quarta-feira, 31 de outubro de 2018

I still see you

"I still see you", de Scott Speer (2018) Filme de fantasia e mistério, adaptado do livro "Break My Heart One Thousand Times", de Daniel Waters. O filme tem como protagonistas um casal de adolescentes, e escancaradamente desejando ser um ovo "Crepúsculo": os atores guardam certa semelhança física com kristen Stewart e Robert Pattinson. O filme tem um prólogo, mostrando Veronica aos 6 anos de idade, testemunhando "O evento": um cataclisma de energia que destrói boa parte do mundo, matando milhões de pessoas. 10 anos depois, Veronica, agora aos 16 anos (Bella Thorne), faz parte de um mundo onde os sobreviventes conseguem enxergar os fantasmas dos que morreram. Os fantasmas agem como se não soubessem que morreram. Um dia, Veronica é visitada pelo fantasma de um assassino, e descobre que ele está querendo matá-la, pois ela nasceu na mesma data que as outras vítimas. Sem ritmo, e com um roteiro bem confuso, o filme entretém numa tarde tediosa e chuvosa. Quebra o galho, mas não esperem nada de excepcional. Os efeitos são razoáveis, o elenco é ok, mas provavelmente, o espectador vai ficar chateado com alguns momentos bastante bizarros, como os populares que pagam para ver uma fantasma ser assassinada.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

A criança que eu nunca fui

"Ein Leben lang kurze Hosen tragen", de Kai S. Pieck (2002) Angustiante drama alemão, baseado em aterrorizante fato real. Em 1962, um adolescente de 15 anos, Jurgen Bartsch, sequestrou, torturou, mutilou e estuprou um menino de 8 anos. Dominado pelo desejo incontrolável por meninos, Jurgen, durante 4 anos, assassinou e estuprou mais 3 garotos. Em 1966, ele foi entregue pela polícia pelo 5o garoto, que fugiu do cativeiro antes que Jurgen o matasse. Preso, Jurgen cedeu diversos depoimentos, que foram a base para a escrita do roteiro. Em 1976, libertado e reintegrado à sociedade, ele e casou com um enfermeira e se voluntariou em um programa de castração. Ele acabou morrendo por erro médico. O filme tenta entender a psicopatia de Jurgen, apresentando ele sendo maltratado pelos pais adotivos e posteriormente, estuprado por um padre. Com uma direção de atores que trabalha de forma fria e assustadora o elenco infanto-juvenil, o diretor Kal S. Pieck constrói um filme de horror totalmente proibido para pessoas sensíveis. As cenas de violência contra os meninos, algo que somente poderia acontecer em um filme alemão, são muito cruéis. Não recomendo esse filme para ninguém, é de tirar o sono por vários dias. O filme ganhou inúmeros prêmios em Festivais de cinema.

domingo, 28 de outubro de 2018

Meu melhor amigo

"Mi mejor amigo", de Martín Deus (2018) Longa de estréia do Diretor argentino Martín Deus, que também escreveu o roteiro. Drama independente LGBTQ+, ganhou um Prêmio especial do Festival de Cannes 2018, destinado a filmes com temas voltados para a juventude. Na Patagônia, vive a família do adolescente Lorenzo (Angelo Mutti Spinetta, excelente). Um dia, Caíto, filho de um amigo dos pais de Lorenzo, que mora em Buenos Aires, aparece na casa deles e pede para morar ali. Lorenzo descobre que Caíto fugiu de casa, por ter brigado com o filho de sua madrasta. Lorenzo é franzino e tímido. Caíto é o típico Bad boy. Quando passam uma noite no lago, após um passeio, Lorenzo passa a nutrir sentimentos por Caíto. Dirigido com muita sensibilidade, "Meu melhor amigo" é um drama familiar e ao mesmo tempo um drama sobre amizade e amor. Com ótima performance do elenco, o filme lida com muita honestidade e carinho o drama do primeiro amor e da descoberta da sexualidade. Bela fotografia de Sebastián Gallo.

Podres de ricos

“Crazy rich asians”, de Jon M. Chu (2018) Todo mundo já sabe que “Podres de ricos” é baseado no best-seller de sucesso de Kevin Kwan e o filme se tornou a maior bilheteria de uma comédia romântica nos Estados Unidos em mais de 10 anos. O que talvez as pessoas não saibam, é que visualmente o filme seja das produções mais ricas, luxuosas e glamurosas a surgir nas telas em um bom tempo. Para espectadores que tem pavor de filmes que falam sobre gente que não tem culpa em serem bilionários e que gastam muito dinheiro, melhor ficar bem longe. Se você também odeia filmes onde a protagonista só quer ser feliz ao lado de seu príncipe encantado, que é lindo e milionário e bom coração, porque quer que a mulher seja feliz independente e solteira, se afaste do filme imediatamente. Para quem ama o tema de “Cinderela” e quer torcer pela mocinha, que luta pelos seus ideais e briga contra toda a família do seu amado, esse é o seu filme. “Podres de rico” é um filme à moda antiga. A sua história já foi contada mil vezes. O diferencial aqui é a Locação extraordinária da cidade mais cara do mundo, Singapura, com seus arranha céus modernosos aliados à tradições milenares. O elenco é maravilhoso, com destaque para Michele Yeoh no papel da mãe que só quer manter as tradições da família. Quando o filho Nick ( Henry Golding, o marido de “ Um pequeno favor”) surge com sua namorada, a professora de economia americana Rachel (Constance Wu), ela fará de tudo para afastá-los. O elenco de apoio é excelente, quase todos roubado as cenas, mas adoraria que em breve surgisse um spin off da melhor amiga de Rachel, a porra louca Peik Lin ( a YouTuber e Cantora de Hip hop Awkwafina). O filme faz parte de uma nova proposta de Hollywood de inclusão: elenco majoritariamente chinês em um filme americano, e que trata do tema das contradições culturais entre quem é nascido na China e quem nasceu nos Estados Unidos, assim como no filme “ O clube da felicidade e da sorte”. Trilha sonora mega pop com versões chinesas de “ Material girl”, da Madonna, e “Yellow”, do Coldplay. Fotografia mega colorida e direção de arte que faria Almodóvar gozar mil vezes. Confesso que soltei umas lágrimas na cena do avião.

A última abolição

“A última abolição”, de Alice Gomes (2018) Documentário que resgate a importância de abolicionistas negros que muito antes da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888, já lutavam pelo direito da liberdade da população escrava negra. Luiz Gama, José do Patrocínio, Ferreira de Menezes e muitos outros foram ofuscados pela Princesa Isabel, e no centenário da abolição da escravatura, em 1988, no Rio de Janeiro, houve uma Marcha intitulada “ Marcha contra a farsa da abolição da escravidão”, mas que foi debelada pela polícia. O filme é dividido em 2 temas Chaves: falar sobre a importância de movimento como o Quilombo e também aprender a importância dos abolicionistas anteriores ao ato da Princesa Isabel. E também, alertar que a escravidão permanece de forma implícita na sociedade atual, através do genocídio da juventude negra no País, ao desemprego e falta de oportunidade para a população negra. Através de inúmeros depoimentos de historiadores, advogados, professores, sociólogos negros e brancos, o filme fala sobre a importância da união dos povos, e do racismo que vive dentro de cada um de nós na sociedade. Através de grafismos e de belo trabalho de efeitos visuais , o filme me remeteu ao também excelente documentário “ O monte do desmonte”, de Sinai Sganzerla, que se apropriam de uma linguagem mais pop e dinâmica para aproximar o discurso histórico da garotada, evitando aquela aridez típica de documentários. Com uma equipe em sua maioria formada de Mulheres, o filme merece ser visto e debatido por profissionais, estudantes e espectadores.

sábado, 27 de outubro de 2018

Memória do que já se foi

"Memorias de lo que no fue/Boy undone", de Leopoldo Laborde (2017) Drama LGBTQ+ independente mexicano, repleto de cenas de sexo explícito e com alto teor de erotismo, e que termina como um suspense psicológico angustiante, bem no estilo de Michael Haneke. Um jovem acorda desorientado e sem memória, totalmente nú, em uma cama de um apartamento. Miguel surge de toalha enrolada na cintura, e diz que encontrou o rapaz em uma boite gay, desmaiado, e resolveu trazê-lo para sua casa. os dois acabam transando. Mais tarde, o rapaz descobre que seu nome é Fernando, mas mesmo assim, continua sem saber de sua história. Aos poucos, vai relembrando flashes de sua vida, envolvendo sexo com outros homens. Um filme totalmente obscuro, marginal, sujo, que fará a alegria de cinéfilos que curtem fetiches e voyeurismo. Uma mistura de Derek Jarman e Bruce la Bruce , estilizado e narcisista, onde os jovens atores se entregam totalmente aos seus personagens, em cenas intensas de sexo. De baixíssimo orçamento, o filme apresenta uma fotografia granulada, do próprio Leopoldo Laborde, que em seu tour de force, também escreveu, produziu, dirigiu, compôs a trilha e editou.

