sexta-feira, 30 de julho de 2021

O menino atrás da porta


"The boy behind the door", de David Charbonier e Justin Powell (2021)
Filme de terror de estréia da dupla David Charbonier e Justin Powell, que também escreveu o roteiro.
O filme tem uma história simples, mas de excelente execução em relação à decupagem, fotografia, atmosfera de suspense e tensão. Mas o mais surpreendente é o formidável trabalho dos dois jovens atores Lonnie Chavis como Bobbie e Ezra Dewey como Kevin. Ambos são dois melhores amigos, mas a caminho de um jogo, são sequestrados. Ambos acordam em um porta malas. Kevin é levado para dentro de uma casa isolada, Bobby deixado para morrer sufocado. Mas Bobby consegue fugir, mas ao ouvir os gritos de socorro de Kevin, decide entrar na casa e salvar o amigo.
Os cineastas disseram que a inspiração deles para o filme veio de dois filmes: "O iluminado" e "Os Goonies". Do filme de Kubrick, veio todo o uso de um machado, inclusive na famosa cena da porta do banheiro. De ös Gonnies", veio a inspiração da amizade entre dois meninos, mas aqui a atmosfera é de tensão total e muito sangue.
O desfecho é que estraga o roteiro, com uma solução Deus ex-machina. Mas ainda assim vale assistir, pelo ótimo trabalho dos meninos.



Hitchcock – O Homem Por Trás do Ídolo


"Dans l'ombre d'Hitchcock- Alma et Hitch"", de Laurent Herbiet (2019)
Documentário obrigatório para fãs de Hitchcock. Esse diferencia de tantos outros documentários sobre um dos grandes gênios do cinema por focar parte da narrativa na relação de mais de 50 anos de Hicth com sua esposa Alma Reville. Ele a conhecer em Londres, em 1922. Hitch ainda não dirigia. Era assistente de direção, editor, cenógrafo e diretor de produção. Alma era editora, assistente de direção e atriz. Depois de um tempo trabalhando juntos, Hitch propôs casamento. Em 1928, já como diretor, Hicth dirige o primeiro filme sonoro da Inglaterra: "Chantagem". Nesse mesmo ano, nasceria sua filha Patricia. Muito apegado à sua família, Hitch aceita o convite de Hollywood e se muda para lá em 1939. Seu primeiro filme é "Rebecca", produzido por David Selznick, que exercia sobre Hicth uma pressão muito grande. Hicth disse em entrevista para Truffaut que suas grandes referências de cinema eram os filmes do Expressionismo alemão, principalmente Murnau, e os filmes soviéticos de Pudovkin e Eiseistein. Essas referências de montagem é que fizeram com que Alma sugerisse a ordem dos planos na famosa cena do chuveiro de "Psicose". De Murnau, Hicth ouviu"Não interessa o que você vê no set, e sim, o que você vê na tela do cinema". Essa foi a grade deixa para Hicth se apegar à ilusão em seus filmes.
Outra curiosidade foi quando estourou a 2a guerra: sem poder se alistar no exército por conta de sua idade e peso, Hicth decidiu ir para Londres e filmar vários curtas a favor da resistência, escalando atores franceses. O filme também explora a obsessão de Hitch por protagonista loiras, e o seu famoso trabalho de direção de atores, sádico segundo algumas atrizes como Tippi Hidren.
Em 1979, em uma noite de homenagem à Hitch oferecido pelo American Film Institute, Hicth subiu ao palco e citou quatro pessoas que lhe ofereceram carinho e compreensão: a roteirista, a editora, a mãe e a melhor cozinheira, Alma Reville, todas na mesma pessoa. "Eu vi que o homem não pode viver de assassinato sozinho. Ele precisa de afeto, aprovação, incentivo e, às vezes, uma boa refeição."

Seja meu namorado, Charlie Brown


"Be my valentine, Charlie Brown", de Phil Roman (1975)
Clássica animação de 1975, escrita por Charles M. Schulz, criador de Peanuts e sua turma, e falecido em 2000.
O filme se passa no Valentine's day e todos os alunos precisam enviar cartinhas secretas e presentes para as pessoas interessadas. Charlie Brown acredita que receberá muitas cartas; Schroeder está apaixonado pela sua professora e compra presente para ela, enquanto Sally acha que o presente é para ela; Snoopy procura dar uma de cupido, sem sucesso.
O filme é muito engraçado e mais do que nunca, mostra as neuras em pensamentos de adultos de toda a galera. A trilha sonora com música clássica é um barato, as gagas com Snoopy são geniais. Mas nada supera a história de Charlie Brown e seu já famoso azar no amor. Charlie Brown é o alter ego de Charles M. Schulz, que na infância, se sentia rejeitado.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Uma mulher casada


"Une femme marieé", de Jean Luc Godard (1964)
Um dos mais belos filmes de Godard de sua primeira fase, fotografada pelo parceiro Raoul Cottard responsável por alguns dos planos mais belos da filmografia do cineasta. Em preto e branco, acompanhamos 24 horas na vida de Charlotte. Assim como "Viver a vida", o filme é dividido em fragmentos, no caso, sete, revelando o triângulo amoroso vivido por Charlotte (Macha Méril), Pierre, o marido piloto de avião (Philippe Leroy) e Robert, o amante (Bernard Noël).
O filme traz a linguagem narrativa de Godard, com narração em Off, cartelas dando com letreiros e frases explicativas e a composição de quadros que fazem com que cada fotograma seja uma pintura.
Um ano depois, Agnes Varda lançou "As duas faces da felicidade", com tema e narrativa bastante parecidos, inclusive com os planos tableau da relação sexual do casal de amantes. Um filme para ver e rever, com um lindo trio de atores principais.

