segunda-feira, 31 de julho de 2023

Capitu e o capítulo

"Capitu e o capítulo", de Julio Bressane (2021) Um dos baluartes do cinema marginal brasileiro, Julio Bressane realizou clássicos como "Matou a família e foi ao cinema", "O anjo nasceu"e "Cara a cara". O seu prestígio perante a classe artística é tamanha, que todo mundo quer trabalhar com ele; Selton mello, Regina Casé, Mariana Ximenes, Vladimir Brichta, Enrique Diaz, Miguel falabella, Alessandra Negrini são grandes astros que não negaram participação em seus filmes. Vencedor dos prêmios de melhor filme e diretor no Festival Aruanda em 2021, e exibido no Festival de Rotterdan, o filme descontrói a narrativa de "Dom Casmurro", clássico de Machado de Assis escrito há 124 anos atrás, e torna tota experiência cinematográficxa em uma linguagem experimental, livre e bastante pessoal, recorrendo ao teatro, às artes plásticas e também a enxertos de seus filmes, utilizados aleatoriamente na edição. Mariana Ximenes é Capitu, Vladimir Brichta é o enciumado Bentinho e Enrique Diaz interpreta Casmurrro em um tempo futuro, narrando a trajetória dos personagens. Todos os planos são encenados como teatro/pintura, com o elenco engessado em marcas e declamando da forma mais empostada possível as falas decoradas. Mais um filme arte/performance/vanguarda na linguagem do que propriamente um clássico narrativo, que não interessa a Bressane, o momento mais revelador e delirante para mim é quando vemos Bressane dirigindo o elenco em suas marcas, com toda a equipe técnica em volta, ao som de um samba que exalta a Mangueira.

Espírito do medo

"Spirit of fear", de Alex Davidson (2023) Escrito e dirigido por Alex Davidson, "Espírito do medo" é um interessante terror de baixo orçamento, realizado apenas com 1 ator e uma única locação. É visível a falta de orçamento para os efeitos, mas isso não desmerece o projeto, que é instigante e conta com uma boa performance do ator principal. Chris (Christopher Lee Page) é um homem na faixa dos 30 anos que acorda em sua cama. Assustado, ele vê que sua mão está encharcada de sangue, Aos poucos, perambulando pelos ambientes da casa, ele observa bilhetes anotados pelas paredes, como "Nào saia", Não permaneça nesse ambiente por muito tempo". Quem é ele? Poruê está na casa? e porquê sozinho? Talvez o filme tenha funcionado melhor se fosse um curta -metragem, pois as ações praticamente se repetem ao longo do filme, apenas em seu desfecho temos a reviravolta da trama. Mas é curioso, valeu pela criatividade e é um exemplo de como realizar um projeto contando com um bom argumento e uma boa equipe para fazera. idéia funcionar e ir pra frente.

Simpathy for the devil

\ "Simpathy for the devil", de Yuval Adler (2023) Com roteiro escrito por Luke Paradise, "Simpathy for the devil" é facilmente identificado como um novo "Colateral", clássico de Michael Mann com Tom Cruise e Jammie Fox sobre um assassino que obriga a um taxista fazer coisas que ele não quer enquanto dirige pelas ruas de Los Angeles. Aqui em 'Simpathy for the devil", também temos dois atores: o ator sueco Joel Kinnaman, o protagonista da série "The killing" e do remake de Zé Padilha para 'Robocop". E o astro Nicholas Cage, com caras e bocas que renderiam muitos memes. Cage também é produtor, e ele tem plena noção do que seu fã clube curte: ele aqui não economiza nas caricaturas e trejeitos, que são bastante divertidos. Cage pintou seu cabelo de vermelho, certamente para se aproximar de alguma forma de psicopatas como 'Coringa". Mas Cage é um ídolo e assistir ao filme com ele interpretando um vilão é um grande barato. Em Las Vegas, um homem (Kinnaman) vai até o hospital para acompanhar o parto de sua esposa que está grávida. Só que ao estacionar seu carro, ele é sequestrado por um passageiro (Cage), que armado, o briga a ir até um destino. No caminho, aos poucos, o espectdaor vai entendendo o movito pelo qual o passageiro sequestou o homem. Rodado quase todo dentro de um carro, mas ainda assim, com ótimas cenas de ação, o filme tem uma sequ6encia sensacional dentro de uma lanchonete. Uma referência boa ao filme seria 'Drive", clássico com Ryan Gosling. O filme abusa na fotografia hiperrealista e seduz pelo talento dos dois atores.

Pornomelancolia

"Pornomelancolia", de Manuel Abramovich (2022) Co-produção Argentina, México, França e Brasil, "Pornomelancolia" é um drama LGBTQIAP+ que faz uma representação sobre o hoomem gay e solitário da grande Cidade do México. Lalo Santos, um dos maiores astros pornôs gays do México, estréia como ator nesse filme bastante intimista e crítico sobre o olhar consumista do corpo objetificado. O ator inclusive ficou muito desconfortável com o filme e o processo de filmagem, se recusando a ajudar na divulgação do mesmo. Lalo é um homem anônimo na cidade do México. Desempregado e solitário, ele vive fazendo bicos como operário. Em uma postagem, ele descobre que uma produção pornô quer realizar um filme sobre o herói Zapatta, revolucionário mexicano. Ele se inscreve e ganha o papel. Aos poucos, ele descobre que seu corpo é uma fonte de dinheiro: ele se anuncia em plataformas. enquanto isso, a sua representação de Zapatta aos poucos transforma o seu modo de ver a vida. Um filme que poderia render muita discussão acerca de representatividade e metalinguagem sobre luta de classes, crise econômica, desmeprego e principalmente, a sexualidade como fonte de renda e o quanto o seu corpo pertence a você. Mas acaba sendo bastante frio e vazio, e o que se sobressai mesmo são as cenas de sexo. Ainda asism, a melancolia recorrente do filme traz lindas imagens e surpreendentemente, Lalo Santos se revela um bom ator.