Meu ex é um espião

"The spy who dumped me", de Susanna Fogel (2018) Co-escrito e dirigido pela Cineasta Susanna Fogel, "Meu ex é um espião" é uma divertida comédia de ação e espionagem, um gênero raro para uma realizadora, que aqui, faz muito bem a cartilha de cenas de perseguição com muita adrenalina. O que estraga o filme é a longa duração, 2 horas, e o excesso de violência, o que torna o filme impróprio para menores, o que é uma pena, pois a dupla liderada por Mila Kunis e Kate McKinnon tem muito carisma. Audrey (Kunis) trabalha como vendedora em uma loja. Sua melhor amiga, Morgan (McKinnon) é uma atrapalhada e engraçada roommate. No dia de seu aniversário, Audrey recebe ligação de seu namorado, Drew (Justin Theroux) de que não poderá estar na festa. O que Audrey não sabe, é que Drew é um espião. Com muita confusão, as duas amigas acabam parando em Viena, depois de serem perseguidas pelos bandidos e pala Cia. Filmado em diversos países ( creio que não exista um filme de espionagem que seja filmado em pelo menos 4 países diferentes), o filme tem ótimas cenas de perseguição e um humor corrosivo, vindo principalmente da personagem Morgan. O filme teria um potencial muito maior se tivesse pelo menos 30 minutos a menos. As situações vão se repetindo ao longo do filme: elas são perseguidas, viajam para outro País. O desfecho sugere uma continuação. Não creio que isso aconteça, pois o filme não foi muito bem de bilheteria. Mas caso isso ocorra, será bem-vindo. As meninas valem o filme. Gillian Anderson, a eterna Scully de "Arquivo X", faz uma participação como uma chefona da Cia.

TommyTeen18

"TommyTeen18", de Vincent Fitz-Jim (2017) Escrito e dirigido por Vincent Fitz-Jim, "TommyTeen18" é um premiado curta LGBTQ+ holandês. Tommy é um adolescente de 15 anos, que namora sua colega de escola Eefje. Mas Tommy se sente atormentado: ele busca no aplicativo de pegação, o seu primeiro encontro sexual com outro homem. Fazendo se passar por um homem de 18 anos, Tomy marca um encontro com Sergey. Ao perceber que Tommy é menor de idade, Sergey desiste e vai embora. Mas Tommy ficou obcecado por Sergey e vai até ele, descobrindo o seu endereço. Com boa interpretação do jovem ator David Berkman, "TommyTeen18" é um drama soturno, que trata de temas difíceis como pedofilia. Tommy quer muito transar com um homem maduro e aí que o filme se torna complexo e polêmico. A fotografia ajuda a dar essa atmosfera melancólica e dark, e faz refletir sobre a facilidade dos aplicativos de encontros sexuais de promoverem o sexo fortuito e a pedofilia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Infiltrado na Klan

"Blakkksman", de Spike Lee (2018) Baseado na incrível história real de Ron Stallworth (John David Washington), o primeiro policial negro do condado de Colorado Spring no final dos anos 70. Ron entrou em contato com a organização da Ku Klux Klan e se fez passar por um homem branco que quer fazer parte da KKK. Ron convence o colega policial judeu Flip Zimmermann (Adam Driver) de se passar por ele nas convenções do grupo, para dessa forma, poder se infiltrar e trazer informações para a polícia. Spike Lee concorreu no Festival de Cannes 2018, levando 2 importantes Prêmios: O Grande prêmio do Juri, e o Prêmio ecumênico. Lee aproveita para detonar filmes clássicos do cinema, como "e o vento levou" e "O nascimento de uma nação", hoje considerados racistas. John David Washington é filho de Denzel Washington, e assim como o grandioso elenco, está excelente. Tecnicamente, o filme é impecável: fotografia, trilha sonora repleta de hits da época, edição, figurino, maquiagem. Com Direção firme, Spike Lee comprova ser a voz mais atuante do cinema engajado. Assim como em "Faça a coisa certa", Lee explode em emoções, promovendo cenas de alta voltagem. Além disso, tem uma cena antológica que acontece em uma balada, ao som de "Too late to turn back now". Os 8 minutos finais, com imagens documentais de discurso de Trump, passeatas de grupos da Hu Klux Klan nos dias de hoje, um atropelamento que provocou a morte de uma mulher, são cenas aterradoras que dizem muito do mundo que vivemos hoje, insano e fora da rédea.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Halloween

"Halloween", de David Gordon Green (2018) Fã confesso do clássico de John Carpenter de 1978, David Gordon Green, que também co-escreveu o roteiro, é realizador de dramas intensos, como "O que te faz mais forte", com Jake Gyllenhaal, e "Príncipe Avalanche", com Emile Hirsch e Paul Rudd. Essa continuação, como todos já devem saber, emenda direto do filme original de 1978 desconsiderando totalmente todos os "Halloween" que vieram depois. Laurie Strode (Jamie Lee Curtis, arrasadora) se cercou em sua propriedade, onde ela mora sozinha, esperando há 40 anos pelo embate com Michael Myers, o assassino que mata na noite de Halloween. Essa obsessão custou para Laurie a sua relação com sua filha, Karen (Judy Green) e sua neta Allyson ( Andi Matichak). É esse trio poderoso de mulheres que atualiza o tema do empoderamento feminino. Elas são corajosas, arretadas, e dão de mil à zero nos homens. Michael foge à caminho da penitênciária e como era de se esperar, vai atrás de Laurie e sua família. O Diretor David Gordon Green trabalhou bem o drama na história. As mortes demoram a acontecer: o roteiro quer apresentar os personagens e seus tramas, sem pressa. Mas quando as mortes acontecem, vai uma atrás de outra. O plano sequência já virou lenda: Michael se diverte, matando pessoas em plena noite de Halloween. O desfecho também é vibrante! Muita adrenalina! A tensão é bem construída no filme, e mesmo que o roteiro avance nos clichês do gênero, a direção de David capricha, dando um ar de filme independente com certa marca autoral. A trilha sonora revisitada em tons de sintetizadores é sensacional. Um brinde para os fãs, que irão vibrar com as mortes e com Laurie, maravilhosa.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Meu jantar com Hervé

"My dinner with Hervé", de Sacha Gerbasi (2018) Cinebiografia do ator Hervé Villechaize, conhecido por seus papéis em "O homem da pistola de ouro", como um vilão contra James Bond, e Tattoo, o famoso personagem do seriado "A ilha da Fantasia". Hervé Villechaize (Peter Dinklage) nasceu em Paris, em plena ocupação nazista de 1943. Diagnosticado como portador de nanismo, Hervé, através de sue pai, tentou todo o tipo de experimentos para crescer, sem sucesso. Tentou a vida de pintor, mas acabou indo para os Estados Unidos tentar a carreira de ator. Casado 3 vezes, bon vivant e mulherengo, Hervé tinha fama de ser arrogante. No final de sua carreira, já em depressão e decadente, se suicidou com um tiro no peito, em 1993. O filme tem como fio condutor o jornalista inglês Danny Tate (Jamie Dornan, de "Cinquenta tons de cinza"). Danny Tate na verdade é o próprio roteirista e diretor do filme, Sacha Gerbasi. ele foi a última pessoa a entrevistar Hervé em vida, dias antes de seu suicídio. Em flashback, o filme apresenta momentos da vida de Hervé, deixando caro a sua tristeza em ser anão. Correto, o filme tem uma boa produção e interpretações honestas de Peter e Jamie. O sotaque de Peter me pareceu forçado, mas nada que prejudique o filme.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Amor entre os juncos