TEmpo


"Old", de M. Night Shyamalan (2021)
Livre adaptação da HQ francesa "Sandcastle", de Pierre-Oscar Lévy, Shyamalan novamente traz um plot twist final para esclarecer tudo o que vimos até os cinco minutos finais.
A família encabeçada por Guy (Gael garcia Bernal) e sua esposa Prisca (Vicky Krieps) e seus dois filhos adolescentes, Trent (Alex Wollf quando mais velho) e Maddox (Thomasin McKenzie) quando mais velha se hospedam em um resort paradisíaco. O casal está em crise. O Gerente do hotel propõe à família um passeio em uma praia exclusiva, com acesso somente por um túnel de rochas. A eles, se juntam outros hóspedes. O que parecia ser um passeio, se transforma em um dia de terror: todos descobrem que estão envelhecendo, principalmente as crianças, que estão se tornando adultos. O grupo procura sair da praia mas é impossível, e o desespero e sensação de claustrofobia e envelhecimento os deixam cada vez mais violentos.
Com um tema bastante bizarro e que oferece cenas que provocam gargalhadas involuntárias, o filme custa a ser apreciado. Eu particularmente fui gostar mais a partir da 2a metade do filme. Até lá tava achando tudo muito tosco, mas foi fazendo sentido no desenrolar. A sorte é de o filme contar um com ótimo elenco, incluindo Rufus Seweel, que dá credibilidade a uma história complexa.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

The Night Beyond the Tricornered Window


"

Sankaku Mado no Sotogawa wa Yoru 

", de Yukihiro Morigaki (2021)
Adaptado do mangá de Yamashita Tomoko, “The Night Beyond the Tricornered Window” é um filme de terror japonês que subtraiu o elemento "BL (boy lovers) do mangá, deixando o romance entre os dois protagonistas totalmente nas entrelinhas. O filme parece uma versão do terror de Robert Zemeckis "Os espíritos".
Hiyakawa é um exorcista que busca no jovem bibliotecário Mikado o parceiro para a sua investigação policial. Mikado, assim como Hiyakawa, possui um dom de enxergar espíritos. Juntos, eles procuram desvendar os crimes que estão acontecendo, onde aparentemente pessoas aleatórias foram amaldiçoadas e fora de si, matam outras pessoas.
O filme lembra também o terror japonês cult "A cura", de Kiyoshi Kurosawa. Trazendo elementos de horror a um drama e pitadas de humor, "o filme cria uma atmosfera confusa e nem sempre clara, mas a sequência em um tempo budista vale o filme, onde acontece uma verdadeira chacina de pessoas amaldiçoadas.

Cuidado com o cachorro


"Beware of dog", de Nadia Bedzhanova (2020)
Delicado drama sobre a geração millenium tendo que conviver com suas ansiedades e transtornos mentais, diante de um mundo cada vez mais egoísta e controlador. Londa de estréia da cineasta russa Nadia Bedzhanova, que também escreveu o roteiro. A própria cineasta é portadora de Toc, o que lhe dá autenticidade nos retratos apresentado de seus protagonistas.
O filme foi rodado em 3 países, cada um com o seu protagonista, na mesma estrutura narrativa de "Babel", de Inarritu.
Marina ( Marina Vasileva) é estudante e tem Toc. Ela mora em Moscou, Russia
Paula (Paula Knupling0 é russa, estudante, mas mora em Berlim, e tem transtorno bipolar.
Mike (Buddy Duress) é nova yorkino. Boxeador que se entergou à depressão e alcoolismo, o que causou o fim de seu relacionamento e a frustração por não ser mais o esportista de antes. O filme mostra a solidão de cada um, seus relacionamentos e a ajuda de amigos para poderem sair de suas depressões.
O filme foi exibido no Festival de Sundance 2020 e trata os personagens com bastante seriedade, lidando com altos e baixos no dia a dia. Muito boa direção da cineasta Nadia Bedzhanova, talvez um pouco mais ritmo na edição fosse mais instigante.

Cubo


"Cube", de Vincenzo Natali (1997)
Cult de terror e ficção científica de 1997, vencedor de importantes prêmios em Festivais internacionais, como Sitges, Toronto e Fantasporto. O filme e uma produção canadense de baixo orçamento, e que certamente fi uma grande inspiração para "Jogos mortais", de James Wan, em 2004.
6 estranhos acordam trancados em uma estranha estrutura metálica em forma de cubo. Eles procuram entender como foram parar ali, e mais do que tudo, tentar fugir. Mas eles descobrem que existe uma equação matemática que faz com que eles acessem a porta que dá para outra saída em função de cálculos, e que se acessado em empo errado, acionará uma armadilha mortal que matará quem estiver no ambiente.
Com bons atores e personagens com personalidades próprias, o filme se tornou rapidamente um cult, tendo duas sequências, mas nenhuma tão boa quanto a original. Os efeitos, para uma produção de baixo orçamento, são muito bons, principalmente a da primeira morte, logo no prólogo.

