida de maneira brusca pelo suicídio do marido, que é seguido por uma peregrinação ameaçadora de parentes que afirmam terem direito à casa de sua família. Quando um esquema escuso começa a vir à tona, Vera ficará em perigo e prestes a ver seu mundo desmoronar. O medo e a desconfiança a farão ter o destino da família em suas próprias mãos.

Com um misto de drama e trillher de suspense, "Vera sonha com o mar" traz uma performance arrebatadora de Teita Ajdini em uma filmografia ainda pouco conhecida de países do leste europeu. 

45 do segundo tempo"


 "45 do segundo tempo", de Luís Villaça (2021)

Diretor de "De onde eu te vejo", "Cristina quer casar", "Onde cai o pano" e "3 Teresas", todos protagonizados por sua esposa, a atriz Denise Fraga, dessa vez Luís Villaça dá espaço ao universo masculino e Denise Fraga fica com um papel menor, a de esposa de um dos protagonistas. O filme é uma dramédia bastante melancólica que evoca filmes clássicos dos anos 70 italianos, de cineastas Ettore Scola, Mario Moniccelli e Dino RIsi, como "Os bons companheiros", "Nós que nos amávamos tanto" e "Aquele que sabe viver". São filmes onde a alegria e a tristeza caminham juntos em amizades que perduram anos, após um reencontro inesperado.

Pedro (Tony Ramos), Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) se reencontram após 40 anos, por ocasião de uma foto que homenageia a inauguração do metrô em são Paulo no ano de 1974. Eles precisam fazer uma foto reunido os 4 amigos, repetindo a pose, mas ao se reencontrarem, descobrem que um dos amigos morreu. Pedro é dono de uma cantina italiana, Ivan é um advogado de prestígio e Mariano se tornou padre. Pedro avisa que está cheio de dívidas e sem nenhum parente ou amigo, decide que irá se suicidar após o fim do campeonato brasileiro, após ver o seu Palmeiras ganhar. O reencontro fará com que os 3 redescubram a amizade e através da amizade e da tristeza, dar a volta por cima de conflitos pessoais que cada um deles possui.
A grande força do filme e resume no espetacular trabalho do elenco: além dos 3 e Denise Fraga, temos Louise Cardoso, Felipe Bragança, Flavia Garrafa, entre outros. A história possui momentos emocionantes, mas o ponto alto é a cena em que os amigos retornam à cidade natal no interior e revisitam a caixa d'água local. Uma cena poética, nostálgica.

sábado, 27 de agosto de 2022

A transexual


 "El transexual", de José Jara (1977)

Polêmico drama LGBTQIAP+ cult espanhol, datado de 1977 e que provocou verdadeiro furor quando do seu lançamento, e ainda hoje em dia é visto como um filme maldito e obscuro. Protagonizado pelo astro espanhol de Filmes B Paul Naschy, famoso por interpretar papéis de Lobisomens em inúmeras produções. Naschy se baseou em sua história real para c-escrever esse roteiro: em uma ocasião, ele foi em um bar e ficou seduzido por uma linda mulher. Quando ele foi ao banheiro, a mulher estava ao seu lado e ele descobriu que ea era uma travesti. Fascinado pelo universo, Naschy escreveu a história de Lorna (Agata Lys, famosa transexual espanhola da época), uma mulher que desapareceu sem deixar vestígios. Obcecado por Lorna, o policial Sergio (naschy) entrevista várias pessoas próximas à ela, entre elas, o namorado que desconhecia que ela era trans, e as amiga travestis. Sergio passa a frequentar o Gay Club, e lá, vai conhecendo a fundo o universo underground dos shows de travestis, além de pesquisar cientificamente a cirurgia de vaginoplastia, que é a de reconstrução da vagina no lugar do pênis e testículos.

