domingo, 30 de abril de 2023

Os cavaleiros do Zodíaco- Saint Seiya- O começo

"Knights of the Zoadiac", de Tomasz Baginski (2023) Co-produzido por Japão, Estados Unidos e Hungria, o filme é adaptação live actiion do anime publicado pela 1a vez em 1990 e desde então, adaptado para uma das séries de anime de maior sucesso no mundo todo. Dirigido pelo polonês Tomasz Baginski, produtor da série "The witcher", o filme tem muitos efeitos e cenas de ação, como era de se esperar, mas com um orçamento infinitamente menor que qualquer filme da Marvel ou DC, acabam se tornando genéricos e não chamam aos olhos. Eu confesso que o filme iria trazer todos os Cavaleiros principais, e não me ative ao título em português, que acrescenta um "Sant Seiya- O começo". Ou seja: o foco é totalmente em Seiya e a sua transformação em Cavaleiro Pegasus, após treinamento com a Amazona Marin em uma Ilha grega, para que ele se conecte com o seu Cosmo (alguém aí falou em 'Star wars"?). Eu queria ter visto um filem live action com todos os cavaleiros e fiquei bem frustrado. A depender da bilheteria, vamos ver se vai rolar uma franquia que traga os outros cavaleiros. Seiya (Mackenyu Arata) é um jovem que luta em lutas livres para sobreviver. A sua busca é por sua irmã, que foi sequestrada quando ele era criança. O seu caminho se cruza com o de Alman Kido (Sean Bean), que o sequestra e o traz para a sua ilha secreta, onde ele cuida de sua filha Saori ( no original em inglês, a chamaram de Sienna, para evitar acusações de Yellow face). Ela vem a ser a forma humana da Deusa Atena e Alman precisa protegê-la com a ajuda de Seiya. Mas Guraad (Famke Janssen), ex-mulher de Alman e que agora deseja matar Saori por acreditar que ela irá destuir o mundo, se une ao pdoeroso cavaleiro Fênix e ao guerreiro Cassius para localizarem a garota. Eu não assisti todo o anime, mas para quem não conhece a franquia, vai entender o filme, que mesmo com um roteiro confuso e personagens mal elaborados e mal aproveitados, tem uma estrutura clássica.

The other fellow

"The other fellow", de Matthew Bauer (2022) Curioso e divertido documentário dirigido por Matthew Bauer, consumiu 10 anos de realização entre pesquisa e filmagem. O tema é sui generis: Bauer viajou o mundo atrás de pessoas comuns que tinham o nome de James Bond, apenas o espião mais famoso do mundo. Símbolo de hiper masculinidade, ter o nome de James Bond acabou virando um fardo enorme para todos que o carregam, e a definição é uma só: "It's a burden and a blessing", ""É uma maldição e uma benção". Todos são unânimes em dizer que não tem um único dia na vida que não tenham que ouvir piadas jocosas, ou as pessoas brincando com o nome deles ou até memso duvidando. O filme começa com uma entrevista de 1953 com o autor Ian Fleming respondendo a um repórter de onde ele tirou o nome James Bond. Fleming respondeu que ele queria um nome flat e pegou um livro que ele tinha em sua biblioteca, sobre estudo de pássaros chamado 'Birds of the west wings", escrito pelo ornitólogo americano James Bond. O cineasta então vai até Filadélfia, entrevistar a viúva do ornitólogo, falecido aos 89 anos. Ela diz que desde que surgiu o filme, o seu marido nunca teve sossego. As pessoas ligavam pra casa deles e faziam trotes, na rua a mesma coisa. Depois tem o caso de um homem negro que ficou preso por 60 dias em Indiana porquê os oficiais acreditavam que ele estava tirando onda com a cara deles, pois não existe um James Bond negro. Um diretor de teatro gay de Nova York se vangloria por quebrar o esterótipo da masculinidade do espião. Mas a melhor história é a do sueco Gunnar SChaffer, da cidade de Norbu, na Suíca e que é uma celebridade na cidade. As pessoas acreditam que seu pai foi um espião. Gunnar trocou seu nome para James Bond ( é o único dos entrevistados qiue não nasceu com o nome) e toda a sua vida é dedicada ao espião: ele é curador do museu que criou, o 007 James Bond museum, com peças compradas de vários dos filmes. Ele se veste como Bond, usa o relógio Omega e bebe martini. O filme recria cenas dos depoentes com atores, e por conta dos direitos, não pode usar cenas dos filmes nem a famosa trilha sonora. Segundo dados do governo americano, cerca de 75 mil pessoas possuem o sobrenome Bond nos Estados Unidos.

sábado, 29 de abril de 2023

Megan

"Megan", de Silvio Nacucchi (2020) Produção independente italiana, não confundir com o filme da boneca assassina "M3gan". Um suspense psicológico, "Megan" uma trama de vingança que se tranfsorma em psicopatia assassina. Um jovem , TOm (Randy Wayne) está fazendo pesquisa nas montanhas de alguam região na Itália. Quando ele é demitido, ele decide fazer montahismo para espairecer a mente. Ele encontra uma cabana no meio de uma floresta, e avista uma jovem nua na janela. Excitado, ele joga a água de sua cantina fora e decide bater na porta para pedir água. Uma mulher o atende, Megan (Sadie Katz). Eles conversam e Tom fica sabendo que a irmã de Megan, Jessy, que ele viu na janela, está traumatiza e ficou cega após um violento estupro. Tom acaba sendo dopado por Megan e acorda amarrado no sub-solo. Megan decide se vingar dos homens como forma de se vingar do estupro que ela sofreu, e passa a torturar e seviciar o rapaz. Vixe, que o filme é ruim demais. Roteiro podre e diálogos pavorosos, performances toscas. O que se salva são as belas locações. O ator Randy Wayne é fraco, mas pelo menos é bonito e acaba sendo um atrativo a mais. Totalmente dispensável a nudez das atrizes, nitidamente um fetiche do cineasta e roteirista Si;lvio Nacucchi. Ficou extremamente gratuito.

Clube do assassino

'Assassin club", de Camille Delamarre (2022) É curioso entender como funciona Hollywood: basta uma franquia como "John Wick" fazer sucesso, que uma enxurrada de filmes genéricos sobre assassinos de bom coração e que são caçados por outros assassinos surja. Da boa safra, tivemos o recente "Trem bala", com Brad Pitt, um filme divertido e totalmente stiloso. Da safra ruim, surge esse "Clube do assassino", com atores que oscilam entre bons filmes e outros nitidamente para pagar as contas. Henry Golding, Noomi rapace e sam Niell têm ótimos filmes em suas filmografias, mas aqui, nenhum deles se salva. O roteiro é óbvio da primeira à última cena: um assassino, Morgan (Golding) tem uma missão comandada pelo seu chefe, que coordena uma liga de assassinos, Caldwell (Sam Neill): encontrar e matar 7 assassinos. O que ele não sabia, é que ele também é alvo desses assassinos. O filme tem boa produção e foi rodado em diversos países, aparentemente, se bem que no Imdb diz que foi tudo rodado na Itália, co-produtora do projeto. Mas o roteiro é sem tesão, os personagens mal acabados e a direção faz o que pode. Para passar o tempo quando não tem mais outra opção.

Renfield- Dando o sangue pelo chefe

"Renfield", de Chris McKay (2023) Quando surgiu na mídia que Nicolas Cage iria interpretar o icônico vampiro Drácula, rolou logo um buchicho entre os fãs. Seria mais uma performance digna de um dos atores mais celebrados pelo seu público e que renderia novos memes? A verdade é que eu não entrei na onda do filme e fiquei bem frustrado. VEjo que quase toda a crítica amou, o problema deve ter sido comigo, talvez não estivesse no clima para ver o filme. Confesso que senti falta de uma unidade, achei tudo uma zoeira despropositada, uma mistura mal acabada entre comédia , trash e terror gore. com cenas violentas, mesmo que debochadas. Mas um filme onde cabeças explodem, membros são decapitados, barrigas rasgadas, pessoas esmagadas e fuziladas certamente não poderão ser vistos, no cinema, por um público mais jovem, que seria a platéia perfeita se o filem tivesse apostado mais na brincadeira do que na violência extrema e baldes de sangue. O roteiro também atira para várias direções, e Nicolas Cage, que deveria ser o foco, acaba se tornando um coadjuvante de luxo para Nicholas Hault, no papel de Renfield, e Awkwafina, no papel da policial destemida, boca suja e vingativa Rebecca. Renfield é o assistente de Drácula, transformado em morto vivo há séculos para srevi-lo, trazendo sangue de inocentes. Mas quando Renfield frequenta um grupo de auto0ajuda, ele é instigado a se rebelar contra Drácula, e aí, o próprio decide se vingar de Renfield e de todos que ele gosta. Paralelo, a policial Rebecca quer se vingar do traficante Teddy e de sua mãe, que dominam o tráfico na cidade. O caminho de todos se cruza de forma violenta e trash. Nicolas Cage tem a caracterização roubada de Bela Lugosi, cujo filme "Drácula", de Tod Browing (1931) "Renfield" faz homenagem, recriando a famosa cena da apresnetação do personagem em sua mansão. Cage está ótimo, para não s elevar nada a sério,e. fiquei sentindo que o personagem deveria ter sido mais carismático. Hoult é ótimo ator, e Awkwafina já provou que é boa em comédia e ação. Mas faltou um borogodó aqui.