"A moment in the reeds", de Mikko Makela (2017) Drama finlandês LGBTQ+ exibido em inúmeros Festivais, narra a história de Leevi, jovem finlandês que retorna de seus estudos em Paris para ajudar seu pai a construir uma cabana na Finlândia. O pai de Leevi contratou um sírio, Tareq, para ajudar na oba. Quando o pai de Leevi dorme na cidade grande para resolver problemas da empresa, surge entre Leevi e Tareq uma paixão avassaladora. Com ritmo lento, mas cenas de sexo extremamente sensuais e de alta voltagem, "A moment in the reeds" discute temas como xenofobia e desemprego, além da imigração de refugiados na Europa. Os atores se entregam em seus papéis, em cenas intensas. O tema já foi visto diversas vezes em recentes produções européias ( "Gods own country"), mas vale pela bela direção e pela fotografia, além do trabalho dos atores.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O Doutrinador

"O Doutrinador", de Gustavo Bonafé. Parceiro do Cineasta Jonnhy Araújo nos filmes "Legalize já" e 'Chocante", Gustavo Bonafé dirige a adaptação dos quadrinhos de sucesso de Luciano Cunha. "Corrupto bom é corrupto morto". O espectador que comprar essa briga, vai se rigozijar com o filme, protagonizado pelo personagem "O doutrinador", que não é um super herói. o Doutrinador é Miguel (Kiko Pissolato), um agente do D.A.E., Divisão especial da polícia, que luta contra tudo que faça a população sofrer. Até que um dia, ao levar sua filha pequena para um jogo de futebol, essa leva um tiro de bala perdida e vem a morrer no hospital. Revoltado com o descaso, Miguel resolve assumir a persona de "O Doutrinador: ele coloca uma máscara, adquirida por uma jovem também inconformada ( algo tipo "V de Vingança", e sai matando geral todo corrupto que se coloca à sua frente. O filme tem uma ótima parte técnica: fotografia, edição, efeitos de pós. A trilha é barulhenta e fará a alegria da garotada. Mas o curioso , é assistir ao filme às vésperas da eleição no Brasil, pois muita das informações contidas no texto ganham proporções realistas com a verdade da política no Brasil atual. Se o armamemto é o melhor remédio, e matar a solução, o Doutrinador pelo visto, vai render uns 20 filmes até matar todos os corruptos existentes no País. No elenco, participações especiais de Marília Gabriela, Eduardo Moscovis, Tuca Andrada e Nathalia Lage.

domingo, 21 de outubro de 2018

Galveston

"Galveston", de Melanie Laurent (2018) Absolutamente impressionado com o talento da atriz e cineasta francesa Melanie Laurent ( de "Bastados inglórios" e "O retorno do herói"), que realiza esse impactante filme de ação hiper violento, adaptado de livro escrito por Nic Pizzolatto , roteirista da série "True detective". O filme é um porradão no estômago, e não esperem qualquer tipo de redenção no final. Com performances arrebatadoras de Ben Foster e Elle Fanning, a história começa em 1988, em New Orleans. Foster interpreta Roy, um assassino de aluguel que tem sua cabeça à prêmio pelo seu próprio chefe. Conseguindo escapar de uma armadilha, Roy encontra na casa a jovem prostituta Rocky (Fanning), que sem ter aonde ir, acaba fugindo com Roy até Galvesto, Texas. No caminho, Rocky busca sua irmã de 3 anos e juntos, os 3 formam uma família disfuncional. Roy prepara a sua vingança, mas o que ele não esperava, é que os bandidos estão em seu encalço. Juntando traços de Tarantino e irmãos Coen, Melanie Laurent capricha tanto nas cenas dramáticas, quanto nas de ação, muito violentas. Além da fotografia de Arnaud Potier, que intensifica as cores tristes provenientes de uma New Orleans prestes a ser consumida por um furacão, o filme de fato, merece ser visto pelas atuações desses 2 grandes atores.

A justiceira

"Peppermint", de Pierre Morel (2018) No cinema americano, existe um sub-gênero clássico que lança por volta de uns 100 filmes por ano: o filme de vingança. "Desejo de matar", "Valente", "Jason Bourne", "Busca implacável", enfim, uma infinidade de títulos que já viraram franquias. "A justiceira" se aproxima mais de "Desejo de matar": após ter a sua família assassinada, Riley ( Jennifer Garner), luta por justiça. Mas a justiça não vem, então o negócio é olho por olho, dente por dente. Riley some e reaparece 5 anos depois, bombada e sabendo dar mil golpes e manusear tudo quanto é tipo de arma. E a mídia se apaixona por ela. O público ama esse tipo de filme, pois é o que todos gostariam de poder fazer: usufruir de poderes de fora da lei e botar ordem na casa. Violento, o filme não traz nada de novo, apenas um passatempo para quem curte pancadaria. Peiire Morel é um cineasta francês apadrinhado por Luc Besson. Ele fez o milagre de transformar Jennifer Garner em uma Rambo. Ela já havia protagonizado "Elektra", mas o filme foi um mega fracasso. Talvez Garner tenha mais perfil de interpretar mães suburbanas, assim como fez em "Juno"e "Com amor, Simon".

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Minha vida com James Dean

"Ma vie avec James Dean", de Dominique Choisy (2018) Simpática comédia francesa, que faz uma homenagem ao cinema e à cidade da Normândia, lindamente fotografada e registrada no filme. Gerard é um cineasta independente que viaja até a Normandia para a exibição de seu filme em um Festival de cinema autoral. Chegando na cidade, ele tem seu celular roubado, e pior, a organizadora do Festival, Sylvia, esquece dele, pois está tentando resolver problemas pessoais com a sua namorada. Gerard segue até a sala de exibição, onde será apresentado o seu filme, "Ma vie avec James Dean", uma produção Lgbtq+. Para sua frustração, só existe uma única espectadora, que sai chocada no meio do filme. Balthazar, o jovem bilheteiro do cinema, assiste a um trecho do filme, onde os protagonistas gays fazem sexo, e acaba se assumindo como gay, declarando o seu amor a Gerard. O filme é quase um vaudeville, repleto de traições entre os personagens. O que estraga o filme, é o excesso de personagens e sub-tramas. Mesmo assim, vale assistir, por conta das várias brincadeiras feitas para espectadores cinéfilos, que irão se divertir com referências cinematográficas. O filme ainda dá uma cutucada no cinema blockbuster, através das falas de personagens, que dizem que o público só quer comédia e filmes de ação americano.

Projeto Beirute

"Projeto Beirute", de Anna Azevedo (2015) Curta-metragista premiada, Anna Azevedo lançou em 2015 o curta documentário "Projeto Beirute". A idéia do curta veio por conta de uma palestra ministrada pelo cineasta iraniano Abbas Kiarostami. Kiarostami desafiou os cineastas presentes a realizarem um filme sobre a cidade onde dormem e vivem. Desafio aceito, Anna apresenta ao espectador o Saara, o maior Shopping popular a céu aberto do Rio de Janeiro, localizado no centro da cidade. Ali, co-habitam pacificamente judeus e árabes. Apresentando através de bela fotografia de Vinicius Brum e com produção de Cavi Borges, as cores, sabores e histórias dessa região, onde anônimos circulam no meio de dançarinas de dança do ventre, radialista anunciam promoções relâmpagos em lojas e eventualmente a colônia chinesa se faz presente. Esfihas, narguilés e espadas se misturam a enquadramentos que capturam a aura histórica decadente de um Rio de Janeiro outrora glorioso, mas que insiste em se manter de pé, por conta de uma miscigenação étnica que abraçou a cidade e através de luta diária e muita dedicação, diz "Obrigado, Rio de Janeiro, por abraçar a minha causa e me aceitar como sue filho".