Um filme absolutamente underground, fascinante por trazer uma dezenas de shows de travestis reais, além de depoimentos reveladores sobre cirurgias e consequências de se descobrir morando em um corpo que não lhe pertence. Misto de ficção e documentário, é impressionante que tenha sido lançado há quase 45 anos atrás.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Miss Futuro


 "Miss Futuro", de Antonio Morales (2021)

Um projeto independente de baixíssimo orçamento espanol, a comédia dramática LGBTQIAP+ "Miss Futuro" lembra bastante os primeiros filmes de Almodovar nos anos 80, filmes politicamente incorretos e sujos, underground. O filme, rodado em Madri e Nova York, traz como protagonista uma freira, Irmã Cassandra (Ada Fernandez), que no passado já foi atriz mas decidiu se livrar dos pecados da profissão e se tornar religiosa. Quando Cassandra é flagrada lendo a biografia de Woody Allen, a irmã Ada lhe propõe uma missão para se purificar: ir até um bosque em Madri onde os gays fazem pegação, e ali, jogar água benta nos pecadores para eles se converterem. Mas Cassandra acaba se assumindo no parque também como pecadora. Ela rouba um busto em uma igreja e o vende, e com o dinheiro decide viajar até Manhattan, cidade que ela viu em inúmeros filmes. Mas chegando lá, ela acaba conhecendo um universo underground, digno dos filmes de Andy Warhol, com sua fauna de travestis, drags, gays e prostitutas.

O filme tinha tudo para se rum cult trash, mas acaba sendo apenas um filme ruim, chato, sem graça. A parte de Nova York é horrível, com a câmera na mão acompanhando Cassandra em uma viagem sem fim por ruas, baladas e afins. A parte mais divertida é a do bosque de pegação e a freira jogando água benta nos gays. Mas no geral, não segura a atenção.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O cego que não queria ver o Titanic


 "Sokea mies joka ei halunnut nähdä Titanicia", de Teemu Nikki (2021)

Belo drama finlandês que traz ao espectador a sensação de estar no ponto de vista de seu protagonista, um homem cego e paralítico. Somente Jaako (Petri Poikolainen) está em foco, o restante: ambientes, pessoas, estão desfocadas. É uma sensação incômoda que nos faz assistir ao filme com bastante angústia. O ator Petri Poikolainen é cego de verdade, e portador de esclerose que o tornou paraplégico. O cineasta Teemu Nikki conheceu Petri Poikolainen durante o serviço nacional finlandês na década de 1990; eles se tornaram amigos, mas perderam o contato logo depois. Nikki passou a ser um respeitado diretor de cinema; Poikolainen tinha acabado de começar a se destacar como ator de teatro quando foi atingido por um diagnóstico devastador de esclerose múltipla, que acabou tirando sua visão e capacidade de andar. Quando ele se reencontrou com Nikki mais de 20 anos após seu primeiro encontro, o diretor sugeriu fazer um filme juntos. A história é simples: Jaakko é cego e está preso a uma cadeira de rodas. Ele ama Sirpa, embora estejam distantes um do outro. Os dois nunca se encontraram pessoalmente, mas se falam todos os dias por telefone. Quando Sirpa avisa que está morrendo de câncer, Jaakko decide visitá-la imediatamente, apesar de sua condição. Para isso, ele precisa confiar em pessoas estranhas, uma vez que seu cuidador está indisponível.

O filme se torna tenso a partir da metade do filme, mas até lá, tem momentos de humor, por conta de seu protagonista, que é cinéfilo e traz tiradas sobre cinema em tudo o que fala. É um incrível experimento de linguagem, e mereceu todos os prêmios no Festival de Veneza 2021.

Não! Não olhe!


 "Nope", de Jordan Peele (2022)

Filmaço de Jordan Peele, realizador dos cults de terror "Corra!" e "Nós!', prejudicado apenas pela sua longa duração de 130 minutos. O filme poderia ter sido resolvido com meia hora a menos, mas ainda assim, oferece momentos mágicos de fascínio cinematográfico, graças à fotografia e às incríveis locações na Califórnia, uma super homenagem aos faroestes.

Após um estranho incidente onde o pai morre, ao ser alvejado por uma moeda que caiu do céu e furou o olho e o cérebro, os irmãos Oj (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) cuidam sozinhos do rancho, um criador de cavalos para serem usados em filmagens. Ali perto, existe um parque temático que pertence à Jupe (Steven Yeun), um ex-ator mirim, único sobrevivente de uma chacina provocada por um chimpanzé em um set de filmagem. Jupe acredita ter sido um milagre e que ele possui algum dom mágico que o livra de eventos perigosos. Quando a eletricidade cai, é sinal de que algo estranho irá acontecer na região. Os irmãos acreditam ser um OVNI e decidem tirar uma foto para vender e ganhar dinheiro.
O filme, diferente dos outros projetos escritos por Peele, não possuem o tema que discute a questão da segregação racial, até porquê aqui o elenco tem uma enorme diversidade, formada por negros, asiáticos e latinos. A pauta aqui é uma crítica feroz à cultura do entretenimento fútil, que faz com que as pessoas olhem para situações banais ao invés de prestarem em coisas mais importantes. O filme diverte, tem cenas de efeitos especiais muito bons, ( somente a nave espacial é estranhíssima, feia). Parece mais um filme de Spielberg, ou um "Cloverfield" versão Califórnia.