Weekend à francesa


"Weekend", de Jean Luc Godard (1967)
Eu não escondo de ninguém a minha história de amor e ódio com a filmografia de Godard. Eu sou completamente apaixonado pelos seus filmes da primeira fase. que vão de "Acossado", de 1960, a "Uma mulher é uma mulher", "Viver a vida", "O pequeno soldado", Tempo de guerra", O desprezo", "Band a parte", "Uma mulher casada", "Alphaville", "O demônio das onze horas". Pulo "Masculino, feminino" e "Made in Usa" e volto a amar "Duas ou três cosias que seu dela". A partir de "A chinesa", em 1967 e tudo o que veio depois, eu já fico com um pé atrás.
"Weekend à francesa" vem dessa 2a fase, uma busca mais radical de Godard a sua narrativa desfragmentada, aliada à um discurso da juventude marxista que pega em armas e luta a favor da total anarquia, anarquia esta que reverbera na linguagem dos filmes.
Corinne (Mireille Darc) e Roland (Jean Yanne) são um caal de classe média que decidem pegar a estrada para matar o pai de Corinne e ficarem com a herança. So que no caminho, na longa estrada, eles se deparam com um gigantesco acidente de carrros, com lixeiros com discurso anti-burguês, com um grupo terrorista, com assaltantes, outros acidentes, e finalmente, com guerrilheiros canibais que se escondem em uma floresta. udo isso trazendo certamente o filme mais caro e ambicioso de Godard, com centenas de carros, vários destruídos, incendiados. A figuração também é enorme. Fico at[e imaginando Godard comandando essa "super produção" independente bem própria a um filme de maior porte.
O que amo nesse filme, óbvio, é a longa cena em plano sequência, de car o queixo, de engarrafamento que termina em acidente, é magistral. A cena inicial também, do casal no contra luz na cama, e ela narrando suas aventuras sexuais, é muito boa, lembrando um pouco 'O desprezo". O filme faz do carro o símbolo do consumismo e capitalismo, e Godard faz o seu discurso totalmente se apropriando das imagens surreais, que muitos comparam a Bunuel.

Eu, Empresa


"Eu, Empresa", de Leon Sampaio e Marcus Curvelo (2020)
Exibido em Competição no Festival de Tiradentes, essa produção independente dirigida e escrita por Leon Sampaio e Marcus Curvelo se apropria da comédia para tratar de um tema bastante melancólico e devastador de várias gerações de desempregados no mundo inteiro: a tentativa de sobreviver no mundo uberizado e conectado em redes sociais.
O co-diretor Marcus Curvelo coloca o sue alter ego em cena: Joder é um personagem criado por Marcus. Desempregado, ele procura meios para poder se inserir no mercado, igual a todos: procura um coach de auto ajuda; procura ser motorista e Uber e de entrega tipo Ifood; tenta ser influenciador e criar um canal; enfim, todas as possibilidades são pensadas, mas nenhuma dá certo.
O filme mistura documentário e ficção para falar sobre desempregados no mundo que fazem bico sem vínculo empregatício. inclusive entrevistando entregadores de aplicativo. Um filme triste, que tenta dar voz a tantas gerações que não encontram um futuro.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Dançando com o Diabo


"Dançando com o Diabo", de Jon Blair (2009)
Polêmico documentário dirigido pelo oscarizado cineasta sul africano Jon Blair, vencedor do Oscar de melhor documentário em 96 por "Procurando Annie Frank". O filme foi rodado em 2009, mesmo ano em que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhido pelo comitê olímpico das Olimpíadas para sediar os jogos em 2016.
O tema do filme foi sugerido para Jon Blair pelo seu amigo correspondente estrangeiro da "The guardian" Tom Philips, que conseguiu as condições para que a equipe ficasse no front da guerra entre policiais e traficantes na Favela da Coréia, baixada fluminense. O filme acompanha 3 personagens: o inspetor Leonardo Torres, um policial do esquadrão antidrogas do Rio; o pastor Dione dos Santos, ex-traficante e que ao ser preso, diz ter ouvido uma voz divina dizendo: "Ou você dança com o Diabo, ou caminha com Deus.", Ele vasculha as favelas em busca de almas perdidas, tentando negociar a paz entre todas as partes. E a terceira parte é o traficante Juarez Machado da Silva, o Homem aranha: em um contundente depoimento de sua mãe, ela diz que ama o filho, mas que ele pegou em sua 1a arma aos 10 anos de idade. O filme começa com legendas dizendo que no Rio existem mais de 600 favelas, e que por ano mais de 1000 pessoas morrem no confronto entre policiais e traficantes e onde civis também morrem. Em uma cena comovente, vemos o paralelo do enterro de um policial e do enterro do Homem aranha, que termina o filme morto. O filme provocou revolta nas corporações policiais que acreditam que ele humaniza os traficantes e criminaliza os policiais.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Com o terceiro olho na Terra da profanação