O primeiro homem

"First man", de Damien Chazelle (2018) No dia 20 de julho de 1969, o homem pisou na lua. Mais precisamente, o astronauta Neil Armstrong. Baseado no livro de James R. Hansen, "O primeiro homem", começa em 1961, apresentando Neil em seus primeiros passos para se tornar um astronauta, e paralelo, a sua dedicação em cuidar de sua filha com câncer terminal, que acaba morrendo e se tornando o grande motivo de sua tristeza interior, mesmo sendo casado com uma mulher determinada, Janet (Claire Foy). Os anos se passam, novos testes são realizados, a maioria com resultados catastróficos. O Cineasta Damien Chazelle se junta a Steven Spielberg, que produziu o filme, e juntos, trazem à tona o tema principal de seus filmes, a obsessão. Toa a parte técnica do filme é extraordinária: Chazelle repete seu time de "La La Land"; o fotógrafo oscarizado Linus Sandgren, o compositor também oscarizado Justin Hurwitz, seu editor oscarizado por "Whiplash", Tom Cross. Ryan Gosling também é a sua dobradinha campeã: depois de protagonizar "La la land", Gosling traz a sua já famosa interpretação minimalista e introspectiva ao personagem de Neil. Seu sofrimento, por perdas humanas irreparáveis, constitui apenas de olhares. Claire Fox também está divina, e a sua cena de discussão certamente será lembrada em premiações. Os efeitos especiais também chamam a atenção, além da câmera, registrando o filme quase todo em closes apertadíssimos, claustrofóbicos, com a evidente intenção de tornar o espectador um elemento dentro do ponto de vista do protagonista. Direção muito foda de Damien Chazelle. Longo, com mais de 140 minutos, o filme pode aborrecer muitos espectadores, pelo seu ritmo lento e uso de termos técnicos.

Apóstolo

"Apostle", de Gareth Evans (2018) Misturando Drama, Horror e fantasia, "Apóstolo" remete imediatamente aos filmes "O homem de palha", obra-prima de Robin Darhy, e "Mãe", de Darren Aranofsky. Um ex-Padre, Thomas, no ano de 1905, vai em busca de sua irmã sequestrada por uma seita. Ele segue até uma ilha na Irlanda, onde essa seita constituiu um vilarejo. Em busca de independência do trono Inglês, os moradores, comandados pelo Profeta Malcolm (Michael Sheen), vivem de sua colheita. No entanto, a seca destruiu a plantação e quase não há alimento para os moradores. O profeta ordena sequestros de jovens da Cidade para que os parentes paguem resgate que possa bancar alimentos para todos. Thomas, ao chegar na Ilha, busca desesperadamente por sua irmã, mas acaba se confrontando com religiosos radicais que querem a sua morte. Extremamente violento, o filme foi dirigido por Gareth Evans, que também escreveu o roteiro. Ele é o diretor da franquia "The raid", realizada nas Filipinas e considerado pelos críticos como dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Evans já experimentou o gênero terror no longa de terror "VHS2", coletânea de curtas onde ele dirigiu um episódio onde uma seita cultua o demônio. O grande problema desse filme é a sua longa duração. Não há explicação para esse filme ter 130 minutos. Com sub-plots que afastam a história central, "Apóstolo" vale pelas cenas de violência, que são impactantes ( imaginem um homem sinistro, chamado THE GRINDER, moendo um ser humano em seu moedor!!!). Vale também pela excelente fotografia e pelas locações estonteantes.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Chacrinha -O Velho Guerreiro

"Chacrinha- O Velho Guerreiro", de Andrucha Waddington (2018) Se você encontrar alguma pessoa que esteja em dúvida de assistir a uma cinebiografia do Velho Guerreiro, dê a essa pessoa um motivo mais do que justo e recompensador para que ela se convença a ir ao cinema: Stepan Nercessian. O filme tem uma centena de atores, muitos deles brilhantes, como Carla Ribas, Rodrigo Pandolfo, Pablo Sanábio, Eduardo Sterblicth, Gustavo Machado, Camila Amado, Thelmo Fernandes, Laila Garin...mas o filme é totalmente de Stepan, em uma das performances mais mediúnicas que já assisti em um filme brasileiro. A sua composição física, empostação de voz, os olhares, os gestuais, tudo nos faz acreditar estarmos diante do verdadeiro Chacrinha. Stepan não o recriouL Stepan vice Abelardo Barbosa. E merece ganhar todos os prêmios de interpretação masculina em 2019. O filme ambicioso em termos de produção, percorre desde a década de 30, quando Abelardo sai de Pernambuco e desembarca no Rio de Janeiro disposto a vencer na vida, até o seu retorno à Tv Globo, nos anos 80, chegando à sua morte, em 1988. Toda a parte técnica é impecável, as perucas de alguns personagens me incomodaram um pouco, mas como o Universo do Chacrinha é todo "escalafobético", em suas próprias palavras, tá tudo valendo. Há tempos não via uma grande produção no Cinema Brasileiro (acho que o último foi um outro filme produzido pela mesma Conspiração Filmes, 'Entre irmãs"). O filme em breve irá ser exibido como seriado na Tv Globo, e a Emissora está devidamente representada pelo personagem do Boni, figura chave para o sucesso de Chacrinha e da própria Tv Globo, mostrando a força da mídia e dos Poderosos manda-chuvas da televisão.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

A esposa

"The wife", de Björn Runge (2017) Aclamado por quase toda a crítica como a melhor performance de Glenn Close, "A esposa" é um drama que durante a sua primeira metade, me deixou muito irritado com a passividade da esposa em relação ao seu marido. O filme começa com a notícia de que o famoso escritor Joe Castleman (Jonathan Pryce) acaba de descobrir que ganhou o Prêmio Nobel de literatura do ano de 1992. Ele comemora com a sua esposa, Joan (Glenn Close). Ao longo do filme, e em flashbacks interpretados por Annie Starke, filha na vida real de Glenn Close, descobrimos que quem escrever na verdade, os livros de Joe, foi Joan. O casal mantém um pacto escondendo essa informação de todos, até que um jornalista, Nathaniel (Christian Slater), resolve entrevistar Joan e passa a desconfiar da verdadeira autoria da sobras. É impossível não se lembrar do filme francês "Sr e Sra Adelman". A história é muito parecida, o que difere, é a estrutura narrativa. Em "Adelman", somente nos minutos finais ficamos sabendo que a Sra Adelman é que era responsável por toda a obra do marido. Em "A esposa", o espectador já sabe nos primeiros minutos, e fico imaginando o quanto que as feministas não devem ter ficado irritadas com o filme. Mas aí, numa virada espetacular, Joan dá o troco. Com uma direção elegante e trilha sonora enaltecendo ambiente de glamour que rege a elite intelectual, o filme tem momentos de grande performance. Tecnicamente impecável, e altamente recomendado para espectadores que buscam um projeto adulto e provocativo. O tema do filme certamente suscitará discussões acaloradas a respeito de lealdade, rancor, desgosto e claro, o papel do "Ghostwriter' na autoria de uma obra.