Predestinado : Arigó e o espírito de Dr Fritz


 "Predestinado : Arigó e o espírito de Dr Fritz", de Gustavo Fernandez (2021) Cinebiografia adaptada do livro escrito pelo jornalista John G. Fuller. O roteiro, escrito por Jaqueline Vargas, foi dirigido pelo diretor de tv Gustavo Fernandez, em sua incursão cinematográfica. O filme traz ao público a história de José Pedro de Freitas (1922 - 1971) mais conhecido por Zé Arigó (Dalton Mello), um homem simples , sindicalista, e que morava junto com a sua esposa Arlete (Juliana Paes) em Congonhas, Minas Gerais. Durante a década de 50, uma época em que o espiritismo não era uma religião difundida no Brasil, sofrendo preconceitos da sociedade, da comunidade médica e da justiça, Arigó acabou sendo levando à prisão, Arigó alegava que conseguia curar as pessoas, incluindo políticos influentes, quando suas habilidades mediúnicas o colocavam em contato com o espírito do Dr. Adolph Fritz, um médico alemão que teria morrido em 1918, no último ano da Primeira Guerra Mundial. Arigó . Hoje diz-se que Arigó atendeu gratuitamente mais de 2 milhões de pessoas.

O filme é tecnicamente impecável, com fotografia, figurino e direção de arte afinados. A trilha sonora, embora excessiva, ajuda a dar a atmosfera emotiva à história, muitas vezes excedendo no tom do suspense e do terror, gênero que muitas vezes o filme se aproxima. O elenco, grandioso, é capitaneado por um Danton Mello absoluto, em excelente performance.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Decision to leave


 "Decision to leave", de Park Chan-wook (2022)

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2022 para melhor direção e indicado pelo país para representá-lo no Oscar 2023, "Decision to leave" é dirigido e co-escrito pelo premiado Park Chan-wook, cultuado cineasta, realizador de "Oldboy", "Lady vingança" e "A criada", rodado 6 anos antes de "Decision to leave". O filme é uma trama noir com ecos de Hitchcock, e muitos críticos viram referências à "Um corpo que cai". O filme tem uma trama complexa, que envolve uma femme fatale, romance, traição e suspense, com uma direção cheia de maneirismos de câmera e estilo.

O detetive hae Jun (Park hae il) trabalha em Busan. Ele lamenta não haver mais assassinatos na cidade, e vive cuidando de casos triviais. Até que em seu caminho, surge uma morte: um homem caiu de uma montanha. O acidente pode ter sido acidente, mas o detetive acredita que possa ser um assassinato e decide entrevistar a viúva, Seo Rae ( a atriz chinesa Tang Wei, de "Desejo e perigo", de Ang Lee). O detetive é casado, mas o charme e mistério de Seo Rae o instigam e ele fica cada vez mais apaixonado por ela, ao passo que precisa elucidar o crime.
O filme tecnicamente é impecável: direção, fotografia, trilha sonora que traz elementos de "Vertigo", de Bernard Hermann. Park Chow Woo sabe criar estilo único, em movimentos de câmera e enquadramentos originais. O filme é longo, quase 140 minutos, e tem um momento que fica bastante confuso. Mas acaba sendo um grande hino ao amor bandido, com um desfecho arrebatador. O uso do celular em cena e sua tecnologia é muito bem aproveitado.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

A sala imaculada


 "The immaculate room", de Mukunda Michael Dewil (2022)

Drama independente que traz uma metáfora sobre relacionamentos durante o confinamento da Covid-19, mas sem contextualizar a pandemia. O filme possui apenas 3 atores e um único cenário, uma sala branca e estilosa onde um casal participa de uma aposta de onde poderão sair com 10 milhões de dólares, mas para isso deverão permanecer por 50 dias trancados nessa sala.