Espumas ao vento

"Espumas ao vento", de Taciano Valério (2022) Concorrendo no Festival de Brasília 2022, o filme do pernambucano Taciano Valério traz um elenco de atores e atrizes vindos de um cinema autoral: Rita Carelli, Patrícia Niedermeier, Odécio Antônio, Tavinho Teixeira, Everaldo Pontes, Mestre Sebá. O filme é uma crítica ao desmonte da cultura promovido pelo Governo de Bolsonaro, e também do Poder que a Igreja evangélica possui no país. No meio de tudo isso, a pandemia da covid. Uma trupe de artistas mamelungos que lidam com bonecos manipulados formado por duas irmãs Manu (Rita Carelli) e Aninha (patricia Niedemeier), o pai (Mestre Sebá) e um ajudante (Everaldo Pontes). Uma noite, ao se apresentarem, um palhaço (Odécio Antonio), que na verdade é o Ministro da Paz de um poderoso Pastor da igreja Baralho de Deus (Tavinho Teixeira) assassina os dois homens. O tempo passa, as duas irmãs agora moram em uma casa isolada, vivendo financeiramente produzindo garrafas com detergente líquido. MAnu deseja a vingança e Aninha se torna depressiva com tendências suicidas. Misturando realismo com uma narrativa onírica e farsesca, o filme promove discussões sobre o momento recente na política e sociedade brasiuleira, prejudicadas na área cultural e com alto índice de desemprego. O filme traz belas performances que só não é mais feliz por conta da aposta arrisvcada pela caricatura de personagens como o palhaço e o pastor.

Verde-limão

"Verde-limão", de Henrique Arruda (2018) Exibido na Mostra de Tiradentes, o curta pernambucano "Verde-limão" ganhou mais de 10 prêmios e dentro de sua narrativa Lgbtqiap+, traz relatos de drag queens sobre a sua sexualidade, aceitação como indivíduo queer e as muitas histórias de homofobia. Tudo isso pelo olhar imaginário e fazendo uso da memória de uma Drag queen mais velha, que se prepara no camarim para entrar no palco. Em suas lembranças, são muitas as histórias de violência, vindo desde a própria família e estranhos. Belamente fotografado, o filme traz uma marca autoral e estilizada própria dos realizadores de Pernambuco. Um belo grito de alerta contra preconceitos.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Gacy

"Gacy", de Clive Saunders (2003) Thriller independente americano baseado na história real de John Wayne Gacy, um serial killer que assassinou 33 garotos e rapazes no Estado de Illinois, Chicago, entre 1972 e 1978. Preso em 1980, passou 14 anos preso até ser morto por injeção letal no dia 10 de maio de 1994, aos 52 anos de idade. Suas últimas palavras foram "Kiss my ass!". O filme começa com Gacy adolescente, sofrendo violência do seu pai, que o acha um covarde e frouxo. Os anos se passam e o filme mostra Gacy casado e pai de duas filhas. Nessa casam ele ainda mora com sua mãe doente. Suas vítimas foram enterradas no piso de sua casa. Os vizinhos reclamavam do mau cheiro. Gacy ficou conhecido como o "Palhaço Assassino" por conta de seus trabalhos de caridade, eventos para obtenção de fundos e festas infantis nos quais ele se vestia como "Pogo, o Palhaço". O filme por incrível que pareça, faz tudo errado e não consegue apresnetar um suspense digno de um serial killer famoso como Gacy. Os atores são ruins, fracos. A produção é muito modesta e a direção de Clive Saunders não constrói suspense e pior, não mostra as cenas de morte, o que faz o espectador ficar ausente e não se importar muito com as vítimas. O roteiro traz diálogos óbvios. Uma pena, pois eu contava com um filme bem assustador. Faltou malícia, psicopatia, paranóia e medo.

Fumar causa tosse

"Fumer fait tousser", de Quentin Dupieux (2022) O cineasta francês é um realizador famoso no meio cinéfilo pelos seus filmes bizarros e estranhos, fazendo homenagem a diversos gêneros do FILME B, mesclando terror, ficção científica, trash e claro, muito deboche e anarquia. É uma filmografia para se amar ou largar. Seus filmes todods se tornaram cults, para o bem ou para o mal: 'Rubber, o penu assassino", "Incrível, mas verdadeiro", 'A jaqueta do couro de cervo", "MAndíbulas" são exemplos de seu cinema transgressor. Premiado em Sitges, o filme é uma paródia ácida e provocativa dos filmes da Marvel e dos Power Rangers, de onde Dupieux pega emprestado o figurino: "A força do tabaco" são os Vingadores do Planeta Terra. Benzina (Gilles Lellouche), Metanol (Vincent Lacoste), Nicotina (Anaïs Demoustier), Mercúrio (Jean-Pascal Zadi) e Amoníaco (Oulaya Amamra) defendem o planeta de seres alienígenas. O chefe deles, Mr Didier (voz de Alan Chabat), avisa que um novo vilão se aproxima para destuir o planeta Terra, Lagarto (Benoît Poelvoorde ). O grupo deve fazer um retiro e resolver suas diferenças e aí, ter união para combater o criminoso. Durante o retiro, cada um conta uma história assustadora. Com um elenco all star, que inclui ainda a diva Adèle Exarchopoulos. "Fumar causa tosse" é dos melhores trabalhos de Dupieux, até porquê, é engraçado. Os alienígenas parecem saídos de filmes do Ultraman ou Jiraya, nitidamente homens vestindo roupas de borracha. O chefe Mr Didier é uma enorme ratazana manipulada por algum artista, e namora uma bela mulher. Os efeitods são toscos, é claro, e a cena onde o grupo ança fumaças no monstro é hilária. Talvez a melhor cena seja uma história contada por um peixe sendo assado!!!!! onde ele narra a triste história de uma boca falante!!! Genial! E é uma delícia testemunhar tantos atores bons se divertrindo no filme.

Retorno à Seul

"Return to Seoul", de Davy Chou (2022) Premiado drama co-pruduzido por diversos países: França, Camboja, Coréia do Sul, Romênia, Qatar, Alemanha e Bélgica. Filmado em Seul e em Bucareste, Romênia, o filme é baseado em história real: a amiga do cineasta Davy Chou, Laure Badufle, nasceu na Coréia do Sul e foi adotada com 1 ano de idade por um casal de franceses. Aos 23 anos, ela retornou a Seul e conheceu seus pais biológicos, mas por não conseguir se comunicar, pois não falava coreano e nem seus pais falavam inglês ou francês, ela se irritou com os tradutores. O filme concorreu no Festival de Cannes e foi pré-selecionado para uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2023, representando o Camboja. É também a estreia da artista plástica Park Ji-Min como atriz, no papel da protagonista Freddie. Em viagem para Tókio, Freedie é obrigada a ficar em Seul após uma tempestade que impede o vôo. Ela se hospeda em um albergue e fioca amiga da atendente, Tena (Guka Han). Elas se tornam amigas e vão a um bar, onde Freddie se envolve com um rapaz coreano, e ali, começa seu problema de comunicação. Freddie é tentada a ir buscar informação sobre seus pais biológicos, e vai até o centro de adoção. Seus pais estão separados. O pai entra em contato e quer vê-la. A mãe não responde. Freddie leva Tena com ela para a cidade do pai e a família dele, e todos se arrependem de terem doado Freddie para uma família francesa, devido à incapacidade da família de sustentar uma filha em meio à crise financeira asiática. Freddie se irrita e esse evento irá transformar a sua vida para sempre. O filme é dividido em vários atos, cada um se passando em um ano específico, acompanhando a protagonista por um período que vai de 2014 a 2022. É um filme bem dirigido, lento, que traz temas como conflitos de identidade e divergências culturais. É quase um "encontros e desencontros"da Sofia Coppila sobr eo decsonforto de não peryencimento e a barreira linguística. Gostei do filme, apesar de achar a protagonista irritante e muito chata, tiveram momentos que eu quiz desistir do filme pela arrogância dela.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