"Com o terceiro olho na Terra da profanação", de Catu Gabriela Rizzo (2017)
Legítimo representante do produção audiovisual da baixada Fluminense, o cinema independente da periferia. O filme de estréia da roteirista e cineasta Catu Gabriela Rizzo flerta o tempo todo com a experimentação narrativa, mesclando o documentário, a ficção e a narração feminina em um filme onde o foco é o olhar da mulher sobre o mundo que a rodeia. Protagonizado por três jovens atrizes, Gai (Flaviane Damasceno) , Tina (Fernanda Carvalho) e Joana Ribeiro são melhores amigas que percorrem o centro e a periferia de Nilópolis. É difícil falar sobre o que o filme quer efetivamente falar. A sinopse a seguir é como a produção entrega o filme ao público: "Na cidade de Nilópolis, situada na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, três jovens garotas desvendam o cotidiano de uma forma mística e esóterica. Amantes de música, as meninas Sofia, Gai e Tina se reúnem todo dia após a escola seja para passear no centro urbano ou para se conectar com a natureza e com as forças ancestrais femininas. Três garotas desenham seu cotidiano com pequenas magias. À noite, curtem o show da Trash no Star e fortalecem sua amizade com bruxaria e rodinha punk."
O filme tem longas sequências de um shopping popular sendo visto por um olhar neutro,e também, rezas das amigas na floresta, evocando entidades. É um filme com um olhar muito particular da roteirista e diretora. Um filme poesia, quase uma video arte.

Me mostre o que você tem


"Show me what you got", de Svetlana Cvetko (2019)
Belíssima homenagem que a cineasta americano/italiana Svetlana Cvetko faz ao cinema da Nouvelle Vague. Em seu filme de estréia, que ela também escreve o roteiro, ela faz uma livre adaptação de "Jules e Jim" para os dias atuais, ambientado em Los Angeles, Roma e Paris, em lindo preto e branco captado pela própria cineasta. Diferente de "Jules e Jim", o filme aborda o poliamor em uma menage também apresentando a relação entre os dois homens. todos os 3 fazem sexo entre si. Marcello (Mattia Minasi) é um jovem italiano filho de um ator famoso e que segue para Los Angeles para reuniões da indústria. Sentindo uma forte cobrança de produtores que querem que ele seja tão bom quanto seu pai, ele segue para Malibu. Ali, ele conhece o franco-iraniano Nassin (Neyssan Falahi), ex-surfista e atual professor de artes marciais, e a fotógrafa e garçonete Christine (Cristina Rambaldi). Juntos, os três vão morar junto de Marcello em sua casa alugada, e se amam. Marcello os leva até Roma para resolver um assunto pessoal, mas a relação dos três passa a ficar abalada. Todo narrado em uma voz feminina em francês, e com um trágico desfecho inesperado que traz os atentados de Paris`à tona, o filme traz um elenco de 3 jovens, lindos e talentosos atores, cuja lente é totalmente apaixonada. As cenas de sexo entre eles é muito sensual, e o filme ainda traz uma atmosfera de romance e de melancolia extrema, apresentando uma geração de jovens millenium perdidos em sua existência. O filme venceu mais de 8 prêmios em Festivais internaconais.

Devil times five


"Devil times five", de Sean MacGregor (1974)
Elogiado por Quentin Tarantino como um dos melhores e mais perturbadores filmes de terror de todos os tempos, "Devil times five", que possui outros dois títulos de trabalho, "People toys" e "The horrible house on the hill". O filme jamais poderia ter sido realizado hoje em da, pois mostrando 4 crianças na idade de 6 a 11 anos e uma freira assassinando com requintes de crueldade um grupo de adultos que estão alojados em uma pousada em uma montanha gélida. as crianças têm ódio e os matam com machados, queimados vivos, empalados, enforcados, de fazer Jason ou Michael Myers parecerem coisas de criança. Em uma cena, uma mulher , nua, é afogada enquanto toma banho na banheira e as crianças colocam piranhas assassinas, que devoram a mulher.
As crianças e a freira sõ sobreviventes de um acidente de carro e seguem até a cabana, repletas de sede de matar.
O filme ficou datado, mas justamente esse olhar vintage sobre um filme de 1974 que me choca: crianças em cenas com adultos nús freira e crianças assassinas. Definitivamente, o mundo ficou mais conservador e careta.

Diferente


"Different", de Tyrrell Shaffner (2004)
Exibido em mais de 40 Festivais e premiado em Rhode Island como melhor curta, 'Diferente" é um filme curioso que apresenta um mundo onde todos são gays e o diferente é ser hetero. Na Liberty High School, Justin é convidado por outros rapazes para ser o par no baile da faculdade. No entanto, Justin é hetero, e esconde essa sua condição. Ele deseja convidar uma garota, mas não sabe como se aproximar dela.
O filme apresenta um mundo heterofóbico. É divertido, e por incrível que pareça, não é um filme ofensivo, claro que como pano de fundo está sendo dito a questão da homofobia. Criativo e com bons jovens atores no elenco, e um look vintage anos 60.