Mike (Emile Hirsch) e Kate (Kate Bosworth), o casal, farão parte de um experimento psicológico. Se eles puderem ficar juntos por todo o período, ganharão US $ 10 milhões no total e, se um deles decidir sair, o prêmio em dinheiro será reduzido para apenas US $ 1 milhão. Mas a pandemia da covid ensinou que pessoas confinadas num ambiente pode dar certo ou pode dar tudo errado. O filme tem como tema o isolamento e claro, a ganância. COm um roteiro obvio que traz o pior do ser humano quando o objetivo é ficar rico, "A sala imaculada" não traz muitas novidades e nem faz a gente torcer por nenhum dos dois personagens. É tedioso, arrastado. Talvez um motivo seja assistir a Emile Hirsch, um ótimo ator mal aproveitado nos últimos anos e que teve seu momento de honra com a obra rima "Na natureza selvagem". Mas infelizmente, não será com esse filme que Hirsch fará sua reaparição que tanto esperamos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Aos nossos filhos


 "Aos nossos filhos", de Maria de Medeiros (2019)

Atriz cultuada que já trabalhou com Tarantino em "Pulp fiction", a portuguesa Maria de Medeiros estreou na direção com o ótimo "Capitães de Abril", sobre a revolução dos cravos em seu país. Maria e a autora e atriz Laura Castro protagonizaram a peça escrita por Laura "Aos nossos filhos", e agora, ambas trazem o texto às telas do cinema, com Marieta Severo fazendo o papel de Medeiros, e Laura Castro repetindo sua personagem, na complexa e traumática relação entre mãe e filha. Marieta é Vera e Tânia (Laura Castro) é sua filha, casada com a publicitária Vanessa (Marta Nóbrega). Vera está se divorciando de Fernando (José de Abreu). Enquanto Vera se mostra conservadora e homofóbica, Fernando dá total apoio à relação lésbica da filha. Vera foi torturada na ditadura, e seu primeiro filho, Sérgio, desapareceu no Dops. Vera passou a vida toda procurando, sem esperanças, pelo filho. Isso faz com que ela não apoie a inseminação artificial que sua filha pretende fazer, achando um absurdo não adotar uma criança. Vera é também diretora de uma Ong na comunidade que atende crianças soropositivas.

O filme traz um ótimo elenco, que inclui Ricardo Pereira, Julia Bernat, Antonio Pitanga, Aldri Anunciação. Mas é justamente o excesso de personagem que esvai muito da dramaturgia do filme. Com um tema forte: ditadura X cidade sitiada por traficantes, Vera vive o constante trauma de armas em sua rotina. Mas o filme também quer falar de muitos outros temas. Ainda assim, é um filme enérgico, poderoso nos embates entre as protagonistas. Marieta traz muita dignidade à sua personagem, que ao mesmo tempo que é retrógrada, sabe defender crianças soropositivas e não teme policiais armados na descida do morro. Uma mulher valente, que representa as mulheres determinadas e fortes do país.

domingo, 21 de agosto de 2022

Ela e eu


 "Ela e eu", de Gustavo Rosa de Moura (2021). Prêmio de melhor atriz para Andrea Beltrão no Festival de Brasília 2021, "Ela e eu" é um delicado e sensível drama co atuações formidáveis de todo o elenco protagonista, e conta de forma potente um tema já banalizado em films americanos: o despertar de uma pessoa em coma, após duas décadas vivendo em estado vegetativo, e de que forma o mundo ao seu redor se modifica. Há 20 anos, Bia (Beltrão) entrou em coma no momento do nascimento de sua filha, mas isso não impediu que por todo esse tempo ela tenha feito parte do dia-a-dia da família, mesmo que desacordada. Um dia, extraordinariamente, Bia acorda e provoca uma mudança radical na vida de todos que estão a sua volta. Enquanto ela precisa reaprender a falar, a andar e a se relacionar, sua filha já adulta, seu ex-marido e a atual mulher dele terão de se readaptar a uma nova configuração familiar, muito mais complexa e cheia desafios. Carol (Lara Tremouroux) interpreta a filha, Carlos (Eduardo Moscovis), o seu ex-marido e Renata (Mariana Lima), a atual esposa. Tem também Sandra (Karine Teles), a cuidadora, e Giovanna (Jessica Ellen), a namorada de Carol. A rotina da família se transforma, e Renata é a quem mais sente as mudanças de forma clara: Carol já não lhe dá mais a mesma atenção como matriarca, e Carlos fica dividido no amor de duas mulheres. Nessa complexa trama sobre vidas comuns expostas a um evento extraordinário, o filme aposta todas as suas fichas nas atuações, e certamente, o espectador ficará recompensado. A fotografia, bela, é de Barbara Alvarez. 