X- rated- Os maiores filmes adultos de todos os tempos

"X-rated- The greates adult films of all time", de Bryn Pryor (2015) Documentário que procura traçar um ambicioso registro do cinema pornô hetero desde os anos 70, com a grande revolução que foram "Garganta profunda" e "O diabo no corpo de Miss Jones", até as super produções dos anos 2000, como a paródia de "Star wars"e "piratas", que custaram uma fortuna. O mais interessante são as entrevistas com as grandes estrelas pornôs dos anos 70 e 80, agora senhoras de terceira idade como Georgina Spelvin, mas ainda assim, muito orgulhosas de seus trabalhos e sem nenhum tipo de arrependimento. Dos momentos mais interessantes, estão o da atriz Kar Parker, que ficou bastante tensa com a cena onde ela faz sexo com o seu filho no filme, interpretado por Mike Ranger. Mesmo sendo um incesto na ficção, ela ficou bastante incomodada. Outro momento divertido é quando mostram figuras icônicas como Princesa Léia, Darth Vader, Hans Solo e Luke Skywalker fazendo sexo na paródia. Em algum momento, o diretor se diverte, pois perguntaram a ele antes de fazer o filme: "ma sno universo de "Star wars" só tem uma mulher, como faezr um filme pornô?". Senti falta apenas de mostrarem a grande revolução que foram as webcams e os filmes pornôs caseiros e plataformas como Onlyfans, que ajudaram a derrubar a antes milionárias indústria pornô.

O convento

“Consecration”, de Christopher Smith (2022) Filme de terror co-escrito e dirigido pelo inglês Christopher Smith, “O convento” é protagonizado pela talentosa Jena Malone, uma das atrizes mais interessantes e promissoras de sua geração, mas que infelizmente tem abraçado filme de terror duvidosos como “Swallowed” e esse “O convento”. Trazendo referências de filme de terror que têm a religião como pano de fundo, como “Os demônios” e “A profecia”, a história gira em torno de Grace (Malone), uma oftamologista inglesa que descobre que seu irmão Miguel, padre em um mosteiro isolado da Escócia, se suicidou. A polícia acredita que ele se matou após matar um outro padre e a Madre superiora acredita que ele estava possuído pelo demônio. Grace decide investigar por conta própria e vai até o mosteiro, descobrindo que a resposta vira de sua infância, e que ela foi adotada. Jena Malone é muito boa atriz e o grande motivo de se assistir ao filme. Uma pena que a trama não traga elementos de terror para quem busca um filme arrepiante. O suspense aqui é mediano, e a violência é branda para quem quer um gore. Outro ponto positivo é a oresença de bons atores ingleses que ajudam a dar mais peso à trama.

O falsificador

“The forger”, de Maggie Peren (2022) Exibido no Festival de Berlim, “O falsificador” conta a incrível história real de Cioma Schonhaus (Louis Hoffman, o Jonas da série “Dark”). Nascido em Berlim, Cioma era de família judia e estudava pra se tornar um designer. Mas em 1942, a sua família foi presa e deportada para um campo de concentração, onde foram assassinados. Por conta de suas habilidades, Cioma desenvolveu um trabalho de falsificação para a Igreja, que procurava ajudar judeus a fugirem do país. Em troca de cartões de racionamento de alimentos, Cioma falsificava passaportes. Para si, Cioma criou uma identidade de oficial nazista e assim circulava livremente por Berlim. Mas o filme cria uma tensão sobre a possibilidade de Cioma ser desmascarado e preso. Escrito e dirigido pela cineasta alemã Maggie Peren, o filme é adaptado da biografia de Cioma Schonhaus, que acredita-se, ajudou centenas de judeus a fugirem do holocausto. Ele próprio conseguiu fugir de Berlim de bicicleta em 1943 indo para a Suíça e ali, formou-se e trabalhou como designer gráfico, falecendo em 2015 aos 92 anos. Impossível não se lembrar de “A lista de Schindler”, com a diferença que Schonhaus salva sem o heroísmo de Schindler, e que aqui o filme é bem claustrofóbico, quase todo filmado em interiores. Lindamente fotografado e com excelente performance de Louis Hoffman, o filme seduz pela história, ainda que tenha um ritmo bastante lento que cansa às vezes.

domingo, 30 de julho de 2023

Comece a dança

"Empieza el baile", de Marina Seresesky (2023) Lindo e emocionante drama com toques de comédia acre doce co-produzido por Argentina e Espanha, "Comece a dança" é protagonizado por 3 grandes astros veteranos da Argentina: Mercedes Morán, Dario Grandinetti e Jorge Marrale. É impossível não se lembrar de "Ginger e Fred", de Fellini, com Mastroiani e Giuleta Masina dando vida a decadentes Gingers Rogers e Fred Astaire. Carlos (Darío Grandinetti) e Margarita (Mercedes Morán) foram a maior dupla de dançarinos de tango da Argentiona, há décadas atrás. Juntos de Pichuquito (Jorge Marrale), que era o musicista, o trio era idolatrado por onde passavam. Mas o tempo passou. Carlos agora mora em Madri, casado e com uma filha. Ele trabalha em uma série de tv. Uma ligação lhe choca: Margarita faleceu em Buenos Aires e Pichuquito quer que ele vá ao velório. Ao viajar, Carlos decsobre que é tudo uma farsa. Margarita está viva, mas pobre e esquecida, repleta de dívidas. Ela lhe pede um favor: Que juntos, os três sigam com a kombi do trio até Rosário, para conhecerem o filho de Carlos e Margarita, que tiveram em uma noite de paixão. Para quem ama melodrama, o filme é imperdível. Repleto de amor e paixão, o filme escrito e dirigido pela cinesta Marina Seresesky é divertido, mas também bastante melancólico. Eu caí em prantos no desfecho. Como todo road movie, o roteiro traz um ajuste de contas entre os 3 personagens, além de conhecerem pessoas ao longo do caminho que os farão repletir sobre as suas vidas. Lindas locações.

Easy tiger

"Easy tiger", de Karel Tuytschaever (2022) Premiado drama LGBTqiaP+ belga, "Easy tiger" é inusitado em sua narrativa e a forma como o espectador deverá interagir com o filme: boa parte do filme, os 2 personagens masculinos se comunicam através da linguagem dos ainais, mas no restante do filme, quando por exemplo, o médico se comunica com sua esposa, surgem legendas na tela e não ouvimos o que falam. Li que o realizador do filme quiz que o público, tanto os com deficiência auditiva quando os que não possuem, tenham todos a mesma experiência ao assistir ao filme. Um psicólogo (Mickaël Pelissier) tem uma vida feliz com sua esposa (Giada Castioni). Possuem uma ótima vida sexual, se curtem. Mas uando o psicólogo atend eum cliente surdo mudo (Casper Wubbolts), ele descobre um desejo pelo corpo e pelo afeto masculino. O filme começa com um ousado close no pênis ereto do psicólogo, se masturbando. A sexualidade é um item que o realizador dá bastante atenção: boa parte do filme os homens estão sem camisa, expondo seus corpos esculpidos. A narrativa no entanto é estranha e não muito clara: existem elipses, a interação dos personagens vai se desenvolvendo sem o espectador entender o que aconteceu. O trio de atores é bom, mas a frieza do filme e a falta de uma dramaturgia mais rebuscada torna a experiência de assistir ao filme muitas vezes entendiante.