Um cara normal


"Un baiat normal", de George Dogaru (2019)
Rara comédia LGBTQIAP+ romeno, Üm cara normal" apresenta uma Bucareste onde a vida noturna é igual a qualquer cidade cosmopolita no mundo: clubes gays, rapaziada cheirando pó, enchendo a cara, one night stand....
Mas Daniel (Vlad Bîrzanu), filho de um taxista, tem um sonho: encontrar seu príncipe encantado. Que vem na pessoa de Vlad (Pedro Aurelian), o cara mais lindo da balada. Daniel o leva para sua casa, transam muito. Mas no dia seguinte, o que parecia o início de um romance, periga ser mais uma one night stand.
Com cenas hilárias e uma melhor amiga de Daniel que parece saída de um filme de Almodovar, o filme ainda reserva uma inesperada cena de um homem totalmente nú com seu pênis ereto. Definitivamente, a Romênia já saiu de seu período de cortina de ferro.

domingo, 25 de julho de 2021

O baile dos 41


"El baile de los 41", de David Pablos (2021)
Drama LGBTQIA+ que reconstitui o que foi chamado pela imprensa homofóbica no México de "El baile de los maricones", ou "O baile dos 41". No noite de 17 de novembro de 1901, foram presos 42 homens em um baile clandestino. Todos eram gays, e metade deles vestia roupas femininas. Entre os homens, estava Ignacio de la Torre y Mier (Alfonso Herrera), genro do presidente do país Porfírio Diaz. Ignácio, um congressista, era casado com Amada Diaz (Mabel Cadena) que se ressentia pela constante ausência do marido até encontrar cartas escritas pelo amante dele, Evaristo (Emiliano Zurita).
Reza a lenda que o presidente, após ver na lista o nome do Ignacio, mandou soltá-lo. Os outros foram obrigados a varrer as ruas da cidade ainda vestidos de mulher. Apanharam da população, foram humilhados. Eram todos da elite do País, filhos de famílias ricas. Alguns foram soltos após pagamento, outros, sem tantos recursos, foi incorporado à força no Exército e morreram nas guerras.
Curiosamente, o número 41 tornou-se um número evitado e associado ao homossexual,, como no Brasil tem o número 24. Vários hot;eis e prédios comerciais não possuem o andar 41. O filme é tecnicamente impecável: fotografia, direção de arte, figurinos, maquiagem. O ritmo é pesado, arrastado. Vale muito pelo trabalho dos atores principais, com destaque para Herrera, Zurita e Mabel Cadena.

Enjaulado


"Uitgesproken", de Dylan TonkLazlo Tonk (2013)
Premiado curta LGBTQIAP+ holandês. David e Nyela são dois melhores amigos e juntos, praticam esportes. Quando a namorada de David surge com um amigo gay, todo o grupo de alunos homofóbicos destratam o recém chegado. Para surpresa de todos, Nyela resolve sair do armário e revela estar namorando rapaz. David fica chocado e entra em um grande conflito, se deve ou não continuar a amizade.
Um filme rotineiro sobre o tema do melhor amigo sair do armário, sem grandes novidades. Tem um exagero no retrato da gangue, e nas relações entre as pessoas. Os jovens atores são ok, sem nenhum destaque.

Stuntman


"Stuntman", de Kurt Matilla (2020)
Vencedor do prêmio do público de melhor documentário no Los Angeles Film Festival, "Stuntman" traz um retrato de um dos maiores stuntman de Hollywood, Eddie Braum. Logo no prólogo, o ator Dwayne Johnson diz que não existiram Luke Skywalker, Indiana Jones, além de muitos outros heróis, inclusive os papéis que o próprio Dwayne atua, senão houvessem a coragem e determinação desses dubles de ação que arriscam as suas vidas em perigosas cenas sem o uso de computação gráfica.
Eddie trabalha há mais de 30 anos em séries, filmes e comerciais, tendo atualmente trabalhado nas franquias "Transformers" e "Os vingadores". Logo no início, vemos Eddie em sua casa, junto de sua esposa Meg e seus 4 filhos. Meg diz que conheceu Eddie em 1992, e não fazia idéia do que era a profissão dele. Eddie teve que gravar uns vídeos amadores de suas ações arriscadas e mostrar para Meg para que ela entendesse. Meg dá um relato muito emocionante de que, toda a vez que Eddie sai para uma filmagem, ela só fica tranquila quando ele liga dizendo que deu tudo certo.
Eddie diz que o público não faz idéia de quem ele é, de seu rosto.
Mostra cenas de bastidores de várias filmagens arriscadas e perigosas. Mas quando ele explica de onde veio o seu desejo de se tornar um stunt, o filme se transforma e muda totalmente a sua narrativa: Eddise diz que aos 8 anos de idade, em 1974, ele era muito fã de Evil Knievel, um dublê de ação, motociclista e artista performático dos Estados Unidos. Evil foi desafiado para atravessar o Snake river canyon, em Idaho, dentro de um foguete construído por um cientista. A experiência falhou. Agora, Eddie é contratado pelo filho do dentista que projetou o foguete para fazer novamente o salt no mesmo lugar.
Teria sido muito melhor se o filme fosse sobre o mundo de Hollywood e seus stunts. Quando se torna um filme pessoal sobre honrar um ato de décadas atrás, o filme perde forças e fica bastante chato.