A mãe


 "A mãe", de Cristiano Burlan (2022)

É curioso como o filme de terror "A corrente do mal", de 2014, inspirou a linguagem de 2 filmes brasileiros autorais recentes: "Vento seco", de Daniel Nolasco, e "A mãe", de Cristiano Burlan, um vigoroso e potente drama. são s travelling em zoom, longos, que começam em planos gerais e vão se aproximando assustadoramente e lentamente de seu objeto de foco. "A mãe" é a homenagem do roteirista e cineasta Sristiano Burlan às mães de maio: Um movimento social formado por mães de jovens assassinados e desaparecidos em São Paulo no período de 12 a 20 de maio de 2006, quando pelo menos 584 pessoas foram mortas no Estado. Marcélia Cartaxo é Maria, uma camelô moradora da periferia, e mãe do jovem Valdo (Dunstin Farias) que sonha em ser jogador de futebol. Quando MAria sai para trabalhar, ela pede para que seu filho arrume a casa antes de ir para a escola. Mas um amigo de Valdo, Jonas, o chama para ir à seleção de jovens talentos do time, e ele acaba indo. No dia seguinte, Valdo não aparece, e aí começa a peregrinação de Mara em busca de seu filho. Com um elenco de apoio muito bom, composto por Helena Ignez, Tuna Dwek, Carlos Meceni, entre outros o filme foi premiado no Festival de Gramado 2022 com melhor direção, atriz e desenho de som. Nesse épico intimista de uma mãe coragem, não tem como não falar do trabalho excepcional de Marcélia, forte, potente, emotiva, feroz. E também do jovem Dustin Farias, um ótimo trabalho em cenas poderosas. Um retrato nu e cru sobre uma sociedade decadente, uma policia corrupta e assassina e instituições falidas.

Marte um


 "Marte um", de Gabriel Martins (2022)

Drama mineiro que concorreu no prestigiado Festival de Sundance e premiado no Festival de Gramado 2022 nas categorias melhor longa do juri popular, melhor trilha sonora para Daniel Simitan e melhor roteiro,

"Marte um" é a estréia solo de Gabriel Martins, da produtora mineira Filmes de plástico, que já havia co-dirigido o excelente "No coração do mundo". "Marte um" lembra muito "Minha vida de cachorro", clássico filme sueco com toques de fantasia e que tem como protagonista um menino que sonha em fazer uma viagem espacial e morar em outro planeta, tudo como metáfora de um Brasil que elegeu Bolsonaro em 2018.
O filme foi rodado em 2018 e a história começa no dia em que Bolsonaro foi eleito. Assim, acompanhamos a rotina de uma família negra de classe média baixa, a família Martins: Tércia (Rejane Faria), a mãe, diarista, passa por um sufoco ao se envolver em uma gravação de uma pegadinha e começa a desenvolver insônia e síndrome do pânico. Eunice (Camilla Souza), a filha, deseja sair de casa para morar com sua namorada, mas não tem coragem de falar sobre seu relacionamento gay com seus pais. O pai, Wellington (Carlos Francisco), trabalha em um condomínio chique e coloca todas as esperanças da família no talento do pequeno Deivid (Cícero Lucas) com o futebol. Mas o sonho de Deivid é virar astrofísico, e um dia viajar para Marte na primeira missão de colonização.
O filme tem um tom naturalista e assim como em "Um som ao redor" e "No coração do mundo", vai acompanhando cada personagem em sua rotina alterada por algum tipo de evento do cotidiano. Belo, simples mas com muita garra e afeto, é um filme que vislumbra um Brasil melhor no futuro, através da simbólica imagem da família olhando pelo monóculo as estrelas, sonhadores.