Ganja & Hess

"Ganja & Hess", de Bill Gunn (1973) Um dos filmes mais estranhos e originais a que assisti, "Ganja & Hess" foi lançado em 1973 como um exemplar do "Blackexploitation", mas o erro de marketing e a identidade autoral do cineasta fizeram com que o filme fosse rejeitado pelo público e engavetado. O seu roteirista e diretor negro Bill Gunn foi convidado pelos produtores para fazer uma versão sobre um vampiro negro, em cima do grande sucesso de "Blackula", que foi dirigido por um cineasta branco. Mas Bill Gunn rejeitou fazer um filme que trouxesse elementos de comédia e sexualidade gratuitas como eram comuns nos Blackexploitation, e decidiu fazer um filme experimental e com uma narrativa extremamente ousada. O filme foi redescoberto décadas depois e refilmado por Sike Lee em 2015, em "Da seed blood of Jesus.". "Ganja & Hess" foi exibido na semana da crítica em Cannes no ano de 1973. E para tornar sua aura ainda mais cult, foi protagonizado pelo mesmo ator de "The night of the living dead", de George Romero, Duane Jones. Duane Jones é o milionário doutor em antropologia Hess Green. Ele está fazendo uma pesquisa sobre a tribo africana Myrthia, uma antiga cultura africana que diziam, bebiam sangue humano. O seu motorista, Luther ( o cantor de soul Sam Waymon) é também nas horas vagas um Pastor de um Ministério. Quando Hess hospeda em sua mansão o seu assistente de pesquisa George Meda (Bill Gunn, o próprio diretor), esse relata que passou por um período de depressão e de tendências suicidas. Antes de se matar com um tiro, Meda esfaqueia Hess com uma adaga ancestral da tribo. Hess passa a ter desejo de sangue humanoe. bebe o sangue de Meda. Ao passar dos dias, Hess mata prostitutas, até que Ganja (Marlene Clark), esposa de Meda, chega procurando pelo marido. Com um visual único e fotografado pelo primeiro fotógrafo negro de um filme lançado em salas comerciais, James Hilton, "Ganja & Hess" tem momentos de puro devaneio estilístico, trazendo narrativa onirica, e até mesmo, linguagem da nouvella vague em sequências desfragmentadas e muita câmera na mão. Um filme que pode não agradar a todos, especialmente os que esperam um terror convencional, mas certamente, um filme a ser visto e discutido.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Wild card

"Wild card", de Tipper Newton (2022) Premiado curta independente americano, escrito, dirigido, produzido e protagonizado pela atriz Tipper Newton, "Wild card" é uma aula de como fazer um filme inteligente, delicioso, pop e artístico com pouco dinheiro mas muita imaginação e citação cinéfila. A maior referência do filme é o clássico cult de Jonathan Demme, "Totalmente selvagem"(Wild thing), que se passa no mesmo período do curta, final dos anos 80. O visual, a direção de arte, figurino, fotografia e claro, oe neons são muito bem elaborados e recriados para dar a sensação de estarmos na época. O filme fala sobr eum hábito pré-Tinder e pré-internet: os encontros que aconteciam através de fitas VHs onde a pessoa gravava depoimentos e as pessoas alugavam, ligando para o número na imagem. Num desses encontros, o tímido Daniel (Billy Flynn, genial) grava um depoimento todo inseguro, que acaba sendo alugado pela femme fatale Toni (Tipper Newton, hilária e com voz de Jennifer Tilly). O filme acontece quase todo no quarto de Toni, local onde ela marca o encontro. O filme vai ficando tenso à medida que o espectador e Toni ficam, desconfiados da real intenção da moça misteriosa.

Máquina do desejo - Os 60 anos do Teatro Oficina

"Máquina do desejo- Os 60 anos do Teatro Oficina", de Lucas Weglinki e Joaquim Castro (2022) Muito oportuno lançar nos cinemas um documentário tão rico e esclarecedor sobre um dos grupos de teatro mais expressivos do Brasil, o Oficina, e de seu criador, o agitador cultural e mega reverenciado Zé Celso, falecido no dia 6 de julho de 2023, em uma tragédia: seu apartamento foi queimado e ele veio a falecer no hoospital, aos 86 anos. No famoso endereço do bexiga, na Rua Jaceguai 520, o Oficina surgiu em 1958. Sobrevivei à Ditadura, mas pegou fogo e o prédio desabou. Com muito esforço e trabalho hercúleo de Zé Celso, ele levantou patrocinadores e reconstruiu o espaço, 17 anos depois, planejado pela arquiteta Lina Bo Bardi. Por lá passaram atores famosos como Marilia Pera, Zé Wilker, Othon Bastos, Ítala Nandi, Etty Fraser, Fernanda Montenegro, entre outros, além de ter total apoio de artistas e cineastas, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Glauber Rocha, Elke Maravilha. O filme mostra o eterno embate de Zé Celso com SIlvio Santos por conta do terreno e sua frustração pelo seu projeto do Parque Uzyna não ter sido aprovado. Com um riquíssimo material de arquivo, que cobre toda a história do oficina, incluindo o exílio do grupo em Portugal e em Moçambique, com imagens raríssimas. A cena do grupo pedindo apoio da prefeitura e tendo um embate cênico entre Elke Maravilha e Paulo Maluf, que lê as falas d eum personagem, é antológico. Mas talvez o momento mais contundente seja a de um popular, morto de fome, que diz à Zé Celso sobre a sua trágica história. O filme sai do didatismo cronológico e aposta em uma narrativa poética e decsontruída para contar uma história de luta.