Jantar de Shabat

"Shabbat dinner", de Michael Morgenstern (2012) Divertida e super premiada comédia dramática, "Jantar de Shabat" é um curta LGBTQ+ independente americano, que se passa no ano de 1999. Um casal rico judeu Nova Yorquino, pais de um adolescente, Willian, convida um outro casal judeu para o jantar de Shabat. O casal traz seu filho adolescente, Virgo. Enquanto os pais conversam sobre escola, casamento judeu, preconceito contra Goys e outras trivialidades, os rapazes resolvem ir para o quarto jogar game. So que Virgo faz uma confissão para Willian: ele se assumiu como gay. Willian estranha, tenta agir naturalmente, até que... Inteligente, com um humor ferino típico dos bons diálogos de Woody Allen, o filme, de baixo orçamento, acontece todo dentro de um apartamento. Com bons atores e uma edição ágil, "Jantar de Shabat" sustenta a tenção do espectador até o final. O diálogo dos pais discutindo sobre casamento entre judeus e falando mau dos Goys é hilário.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Feliz como Lázaro

"Lazzaro felice", de Alice Rohrwacher (2018) Vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2018 de melhor roteiro, esse filme de Alice Rohrwacher, cineasta consagrada por "As maravilhas", é de uma tristeza profunda. Esteticamente fazendo referências ao cinema de Pasolini ( não atores, locações reais, tema que fala sobre famílias marginalizadas, crítica ao capitalismo), "Feliz como Lázaro" é uma parábola levemente inspirada na história de Lázaro, homem ressuscitado por Jesus e por isso mesmo, provocou a ira dos Fariseus que resolveram condenar Jesus. Em uma cidade do interior da Itália, no início dos anos 90, uma família de camponeses faz trabalho escravo para a Dama do Tabaco, uma escravocrata que explora as pessoas em sua plantação de tabaco. Entre elas, está Lázaro ( trabalho excepcional de Adriano Tardiolo), um jovem ingênuo e bondoso, que faz de tudo para agradar as pessoas, sem jamais reclamar. Por conta disso, as pessoas se aproveitam dele, entre elas, Tancredi, filho da Dona do Tabaco, que arma um plano com Lazaro, se fazendo de desaparecido para que sua mãe sinta sua falta. Lázaro acaba morrendo em um acidente. Mais de 2 décadas se passam, e Lazaro ressuscita, mantendo a aparência e a bondade. Ele vai parar na cidade grande, em busca de seu amigo Tancredi. Assim como em "As maravilhas", Alice Rohrwacher trabalha com elementos do realismo fantástico, abusando do surreal em vários momentos. O filme é dividido em 2 partes, linkadas pela narração da pequena Alice, que, crescida vem a se tornar a atriz Alba Rohrwacher, irmã da cineasta, e uma das atrizes mais festejadas e premiadas da Itália. O filme tem um ritmo lento, e tem toda uma estrutura narrativa de documentário. O elenco é formado boa parte por não atores, e as tomadas aéreas do filme são belíssimas. em determinado momento, o filme me remeteu a "Forrest Gump", por conta da bondade absolutamente irredutível do protagonista. O desfecho, lúdico, me deixou bastante triste.

domingo, 14 de outubro de 2018

Vampiro

"Vampire", de Shunji Iwai (2011) Co-produção Estados Unidos/Japão, esse drama independente tem como protagonista um professor de biologia introspectivo que tem um vício: beber sangue humano. Para isso, ele busca em sites de relacionamento mulheres suicidas. Simon (Kevin Zegers, de "Transamerica) marca encontro com elas e as dopa, drenando so sangue do corpo delas e bebendo em seguida. O filme é existencialista, e é muito próximo a "Martin", de George Romero, e de"Sede de sangue", de Park Chow Woo, filmes onde os protagonistas têm um desejo de ser vampiros, mas eles vivem em um mundo realista. O filme tem um ritmo muito lento, e por isso, as suas 2 horas de duração parecem ser bem mais longos. Facilmente o filme poderia ter pelo menos 20 minutos a menos. Não é um filme de terror, e sim, um drama psicológico, com um certo suspense ( será que as mulheres querem mesmo morrer?) É um filme doentio, que fala sobre depressão. mas a escalação de elenco optou por mulheres jovens, lindas, ricas para serem as suicidas. Ficou estranho, e a gente nunca sabe porquê elas querem morrer. Uma cena em particular é bastante perturbadora: em uma reunião de vampirismo, Simon resolve sair com um fã de vampiros, e descobre que o cara sequestra mulheres, as estupra e mata depois com dentes de vampiro fakes, sugando o sangue. é uma cena bizarra, angustiante, principalmente porquê a mulher e asfixiada com um saco plástico e fica agonizando por quase dez minutos. é uma cena apavorante e muito realista. Não recomendo esse filme para pessoas sensíveis.

Bangkok Love Story

"Bangkok Love Story", de Poj Arnon (2007) Imagine um filme de romance policial Lgbtq+, que faz referências explícitas a Tarantino, "Brokeback mountain", de Ang Lee e "Happy Together"de Wong Kar Wai? Produção tailandesa. "Bangkok Love Story" ganhou diversos prêmios internacionais. Tecnicamente estilizado, com fotografia hiperrealista e trilha sonora melodramática, que intensifica a tragédia do amor proibido entre um assassino de aluguel, Cloud, e um policial enrustido, Stone. Cloud é contratado para matar o policial Stone, mas a sua ética, que faz com que ele mate apenas corruptos e bandidos, o deixa em conflito. Stone é um policial bom, que investiga o patrão de Cloud. Cloud resolve então salvar a vida do policial, e isso faz com que toda a máfia vá atrás dele. Ferido, Stone toma conta de Cloud, e ambos se apaixonam. O Diretor Poj Arnon dirige o filme com extrema sensualidade, com cenas bastante sexies, sem apelar para a vulgaridade. O roteiro aposta no melodrama mexicano, daqueles bem exagerados, chegando ao limite do absurdo. O desfecho é para arrancar lágrimas forçadas, mas o carisma dos 2 protagonistas seduzem o espectador que torce por eles. O filem ainda tem aquele charme de Filme B dos filmes polciaiis de Hong Kong, sujos, malditos. Um cult obscuro e apaixonante.

Um pequeno favor

“A simple favor”, de Paul Feig (2018) Diretor de comédias hilárias como “ Missão madrinha de casamento”, Paul Feig adaptou o livro de Darcey Bell e realizou um filme que me surpreendeu pelo inesperado. Afinal, o filme é comédia, suspense, romance, humor negro? Ou uma mistura de tudo isso? Mas será que funciona? Sai do filme na dúvida se eu tinha gostado de uma mistura tão bizarra de gêneros, que funciona para os Irmãos Coen justamente porque eles investem pesado na violência, é o humor vem para amainar o impacto. Mas aqui, a violência vem amparada por um humor quase ferino de Anna Hendricks, numa composição até divertida, mas estranha para o roteiro. Anna interpreta Stephanie, viúva e que cuida de seu filho pequeno. Careta até o último fio de cabelo e mãe zelosa, ela acaba ficando amiga de Emily ( Blake Lively, deslumbrante) , mãe de um menino que estuda na mesma turma do seu filho. Emily é o oposto de Stephanie: extrovertida, fashion, abusada é louca o suficiente para propor coisas indecentes. Emily é casada com Sean ( Henry Golding, de “ Podres de ricos”), um escritor fracassado. Elas se tornam melhores amigas, até que um dia, Emily desaparece. O primeiro ato do filme é totalmente comédia, e Anna lembra até o humor brasileiro de comediantes famosas em sua persona. Mas aí o filme vira de tom, mas sem deixar de lado o humor. O que realmente impressiona no filme, é a primorosa trilha sonora, recheada de clássicos pop franceses de varias décadas. O filé tem um toque sofisticado, chique, justamente por causa das musicas.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Nasce uma Estrela

"A star is born", de Bradley Cooper (2018) Quarta adaptação de uma história escrita a 8 mãos em 1937 ( que já teve Janet Gaynor, Judy Garland e Barbra Streisand no papel da protagonista) , "Nasce uma estrela" tem o brilho de Bradley Cooper, que acumula funções entre co-roteirista, Diretor e Ator. Estreando na Direção com força e muita segurança, ele recria o drama musical sobre Ascenção e decadência no show business de forma emocionante, rendendo sorrisos e lágrima ao longo da projeção. Muito do carisma do filme advém também de Lady Gaga, surpreendendo no papel de Ally, garçonete que cruza o seu caminho com o bêbado e drogado Country Star Jack (Cooper), por quem ele se apaixona e reconhecendo um talento nato de cantora e compositora nela, a ajuda a formar uma carreira. Com 136 minutos de duração, o filme é repleto de cenas fortes de emoção e drama. Várias cenas antológicas: a premiação do Grammy; a cena que o empresário de Ally procura por Jack; a cena dos irmãos. O filme é um show de talento do elenco de apoio, como Sam Elliot no papel do irmão de Jack, e de Andrew Dice Clay, no papel do pai de Ally, que competiu com Robert de Niro e John Travolta para o papel. Toda a parte técnica do filme é excelente: fotografia, câmera, trilha sonora, músicas, direção de arte, edição.