O pastor e o guerrilheiro

"O pastor e o guerrilheiro", de José Eduardo Belmonte (2022) Com roteiro escrito a seis mãos, José Eduardo Belmonte, Nilson Rodrigues, Josefina Trotta, o filme tem como base um fato real, pesquisado por Nilson Rodrigues. Exibido nos Festivais de Brasília, Gramado e Festival do Rio em 2022, a trama mistura várias épocas, que vão dos anos 60 até 1999, antes da virada do milênio. Filmado em Tocantins e Brasília, o filme apresenta um elenco de estrelas, que vai de Johnny Massaro, César Mello, Juliana Dalavia, Cassia Kis e Antonio Grassi. A fotografia é da uruguaia Barbara Alvarez, que forma uma parceria com Belomnte já em diversos projetos. No ano de 1968, João (Johnny Massaro) deixa a universidade de Brasília e vai para a guerrilha na Amazônia, a Guerrilha do Araguaia. A intenção é a de promover uma revolução socialista. Diversos combatentes são mortos pelo regime militar e João é preso, dividindo a cela com Zaqueu (Cesar Mello), um cristão evangélico, preso por engano por ser considerado um comunista. Ambos dividem frustrações, sonhos, diferenças ideológicas e claro, a tortura. Eles marcam um encontro para 26 anos depois, à meia-noite, em 1999, em cima da Torre de TV de Brasília. No ano de 1999, Juliana (Julia Dalavia), uma estudante universit;ária, cuja avó (Cassia Kis) convalesce de câncer, entra em conflito ideológico: a única forma de custear o tratamento do câncer da avó é aceitando a herança de seu pai, coronel da ditadura responsável por rotturar João e Zaqueu. Juliana encontra o livro escrito por João e tenta entender a verdade sobre seu pai. No livro, Juliana descobre que ele irá se encontrar com Zaqueu no reveillón de 1999 e decide estar presente para conhecê-lo. O filme traz muitas sub-tramas e personagens e acaba se tornando confuso no vai e vem temporal. Os bons atores e as intenções de um filme que busca dialogar com a democracia e a liberdade politica e até religiosa tem méritos próprios que faz valer a pena ser visto.

O bilionário

"The billionaire", de Michael Philip (2020) Adaptação contemporânea da clássica peça teatral de Bernard Shaw, "Os milionários", aqui rebatizada de "O biolionário". Além de traezr o filme para os dias atuais, os personagens são todos gays. O filme é destacado pela mídia como sendo o primeiro protagonista gay interpretado por um ator do Sri Lanka. A peça foi escrita em 1936, e o diretor Michael Philip optou em manter a teatralidade do texto, por isso o filme se passa todo na mansão do jovem bilionário Victor (Gehan Cooray,também co-autor da adaptação). Seu pai faleceu e deixou no testamento que Gehan deverá se casar para poder ter direito à herança. O advogado da família, Julius, é aresentado aos 2 pretendentes: Hector e Adrian. Mas Gehan, um jomem super mimado e arrogante, acaba se apaixonando por um médico, Randy Wayne). O filme infelimente ficou entediante e chato demais. Tudo arrastado e a opção de traezr para os dias d ehoje ma strazendo as atuações afetadas de filmes dos anos 30, 40, é um erro total. Não funciona. É tudo muito teatral e de fato fica difícil entender como alguém conseguirá se divertir com um filme tão anacrônico.

Memórias do esquecimento

"Memories of forgetting", de Joselito Altarejos (2021) Drama LGBTQIAP+ tailandês, foi originalmente concebido como série e depois reeditado para um longa. O filme, uma produção de baixo orçamento, narra a relação entre o cineasta Gay e o ator mais jovem Michael Sy. Há cinco anos atrás, Jay dirigia um filme gay e Michael era o seu protagonista. Mas uma acusação de assédio faz com que Michael saia do projeto. Os dois acabam se reencontrando durante a pandemia. Entre protestos contra a política do governo em relação ao covid, os dois re reconectam e se amam. Quando a mãe de Jay morre, os dois se separam novamente,e. voltam a se encontrar no casamento da irmã de Jay. Filme chato e pretencioso, com atores amadores e tecnicamente fraco, o filme traz na narrativa uma linguagem mais experimental. Pouca coisa se salva no filme, talvez o maior interesse seja ver como um relacionamento se mantém durante a pandemia.

Dreaming Walls: Inside the Chelsea Hotel

"Dreaming Walls: Inside the Chelsea Hotel" , de Maya Duverdier e Amélie van Elmbt (2022) Concorrendo em diversos Festivais, entre eles, o Festival de Berlin, "Dreaming walls" tem produção executiva de Martin Scorsese. O filme é um documentário intimista sobre um dos hotéis mais icônicos de Nova York, o Chelsea Hotel, localizado na 222 West 23rd Street, entre a sétima e oitava avenida, e construído entre 1883 e 1885. O filme me lembrou bastante do brasileiro "Edifício Master", de Eduardo Coutinho, onde você conhece melhor o prédio através de depoimentos de seus atuais moradores. O prédio ficou anos em reforma e os moradores, atuais residentes (o Hotel tem apartamentos próprios e alguns para hóspedes) temem a gentrificação e que sejam obrigados a saírem de lá. A história do Chelsea e seus famosos hóspedes, que vão de Orson Welles a Robert Mapplethorpe, Patti Smith, Janis Joplin, Arthur Miller, Mark Twain, Jim Morrison, entre outros, teve um dos momentos mais conhecidos quando Nancy Spungen, namorada de Sid Vicious, foi encontrada morta a facadas. Ali também foram filmados "9 semanas 1e 1/2 de amor"e Madonna fez sessões de fotos para seu controverso livro erótico 'Sex".

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Os três mosqueteiros; D'artagnan

"Les trois mousquetaires: D'Artagnan", de Martin Bourboulon (2023) Super produção francesa dividida em 2 partes e que levou 150 dias de filmagem entre 2021 e 2022. O filme possui certamente o maior elenco top da França, e o alto requinte técnico na direção de arte, figurinos, maquiagem, locações, trilha sonora e fotografia valem todo o investimento. O filme, que segundo dizem é bastante fiel à obra de Alexandre Dumas, publicada em 1844 e adaptada inúmeras vezes para o cinema e tv, é dividido em 2 partes. A primeira intitulada D'artagnan, e a 2a, Milady. A história acontece no ano de 1627. O jovem D’Artagnan (François Civil) vai para Paris em busca de seu sonho de tornar-se mosqueteiro, a principal guarda de proteção ao rei da França, e acaba se envolvendo em uma conspiração envolvendo as igrejas católica e protestante e nobres interessados numa guerra para depor o monarca, liderado pelo alto Cardeal. Ele logo conhece os três mosquiteiros, que afrontados pelo jovem arrogante, o confrontam cada um para um duelo: Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris). Mas logo os quatro se envolvem com a Rainha da França, Anne (Vicky Krieps), casada com o Rei Louis XIII (Louis Garrel), mas tendo um inglês como amante, acorbertada pela fiel empregada Constance (Lyna Hkoudry). O filme começa um pouco arrastado, mas logo pega bastante ritmo em uma trama com muita adrenalina, ação, humor, intrigas e romance. O elenco é sensacional e estão todos muito bem em seus esterótipos de mocinhos e vilões. Algumas cenas, como a do colar no dia do casamento, me deixaram bastante aflito.

Mexican men

'Mexican men", de Julian Hernandez e Roberto Fiesco Antologia mexicana de 5 curtas LGBTQIAP+. Como toda antologia, a qualidade e o resultado varia bastante, e no caso dessa antologia, a diferença é brutal. O melhor curta definitivamente é o 1o, "Trêmulo", sobre um jovem soldado que vao cortar seu cabelo às vésperas de um treinamento distante e se envolve com o jovem aprendiz de cabeleireiro do salão. Um filme lindo, simples mas realizado com muio carinho, linda fotografia, dois bons atores e um salão vintage incr;ível. O 2o curta, um documentário, é curioso, sobre um rapaz, Christian Martinez, que é garoto de programa e também stripper em uma casa noturna. Ele narra todas as suas experiências e exectativas em relação ao trabalho, aos clientes e à idade, medo de envelhecer. O 3o é mais experimental, sobre homofobia entre nadadores de uma piscina. O 4o e o 5o são muito pretenciosos e chatíssimos, podem passar adiante sem medo. 1) "Tremulo"" 2) "Jovem no bar se masturbando com raiva e nervos" Christian Martinez 3) "Wondering clouds"" 4) Atmosphere 5) "To live"

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Coisas que não fazemos

"Cosas que no hacemos", de Bruno Santamria (2020) Vencedor de mais de 10 prêmios internacionais, "Coisas que não fazemos" é um comovente documentário LGBTQIAP+ independente mexicano. O filme acompanha Arturo, um adolescente que mora na fronteira Nayarit-Sinaloa, na costa do Pacífico, na ilha de El Roblito. O local tem um dos maiores índices de violência do México, advindos do tráfico e do crime organizado. Mas o grande paralelo que o filme traz, é associar a violência física à uma violência moral: Arturo é gay assumido, e sofre bullying dos moradores do local. Mas Arturo deseja poder se vestir de mulger, e para isso, ele quer pedir a autorização de seus pais, que foram criados, assim como todos na ilha, seguindo a educação patriarcal, machista e conservadora. Arturo teme o que seus pais podem dizer, e esse suspense da pergunta vai acontecer nos últimos 20 minutos do filme. O filme apresenta também amigos de Arturo, menores do que ele, e as diversas formas de bullying que podem acontecer com crianças nessa faixa etárea. Os depoimentos da scrianças sobre a violência, que se tornou algo corriqueiro, é bastante cruel, deixando claro que ao invés de exercerem atividades de pessoas de sua idade, elas precisam aprender a conviver com as tragédias da vida. O que acho estranho, por ser um documentário com câmeras e equipe ali presentes, é se de fato os pais não sabiam a pergunta que seria feita a eles, afinal, cria-se uma epectativa enorme na cena.