Glorious


 "Glorious", de Rebekah McKendry (2021)

Os roteiristas, produtores e cineasta de "Glorious" devem ter tomado um ácido daqueles bem porretas para poderem ter realizado um filme ousado e corajoso que mistura "Glory holes"( buracos em cabines de banheiros públicos onde homens colocam seus pênis para fetiches), mundo apocalíptico, Deuses míticos, Twilight zone e efeitos trash anos 80. A esse grupo ainda acrescento o ator JK Simmons, vencedor do Oscar de coadjuvante por "Wiplash" e me pergunto como ele foi convencido a participar desse projeto mega trash Z. Mas o filme tem o seu valor, que é simplesmente ligar o foda-se e trazer um conto de Twilight zone meio Queer, meio trash e com um elemento surpresa no seu final, um plot twist até interessante que traz toda uma nova revelação para o protagonista Ryan Kwanten , no papel de Wes, um viajante que para o seu carro em uma estrada isolada. Ele começa a encher a cara e decide queimar todos os pertences de sua ex Brenda, onde aparentemente ele rompeu o relacionamento. No dia seguinte, ele acorda sem calças em um banheiro público imundo. Uma voz surge na cabine do lado, divididos por um glory hole. A voz se autodenomina “Ghatanothoa”, e se revela um filho de um Deus que quer destruir o mundo.

90 por cento do filme acontece dentro do banheiro público, e isso se torna um grande desafio para a cineasta, que consegue administrar dinâmica em espaço tão apertado. O filme tem cores e direção de arte anos 80. tudo bem trashzão. Os atores se entregam à proposta do projeto e no final, depois de muitas vísceras, gore e podreira, a gente até se diverte, se você curtir esse tipo de filme.

sábado, 20 de agosto de 2022

Broker


 "Broker", de Hirokazu Koreeda (2022)

O super premiado cineasta japonês Hirokazu Koreeda, assim como os irmãos Dardenne e o sul coreano Hong San Soo , sempre saem premiados dos Festivais mais importantes do mundo, entre eles, Cannes. Em 2018, Korreda venceu a Palma de ouro por "Um assunto de família", e desde então tem experimentado uma carreira internacional. Em 2019, filmou o francês "A verdade", com Catherine Deneuve, Juliette Binoche e Ethan Hawke. Agora, ele filmou uma produção Sul coreana, e venceu 2 importantes Prêmios em Cannes 2022: A palma de ouro de melhor ator para Song Kang Ho e prêmio do Juri ecumênico no Festival de Cannes 2022. Song Kang Ho vem a ser o ator protagonista de "Parasita", o maior sucesso do país, e aqui, interpreta um vigarista, Sang-hyeon. que junto de seu parceiro, Dong Soo (Dong-won Gang), roubam os bebês deixados para adoção por mães arrependidas. Na coréia do sul, elas podem abandoná-los dentro de caixas públicas. Eles vendem os bebês no mercado negro de adoção. No entanto, quando uma jovem mãe volta depois de ter abandonado seu bebê, ela os descobre e decide acompanhá-los em uma viagem para entrevistar os potenciais pais adotivos. Duas detetives, entre elas Soon Jin ( a super estrela Doona Bae, de 'Sense 8") estão no encalço do grupo.

Um tema recorrente na filmografia de Koreeda é a família desfuncional, e assim como em "Um assunto de família", aqui a família é formada por pessoas que não possuem parentesco. O filme é belo, muito bem interpretado, às vezes emocionante, às vezes seco. É um filme triste, sobre pessoas solitárias que habitam a grande metrópole e que almejam um mínimo de esperança para as suas vidas.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Minha verdade: O estupro dos 2 Coreys


 "My truth: The rape of two Coreys", de Brian Herzlinger (2020)

Polêmico documentário produzido pelo ator Corey Feldman e dirigido pelo seu amigo Brian Herzlinger e que narra o suposto estupro que os dois dos maiores astros juvenis de Hollywood dos anos 80, Corey Haim e Corey Feldman sofreram na mão de abusadores que faziam parte do entretenimento de Hollywood. Corey Feldman, hoje com 48 anos, por anos prometia fazer um documentário onde finalmente expusesse os nomes desses grandes predadores, e na esteira do movimento #metoo, acabou finalmente fazendo, com a finalidade de assim, evitar que novos atores mirins ficassem em suas mãos e relatassem o que de fato rola nos bastidores. Corey Haim e Corey Feldman foram melhores amigos e juntos, protagonizaram 9 filmes juntos nos anos 80: "Os garotos perdidos", "Sem licença para dirigir", "Um sonho diferente", entre outros. Feldman ainda protagonizou dois dos maiores clássicos juvenis da época: 'Conta comigo" e "Os Goonies".