Missão impossível 7 - Acerto de contas- Parte 1

"Mission impossible- dead reckoning parte 1", de Christopher McQuarrie (2023) Assistir a um filme da franquia "Missão impossível" é sempre um pipocão escapista para deixar qualquer tipo de bom senso e credibilidade do lado de fora da sala de cinema e se divertir com todas as mentiradas e Deus ex-machinas possíveis, e aqui tem aos borbotões, ao passo de eu falar umas 4 vezes no cinema "Não é possível!!!". A estréia da atriz Hayley Atwell na franquia, no papel da ladra Grace, me fez lembrar bastante de Phoebe Waller-Bridge, a sobrinha de Indiana Jones: os papéis são idênticos. Mas o que importa é se divertir e a trupe de sempre, Simon Pegg, Ving Rhames, Vanessa Kirby, Rebecca Ferguson e claro, Mr Tom Cruise, são garantia de ótimo passatempo, fazendo o espectador passear por Veneza, Roma, Abu Dabhi e Londres. E com direito a uma piada sobre o Rio de Janeiro. E sim, todo espectador fica aguardando a memorável cena do salto de moto sem dubl6e do astro Tom Cruise, reservada para o último ato. É uma festa total. A curiosidade aqui é que o vilão, assim como em "2001, uma odisséia no espaço", é um Ai que se rebela e decide criar vida própria e dominar o mundo. Foi deixado o recado!

terça-feira, 25 de julho de 2023

Myrna, o monstro

"Myrna, the monster", de Ian Samuels (2015) Primoroso curta independente que concorreu nos pretsigiados Festivais de Sundance e SXSW, "Myrna, o monstro" mistura animação, bonecos e live action para contar a história de Myrna, uma alienigena que foi sequestrada de seu planeta, e teve o seu namorado assassinado pelo astronauta que a sequestrou. Presa em um cativeiro, ela escapa e passa a conviver com humanos. As pessoas não a olham como a uma alienígena, mas como a uma pessoa comum, porém, ignorada. Myrna tem uma humana que é sua melhor amiga, e se torna sua confidente. Myrna procura arrumar um namorado humano, mas as tentativas são sempre frustradas. Até que ela decide entrar em um grupo de terapia de auto-ajuda. Incrível como é bom esse filme! Com excelente roteiro, fazendo uma metáfora sobre ser um alienígena nos Estados Unidos, um país repleto de imigrantes. Ao mesmo tempo, o filme traz anseios de uma alienígena adolescente e seu conflitos existencialistas. Mas o mais impressionante, é a técnica utilizada para dar vida à Myrna. Um filme memorável e encantador.

La mif

"La mif', de Fred Baillif (2021) Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Berlim na Mostra Geração, "La mif" recebeu mais de 14 prêmios internacionais, atestando a força de um drama sobre jovens mulheres que convivem diariamente com a violência. Durante 2 anos, o roteirista e cineasta Fred Baillif conviveu com jovens moradores de albergues municipais e ouviu histórias sobre violência doméstica, famílias desfuncioanis, estupros, assédios. Fred escalou algumas das jovens e as colocou como protagonistas de seu filme. Todos no elenco são não atores, inclusive Claudia Grob, no papel da diretora de um dos albergues. Claudia inclusive já foi diretora de albergue e trouxe toda a sua viv6encia para o papel. Audrey, Novinha, Précieuse, Justine, Alison e Caroline são nomes de capítulos no filme, e cada uma tem a sua história de vida apresentada. Unidas, elas encontram a acolhida da diretora Lola, ela mesma, vítima de violência doméstica. O filme é um drama bastante intenso, com performances naturalistas e muito verdadeiras. As histórias de cada uma das personagens é um soco no estômago. O filme abre discussão sobre muitos temas: machismo, sororidade, violência, o quanto o assistencialismo do governo deve interferir na vida de cada uma das jovens. Tem momentos que parece estarmos assistindo a um documentário, e é essa verdade que emociona e nos coloca d efrente para pequenas histórias da tragédia humana.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Fear the night

"Fear the night", de Neil Labute (2023) O famoso autor de peças de teatro Neil Labute surgiu no mundo em meados dos anos 90, com peças teatrais que até hoje são encenadas no mundo inteiro. ALém diso, debutou no cinema com o cult aclamado pela crítica "Na companhia de homens". Mas de uns anos para cá, Labute tem errado gritantemente nos seus filmes. O seu último, "Hoouse of darkness", é um pastiche de filme de vampiras que usam o pretexto do terror para falar sobre misoginia, assédio e machismo, temas habituais nos filmes e peças de Labute. Pois "Fear the night" vai para o mesmo caminho. Se apropriando de gênero, no caso, os filmes de ação e de vingança, Labute coloca um grupo de mulheres no meio do dserto. Elas estão reunidas em uma mansão para a despedida de solteira de uma delas. Rose está para se casar. Ela é irmã de Beth e de Tess (Maggie Q), uma veterana da guerra do Afeganistão que está com transtorno de síndrome pós traumática. Quando Tess vai até uma lopja de conveniência, ela se indispõe com um trio de machistas. Mais tarde, eles invadem a festa e decideiim que querem um dinheiro que está enterrado no sótão. Eles vão matando uma a uma das convidadas, até que Tess decide se armar e botar pra quebrar. Curioso como Labute continua apegado aos mesmos temas em seus filmes, mas agora variando em gêneros. Tecnicamente, seus filmes têm sido bem independentes, com fotografia, direção de arte e trilha sonora modestos, sem destaque. O elenco também é formado por um time de atores e atries nitidamente iniciantes, protagonizados por algum ator que foi promessa mas não aocnteceu ( como Justin Long em 'House of darkness", e Maggie Q.aqui. Pena que o filme seja tão genérico e que a ação demore a acontecer. Apenas para quem gosta d ever mulheres arrebentando com caras escrotos e boys lixos.

Showing up

"Showing up", de Kelly Reichardt (2022) Concorrendo à Palma de ouro em Cannes 2022, na competição oficial, "Showing up" é a 2a parceria da cineasta e roteirista Kelly Reichardt com a atriz Michelle Willians, desde "Wendy e Lucy", de 2008. Kelly Reichardt é famosa pelo seu filme "First cow", que lhe trouxe notoriedade no mundo todo por acompanhar uma vaca durante todo o filme, além de ganhar muitos prêmios com seus filmes anteriores. Michelle Willians é Lizzy, uma aspirante a artista plástica que está planejando sua próxima exposição que será apresentada em 1 semana. Ela convida familiares e pessoas próximas. Fruto d euma família disfuncional- pais divorciados, irmão com doença mental- Lizzy não ganha apoio dele,s pelo contrário, o pai que também é artista plástico vê toda a obra da filha com desdém. Lizzy aluga a casa de uma mulher, Jo (Hong Chao), que é uma artista plástica com renome e de temperamento diferenciado de Lizzy, que é introvertida. Lizzy inveja Jo pelo aparente sucesso dela. Um dia, o gato de Lizzy fica com fome e acaba ameaçando come rum pombo, salvo a tempo pro lizzy, que o joga pela janela. No dia seguinte, Jo surge dizendo que achou o pombo e que quer cuidar dele, mas acaba deixando essa responsabilidade para Lizzy. "Showing up" é um filme diferente de Reichardt. Um drama com toques de humor ácido e mais leve que seus outros filmes, tem um ritmo bastante lento e uma performance minimalista de seu elenco. O pombo acaba se tornando uma metáfora da própria Lizzy, aprisionada e necessitada de atenção e carinho. Os embates entre Willians, sem maquiagem e desprovida de vaidade, com a ótima atriz Hong Chao são excalentes, um duelo de grandes atrizes. Não é um filme para qualquer espectador: o roteiro é bem simples e a narrativa muito lenta podem afastar muita gente.