A fantástica viagem de Marona

"L'extraordinaire voyage de Marona", de Anca Damian (2019) Certamente uma das animações mais tristes a que já assisti, "A fantástica viagem de Marona" venceu no prestigado Festival de Annecy o pr6emio de melhor animação francesa. O filme é uma co-produção França, Bélgica e Rom6enia, e foi escrito e dirigido pela cineasta Anca Damian. O filme me lembrou do drama "Quatro viadas de um cachorro", onde um cão relembra os seus vários donos e tem pensamento próprio. Mas o filme francês vai além: é existencialista, melancólico e mostra o quão cruel as pessoas podem ser com os animais de estimação. Não é filme para crianças, e quem foi sensível a filmes com animais, pode também ficar muito comovido com o filme. O filme começa com uma cadela sendo atropelada em uma rua movimentada. Enquanto convalesce e a um passo de morrer, Marona, a cadela, relembra a sua vida: o seu nascimento, a separação de seus 8 irmãos e os 4 donos que ela teve em vida: um acrobata que a abandona após ele ser contratado para trabalhar em um circo; um motorista de caminhão do lixo que a abandona após a sua esposa ficar com ciúmes; a mãe do dono do caminhão que sofre de dem6encia e maltrata o animal, machucando-o e quase a matando; e por fim, uma menininha que a acolhe na rua, mas oa crescer, ela se torna menos envolvida com Marona. Em todas as histórias, existe amor e existe depressão, tristeza. É impressionante como a roteirista trouxe tanta dôr e sofrimento para os seus personagens, tanto a cadela, quanto os humanos. Mas ao mesmo tempo, os trços da animação são belíssimas, envolvendo traços abstratos e surreais com outros mais literais.

domingo, 23 de abril de 2023

A sereia da noite

"Nightsiren", de Tereza Nvotová (2022) Drama de suspense psicológico da Eslováquia e República Tcheca, que traz o sub-gênero de folk terror para a história que evoca críticas à sociedade patriarcal e misógena, aqui simbolizado como uma caça às bruxas. "A sereia da noite"venceu um prêmio especial no Fetsival de Locarno 2022, e prêmio de melhor atriz no prestigiado Sitges. Šarlota (Natália Germáni ), uma enfermeira de trinta anos retorna à aldeia onde nasceu, nas montanhas eslovacas, a fim de reivindicar sua herança após a morte de sua mãe. Ela foi informada pelo prefeito de que deverá dar entrada à herança. Ao chegar à vila, os moradores estranham a presneça dela, pois acreditavam que ela já estivesse morta. Sarlota fugiu de casa quando adoelscente, vítima de uma mãe agressiva. Sarlota se culpa pela morte de sua irmã menor, que ao seguir Sarlota, caiu acidentalmente do penhasco. Ao chegar à casa de sua mãe, Sarlota é banida por todos, menos por Mira (Eva Mores), uma jovem moradora da região, que ganha dinheiro vendendo ervas que ela colhe na floresta. A mãe de Sarlota foi conseidrada bruxa pelos aldeões, por entender dos poderes da natureza e por ser independente e sexualmente livre. Um filme instigante, com olhar feminino no roteiro, direção e no protagonismo. Mas o roteiro no ato final se torna confuso, aberto a interpretações do espectador. É claro que a proposta do filme é se discutir o papel da mulher em um mundo contemporâneo aonde bruxas continuam sendo vistas como estereótipos de mulheres más, e a liberdade de expressão de uma mulher ainda é um grande tabu em determinadas regiões do mundo.

Hunt her Kill her

"Hunt Her Kill Her", de Greg Swinson e Ryan Thiessen (2022) Thriller de terror e suspense rodado em baixo orçamento e localizado todo em um único ambiente, uma fábrica de móveis. A trama é simples e bastante óbvia, mas ainda assim, tem seus méritos, muito principalmente pelo talento da protagonista, Natalie Terrazino, encarnando um tipo meio Michelle Rodriguz. Ella é Karen, uma mulher recém separada do seu marido e por ter sofrido violência doméstica, ela decide levar a filha pequena embora com ela. Karen vai trabalhar em seu primeiro dia em uma fábrica de m'veis, no turno noturno, onde ela trabalha sozinha. Durante o seu trabalho, ela descobre que quatro homens mascarados invadiram o local e querem matá-la. Impressionante a obviedade dos autores do crime. O filme traz elementos de "Uma noite do crime" com pasmem, "Esqueceram de mim". Afinal, uma pessoa presa em um espaço único sendo alvo de invasores, todo mundo se lembra do filme de Macaulay Culkin, certo? Ainda mais, se os assassinos são pessoas que não raciocinam direito, e o roteiro permite que cada um de uma vez vá atrás de Karen. Melhor não questionar verossimilhança e se deixar levar pela trama. Destaque para a melhor cena do filme, disparado: um assassino sendo morto por um desentupidor de vaso. Genial.

sábado, 22 de abril de 2023

Beau tem medo

"Beau is afraid", de Ari Aster (2023) A melhor forma de se assistir a "Beau tem medo" e não querer ir embora em uma hora de filme ( o filme tem 3 horas!!!) , é abstrair qualquer tipo de raciocínio lógico e se deixar levar pela fantasia e delírios que acontecem na tela. Certamente há explicação psicanalítica, da qual não entendo, sobre a relação mãe e filho dentro da cultura judaica, onde a queestão da "Culpa" é muito forte e traz sérias consequências para quem a carrega. Imgiane assistir a um filme que mistura "Tudo em todo lugar ao mesmo tempo", "O Show de Truman", "Estou pensando em acabar com tudo", de Charlie Kauffman ( alguém lembra a cena do Julgamento??) e obviamente, todos os filmes de Michel Gondry e Spike Jonze. O terror, gênero que Ari Aster tanto gosta de trabalhar e da qual foi um dos criadores do "neo-terror", traz aqui o terror na seara do drama, do Âmbito familliar, da psicose e do TDAH. Difícil classificar um gênero para o filme. Vendido erroneamente como comédia dramática, o filme caminha mais certeiro se for classificado como um pesadelo anárquivo onírico repleto de humor caótico e surtos. Uma coisa é clara e objetiva: Joaquim Phoenix é provavelmente o único ator que poderia ter dado dignidade e verdade ao personagem de Beau Wasserman. Junto de atores como Parker Posey, Patti Lupone e Nathan Lane, além do astro francês Denis Menochet, no papel de um veterano de guerra psicótico e assassino, "Beau tem medo" é um filme evento, daqueles filmes que a gente quer ver pelo buchicho inevitável, mas que certamente, pouca gente sairá das salas de cinema feliz e satisfeito. O filme acompanha Beau desde o seu nascimento até a fase dos 40 anos, já assumido por Joaquim Phoenix. Ele precisa ir ao aniversário de sua mãe, Mona (Patti Lupone), que mora em uma cidade há 6 horas de distância. Por conta do roubo da chave de sua casa e de sua mala, Beau perde o vôo, e a partir daí, a culpa o acompanhará na sua tentativa de chegar à festa dela.