Matthew Bourne's Romeo +Juliet


"Matthew Bourne's Romeo +Juliet", de Matthew Bourne (2019) Brilhante versão musical para "Romeu e Juiieta" de Shakespeare, levado às telas pelo maior coreógrafo e Diretor de musicais de Londres, Matthew Bourne. Todo o elenco é formado por jovens na faixa dos 20 anos, trazendo um frescor que me lembrou bastante "O despertar da primavera".
Bourne faz uma adaptação contemporânea e bastante ousada da peça, alterando estruturas narrativas e suprimindo personagens e ações. Toda a ação acontece em um cenário primoroso montado no Sandler's Welll Theater de Londres. Rodado com alta qualidade técnica, acompanhamos o Instituto Verona, um reformatório onde garotos e garotas estão internados pelos seus pais, que ali os colocam sem o consentimento dos jovens. Juliet (Cordelia Braithwaite)é uma jovem constantemente assediada pelo guarda penitenciário Tybalt (Dan Wright, o mais velho do grupo, e um excelente vilão), até que ele a estupra. Romeo (Paris Fitzpatrick) é internado pelos seus pais. Logo ele conhece Julieta, e se apaixonam, ajudados por Mercutio (Ben Brawn). Mas o fantasma do estupro assola Julieta, e uma tragédia virá a acontecer.
Com a trilha sonora de Serguei Prokofiev, o filme é um colírio para os olhos, não somente pela beleza de todo o elenco, mas pelos números musicais, provocativos e repletos de energia. Todo o grupo de dançarinos e atores estão excelentes.

Slalom – Até o Limite"

"Slalom", de Charlène Favier (2020)
Um drama denso que concorreu na seleção oficial de Cannes 2020, 'Slalom- até o limite" fala sobre o assédio moral e sexual entre uma aluna de ski de 15 anos, Lyz Lopez (Noée Abita), e o seu charmoso e sedutor treinador Fred (Jeremie Renier), mas no fundo, um predador.
Slalom é uma corrida cronometrada no Ski em um percurso sinuoso ou em zigue-zague, passando por uma série de bandeiras ou marcadores. Lyz, cujos pais estão separados e distanciados, deixam Lyz para um treinamento em uma estação de Ski, junto de outros adolescentes, para que sejam preparados pelo exigente treinador. Mas a ambição de Luz e suas qualidades como atleta, junto da melancolia por se sentir sozinha, facilitam a aproximação de Fred, que a seduz.
O filme tem duas cenas aterrorizantes de assédio: uma em que Fred a estupra dentro de um carro, e outro, quando ele faz sexo com ela em uma academia de ginástica de noite. Em ambos os casos, o sentimento de Lyz, aliados à impotência, são bastante controversos e polêmico. Ter sido escrito e dirigido por uma cineasta permite que o filme tenha interpretações dentro do olhar feminino, o que é fundamental para um filme com um tema tão explosivo. Jeremie Reinier e a jovem atriz Noée Abita estão esplêndidos em papéis bastante complexos.

Puro sangue


"Pura sangre", de Luis Ospina (1982)
Cena: Em Cali, cidade pobre da Colômbia, dois jovens homossexuais são convidados a participarem de uma festa regada à cocaína. Ao chegarem na casa, depois de muitas fileiras de pó, eles são dopados pelos seus 3 seqüestradores, dois homens e uma mulher.
São estuprados, têm seus sangues drenados e depois são jogados em um lixão.
Essa cena sintetiza um filme obscuro que vem da Colômbia, um cult proibido em diversos países e lançado em 1982. É um filme sujo, decadente, sem censura, baseado na história real Luis Mosquera, o Babalu, um serial killer que matou e estuprou 28 rapazes de idades distintas.
"Puro sangue"se apropria dessa história mas a transforma em um filme de terror social, sobre uma Colômbia devastada pela pobreza e diferenças sociais. Um idoso milionário, Roberto, dono de uma grande usina de açúcar, tem uma doença rara em seu sangue e para sobreviver, necessita de sangue de crianças e rapazes do sexo masculino. Seu filho, Adolfo, chantageia sua enfermeira e dois funcionários, e os obriga a sequestrar crianças e rapazes, drenar o sangue e matá-los.
O filme venceu os prestigiados Festivais de Sitges e Cartagena,
O filme é uma feroz crítica ao conservadorismo, tendo o trio enfermeira e dois funcionários representando tudo o que o ser humano tem de pior: machistas, preconceituosos, homofóbicos, racistas e desprezo total pela pobreza. Em uma fala, um deles diz: "Sapatos brancos, calça apertada, é bicha com certeza.". Em outra fala polêmica, a enfermeira diz : "Negros não, precisamos de sangue limpo". Não a tôa o filho se chama Adolfo, alusão à Hitler.