Entre mundos

"Between worlds", de Maria Pulera (2018) Escrito e dirigido pela cineasta espanhola Maria Pulera, "Entre mundos" é mais um dos filmes zueiras com Nicholas Cage, que a cada filme recente, prova que está cagando pra crítica e quer mais é filmar e ganhar dinheiro. O filme aliás, tem uma coleção fabulosa de futuros memes de Cage, impagável. O filme se propõe a ser um suspense sobrenatural mesclado a melodrama, mas essa misturada toda resultou numa grande comédia involuntária. Roteiro tosco e totalmente implausível, elenco no seu pior momento ( meu Deus, o que aconteceu com a carreira da atriz alemã Franka Potente, protagonista de "Corra Lola Corra"?), efeitos mais do que trash. Um cult imediato. Cage interpreta Joe, um motorista de caminhão desolado pela morte de sua esposa e filha em um incêndio residencial. Ao ir para o banheiro de um posto de gasolina, ele testemunha Jullie (potente) ser estrangulada. Ao defender ela, ele se assusta, pois era justamente o que ela queria! Jullie, quando adolescente, sofreu um acidente que a deixou em coma por alguns minutos, dando o dom dela sair de seu corpo e ajudar os outros. Mas para que ela ajude a sua filha que está em coma, ela precisou ser sufocada e entrar em estado de coma. Logo, Joe a ajuda, e ao trazer sua filha de volta, ela acaba trazendo o espírito da ex-mulher de Joe, que enciumada por ele estar se relacionando com Jullie, "baixa" no corpo da filha de Jullie, seduzindo Joe!!! Ou seja, mãe e filha transam com o mesmo homem!!! Confesso que ri demais durante o filme. Para quem estiver nessa vibe de "quanto pior melhor", esse filme é um prato cheio.

O príncipe feliz

"The happy prince", de Rupert Everett (2018) Longa de estréia do ator inglês Rupert Everett que também escreveu o roteiro e protagoniza essa cinebiografia sobre o autor inglês Oscar Wilde. Com um elenco mega estelar ( Colin Firth, Emily Watson, Tom Wilkinson), o filme acompanha os três últimos anos de vida de Oscar Wilde, logo após a sua libertação da prisão ( ele foi preso por acusação de sodomia com o Lord Alfred Douglas e condenado a 2 anos). Vivendo em Paris sob o pseudônimo de Sebastian Melmoth., e morando em um quarto decadente, sem dinheiro e mendigando, Wilde manteve poucos amigos. Morreu de meningite e sífilis, em 30 de novembro de 1900. Somente em 2017, Wilde e outros 50 mil homossexuais foram perdoados por suas condutas consideradas ofensivas. O filme apresenta em flashbacks, momentos da vida gloriosa de Wilde, no auge do sucesso, casado e com filhos e também cercado da alta sociedade e da intelectualidade. O filme foi exibido em Sundance 2018, e já ganhou alguns prêmios internacionais. Com uma narrativa não linear, que alterna tempos distintos, o filme provoca muitas vezes uma confusão que fica difícil de acompanhar algumas vezes. Essa opção por trazer uma estrutura desconexa prejudica o entendimento do filme, e o torna menos acessível ao público médio. De qualquer forma, é um projeto de alta qualidade técnica: fotografia, direção de arte, locações e principalmente, o excelente trabalho de maquiagem, que transformou Rupert Everett.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A garota na caixa

"The girl in a box", de Stephen Kemp (2016) Baseado na terrível história real de Colleen Stan, uma jovem de 20 anos que foi sequestrada ao pegar carona com um casal e confinada em uma caixa pelo período de 7 anos. O casal sequestrador, Cameron e Janice Hooker, estupravam Collen durante um período do dia, e depois a trancafiavam de novo. Cameron era adepto do "bondage"e "S&M", e fazia de Collen, a sua escreva sexual. Angustiante, com ótimo trabalho do trio principal, não é um filme que se recomenda para se assistir de noite, pois provavelmente provocará desconforto no espectador. Claustrofóbico, depressivo, degradante. Se você está nesse vibe, assista ao filme, caso contrário, o esqueça.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

30 anos de Adonis

"30 years of Adonis", de Scud (2017) Repleto de cenas de sexo explícito, nudez total masculina do elenco de 30 atores e gang bang, "30 anos de Adonis" é um misto de ficção e drama experimental. Dirigido pelo Cineasta e roteirista de Hong Kong Scud, o filme é uma alegoria sobre o trabalho do Ator, e sobre a chegada dos 30 anos de idade. Adonis é um Ator de Ópera de Pequim. Ao completar 30 anos de idade, ele entra em crise. Desempregado, ele decide se prostituir com homens e mulheres e participar de filmagem de um pornô. O filme mescla a rotina de Adonis na prostituição, filmagem de um pornô e momentos de puro lirismo onde ele se imagina na floresta em devaneios com outros homens. O filme tem momentos intensos, mas de uma forma geral, é pretensioso, e somente deverá agradar a espectadores que curtem fetiches. Fosse um média metragem seria mais interessante, mas como longa, é chato, sem um foco definido sobre que filme ele quer ser. A curiosidade fica nos últimos 5 minutos, onde todo o elenco dá depoimento sobre o que imaginam do trabalho do Ator e a experiência no filme.

Sete notas no escuro

"Sette note in nero", de Lucio Fulci (1977) Clássico do "Giallio" de um dos maiores Cineastas do gênero italiano, o filme também tem um título alternativo chamado de "Premonição". Ambos os títulos trazem spoilers para quem for assistir à esse delirante suspense à La Hitchcock. No prólogo, acompanhamos uma menina na década de 50, na Irlanda, tendo visões de sua mãe se suicidando. Anos se passam, e a menina agora é Virginia (Jennifer O'Neill, de "Sacnners" e "Era uma vez um verão". Casada com um milionário italiano, Frederico, ela resolve fazer uma nova decoração em uma das mansões do seu marido. Em uma de suas visões, ela descobre um esqueleto feminino enterrado dentro da parede do quarto da casa. Seu marido é preso como suspeito, e Virgínia resolve ir atrás do possível assassino. Com um roteiro repleto de twists, o filme tem uma edição dinâmica e uso de zoom que combina com a narrativa, apesar de parecer cafona hoje em dia. toda vez que Virginia tem visões, aplica-se um zoom em seu rosto. Lucio Fulci é um Mestre e sabe como entreter e prender a atenção do espectador. Eclético, depois ele dirigiu uma série de filmes de zumbis, que viraram clássicos, e assimilou posteriormente o gore e violência explícita. Aqui,a violência chega a ser trash ( a cena da mãe se suicidando e caindo do penhasco é antológica, nitidamente vê-se uma boneca). Uma ótima diversão para quem curte o giallio, para quem não curte, vai se divertir bastante dando altas risadas. Ótima trilha sonora.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Like cattle towards glow

"Like cattle towards glow", de Dennis Cooper e Zac Farley (2015) Prato cheio para espectadores Voyeurs, fetichistas e amantes de produções obscuras, essa antologia de 5 curtas franceses está repleto de cenas explícitas, masturbação, necrofilia, estupro, fist fucking e outros prazeres do sexo selvagem envolvendo pós-adolescentes franceses. Misto de ficção e arte conceitual, o filme não pode ser assistido por espectadores sensíveis. Essa antologia de certa forma me lembrou a antologia de filmes explícitos "Destricted", dirigido por cineastas conceituados, como Gaspar Noé, e que também envolviam o submundo do sexo. 1o episódio: um jovem contrata um garoto de programa e deseja que ele "interprete" um morto, em homenagem a um amigo dele que morreu e que ele não teve chance de transar. 2o episódio: um performer se apresenta para uma platéia alternativa, e durante o seu discurso, ele é estuprado por alguns dos presentes. 3o episódio: um jovem é interceptado por outro rapaz na linha de trem, que lhe pede para praticar fist fucking 4o episódio: um casal, vestido de monstros, sequestram um rapaz e o obrigam a se masturbar, caso contrário será morto 5o episódio: uma mulher comanda um drone que segue um rapaz até uma caverna Os 3 primeiros episódios são os melhores, com destaque para o 2o. O último é o pior de todos. Os atores são todos amadores, e falam um inglês com sotaque francês.