Play

"Play", de Ruben Ostlund (2011) O cineasta sueco Ruben Ostlund nunca foi de meias palavras, e seus filmes comprovam isso. recheados de provocação de todos os níveis, e muita escatologia, a sua câmera está sempre apontada para a questão do privilégio branco, rico e pretensamente elitista. Em "Play", Ruben ousa colocar um menino de 12 anos defecando de verdade, e eu fico pensando na coragem desse ator mirim e o quanto essa cena deve ter prejudicado ou não ele em sua carreira ou na vida pessoal. O filme é baseado em casos reais recentemente ocorridos na Suécia: gangues de imigrantes adolescentes têm assaltado crianças e adolescentes de classe média e rica e roubando seus celulares, em um golpe que deixa as crianças com pouca experiência de vida assustadas. Impossível não criar sentimento de revolta ou sair do filme com a cabeça repleta de pensamentos sobre a escolha de Ruben de escalar atores negros na gangue de assaltantes, ou se essa escalação é simbólica e aberta a muitas outras discussões. O filem gerou muita revolta na mídia européiaa, assim como qualquer filme de ostlund, que gosta de ser um agitador e provocador, vide seus conterrêneos Michael Haneke, Lars Von Triers e o mexicano Michel Franco, que usam e abusam de torturas psicológicas e cenas de bullying irritantes e sádicos. O filme venceu um prêmio especial no Festival de Cannes na Mostra Quinzena dos realizadores, e também concorreu em Sundance. Na cidade de Gotemburgo, uma gangue de cinco adolescentes negros imigrantes achaca 3 jovens : 2 brancos e um asiático e o obrigam a acompanhá-los com a intenção de roubar um celular, ma sno fundo, despejar toda a sua fúria contra o previlégio branco, dando-lhes um susto. De fato não é fácil assistir ao filme. Não só pela sua temática e pelas cenas de violência psicológica, como pela linguagem usada por Ostlund: cenas com câmera fixa, longas e em linguagem documental.

As oito montanhas

"Le otto montagne", de Felix van GroeningenCharlotte Vandermeersch (2022) Imagine misturar "Brokeback mountain" com "Na natureza selvagem". Vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes 2022 e concorrendo em Sundnace, "As oito montanhas" é a adaptação do best slerr do escritor italiano Paolo Cognetti. É uma co-produção entre Bélgica, Itália, Reino Unido e França. Os realizadores belgas dirigiram os opremiados "Alabama Monroe" e "Beautiful boy", com Steve Carell e Thimotée Chalamet. Em todos os seus filmes, é muito claro o tema da morte, da melancolia e da destruição das relações familiares. O filme é narrado em 1a pessoa por Pietro. No verão de 1984, com 10 anos de idade, ele mora com seu pai Giovanni (Filippo Timi), um engenheiro civil, e sua mãe na cidade grande de Turim. Nas férias, sua mãe e Pietro deciudem ir até as montanhas do Vale da Aosta e alugar uma casa. Solitário, Pietro acaba ficando amigo de Bruno, o único menino remanescente de uma vila que hoje em dia só tem 14 pessoas. Bruno cuida do pasto e dos animais pertencentes aos seus pais. Os dois se tornam grandes amigos. O pai de Pietro espera de Pietro que ele seja um garoto mais corajoso e bravo, mas o medo de Pietro o impede de seguir os desejos do pai, que v6e em Bruno o filho que ele esperava ter. os anos se passam, o pai de Pietro morre e já aos 30 anos de idade, eles se reencontram. Bruno declara a Pietro que o pai dele veio todos os anos e eles aproveitaram bastante as montanhas e antes de morrer, o pai de Pietro fez um pedido: que construíssem uma cabana no alto da montanha e que se encontrassem todos os anos ali. O filme traz o tema do homem da cidade X o homem das montanhas, rústico. O espectador certamente irá esperar até o último minuto algum tipo de declaração de amor entre os amigos, mas esse amor fica na amizade incontestável, uma amizade fria, silenciosa, mas ainda assim, amigos. É um filme muito triste, porém, embalado com algumas da simagens mais belas do cinema atual, graças à fotografia de Ruben Impens ( de "Titânio"). e às locações do Vale da Aosta. A trilha sonora suave e contemplativa, as cenas no Nepal, para onde Pietro se encaminha para escrever seu livro, tudo é muito lindo. Mas tanta beleza acaba cansando e se tornando arrastado em 150 minutos de filme, onde o ritmo muito lento pode afastar espectadores que esperam mais ação. Os atores, em especial as crianças, muito mais carismáticas que os adultos e galãs Luca Marinelli (Pietro) e Alessandor Borghi (Bruno). E eu amo mais o primeiro ato com as crianças, me fazendo lembrar do clássico 'Conta comigo".

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Às margens

"En los margenes", de Juan Diego Botto (2022) Longa de estréia do ator espanhol Juan Diego Botto, que também co-escreveu o roteiro junto da jornalsita Olga Rodriguez. A atriz Penelope Cruz é uma das produtoras do projeto e co-estrela o intenso drama social junto de Luis Tosar e um time de excelentes atores espanhóis. Concorrendo no Festival de Veneza, o filme epxlora pessoas que vivem à margem da sociedade em Madri, prestes a serem despejados de suas residências por problemas econômicos. O filme lembra a estrutura narrativa dos filmes do mexicano Inarritu dos anos 90, com vários sub-plots se entrecruzando, e misturado ao drama social e humanista dos irmãos Dardenne. Rafa (Luis Tosar) é um advogado e ativista cujos instintos altruístas vêm à custa de sua vida familiar. Sua esposa está grávida, mas ele acaba dando mais atenção aos seus clientes e às histórias de vida delas; a funcionária de supermercado Azucena (Penelope Cruz) está prestes a ser despejada de seu apartamento por falta de pagamento. Ela mora com seu filho pequeno e seu marido a abandonou, sem condições de lidar com ajuda financeira; Teodora (Adelfa Calvo) é uma idosa que está prestes a ser despejada por ter hipotecado seu apartamento para que seu filho German pudesse investir em um negócio que acabou dando errado. german acaba se afastando de sua mãe, encergonhado, e evita contatos com ela; Badía, uma imigrante árabe (presumivelmente ilegal) mora em um apartamento com a filha, que fica sozinha enquanto a mãe trabalha. Badia (Somaya Taoufiki) enfrenta não apenas o despejo, mas também a deportação, por ser imigrante árabe ilegal. Sua filha pequena, que ela deixa sozinha no apartamento, é pega pela polícia. RAfa precisa lidar com essas três histórias que acabam se interconectando. Para quem gosta de filmes que retratam a realidade nua e crua de pessoas da classe baixa que lutam pelos seus direitos diante de um mundo capitalista e frio, vai adorar as histórias e o trabalho de todo elenco. Quem não quizer sofrer com tanta desgraça alehia, melhor nem chegar perto. É tudo muito intenso e sofrido aqui.

A thousand and one

"A thousand and one", de A.V. Rockwell (2022) Drama independnete americano, escrito e dirigido pela cineasta A.V. Rockwell e vencedor do Grande prêmio do juri em Sundance 2023. O filme traz performances vibrantes e repletas de energia de todo o elenco, lembrando aquela vibe furiosa dos primeiros filmes de Spike Lee, principalmente "Faça a coisa certa", com personagens verbalmente agressivos. A grande surpresa é a escalação da cantora de soul Teyana Taylor, no papel da protagonista Inez, e sua perfoamnce é arrebatadora, trabalhando num registro naturalista, mas com muita verdade. O filme acompanha 10 anos na vida de Inez e seu filho Terry (vividos por Aaron Kingsley Adetola aos 6 anos, Aven Courtney aos 13 anos e Josiah Cross aos 17 anos). Nos anos 90, Inez acaba de sair da prisão e decide sequestrar o seu filho Terry, que estava em processo de adoção. Inez não tem emprego nem um lar, e junto de Terry, vai pulando de galho em galho, na casa de conhecidos com quem acaba discutindo. Os anos se passam, inez agora tem um emprego e um apartamento que está para ser vendido, em processo de gentrificação dos bairros em Nova York. Terry passa a questionar a sua própria história para sua mãe, que se nega a responder, uma vez que ele precisa viver com identidade falsa. O filme tem 2 horas de duração e se estica demais em sua narrativa, dividida em 3 atos. A pretensão de seguir paralelo a história de uma família negra e pobre do Harlem junto ao processo de gentrificação do bairro parece estender a história em muitos sub-plots. Mas se atendo à relação mãe e filho, o filme ganha bastante em dramaticidade e talento. É denso, comovente e um triste relato de uma mulher sme futuro, sem perspectiva de uma vida melhor, por um erro do passado que a acompanha aonde ela for.