O bando sagrado


"O bando sagrado", de Breno Baptista (2019)
O cineasta Breno Baptista segue os passos do também cineasta Gustavo Vinagre e se coloca em cena para protagonizar cenas de sexo explícito, repleto de fetiches perversões. Cineasta de Fortaleza e também assistente de direção de filmes cults como "Greta"e "O clube dos canibais", Breno faz um filme LGBTQIAP+ que mistura drama, erotismo e experimentação sobre um sonho que provoca tesão em Breno. Ele sonha com o bando sagrado de Tebas, homens musculosos preparados para defender e morrer pelas suas terras no Século IV AC. Ao acordar Breno decide se masturbar vendo webcams, mas o desejo e trepar com outro homem é maior e ele decide contratar um michê.
As cenas de Tebas foram retiradas do filme pornô gay de Chi Chi La Rue, 'Conquered". Breno mostra ousadia e visceralidade em se expôr em seu filme. O cinema queer da nova geração tem se mostrado nesse lugar onde perversão e fetiche têm sido o tempero das produções mais recentes.

sábado, 24 de julho de 2021

Sr Raposo


"Sr Raposo", de Daniel Nolasco (2018)
Adaptação de um conto escrito por Acácio, "A raposa e a borboleta". Acácio é o nome artístico de Geovaldo Souza, parceiro do cineasta na vida real. Em 1995, Acácio descobre ser soropositivo. Na época, ainda circulavam na mídia a associação de que um soropositivo estava fadado a morrer. Com esse medo iminente, Acacio se prepara para morrer, mas os anos passam, ele emagrece, se deprime, mas continua vivo.
O filme é todo narrado contando a história de Acácio desde a descoberta do HIV quanto o passar dos anos. Tudo isso é embalado por imagens realistas e lúdicas de um mundo homoerótico povoado de imagens pornográficas, couro, bondage, SM. Uma cena remete ao cult de Bruce la Bruce: um homem faz sexo oral no cano de uma arma.
Daniel faz um cinema sujo, cru, onde pornografia é válida quando associada a suor, cheio de macho, pentelhos, suvaco. Prato cheio para fetichistas.

Música para quando as luzes se apagam


"Música para quando as luzes se apagam", de Ismael Caneppele (2017)
Exibido no Festival de Brasília em 2017, somente agora, meados de 2021 o filme encontra espaço no circuito para ser exibido. O filme é uma mistura ousada mas bastante confusa em termos de dramaturgia entre documentário e ficção. Ismael Caneppele foi o roteirista do premiado 'Os fantasmas e o duende da morte", e aqui, ele repete a geografia, interior do Rio Grande do Sul, e temas inerentes à juventude que procura se descobrir, aqui no caso, em sua identidade de gênero.
Ismael Caneppele agora ataca de cineasta, e fica claro que a maior de suas preocupações aqui foi a embalagem, a estética em rol do conteúdo. Com muitas estilizações que no final sôam apenas como artifícios de linguagem, o filme perde a sua co-protagonista, Julia Lemmertz, no papel de uma mulher que vem até a cidade do sul entrevistar Emelyn, uma adolescente em processo de transição para Bernardo. Julia desaparece e só retorna no final. Até lá, acompanhamos o romance entre Emelyn e sua namorada, até que surge um rapaz por quem a namorada acaba cedendo.
O filme começa muito estranho, com imagens amadoras de uma câmera pobre, até que estabiliza para uma fotografia mais cinematográfica, mas não menos estilizada. Valeu como discussão de gênero, mas ficou no caminho, pois não sabemos absolutamente nada de nenhum personagem que entra e sai na história.

Primavera


"Primavera", de Rafael Ruiz Espejo (2018)
Drama adolescente LGBTQIAP+ mexicano, vencedor de diversos prêmios internacionais, é um belo drama sobre saída de armário e de aceitação e descoberta do primeiro amor.
Fer (Alejandro Garza) e Jaime (Miguel Corona Jaime) são melhores amigos desde a infância. Eles fazem tudo juntos: zôam, curtem a vida, se divertem nas mínimas coisas. Os dois decidem passar uma noite acampando sozinhos na floresta. Fer avisa à sua mãe que vai passar a noite fora. Ambos se divertem an floresta, falam de meninas. Dentro da barraca, eles fazem brincadeiras típicas de rapazes educados em sociedade machista e patriarcal. Até que, inesperadamente, Fer dá um beijo em Jaime, que se revolta.
Com ótimas performances de ambos os jovens atores, é um filme repleto de sensualidade e erotismo, com uma câmera apaixonada pelos corpos dos rapazes. A forma como o roteiro lida com o outting e com a declaração de amor é vista de forma realista, sem fantasias.