Sun Moon

"Sun Moon", de Sydney Tooley (2023) Simpática comédia romântica co-escrita e dirigida pela cineasta americana Sidney Tooley, em seu filme de estréia. Sidney morou por 1 ano em Taiwan, e isso explica o porqu6e dela querer filmar na região. MacKenzie Mauzy é Kelsey, uma mulher de 27 anos, que abandonou estudos e carreira para se casar aos 27 anos. No entanto, ela foi abandonada no altar por Brendan, que a trocou por uma amiga de Kelsey. Deprimida, Kelsey é ajudada por sua irmã mais jovem. A mãe de ambas está doente, mas Kelsey toma uma decisão: ela vai passar um tempo em Taiwan para dar aula de inglês para uma turma de alunos da Academia adventista, para assim, esquecer do casamento e da humilhação. Ao chegar lá, ela encontra dificuldades com a língua, pois quase ninguém fala inglês. Um jovem professor, Horace (Justin Chien), que também não fala inglês, a ajuda. Mas ela encontra resistência dos alunos, que não querem aprender inglês. O que difere esse filme de outras comédias românticas é um fato curioso: o filme é cristão. E a surpresa boa veio que o filme não é doutronário, ou fica querendo você acreditar que Deus está acima de todas as decisões. É bastante orgânica a relação da igreja com os personagens, sem forçação de barra. MacKenzie Mauzy é bastante carismática e talentosa, e segura bem a protagonista. O filme não tem nenhum ator conhecido, mas tem simpatia o suficiente para segurar a atenção do espectador, seja ele cristão ou não. E de quebra, mostra lindas locações em Taiwan.

domingo, 23 de julho de 2023

House of darkness

"House of darkness", de Neil LaBute (2022) O cineasta e autor de peças de teatro Neil Labute surgiu em meados dos anos 90 e desde então, tem tido seus textos teatrais adaptados no mundo inteiro. Famoso pelos diálogos ácidos, lidando com temas tabu da sociedade, como misoginia, assédio, gordofobia, questão do padrão estético de beleza, entre outros temas que deixam uma conversa de bar em saia justa. Das suas peças mais famosas, temos: "Razões para ser bonita", 'Gorda", "A forma das coisas", "Baque", "Aquelas mulheres", "Restos". No cinema, fez fama e ganhou legião de fãs com seu drama ácido e mordaz "Na companhia de homens", de 1997. Ambientado em uma empresa onde a palavra d eordem é misoginia e machismo, além de assédio no ambiente profissional. A expectativa de outros filmes foi enorme, mas nenhum outro filme veio com o mesmo ardor da crítica: a refilmagem de "O homem de palha", chamada de "O sacrifício", foi apedrejado. A refilmagem do inglês 'Morte no funeral", igualmente apedrejado. Veio cult "A enfermeira Betty", que ninguém viu. Estranhamente, Labute abraçou um cinema B, amador, e aí ficou. "House of darkess" é inexplicável. Ruim do início ao fim, o filme é um horror com subtexto da misogonia. Ambientado em um único set, o salão de um castelo!!!!! onde um homem, hap (Justin Long).é convidado por uma mulher , Mina (Kate Bosworth) para passar a noite. Tirando vantagem do one night stand e de que está ávido para fazer sexo com a mulher, hap ignora qualquer aviso de que aquela mansão é habitado por vampiras doidas para chupar sangue de boy lixo. Justin Long foi uma promessa de ator há uns 10 anos atrás. Mas de uns tempos para cá, se firmou como ator de filmes trash de terror, como o pavoroso 'Tusk", de Kevin Smith. Ano passado ele ainda trabalhou em um terror cult elogiado, 'Barbarian". Mas seu personagem, homem escroto e boy lixo é exatamente ao seu Hap em 'House of darkness". Labute se coloca no lugar de uma mulher e as defende integralmente, apontando toda sua metralhadora para os homens sexistas, machos burros e deploráveis. O final? mais óbvio possível. Os efeitos? ruins. Chato e entediante. Labute, filme pelo menos seus textos teatrais, vai ser melhor.

Os habitantes

"Los habitantes", de Homero Bueno (2023) Bom suspense mexicano, que traz plot twists surpreendentes em seu desfecho. Emiliano (Jorge Luis Moreno, que também produz o filme) é um homem em eus 40 anos que sobreviveu a um grave acidente de carro. Ele entrou em coma e quase morreu. Quatro anos após o acidente, ele decide voltar à cidade de Monterrey, mesma cidade onde aconteceu o acidente. Casado com Nina (Estefanía Hinojosa) e pais de uma filha pequena, a família tem uma vida aparentemente feliz em uma nova casa. Mas aos poucos, Emiliano começa a ter alucinações. Avizinha também o observa de forma estranha. Emiliano vê o fantasma de uma mulher e de uma menina. A mãe de Emiliano, (Angélica Aragón), e seu amigo Arturo (Luis ALberto Garcia) procuram ajudá-lo. Ainda assim, Emiliano decide ir atrás dos antigos moradores e entender o que se passou naquela casa, antes dele comprá-la. O filme tem um bom roteiro escrito pelo próprio cineasta, Homero Bueno, e começa como um drama familiar até abraçar o filme de fantasmas, com sustos previsíveis. Mas é um filme interessante, e que mantém o espectador atento até descobrir o que está se passando na vida de Emiliano. O último momento do filme que achei totalmente desnecessário.

Clonaram Tyrone!

"They cloned Tyrone", de Juel Taylor (2023) Longa de estréia do cineasta negro Juel Taylor, também co-roteirista dessa fábula bizarra sobre clonagem, que lembra muito os filmes de Michel gondry e Spike Jonze, porém, dentro de uma comunidade negra de G;en, cidade fictícia dos Estados Unidos, que mais lembra o Harlem. Fontaine (John Boyega) é um traficante de drogas de Glen. Respeitado pela comunidade, ele tem como amigos a prostituta Yo-yo (Teyonah Parris) e o cafetão Slick (Jamie Foxx). Juntos, os amigos testemunham eventos estranhos que acontecem na cidade, ambientada nos anos 70. Eles descobrem um subterrâneo onde cientistas, financiados pelo governo americano (bem no clima de "Stranger things") estão clonando negros para que eles sejam servis aos brancos e aos poucos, poderem embranquecer a América. Muito bom ver novos artistas negros falando sobre a comunidade e de que forma observam a América durante e pós Governo Trump. A metáfora do embranquecimento da América é um forte indício do quanto a comunidade está cada vez mais abraçando a sua cultura e a sua história, assim como fez Spike Lee em "Infiltrado na Klan", com pessoas negras assumindo 100% a sua afro-ancestralidade. Umn filme importante no tema, e delicioso como passatempo, mesclando ação, aventura, comédia e ficção cinetífica em clima "Black mirror".