A morte do demônio- A ascenção

"Evil dead-Rise", de Lee Cronin (2023) Após incríveis 42 anos depois do lançamento de seu clássico cultuado 'Evil dead", de 1981, o cineasta Sam Raimi e seu ator protagonista Bruce Campbell, que eternizou o personagem Ash, agora assumem os papéis de produtores executivos desse remake ambientado na cidade grande de Los Angeles, saindo da floresta, que aparece apenas no prólogo. O filme foi alardeado como "O melhor terror do ano", "filme repleto de cenas nojentas de fechar os olhos", etc etc etc. Fico pensando que as pessoas não devem estar assistindo a filmes de terror. Gostei do filme, mais pelas suas referências cinéfilas, homenageando cenas icônicas de "O iluminado" e "Aliens, o resgate", do que pelo roteiro, com passagens que me irritaram muitíssimo, principalmente pelas decisões estúpidas de alguns personagens. Fora isso, o filme acumula todos aqueles clichês de terror para criar atmosfera: ambientes soturnos ( Meu Deus, quem vai morar num prédio todo escuro assim?), chuva, apagão de luz, corredores estreitos, elevador antigo. O diretor Lee Cronin dirigiu o razoável 'O bosque maldito" e escreveu e dirigiu esse remake. O filme tem um prólogo em uma floresta e depois se transfere para los Angeles. A cantora de um grupo de rock, Beth (Lilly Sullivan), descobre estar grávida e decide procurar sua irmã, Ellie (Alyssa Sutherland), que mora em um prédio antigo com seus 3 filhos: os adolescentes Bridget (Gabrielle Echols), Danny (Morgan Davies) e a pequena Kassie (Nell Fisher). Quando a criançada volta da compra de uma pizza, um terremoto sacode a cidade e abre um buraco no estacionamento do prédio. Danny (!!!) decide entrar no buraco e encontra o livro dos mortos e dois discos de 1923. Em seu quarto, ele acaba tocando os discos e assim liberta o demônio, que se apodera de Ellie. A partir daí, Ellie decide que quer matar todo mundo. Aonde o filme acerta, é não poupar os personagens menores de idade da possibilidade de morrer,, inclusive sofrendo muitos tipos de violência física. Assim, o filme se torna pelo menos tenso em alguns momentos. Mas com 2 horas excessivas de duração, ele se torna arrastado em diversos momentos.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

De volta ao vale das bonecas

"Beyond the Valley of the Dolls", de Russ Meyer (1970) Segundo o cineasta John Waters, o filme mais ultrajante e ousado da história do cinema. "De volta ao vale das bonecas" é um dos maiores cults do cienma americano, e certamente, referência para muitos filmes que vieram depois. É considerado o melhor filme de Russ Meyer, diretor do igualmente cult "Faster! Pussycat! Kill! Kill". Meyer com "De volta ao vale da sbonecas", é considerado o precursor da linguagem dos video-clips, aind amuito longe de acontecerem, sendo um visionário: muitas cenas do filme possuem planos que duram menos de cinco segundos, criando uma dinâmica que é totalmente compatível com o universo das drogas represnetadas no filme. A curiosidade maior para qualquer cinéfilo é que o roteiro foi co-escrito por um dos maiores críticos de cinema da história, Roger Ebert, na época do filme, ainda jornalista. Descrever a história é uma taref complexa, uma vez que o filme apresenta vários sub-plots, envolvendo sexo, drogas, rock'n roll, além de humor ácido, muito erotimo, homossexualidade, racismo, e para choque de muita gente que assiste ao filme, recria um massacre,, influenciado pelos assassinatos da família Manson, que assasisnou Sharon Tate grávida, atriz do filme original "O vale da sbonecas", baseado em obra de Jaqueline Susan e adaptado para o cinema em 1967, com enorme sucesso e chocando toda a sociedade conservadora da época com cenas de uso de drogas pesadas. Tudo no filme é over, colorido, intenso, feito para provacar...mas é uma delícia Camp, impossível de não ser degustada com muita alegria, um exploitation vibrante, que possui uma trilha sonora incrível e uma direção de arte que inspirou filmes como "Austin Powers". O filme traz como centro da história 3 amigas cantoras, Kelly, Petronella e Casey, que junto de Harry, namorado de Kelly e produtor da banda, decidem tentar carreira em los Angeles. Chegando lá, se envolvem com as pessoas mais bizarras e loucas, entre elas, Z-Man, um produtor que mais tarde se revelará um homem trans e psicopata. Um fiulme imperdível, e que deve ser visto por todos que buscam precisiodades.

Anglerfish

Änglerfish", de Calvin Jacob (2022) Rodado com recursos próprios do roteirista e diretor Calvin Jacob, ao custo de 20 mil dólares e 5 dias de filmagem, "Alglersfih" conta com apenas 3 atores em cena e é um típico filme rodado em período de pandemia, com elenco limitado, equipe reduzida ( 4 profissionais no set) e uma única locação. Alardeado como uma mistura d efaroeste com terror, o filme tem uma narrativa anacrônica. Ambientado em 1906,, traz elementos modernos que não haviam na época, como rádio, isqueiro Zippo e no maior dos devaneios, música eletrônica que sai da rádio e os personagens dançam como se estivessem numa rave. Um casal, Mary (Wilson) e Jonathan (Wilkins III), moram em uma cabana isolada, no meio da floresta. Eles vivem a sua rotina, até que numa noite, encontram uma mulher enterrando seu marido, na beira dp lago, Juliette (Paula Black). Elss a convidam para passar a noite na cabana deles. No dia seguinte, a mulher desaparece, e Mary decide ir em sua busca. Impossível tentar decifrar o filme. Permeado por elementos experimentais tanto na montagem, quando na fotografia, o roteiro não deixa claro o que está acontecendo, e no final, tudo piora. Parece que eles estão vivendo no APocalipse, mas não está claro. Eles vêem fantasmas de pessoas conhecidas e fica por isso mesmo. Filme chato, sem graça, irritante por deixar tudo em aberto.

Como enlouquecer seu chefe

"Office space", de Mike Judge (1999) Clássica comédia dirigida por Mike Judge, criador da animação 'Beavis and Butthead". O filme é quase todo ambientado em uma empresa de escritórios de software e traz 3 funcionários da empresa que estão esgotados em sua rotina corporativa e decidem aplicar um golpe contra a empresa para se darem bem. Peter (Ron Livingston) é levado por sua esposa até uma sessão de Hipnoterapeuta ocupacional e lá ele sai totalmente transformado: ele provoca o chefe, seduz a garçonete do café Joanna (Jennifer Aniston) e convence seus colegas Michael Bolton (David Herman) e Samir (Aidar Naju) a se rebelarem contra a empresa e contra o Chefe Bill Lumbergh (Gary Cole), um assediador moral passivo agressivo que abusa de todos os funcionários. Mas quem rouba o filme é certamente o personagem Milton (Stephen Root), , que aliás, é o protagonista da série animada homônica criada por Mike Judge antes do filme. A interpretação apática e monotônica de Root fez de Milton um ícone do american way of life, dentro do universo Loser, e a forma como ele murmura as ameaças representa bem a agressividade e violência contida e reprimida que muitos psicopatas possuem. O roteiro é brilhante, e hoje em dia algumas piadas e gags teriam sido canceladas. É politicamente incorreto, açido, mordaz em suas falas e situações que presentam a relação funcionário X empresa. O elenco tdo é um primor, e mesmo os de apoio, como Nina , a secretária obesa e com voz irritante. Um filme para rever sempre e se inspirar em seu olhar caótico e cruel da rotina de trabalho.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Napoleon Dynamite

"Napoleon Dynamite", de Jared Hess (2004) Um dos filmes mais cultuados pelos americanos, "Napoleon Dynamite" foi lançado em 2004 e desde então tem sido objeto de culto por milhares de fãs que decoram suas falas inteiras em sessões especiais. O filme foi escrito e dirigido por Jared Hess, um assistente de câmera que decidiu tocar o seu próprio projeto. Ele investiu 400 mil dólares de seu bolso e junto de sua esposa, Jerusha Hess, escreveram o roteiro. O filme certamente foi inclfuenciado pelo estilo de Mike Judge, autor de "Como enlouquecer seu chefe" e da animação "Beavis and Butthead"; os atores interpretam seus personagens totalmente apáticos, com o olhar semi-cerrado de cansaço e dando pausas entre as falas. O filme é a quintessência do universo Nerd, com muitas referências à cultura pop. O filme concorreu no Festival de Sundance, e fez tanto sucesso que foi adquirido pela Fox Searchlight. A trilha sonora é recheada de clássicos pop dos anos 80 e 90, como "The promise", do When in Rome; "Time after time", de Cindy Lauper; "Forever young", de Alphaville; "Canned Heat", de Jamiroquai. Rodado em Idaho, o filme narra a história de Napoleon Dynamite (Jon Heder), um estudante de High school que mora com seu irmão Kip (Aaron Ruell), que passa o dia inteiro no chat tentando fisgar uma namorada e a avó deles (Sandy Martin), lésbica assumida. Quando sua avó se acidenta ao andar de buggy, o tio deles, Rico (Jon gries) vem cuidar dos dois. O tio vende kit de 24 peças de vasilhames de plástico. Napoleon, que não tem amigos, conhece o novo estudante Pedro (Efren Ramirez), o único latino da escola e o ajuda na campanha dele para ser presidente da união estudantil. Mas Napoleon acaba se apaixonando por uma garota, Deb (Tina MAjorino), que foi tentar vender fotos para um cafona estúdio de fotografia. são tantos os personagens antológicos que surgem no filme, que fica difícil definir uma sinoipse para o filme, recheado de pequenos sketches deliciosos e hilariantes. COnfesso que dei altas gargalhadas assistindo ao filme, que tem um humor que não é para todos os gostos. Quem ama a narrativa de filmes que apresnetam personagens enfrentando o ridículo da vida, como nos filmes de Wes Anderson ou Mika Kaurismaki, vai se esbaldar. Caso contrário, melhor nem assistir. A cena de Napoleon dançando no concuro já virou clássica e é simplesmente genial. Importante: o filme tem uma cena de 5 minutos nos pós créditos.