O filme narra a longa jornada do ator para conscientizar a situação dos atores mirins que, segundo ele, sofrem abuso nas mãos do indústria do entretenimento. É também é uma chance de honrar uma promessa que fez ao seu melhor amigo, Corey Haim , de “contar sua história”. Haim faleceu em 2010, aos 38 anos, de pneumonia. Muitos alegam, entre eles Feldman, que ele estava bastante enfraquecido psicologicamente devido a circunstâncias que teriam acontecido em sua vida, além de não estar mais trabalhando. A mãe de Haim, Judy, é acusada por Corey Feldman de querer se promover em cima da morte de seu filho e de inventar histórias. Mas Feldman bota a boca no trombone e dá nomes que todos queriam ouvir: seu ex-empresário, Marty Weiss, Alphy Hoffman, proprietário do Alphy's Soda Pop Club, uma espécie de Clube para crianças que foi popular no final da década de 1980. e frequentado por astros mirins. Feldman também acusa seu ex-assistente John Grissom de molestá-lo sexualmente e Dominick Brascia, um ator que fez amizade com Haim e Feldman nos anos oitenta. Mas o nome que Feldman acusa e que provocou burburinho em Hollywood é o do ator Charlie Sheen: segundo ele, Sheen estuprou Corey Haim dentro de um trailer, durante as filmagens do filme "Lucas", quando Haim tinha 13 anos de idade. Haim não teria tido coragem de contar para ninguém, somente para Feldman.
O filme é contundente, mas faltam depoimentos de algumas pessoas acusadas. Ainda assim, é certamente um alerta para todos sobre tantos casos de assédio tanto sexual e moral com atores e atrizes que ficam na berlinda entre querer continuar trabalhando, ou ameaçados de nunca mais trabalharem novamente.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

South Park : The 25Th anniversary concert


 "South Park : The 25Th anniversary concert", de Alex Coletti (2022)

Celebração dos 25 anos da série 'South Park", criada em 1997 e famosa pelo politicamente incorreto e pela escatologia. Seus protagonistas Cartman, Kenny, Stan e Kyle, crianças amadas e totalmente sem noção, se tornaram ícones da cultura pop, tendo o bordão "Os my God, they killed Killed" se tornado um meme antes mesmo desse termo se tornar famoso.

Nos dias 9 e 10 de agosto de 2022, os criadores do programa, Matt Stone e Trey Parker, subirem ao palco em sua cidade natal, Denver, Colorado, e tocarem uma seleção dos números musicais mais memoráveis ​​de South Park com o apoio das bandas de rock Primus e Ween. O setlist trouxe 32 músicas tocadas nos episódios, mas muita gente sentiu falta de “Chocolate Salty Balls” cantada pelo Chef (Isaac Hayes), mas parece que o imbroglio entre os criadores e o cantor impediu que fosse cantada.
Para fãs, obviamente, é uma festa. Ver as cenas antológicas sendo exibidas no telão, e o público fandom vestido a caráter na platéia é uma diversão à parte.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A vingança dos camarões brilhantes


 "La revanche des crevettes pailletés", de Maxime Govare e Cédric Le Gallo (2022)

Em 2019, o filme francês 'Os camarões brilhantes" fez um enorme sucesso no mundo inteiro, com um misto de 'Priscila, a rainha do deserto" em ambiente de pólo aquático Lgbtqiap+. Agora, dois anos depois, os roteiristas e cineastas Maxime Govare e Cédric Le Gallo retornam com os mesmos personagens, a equipe de pólo aquático gay "Os camarões brilhantes" e seu treinador hetero. Eles irão participar de uma competição em Tokyo, e todos se reencontram no aeroporto para embarcar, com escala na Rússia. Um novo integrante se une ao grupo, o hetero Selim, que desconhece que o grupo é gay. Ao chegarem na escala na Rússia, descobrem que as passagens foram compradas em data errada, e que devem permanecer um dia na Rússica. Mas logo eles testemunham a homofobia do governo e da população, através de centros de conversão e da polícia homofóbica.

Mais dramático do que o filme anterior, com cenas até bastante distantes do humor habitual, "A vingança dos camarões brilhantes" é um grande alerta contra países cuja política de segregação e de violência contra a comunidade Lgbtqiap+ é exposta. Os atores são todos estereotipados dentro do universo queer, mas defendidos com brio pelo ótimo elenco. A sequência final com todos cantando "Heroes", de David Bowie, é bem emocionante.