Brichos 3- Megavírus

"Brichos 3- Megavírus", de Paulo Munhoz (2023) Terceira parte de uma franquia de animação brasileira criada por artistas curitibanos, "Brichos" teve a 1a parte em 2007, a 2a em 2012 e agora com "Megavírus". Logo no início, a produção avisa o espectador que o roteiro foi escrito 5 anos antes da covid, e que a produção foi filmada durante a pandemia, o que impediu que usassem vozes infantis, inicialmente previstas. A Vila dos Brichos é atacada por um vírus, misto da gripe do Elefante com o vírus do computador, criando um curioso vírus que mescla o orgânico com o cibernético. O vírus atinge a população que olha para celulares, tablets e computadores, e entram em coma. A parte ainda saudável da população se une e se organiza para salvar os doentes, enquanto Ratão aproveita o caos para saquear toda a cidade. Tales (Diegho Kozievitch), Bandeira (Jeff Franco), Jairzinho (Renet Lyon) e outros se unem para tentar encontrar uma solução. O filme traz referências a clássicos da ficção cioentífica, como "Inception" e "Matrix": os mocinhos precisam colocar capacetes e entrarem na mente dos personagens, e asism, tentar encontrar a cura do vírus. Mesmo voltado para crianças pequenas, o filme tem temas e diálogos complexos, que falam uma linguagem complexa sobre mente X tecnologia. Mas os bichos do filme são desenhados com muita fofura, assim como os cenários. E por ser uma animação 100 por cento brasileira, já vale assistir e prestigiar.

Barbie

"Barbie", de Greta Gerwig (2023) A essa altura do campeonato, não existe um ser humano no planeta que não tenha ouvido falar do filme ou que não tenha cruzado na rua com pessoas venstindo rosa. E claro, esse certamente será uma das maiores bilheterias da história, e irá render uma franquia de infinitas partes, pois existem Barbies e Kens de todos os tipos que rendem todo tipo de spin off. Greta Gerwig e Noah Baumbach, casados na vida real, escreveram o roteiro e surpresa total, alfinetam todo o mundo cor de rosa de Barbie e Ken, e recebem aprovação da empresa criadora da boneca, Mattel. Mas a Mattel não é boba e sabe que o mundo mudou e o conceito de mulher padrão perfeita e esterotipada morreu há muito tempo, e precisavam se reinventar com o olhar sobre o que querem as mulheres e os homens de hoje em dia. Com uma direção de arte e fotografia espetaculares, reproduzindo todo o mundo da Barbie suas casas e acessórios, o filme apresenta a Barbilândia com suas inúmeras Barbies, inclusive as que saíram de linha, como uma Barbie grávida. A Barbie padrão (Margot Robbie) vive seu mundo feliz, até que do nada, tem uma crise de existencialismo e fala sobre morte, celulite e outros assuntos que provocam tensão na Barbilândia. Ela decide ir até o mundo real em Los Angeles, e Ken (Ryan Gosling) a acompanha. Ela acaba conhecendo a sua dona, Gloria (America Ferrera), designer da Mattel, e sua filha adolecsente, Sasha. Ao encontrar mulheres do mundo real, Barbie passaa entender sobre o difícil papel de uma mulher no mundo, que tem que lidar com assédio, machismo, baixos salários, etc. O filme traz referências de 'Show de Truman", "Toy Story 3" e de elementos da cultura pop, como a banda N'Sync e a clássica "Girls just wanna have fun", de Cindy Lauper. É importante frisar que não é um filme para crianças: o filme traz reflexões bastante adultas como morte, machismo, paternalismo, assédio, entre outras pautas do feminismo e também, do papel do novo homem que precisa se reeducar na agenda da diversidade de gênero e de comportamento corporativo. É um bom filme, mas confesso que eu queria ter me divertido mais: o desfecho traz uma melancolia existencialista que eu não estava esperando.

sábado, 22 de julho de 2023

Oppenheimer

"Oppenhemier", de Christopher Nolan (2023) Cinebiografia do físico Julius Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), americano nascido em Nova York no ano de 1904 e falecido em 1967, e conhecido mundialmente como "o pai da bomba atômica", sendo capa da revista TIME com esse título. Através de seus estudos com a bomba atômica que os Estados Unidos lançaram a bomba em Hiroshima e Nagasaki, com o intuito de encerrar de vez a 2a guerra mundial, num período onde a Alemanha já havia se rendido, mas o Japão, não. O filme apresenta Oppenheimer em 2 momentos: em uma comissão onde é entrevistado e acusado de apoio aos comunistas e também de ser espião soviético, e em um tribunal com a mesma acusação. Ambos os eventos aconteceram anos depois do lançamento da bomba no Japão. O filme então volta ao tempo para contar a história desse físico, e a sua relação com o seu irmão comunista e mulheres que fizeram parte de sua vida, como Jean (Florence Pugh) e Kitty (Emily Bliunt), que viria a ser sua esposa, mas sofreu depressão pós parto. Convidado pelo governo a criar um centro de criação da bomba atômica em Los Alamos, no deserto, e ali, dentro do Projeto Manhattan, desenvolver, junto de outros cientistas, fazer pesquisar com urânio e plutônio para estudar e criar a bomba, ao custo de 2 bilhões de dólares. O filme , como em qualquer filme de Nola, traça períodos distintos, em um trabalho extraordinário de edição e de edição de som. O elenco é um caso à parte: uma infinidade de participações de grandes astros, mostrando a força de Nolan: além de Plugh e Blunt, temos Robert Downey Jr, gary Oldman no papel do presidente americano Truman ( ele já havia sido Winston Churchill), Casey Affleck, Matt Damon, Alden Ehrenreich, Jason Clarke, Kenneth Branagh, Matthew Modine, Jack Quaid, Rami Malek, entre outros. Cillian Murphy está esplêndido, e a sequência do teste do protótipo da bomba é bem construída e tensa. O filme tem 3 horas de duração e eu particularmente senti esse tempo, chegou uma hora que ficou cansativo, principalmente no momento do depoimento de Casey Affleck. Mas Nolan é Mestre e ver como ele costura as histórias e ações sinceramente não é para qualquer um.