A cabra e seus três filhos

"Capra cu trei iezi", de Victor Canache (2022) O filme de terror "A cabra e seus três filhos" provocou enorme polêmica na Romênia: adaptado de conto infantil, os pais ficaram chocados quando levaram seus filhos. O filme é de terror e tem cenas de extrema violência, com crianças sendo degoladas e decapitadas. O filme é adaptação literal do conto de fadas escrito em 1875 por Ion Creangă, que por sua vez, é adaptado do conto dos irmãos Grimm "O lobo e os sete cabritinhos". No lugar da mãe cabra, seus cabritinhos e o lobo mau, o diretor, roteirista, produtor, editor, diretor de arte Victor Canache escalou atores, dando realismo ao filme e tornando tudo ainda mais chocante. Victor foi ator no filme dos irmãos COen 'Ave, César", e decidiu adaptar o conto , estreando na direção d elonga. Ele já havia adaptado o conto para um curta em 2019 e em ambos os filmes ele convidou a atriz romena Maia Morgenstern, que havia sido sua professora na escola de teatro de Bucareste. ( ela interpretou Maria em 'A paixão de Cristo", de Mel Gibson). A cabra e os cabritos são agora uma viúva com três filhos, e o lobo é um velho amigo da família, que mora nas redondezas. O homem assedia a mulher, que é viúva. Ela rejeita as investidas do homem e ele, para se vingar, aproveita quando a mulher vai para a cidade e decide invadir a casa e matar as crianças. O filme lembra muito "Os três porquinhos". É curioso como o roteiro traz elementos infantis , mas o visual e as cenas são de terror adulto. O elenco é excelente. Além de Maia, o ator Marius Bodochi, no papel do Lobo, está assustador. O pequeno que faz o filho menor é impressionante, com sua expressão de pavor.

À noite todos os gatos são pardos

"De noche los gatos son pardos", de Valentin Merz (2022) Premiado no prestigiado Festival de Locarno em 2022, com dois prêmios, entre eles, de mlehor filme de estréia, 'À noite todos os gatos são pardos" confirma a lógica do Festival, dedicado a filmes com narrativas experimentais. O filme , escrito e dirigido pelo cineasta suíço Valentin Merz, trabalha com a metalinguagem, a ponto do espectador não conseguir mais discernir o que é real ou o que é represnetação do elenco. O filme apresenta uma equipe de filmagem filmando um longa sobre personagens e situações eróticas e libidonosas. O diretor Valentin Merz interpreta a ele mesmo, como o diretor do filme. O elenco do filme se apresenta em momentos de erotismo com múicas italianas dos anos 70 e câmera lenta, tudo bastante estilizado. Após as filmagens, a equipe e elenco s emisturam e também ficam se pegando geral, entre casais heteros e lgbt. Mas um dia, o diretor desaparece e ninguém entende o que pode ter acontecido. Apolícia chega, entrevista equipe e elenco e faz buscas. A equipe e elenco decidem continuar o filme. O filme, no entanto, é pretencioso e muito entediante. Não tem uma história linear, e tudo é muito chato. Os poucos momentos que se salvam são os pquenos clips embalados por músicas românticas italianas, dando um look vintage ao projeto. No mais, é um tédio só. Vai se entender as premiações.

Ninguém é de ninguém

"Ninguém é de ninguém", de Wagner de Assis (2023) Adaptação da obra de Zíbia Gasparettlo, médium e escritora de romances espíritas, cujo livro vendeu mais de 1 milhão de exemplares. O filme é dirigido por Wagner de Assis, diretor dos grandes sucessos "Kardec" e "Nosso lar". Apostando em uma trama com pautas importantes, mesclando realismo e fantasia com temática espírita, defendido pelos excelentes Carol Castro e Danton Mello, "Ninguém é de ninguém" tem como referência estética o clássico "Ghot, do outro lado da vida", só que ao invés do espírito declarar seu amor pela mulher amada, ele vem atormentá-la pela sua obsessiva e sufocante paixão exarcebada. Machismo, relacionamentos tóxicos, ciúmes extremos, assédio moral e sexual, violência doméstica se misturam a uma sub-trama de karma e centro espírita. O elenco traz rostos nvoos, junto de atores mais conhecidos como Rocco Pitanga e Paloma Bernardi, além de uma participação senscaional de Stepan Nercessian, que rouba todas as cenas em que aparece. Carol Castro prova novamente porquê é das melhores atrizes de sua geração.

terça-feira, 18 de abril de 2023

O nevoeiro

"The mist", de Frank Daranbont (2007) Quando assisti na época do lançamento "O nevoeiro" nos cinemas, eu saí totalmente arrasado com o seu desfecho trágico e absurdamente triste, talvez um dos mais brutais do cinema. Revendo agora, e na versão em preto e branco ( que era o desejo inicial do cineasta Frank Daranbont, mas recusado pela distribuidora) , o filme ganha uma dimensão ainda mais densa, com seu jogo de sombras e luz em escala cromática, lembrando até os filmes sci fi dos anos 5o clássicos, como "A guerra dos mundos". Daranbont realiza sua terceira parceria com Stephen King: "Um sonho de liberdade" e "À espera de um milagre" foram os anteriores, sendo aplaudidos pela crítica. No Estado do Maine, nordeste dos Estados Unidos, mora uma família feliz em uma casa na beira do lago. David (Thomas Jane), um desenhista que pinta posters de filmes de cinema; sua esposa Stephanie e o filho Billy, de 10 anos. Quando chega uma tempestade, árvores são arrancadas e destróem as casas. No dia seguinte, a família avista um estranho nevoeiro que se aproxima da cidade. David decide levar Billy até o mercado para comprar suprimentos. Para surpresa de todos que estão dentro do mercado, o nevoeiro toma conta da cidade e os impede de sair da loja. Aos poucos, descobrem aterrorizados que o nevoeiro trouxe insetos gigantes que devoram as pessoas. Um filme primoroso, com um trabalho fantástico de composição de personagens. Daranbont, que produziu a primeira temporada de "The walking dead", escalou alguns atores do filme para a série, como Melissa Mcbride, que fez Carol, e Laurie Holden, que interpretou Andrea. Thomas Jane é o típico herói americano, interpretando o protagonista, David, e tem também Toby Jones, como o gerente do mercado. Mas quem de fato rouba as atenções do filme é Marcia Gay Harden, no papel da religiosa Mrs Carmody. Ela está sublime, e seu personagem certamente foi inspiração para 'The walking dead", deixando claro que o perigo está no ser humano, e não nos monstros. A cena da invasão da farmácia é antológica: tensa, com ótimos efeitos e bem construída.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Os selvagens da noite

"The warriors", de Walter Hill (1979) Um dos maiores cults do cinema americabo, "The warriors" até hoje influencia toda a cultura pop. Vide a franquia "John Wick" que copiou não só a trama simples, de heróis sendo procurados por gangues que querem matá-los, como a icônica DJ negra que só aparece a boca bem torneada de batom e de voz sedutora, conclamando todas as gangues de Nova York a perseguirem e matarem os Warriors, com etlahe da agulha da vitrola sobre o LP. "John Wick" copiou sem dó nem piedade essa refer6encia pop. O filme também traz uma linguagem inovadora que une os quadrinhos ao audiovisual: a montagem é clipada com quadrinhos que criam vida, um recurso copiado por inúmeros filmes e até novela na Globo. O filme é adaptado do livro escrito por Sol Yurik em 1965: Um líder de uma das centenas gangues distintas em Nova York reúne a todos em uma grande praça, com a condição que cada gangue vá em grupo de 9 e sem armas. Durante o seu discurso pacifista de unir as gangues contra os policiais, Cyrus, o líder, acaba sendo morto a tiros por um líder de uma gangue, mas ele acusa os Warriors de terem assassinado Cyrus. Essa é a deixa da gangue fugir, sendo persgeuido em cada bairro por uma gangue diferente. Para escaparem, eles precisam seguir do Bronx até Coney Island, bairro onde dominam. O protagonista Michael Beck viria a protagonizar um super cult "Xanadu" um ano depois, filme execrado pela crítica mas amado por um fã clube. Beck é bastante carismático e segura o filme junto de outros personagens repletos de personalidade. É curioso que esse filme, na época acusado de ser super violento, hoje quase que poderia passar no sessão da tarde. Fosse refilmado hoje em dia, seria um banho de sangue gore. A fotografia de Andrew Lazlo é o grande trunfo do filme, ambientado todo em uma noite. A representação das gangues é bastante divertida, tendo desde patinadores, passando por palhaços com tacos de beisebol a uma gangue de lésbicas. Cult até a medula.