Ar condicionado


"Ar condicionado", de Fradique. Lindo drama de realismo fantástico vindo de Angola, "Ar condicionado" concorreu no prestigiado Festival de Rotterdan. O filme é ambientado em Luanda, e traz uma história curiosa: os aparelhos de ar condicionado têm caído dos prédios. Algumas pessoas até já morreram. O governo não sabe o que está acontecendo, mas acredita que um acordo comercial mal sucedido entre Angola e China tenha sido o causador. Uma empregada doméstica Zezinha (Filomena Manuel) de um homem rico obriga que ela procure alguém para consertar o seu aparelho de ar condicionado. Ela pede ajuda ao zelador do prédio, Matacedo (José Kiteculo). Juntos, eles procuram Kota Mino, um reparador de eletrodomésticos, e descobrem que ele está montando em segredo uma complexa máquina de recuperar memórias.
O filme foi produzido pelo colectivo angolano Geração 80 e traz uma história inusitada, embalada pela trilha sonora excelente de Aline Frazão e a fotografia fenomenal de Ery Claver. O filme é uma metáfora contra a tecnologia e a modernização, que transforma as ruas em prédios feios e cinzentos. Aproveita e traz a nostalgia de uma Angola onde as pessoas respiravam melhor, onde havia verde, as pessoas conversavam. Um filme muito instigante e ousado, lidado com naturalismo nas interpretações.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Céu vermelho sangue


"Blood red sky", de Peter Thorwarth (2021)

Um curioso filme alemão de vampiros à bordo de um avião, mas cuja enorme e longa duração acaba fazendo o filme se tornar cansativo e repetitivo. Como pode um filme com um fiapo de história durar mais de 2 horas? Nadja e seu filho pequeno Elias pegam um vôo de noite em Frankfurt até Nova York, para que ela se cure de uma doença em seu sangue. O que eles não esperavam é que o avião fosse tomado por um grupo de terroristas muito malvados. Ameaçando matar um a um, Nadja acaba tentando salvar Elias, mas ela acaba sendo morta por tiros. Para surpresa de todos, ela ressuscita, como vampira.

O filme tinha tudo para ser um divertido Filme B como 'Serpentes à bordo", mas ao se levar a sério demais, mina qualquer chance se ser divertido. O que se passa em duas horas é a galera tentado se livrar de terroristas e vampiros (sim, quem é mordido vira vampiro) dentro do avião. A atriz Peri Baumeister, no papel de Nadja, segura a onda, e também o pequeno Carl Anton Koch, no papel de Elias. 


Filme para poeta cego


"Filme para poeta cego", de Gustavo Vinagre (2012)
O cineasta Gustavo Vinagre é um caso bem atípico de realizador: em muitos de seus filmes, ele se coloca em cena, em situações viscerais. Essa exposição traz uma conotação muito curiosa, quase que de voyeur e narcisista, como por exemplo no seu filme "Nova Dubai", onde ele aparece em cenas de sexo explícito. Por outro lado, a sua porção documentarista também traz relatos e depoimentos de personagens LGBTQIAP+ relevantes, tanto pela exposição de traumas, taras e fetiches, quanto de um universo sexual ainda mito tabu para o público.Foi assim em "Ainda me lembro dos corvos" e em 'A rosa azul de Novallis".
Agora, em "Filme para poeta cego", Gustavo tem como protagonista o poeta cego Glauco Mattoso, O filme é narrado de forma robotizada por um programa de leitura para cegos, que dá um estranhamento muito instigante. Glauco é assumidamente sadomasoquista e podólatra. Para realizar o filme, ele colocou condições para Gustavo: que ele se coloque no lugar de Glauco, como um escravo sexual, vedando os seus olhos e lambendo botas e apanhando de chicote. Fora isso, Glauco faz uma audição com alguns atores e entre uma conversa e outra, ele apalpa os pés dos atores. Akira, marido de Glauco, mostra as costas repletas de cicatrizes da relação que possui com Glauco, e demonstra estar feliz na relação, se sujeitando a tudo em nome do amor.
Ente depoimentos , Glauco diz que costuma ser vítima de pessoas pelo fato de ser cego, e que certa vez fez cunete e o ânus da pessoa estava toda suja de merda. Mas que também possui seu lado dominador, obrigando uma pessoa a comer merda. Um filme maravilhoso para quem curte taras e fetiches sexuais.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Sibyl


"Sibyl", de Justine Triet (2019)
Em 2016, a cineasta e roteirista Justine Triet lançou a ótima comédia dramática "Na cama com Victoria", com a excelente atriz Virginie Efira protagonizando uma advogada.
Em 2019, ela lança "Sibyl", que concorreu no Festival de Cannes na competição oficial. Escalando novamente Virginie Efira, agora-co estralando com Adèle Exarchopoulos, de "Azul é a cor mais quente", no papel da atriz Margot, e tambem a alemã Sandra Hüller, de "Tony Ederman", no papel da cineasta Mika. O time masculino também contém estrelas: Gaspard Ulliel no papel do ator Igor, Niels Schneider, de "Amores imaginários", no papel de Gabriel e Paul Harmy no papel de Etienne, marido de Sibyl.
Sibyl é uma psicóloga que decide voltar a escrever, e para isos, vai abandonar a profissão. Mas Margot consegue o seu telefone e insiste para que Sibyl a atenda: ela está grávida do ator do filme com quem contracena, casado com a cineasta Mika, filme que Margot está filmando. Sibyl decide gravar os depoimentos de Margot e escrever o seu livro. Mas atender Margot fará com que Sibyl relembre de sua história de infidelidade e seu alcoolismo.
O filme foi em parte rodado na ilha de Strmboli, onde Rosselini filmou seu filme clássico.Belamente filmado, e com um time de atores irrepreensíveis, o filme tem um roteiro confuso, que deixa o espectador perdido, nas suas idas e vindas no passado. Mas vale pelo esforço do elenco e pelas locações.