Aguarde instruções posteriores

"Await further informations", de Johnny Kevorkian (2018) Curioso filme de ficção cientifica e suspense, uma mistura inusitada de "Videodrome", do Cronemberg, "Black mirror" e do seriado 'Twilight zone". O filme é uma fantasia metafórica, que faz uma crítica à massificação da mídia. Um jovem casal, Nick e Annji ( ela descendente hindu), vão passar a noite de Natal na casa da família de Nick. Há tempos ele não visita sua família, por conta do racismo de seu pai, que é contra seu envolvimento com Annji. Além de seus pais, estão seu avô, sua irmã e seu cunhado. Após discussão, o casal resolve ir embora, mas descobre que a casa está totalmente cercada por uma espécie de placa fibrosa, que os impede de sair. Além disso, na televisão começam a surgir instruções que devem ser seguidas à risca, caso contrário, pessoas irão morrer. Com um roteiro instigante, esse filme inglês ganhou prêmios em Festivais de gênero, e nos deixa curiosos para saber como vai terminar. O desfecho é Cronemberg puro, com efeitos bem anos 80, toscos mas divertido.

domingo, 7 de outubro de 2018

Malevolente

"Malevolent", de Olaf de Fleur (2018) Filme de terror inglês que pega carona nos sucessos de "Invocação do mal" e do espanhol "O orfanato", tem um terceiro ato bem tenso e que faz valer a pena assistir. No início dos anos 80, os irmãos Angela (Florence Pugh, protagonista do excelente "Lady Macbeth') e Jackson comandam um grupo de paranormais que são contratados por clientes que acreditam que suas casas estão assombradas por espíritos. Junto da namorada de Jackson, Beth, e do amigo deles, Elliot, o grupo afugente os fantasmas. Na verdade, eles são um trambiqueiros. Até que uma cliente, a Sra Green, os chama para o orfanato dela, onde ela acredita que os espíritos das meninas assassinadas pelo seu filho estão de volta para assombrar. E Angela descobre que possui dom de mediunidade. Com um ótimo grupo de atores, incluindo Celia Imrie, do filme "O exótico Hotel Marigold", o filme surpreende por conta de vários plot twists ao longo da narrativa. Mesmo sendo um filme de baixo orçamento, o filme segura a atenção.

Venom

"Venom", de Ruben Fleischer (2018) Diretor da franquia "Zumbilândia" e do policial "Caça aos gangsters", Ruben Fleischer teve a missão de levar às telas um personagem que passeia na mesma vibe do anárquico "Deadpool". Isso porquê Venom precisa se alimentar de cabeças humanas!!!!! Ou seja, bizarrices à mil nessa adaptação que foi destruída pela Crítica, mas que me entreteu em suas quase 2 horas. Tudo bem, não é dos melhores filmes da Marvel, mas ver Tom Hardy dando faniquitos e Michelle Willians como She-Venom vale o ingresso. Mas o mais curioso, é que quando o Filme de ficção científica "Vida" foi lançado pela mesma Sony em 2017, havia rumores de que seria um Prequel para "Venom". Assistindo, de fato parece, pois o filme começa exatamente como terminou "Vida", e o ser alienígena se parece bastante nos 2 filmes. Algumas tiradas são bem divertidas, e os efeitos são bacanas. O filme tem uma atmosfera mais sombria, mas repleto de humor negro.

sábado, 6 de outubro de 2018

Luz verde permanente

"Permanent green light", de Dennis Cooper e Zac Farley (2018) Livremente inspirado na história do jovem australiano Jale Bilardim que se suicidou como homem bomba, logo depois de se filiar a um Grupo Islâmico. O que intrigou as autoridades, é que somente ele morreu, havendo uma preocupação da parte dele de que não houvessem pessoas na rua pública onde ele detonou a bomba. A dupla de diretores e roteiristas Dennis Cooper e Zac Farley realizam esse drama independente francês, que competiu no prestigiado Festival de Rotterdan. Através da história de 5 amigos, o filme propõe discutir, de forma romântica, o suicídio sem vínculos políticos, apenas com uma forma de desaparecer da humanidade. Os jovens são de classe média, têm problemas de falta de comunicação com seus pais e não encontram um futuro muito promissor pela frente. Um deles, procura constantemente pela internet, uma forma de fabricar uma bomba. Polêmico, o filme não procura evitar o suicídio através de terapias ou aconselhamento por parte de profissionais. O tempo todo, e de forma bastante verborrágica, o roteiro mostra esses jovens totalmente apáticos, uma geração sem ambição. É um filme sobre a desilusão, e nem é aconselhável ser assistido por pessoas influenciáveis. Devo dizer que é um filme muito chato, de ritmo arrastado, talvez intencionalmente para que o espectador sinta a monotonia dos personagens.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Leave no trace

"Leave no trace", de Debra Granik (2018) Melancólico drama independente americano, dirigido pela Cineasta Debra Granik, mesma realizadora de "Inverno da alma", filme que lançou Jennifer Lawrence ao estrelato. Exibido com sucesso em Sundance 2018, e na Quinzena dos realizadores em Cannes , "Leave no trace" narra uma história muito semelhante a "Capitão Fantástico", com Vigo Morttensen. Will (Ben Foster(, veterano de guerra e portador de Ptda (Síndrome pós traumático) , mora com sua filha Tom (Thomasin McKenzie), 13 anos, na floresta de Oregon. Escondidos de todos, eles vivem como de pequenas plantações e de eventuais idas à cidade para comprar produtos de primeira necessidade. Após Tom ser flagrada por um corredor, a polícia chega e os prende, levando-os até a Assistência social. Pai e filha fogem de novo até à floresta, mas no pouco tempo em que ficaram na assistência social, foi o suficiente para modificar o pensamento de Tom, que já não compartilha dos mesmos ideais de seu pai. Raro filme a receber 100% de aprovação do Site Rotten Tomatoes, "Leave no trace" tem um ritmo extremamente lento. Acho um bom filme, mas nada que já não tenha visto antes, e melhor. Boa direção, bom trabalho da dupla de atores. Esse tipo de filme que glorifica a vida na natureza e faz discurso contra o capitalismo já rendeu "Vida"e "Na natureza selvagem", dois excelentes filmes.

Conquistar, Amar e Viver Intensamente

"Plaire, aimer et courir vite ", de Christopher Honoré (2018) A filmografia do francês Christopher Honoré me interessa bastante. Desde os excelentes "Em Paris" e "As canções de amor", que não deixo de assistir a um filme seu. Seus filmes geralmente versam sobre relacionamentos apaixonantes mas envoltos em auras de tragédias e mortes, onde a saudade bate forte à medida que a ausência consome os personagens. Novamente apostando na temática do amor entre um casal gay, Honoré ambienta seu filme no ano de 1993, quando a Aids e o HIV continuam matando a comunidade gay de forma desenfreada. É dentro desse panorama maldito, que Jacques ( Pierre Deladonchamps) , de "O Segredo do lago" e Arthur (Vincent Lacoste ) se conhecem, dentro de uma sala de cinema, onde esta sendo exibido "O piano", de Jane Campion. Jacques tem 35 anos e é escritor. Arthur tem 20 anos e deseja estudar cinema. Jacques é de Paris, Arthur é de uma cidade pequena e quer se mudar para Paris para poder flertar com quantos homens quiser, agora que ele resolveu se assumir publicamente como homossexual. Jacque sé portador do HIV. Entre a culpa e o desejo, os 2 personagens perambulam em círculos, buscando outros parceiros, mas acabam retornando um ao braço do outro. Honoré bem que tenta em alguns momentos trazer o gênero musical ao filme ( em 'As canções de amor", literalmente o filme vira musical. O filme é repleto de música, a fotografia privilegia a luz noturna da cidade, melancólica. Mas é um filme ao mesmo tempo sexy e triste. As cenas de sexo são sensuais, os atores estão ótimos, mas a sua longa duração pesa contra, são 2:13 horas, totalmente uma loucura, podendo ter sido cortado em pelo menos 20 minutos. O filme foi exibido em competição no Festival de Cannes 2018. Não é seu melhor filme, mas para quem curte filmes românticos protagonizados por personagens gays, e ainda por cima, filme verborrágico onde falam sem parar, aqui é a pedida certa.