O beijo amargo

"The naked kiss", de Samuel Fuller (1964) Um grande clássico do cienma independnete, é o segundo filme dirigido por Samuel Fuller. Em 1963, ele lançou o angustiante "Paixões que alucinam", drama celebrado por Martin Scorsese. Um ano depois, lançaria "O beijo amargo", um drama repleto de perversões sexuais e fetiches criminosos que se tornaria um filme maldito e incompreendido, porém considerado por muitos críticos hoje em dia como sua obra-prima. O filme tem como protagonista Kelly (Constance Towers), uma prostituta que se muda de cidade após usar da violência contra o seu gigolô para recuperar o dinheiro que ele lhe deve. ( Essa cena inicial foi considerada por Scorsese como a primeira cena mais chocante que ele já assistiu). Chegando na nova cidade, Kelly precisa se adaptar e sobreviver. Após se prostituir para o sheriff local, Griff (Anthony Eisley), Kelly consegue um emprego como enfermeira em um Instituto para crianças paraplégicas. Ela se torna uam enfermeira carinhosa e amada pelas crianças, até que é apresentada a Grant (Michael Dante), um playboy milionário da cidade, que se apaixona por ela e a pede em casamento. Mas um dia, ao chegar em casa, Kelly testemunha Grant assediando uma menina, comprovando ser ele um pedófilo. Listado como um dos maiores cults do cinema americano, o filme ousa ao falar de pedofilia em pleno ano de 1964, e com um personagem bastante sinistro e assustador. A atriz Constance Towers está ;otima e lembra muito o estilo de interpretação de Joan Crawford. Junto de "Paixões que alucinam", Fuller traz temas bastante controversos para as suas histórias lançadas no início dos anos 60, e que devem ter chocado meio mundo com a temática adulta.

Um samurai em São Paulo

"Um samurai em São Paulo", de Debora Mamber (2022) Emocionante documentário dirigido por Debora Mamber, e que une duas culturas tão distintas, quando a judaica e a japonesa, para falar sobre luto, tragédias e reconstrução através das artes marciais, apresnetada como uma arte da sabedoria, de entender e respeitar os tempos, da respiração e do silêncio, e não apenas como um esporte que visa a luta corporal. O filme apresenta o japonês Takeda Okuda, que aos 2 anos de idade, tem lembranças dos horrores da segunda guerra mundial. A narração é da diretora e roteirista Debora Mamber, cuja avó conseguiu fugir de um trem em movimento que se encaminhava para um campo de concentração. Ela acabou vindo para o Brasil, assim como Takeda veio no início dos anos 70, com a política do Milagre econômico promovido pelo Governo militar do país. Takeda veio em missão da Associação Japonesa de Karate, para disseminar no país o estilo shotokan. Discípulo de Masatoshi Nakayama (que, por sua vez, foi aluno de Gicpai do caratê moderno). Takeda se estabeleceu no bairro do Ipiranga, e depois, em Pinheiros. Falando em japonês e um português típico de estrangeiro que não conseguiu absorver a língua portuguesa, Takeda teve como primeira esposa, Ramako, já falecida, com quem teve Tetsuo (morto em 2013, aos 38 anos) e Keiko, 49. Com Eliana Niski, com quem se casou em 2008, vieram as gêmeas Sophia e Isabella. O filme abre um espaço para falar da morte de Tetsuo, mostrando imagens dele em treinamento, e certamente, seria o herdeiro da escola de Karate do pai. Ele morreu no altar de sua mãe, de causas não esclarecidas. A narração de Debora diz que ficou impressionada como, um dia após o velório do filho, Takeda abriu a academia e continuou dando aulas, uma demonstração de como os asiáticos lidam com o luto e a morte. É um momento bem emocionante do filme. No mais, o filme possui imagens de arquivo muito encantadoras, do Japão da segunda guerra e do Brasil dos anos 70. A trilha sonora traz sonoridades asiáticas mescladas a elementos brasileiros. Um filme sobre pessoas que por adversidades da vida mudaram de país, abraçaram outras culturas, mas que nunca deixaram de reverenciar a sua terra natal e a sua serenidade.

George Michael- retrato de um artista

"George Michael- Portrait of an artist", de Simon Napier-Bell (2022) Mais um documentário que promete trazer informações novas sobre a carreira de George Michael. Recentemente, tivemos "George Michael- Freedom uncut". Agora com "portrait of an artist", os produtores trazem alguns depoimentos novos, como de Stevie Wonder e de alguns amigos e produtores musicais revelando alguns detalhes sobre a carreira de George Michael, principalmente na sua fase final, já deprimido, principalmente com a partida de um de seus mentores profissionais. O filme traz a origem de George Michael com a banda 'Wham!", criada em 1980 com seu amigo Andrew Ridgeley. Juntos lançaram 2 álbuns que explodiram com vários hits, entre eles, "Wake me up before you go". Em 1987, Michael lança seu primeiro álbum solo, "Faith", que foi sucesso mundial. A partir daí, o filme apresenta vários sucessos de Michael, e fala também da briga judicial dele com a Sony Music, que o travava criativamente. Fala tambem do seu show no Rio de Janeiro em 1991, onde conheceu seu grande amor, o brasileiro Anselmo Fillippa, que estava na platéia. Viveram felizes por vários anos até que Filippa morreu de decorrência da Aids. O luto e o próximo álbum que trazia letras inspiradas em Anselmo. Em 1998, George Michael foi preso por atentado ao pudor dentro de um banheiro público de um parque de Beverly Hills, onde ele caiu numa armadilha armada por um policial à paisana. Esse fato repercutiu mundialmente, e Michael decidiu oficialmente se declarar gay. Um filme correto, mais direcionado à fãs do artista.

domingo, 16 de abril de 2023

Time warp - The greatest cult films of all time- Vol 1 -Midnight madness

"Time warp - The greatest cult films of all time- Vol 1 -Midnight madness", de Danny Wolf (2022) Primeira parte de uma trilogia para nenhum cinéfilo botar defeito...ou quase isso. Nessa primeira parte dedicada a filmes cults do cinema, um grupo formado pelos cineastas Joe Dante e John Waters, e os atores Illeana DOuglas e Kevin Pollack apresentam alguns dos filmes considerados cults do cineama americano e que décadas após seu lançamento, permanecem no imaginário poular, além de fazerem sucesso ao serem exibidos em sessões de meia noite. O filme começa com uma declaração sensacional de Joh n Waters: "Nunca diga a um produtor de Hollywood que seu filme é cult, pois ele entenderá que apenas 20 pessoas verão o seu filme". São citados os filmes: 'Rocky horror picture shw", "O grande Lebowsky", "Coffy", "Foxy Brown", Blackexploitation, "A porta da loucura", um filme de 1936 usado como campanha anti uso de maconha, financiado pela igreja, mas que contém cenas de estupro, uso de drogas, suicídio, assassinatos. "Freaks", de Tod Browning (1932), 'eraserhead", "Pink Flamingos", 'Ensina-me a viver", "This is Spinal Tap", "Faster pussycat! Kill! Kill!", "The decline of western civilization", (o 1o documentário cult sobre a cena punk rock americana do final dos anos 70), "Assalto à 13a DP", de John Carpenter, "Os selvagens da noite", "Caçadores de emoção". De uma forma geral, são apresentadas curiosidades de bastidores, enytrevistas com atores, diretores e críticos de cinema, fazendo definições sobre o porquê do filme ter se torndo cult. É curioso e vale super a pena ser visto.

Jantar em família

"Family dinner", de Peter Hengl (2022) Escrito e dirigido pelo cineasta austríaco Peter Hengl, "Jantar em família" concorreu no Festival de Tribeca 2022 e recebeu premiações em outros festivais de filmes de gênero. O filme se propria do terror psicológico para falar sobre padrões do corpo e a insatisfação de uma jovem adolescente de 15 anos, Simi (Nina Katlein), com o seu corpo. Obesa, ela decide passar a semana de Páscoa com a sua tia Claudia (Pia Hierzegger) na casa isolada dela. Chegando lá, Simi conhece o novo companheiro de Claudia, Stefan (Michael Pink) e o filho de Claudia, o adolescente Filipp (Alexander Sladek). Filipp destrata Simi, e ela o evita. Aos poucos, Simi percebe algo estranho naquela família. Quando Simi diz à sua tia que quer fazer dieta e emagrecer, a tia a deixa em jejum, assim como a própria Claudia e Steffan. O único que se alimenta é Filipp. É fácil perceber pela narrativa, logo no início, para ond eo filme vai se encaminhando. Não comento nada por spoiler, mas digo que é um filme bastante sinistro e com cenas mórbidas. O ritmo da trama é lento, sendo construído aos poucos. Os atores estão ótimos em seus papéis e o desfecho é brutal.