O que deixamos para trás

"What we leave behind", de Iliana Sosa (2022) Premiado no SXSW com 2 prêmios especiais, "O que deixamos para trás" é dirigido pela documentarista mexicano americana Iliana Sosa, e tem como tema o avô de Iliana, o nonagenário Julián Moreno. Durante toda sua infância e adolescência, Iliana desconhecia queme ra seu avô. Só adulta, e fazendo o documentário, ela entendeu a alma desse imigrante mexicano que tentou a sorte nos Estados Unidos nos anos 60. Repleto de alma e admiração pelo seu avô, o filme mostra uma família de mexicanos que se ama, mas está dividida entre a fronteira México e estados Unidos. Todos os meses, por cerca de 20 anos, Moreno embarcou em um ônibus para a viagem de 560 milhas de sua casa em San Juan del Río, região rural do México, para visitar suas filhas e netos, incluindo Sosa, em El Paso, Texas. Durante 1 ou 2 dias, ele trazia doces e presnetes e ia embora. O filme começa com a última viagem de Moreno, já bastante cansado e praticamente impedido de fazer a viagem, só sendo possível pois uma das filhas foi junto. Ele quer construir uma casa para seus descendentes do lado da sua casa no México. Sua esposa faleceu aos 39 anos, há exatos 45 anos atrás, e um de seus filhos, Jorge, que é cego, diz que a morte de sua mãe foi um dos fatores da dissolução da família e boa parte migrar para os Eatsdos Unidos. Cenas do cotidiano, como Moreno visitando o túmulo de sua falecida; ou fritando ovo; ou construindo a casa, e aos poucos, com o tempo, ficando doente até vir a falecer. O filme é comovente e além de temas como a política da imigração dos Eua, fala sobre a união familiar, memória, amor e em determinado momento, sobre a finitude da vida. Um desfecho melancólico e realista, sobr euma história de um homem comum, mas coberto de amor.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

The starling girl

"The starling girl", de Laurel Parmet (2023) Concorrendo nos prestigiados SXSW, Sundance e Palm Springs, "The starling girl" é escrito e dirigido pela cineasta Laurel Parmet. O filme é um retrato contundente e cruel de sua protagonista, Jem Starling (Eliza Scanlem), uma adolescente de 17 anos que pertence à uma comunidade de religisoos cristãos fervorosos em Kentucky. Sendo a filha mais velha de sua família, Jem é idolatrada pelos irmãos. Seus pais se orgulham dela. Mas quando o jovem pastor Owen Taylor (Lewis Pullman) retorna à comunidade, tudo muda na vida de Jem. O seu desejo sexual pelo jovem pastor aflora, e Jem não consegue mais se controlar. E ela teme ficar igual ao seu pai, um alcóolatra que precisa ficar escondiod pela esposa, por vergonha que a comunidade descubra. Explorando religiosidade e os desejos do indivíduo ( os cristãos precisam dedcicar sua vida à Deus, e nunca para si), o excelente roteiro de Parmet traz muita reflexão sobre pontos que fazem o espectador discutir o quanto ele precisa se doar à Igreja e o que busca para si próprio. Uma performnce arrebatadora de Eliza Scanlem no papel principal, trabalhando todas as emoções. Um filme sobre feminilidade, sobre se doar ao outro e sobre a busca de sua liberdade. A direção de Parmet é perfeita, construindo com muita inteligência e respeito a trajetória de uma jovem que descobre que o mundo é além da religião.

O eremita de Treig

"The hermit of Treig". de Lizzie MacKenzie (2022) COmovente documentário que enaltece a vida do homem que abandona a civilização e vai morar em uma floresta isolada, sem eletricidade, internet e sem o conforto de uma vida urbana. Ken Smith mora há 40 anos na região do lago de Treig, há kilômetros de distância da estrada mais próxima. A documentarista Lizzie MacKenzie passou 7 anos conhecendo Ken e interagindo com ele até convencê-lo de filmar a sua história. Ken atualmente está com 70 anos. Escritor e fotógrafo, Ken abdicou da civilização e da companhia de pessoas. Construiu sua cabana de madeira e sobrevive de pesca, caça. Mas um dia, ele sofre um derrame, e seu único contato com a civilização é um rádio transmissor. Ele pede ajuda. Um helicópetro chega e o leva a um hospital. Mas Ken retorna depois, e não quer sair da floresta. A partir desse momento, a conversa entre Ken e Lizzie passa a ser a finitude da vida. Ken convida um padre para lhe dar a extrema unção, uma precaução caso venha a falecer. O filme traz a simplicidade de um homem que gosta de escrever e de fotografar. Em sua casa humilde, ele guarda escritos e fotos. Lizzie dirige o filme com elegância e bastante simplicidade, e basta a câmera acompanhar Ken para onde ele vá na floresta, para lembrarmos de Christopher McCandless, o jornalista americano que abandonou a cidade e foi morar na floresta, retratado na obra-prima "Na natureza selvagem", de Sean Penn.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Limbo

"Limbo", de Ivan Sen (2023) Concorrendo na competição oficial do Festival de Berlim 2023, "Limbo" é escrito e dirigido pelo cineasta aborígene australiano Ivan Sen. O filme é rodado com um deslumbrante preto e branco fotografado pelo próprio Ivan Sen, que não satisfeito, ainda compôs a trilha sonora e editou o filme. O filme apresenta como protagonista o policial Travis Hurley (Simon Baker), em uma caracterização que o tempo todo faz lembrar Walter White de "Breaking bad". Travis viaja até a pequena cidade de Limbo, localizada no deserto da Asutrália. Travis veio a mando da polícia, que quer reabrir o caso acontecido há 20 anos atrás na região, quando uma jovem aborígene, Charlotte, despareceu. Travis é viciado em drogas pesadas, como heroína, herança de seu trabalho na divisão anti-drogas, e entrou no fundo do poço quando provocou a morte de uma pessoa. Acabou destruindo seu casamento e o afastou de seu filho. Procurando os irmãos de Charlotte, Charlie e Emma, Travis passa a entender que a população majoritariamente branca, é racista e trata mal os aborígenes. O filme é esteticamente belo, mas o ritmo extremamente lento da narrativa cansa. O que chama muito a atenção são as belas cavernas na região desértica, uma impressionante arquitetura natural. Simon Baker é um ator bastante conhecido na Austrália e está bem no papel principal, assim como o elenco de apoio, principalmente os indígenas, que lidam com a maior parte das emoções. Uma trama de mistério, esclarecida no último minuto. É preciso ter paciência para acompanhar a história.