Papillon

"Papillon", de Michael Noer (2017) Segunda aversão da famosa biografia do francês Henri Charriére, já levada às telas anterioremente com Steve Macqueen e Dustin Hoffman nos papéis agora de Charlie Hunnan e Rami Malek. O filme começa em 1931, em Paris. Papillon ( apelido dado por conta da tatuagem de borboleta em seu peito) é preso com acusação falsa de ter assassinado um cafetão. Papillon é um bandido especializado em roubar para uma máfia local, e sua sentença é de prisão perpétua. Ele acaba sendo levado até a Guiana Francesa, para uma prisão para deportados franceses. Chegando lá, ele fica amigo de Louis Deas (Malek), que, por ter dinheiro, acaba sendo figura chave para a possibilidade de fugir da Ilha. A história da amizade entre esses 2 homens é o emociona o espectador. Bem dirigido e com excelente atuação dos 2 atores ( Malek copia os trejeitos de Dustin Hoffman) , o filem conjuga drama, ação de forma espetacular. É longo, 2:13 de duração, mas é um épico humanista cujo livro, lançado em 1970, se tornou um imenso best seller, e responsável pela eliminação dessas penitenciárias, para onde j;a foram deportados mais de 80 mil pessoas.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Legalize já- Amizade não morre nunca

"Legalize já- Amizade não morre nunca", de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé (2017) Cinebiografia do cantor Marcelo D2, vocalista da Banda de Rap "Planet Hemp". O filme encobre o início dos anos 90, com a dura vida de Marcelo, que vendia camisetas de bandas de Rock no centro da cidade, como camelô, a sua relação com sua namorada grávida e o conflito sobre um possível aborto; o drama com seu pai ( Stephan Nercessian), que o cobra por não ter um emprego decente e uma casa para morar; e principalmente, a sua amizade com Skunk ( Ícaro Silva), o grande idealizador da banda e incentivador de Marcelo, para que ele largasse a vida de camelô e de vendedor de loja de eletrodoméstico para se lançar com cantor de rap. expondo as suas frustrações e angústias através das letras que escrevia. O filme ganhou 5 prêmios no Festival Aruanda em 2017, e deve agradar aos fãs do cantor. A fotografia estilosa, quase em tom de preto e branco, reforça a dramaticidade da história. O filme na verdade, tem uma presença muito mais forte e vibrante na figura de Skunk, através de uma performance magistral de Ícaro Silva. Ele sim, é a grande motivação para se assistir a esse filme, dando um exemplo simbólico da luta do brasileiro que jamais desiste de seus sonhos, mesmo em momentos de desespero total.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Jonas

"Jonas", de Christophe Charrier (2018) Drama que é um soco no estômago, com um desfecho trágico que me deixou muito triste. O filme envolve 2 momentos na vida de Jonas: aos 15 anos e aos 33 anos de idade. Adolescente, Jonas é um gay enrustido. Aos 33 , ele é totalmente assumido e faz pegações desenfreadas no Grindr. Trabalhando como enfermeiro, descobrimos que Jonas tem um passado traumático, que envolve a sua amizade com o colega de turma Nathan, jovem judeu homossexual, por quem ele se apaixona. Com excelente atuação dos atores que interpretam Jonas nas duas fases, e do ator que interpreta Nathan, "Jonas"é um belo drama contundente. A montagem intercala as duas épocas, para trazer uma surpresa no decorrer da história da razão do trauma de Jonas. O filme é bastante sexy, com ótimo clima de tensão sexual. Ótima Direção de Christophe Charrier, que também escreveu o roteiro.

Não se preocupe, ele não vai chegar longe à pé

"Don't Worry, He Won't Get Far on Foot", de Gus Van Sant (2018) Cinebiografia do cartunista John Callahan, nascido em 1951 e morto em 2010. Exibido em Sundance em competição no Festival de Berlin 2018, o filme faz parte de leva de filmes humanistas e melodramáticos de Gus Van Sant ( "O mar de árvores", "Terra prometida"). Particularmente, gosto mais dos filmes de Van Sant onde ele era provocador, como "Elefante", "Paranoid Park", "Gerry", "Garotos de programa", "Mala noche'. John Callahan nasceu em Portland ( cidade natal de Van Sant) e desde criança se tornou alcóolatra. Aos 21 anos, ele sofreu um acidente de carro, que estava sendo dirigido por um homem que ele conheceu nessa noite de bebedeiras, interpretado por Jack Black. resultado: Callahan se tornou quadraplégico. Diante da nova perspectiva de vida, Callahan acabou abandonando a bebida e participou de grupos de apoio, até se tornar um cartunista famoso, mas odiado por muita gente, pelo sue conteúdo politicamente incorreto. O filme tem uma montagem que mistura tempos, e entremeada por cenas de animação do verdadeiro Callahan. Como filme, é correto, mas sem alma. Tá ali, tudo certinho, mas falta um impulso para que a gente se apaixone pelo filme. O que me fez segurar a atenção, obviamente é a performance arrebatadora de Joaquim Phoenix, e surpresa das surpresas, de Jonah Hill, mais magro e em papel dramático, interpretando um gay.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Oitava série

"Eighth grade", de Bo Burnham (2018) Amei, amei, amei, amei essa comédia dramática super premiada, o filme mais elogiado no Festival de Sundance 2018. Bo Burnham é Ator e roteirista, e esse é seu filme de estréia. Para quem não se lembra, ele trabalhou na comédia "Doentes de amor", indicada ao Oscar em 2018. "Oitava série" tem toda a cara de um filme de Wes Anderson, e também lembra um pouco "Ladybird", so que direcionado à outra faixa etárea. Em "Oitava série", a protagonista, Kayla, tem 13 anos e está prestes a terminar a sua oitava série e no ano seguinte, entrar para o ensino fundamental. Junto com isso, vem todas as angústias de uma menina assustada com o processo de crescimento. Kayla é tímida, não tem amigos, é órfã de mãe e mora com seu pai, Mark (Josh Hamilton, absolutamente apaixonante no papel). Kayla cria um Canal no Youtube dando dicas de comportamento e auto-estima, tudo o que ela não consegue ser. Sem seguidores e nenhum like, ela é a própria Looser. Quando você acha que o Diretor e roteirista Bo Burham quer narrar um filme masoquista onde ele bota a protagonista para sofrer o tempo todo, ele alterna com momentos brilhantes de humor ferino, ácido e melancólico. Ao mesmo tempo que a gente antipatiza de Kayla, por ela destratar seu amável pai, a gente se apaixona por ela, porquê simplesmente, quase todo mundo já passou por situações como as dela. Muitas cenas antológicas: a simulação de ataque terrorista na escola; Kayla tentando aprender a fazer sexo oral com uma banana; a cena da piscina onde ela conhece o nerd Gabe; a cena do shopping com o seu pai a espionando. Mas nada disso seria possível, sem a presença magnetizante de Elsie Fishr no papel principal. ela começou na carreira dublando a voz de Agnes em "Meu malvado favorito". Elsie lembra bastante o biotipo de Abigail Breslin quando surgiu em "A pequena Miss Sunshine". O seu carisma e talento impressionantes constróem uma personagem trágica e humana, a pobre coitada que sai do lugar comum das pessoas que sofrem bullying e tentam suicídio. Kayla não pensa em se matar. ela pensa em ser alguém. "Oitava série" é um dos filmes mais espetaculares sobre a adolescência.