Lugar seguro

'Sigurno mjesto", de Juraj Lerotic (2022) Obra-prima do cinema da Croácia, "Lugar seguro" é um drama poderoso, vencedor de 12 prêmios internacionais, 3 deles no prestigiado Festival de Locarno: melhor diretor, melhor filme de estréia e melhor ator (Goran Markovic). O filme é baseado em história real acontecido com o ator, diretor e protagonista Juraj Lerotic: o suicídio do seu irmão, causado pela depressão profundo em que se encontrava. O filme acontece durante um período de 24 horas. Bruno (Lerotic) recebe a ligação de seu irmão Damir (Markovic) de que cortou seus pulsos. Bruno corre ao apartamento do irmão a ponto de salvá-lo e levá-lo ao hospital. A mãe deles (Snjezana Sinovcic) chega e se junta aos três. Damir fica em vigilância por parte do irmão e mãe, que decide tirá-lo escondido do hospital e levá-lo para a cidade de SPlit, onde passaram a infância. Com um trabalho absolutamente formidável dos 3 atores, em estado emocional surpreendente, o filme é a estréia na direção d elongas de Juraj Lerotic, uma narrativa bastante lenta, mas sempre instigante, afinal, o irmão pode se matar a qualquer momento. COm enquadramentos e fotografia que tornam ainda mais depressiva a experiência do filme, 'Lugar seguro" é um filme brilhante um excelente trabalho de direção e de atuação.

quarta-feira, 19 de julho de 2023

T

"T", de Jitesh Kumar Parida (2023) A cartela final desse drama LGBTQIAP+ hindu traz a seguinte mensagem: 'Orgulho de ser transgênero". O filme foi exibido fora de competição no Festival de Cannes, e é baseado na história real de Meghna Sahoo, a primeira motorista de táxi transgênero da Índia. Acompanhando desde sua infância, quando seu pai o espancava por seus gestos afeminados, depois adolescência, quando se tornou objeto de desejo de um rapaz, depois vendendo seu corpo como prostituta, a tragetória de Meghna Sahoo (interpretado pelo ator cis Debasish Sahu) é digno de uma grand enovela repleta de tragésias. reviravoltas. Chantageada, abusada, Mehgna encontrou um final feliz, se casando com Basu e por isso,s endo rejeitada pela comunidade trans, que não aceita o casamento e o sucesso de Meghna como ativista. Meghna hoje em dia é conhecida por ajudar a comunidade trans, provendo-lhes sustento e trabalho digno. O filme tem uma rica fotografia e locações bastante cinematográficas, rodadas em Odisha, região pobre mas rica em coloridos e arquitetura. Falando sobre transfobia e luta por respeito, é bastante interessante que o cinema indiano esteja abrindo as portas para o cinema queer. O ponto fraco são as atuações, algumas amadoras, mas a boa intenção do projeto faz valer a pena assistir ao filme.

Chrissy Judy

"Chrissy Judy", de Todd Flaherty (2022) Drama LGBTQIAP+ independente americano, "Chrissy Judy" é escrito, dirigido, produzido, editado e protagonizado por Todd Flaherty. Ele interpreta Judy, uma drag que mora em Nova York e que faz dupla com Chrissy (Wyatt Fenner), seu melhor amigo e às vezes, amante. No entanto, às vésperas do show que pode redefinir a dupla, Chrissy informa a Judy que vai voltar a namorar seu ex-namorado e mais, irá morar na Filadélfia. Essa notçiia traz uma ruptura que Judy não estava preparado: ele precisa se redefinir como artista e comos er humano, mas para sanar a frustração, ele se entrega ao sexo e ao álcool. Drama com elementos de humor típico da comunidade queer, 'Chrissy Judy" é um filme bastante honesto para quem busca um passatempo que apresente a realidade Queer de forma realista. As cenas de show de drags são mais dramáticas, sem os habituais glamour e pompa. Um filme curioso, divertido, melancólico e que retrata a amizade como um momento que para alguns, não é eterno.

terça-feira, 18 de julho de 2023

O décimo primeiro capítulo

"Di shi yi hui", de Jianbin Chen (2019) Representante da nova onda do cinema chinês, chamada de "Neo cinema", "O 11o capítulo" é um drama sobre um homem que descobre que uma trupe teatral está representando a sua história nos palcos. Ma Fuli (Jianbin Chen, roteirista, diretor e protagonista do filme) é casado com sua esposa controladora, Zhou Xun, e sua enteada, Leah Dou, que está grávida. Ele mantém um pequeno comércio onde serve lanche. Um dia, ele descobre que o teatro local irá encenar uma peça sobre uma tragédia ocorrida há 30 anos: um homem matou sua esposa e seu amante ao decsobrir a traição, atropelando-os com o trator da fazenda. Ma Fuli diz que ele é o protagonista da história, e pelo assassinato confesso, ele ficou preso pro 15 anos. Mas ele decide limpar o seu nome e evitar que a peça divulgue ainda mais um crime que ele não cometeu: na verdade, o freio do trator soltou e matou o casal de infiéis. Mas ninguém quer mudar o rumo do texto de peça: nem os atores, o diretor, nem os patrocinadores. Drama com toques de humor e sureralismo, "O 11o capítulo" é, como diz o seu título, dividido em 11 capítulos, cada um com um tema e trazendo mais informações sobre Ma Fuli e a crise com sua enteada, que não quer ter um filho de um pai assassino, da cia teatral e de sua esposa, além de um advogado e dos patrocinadores. Bem articulada com tantos personagens em cena, discute a moral e ética da sociedade de forma curiosa e repleta de nonsense.

Are you lonesome tonight?

"Re dai wang shi", de Shipei Wen (2021) Vibrante policial chinês, fazendo parte do que a crítica chama de "Neo cinema chinês", com muitas referências pop e fotografia noir, trazendo elementos de iluminação nenon e muitas cores. Nessa revisitação do cienma noir, o cineasta estreante Shipei Wen criou uma narrativa envolvente, repleta de flashbacks com outros olhares sobre uma mesma cena. A trama é confusa, mas ainda assim, sedutora. Ambientada na província de Guandong, no sul da China, região quente, o filme começa no ano de 1997, na pré-internet e celulares, e vai até o ano de 2005. O técnico de consertos de ar-condicionado Wang Xueming (Eddie Peng, super astro e galã de Taiwan ) dirige uma van para encontrar sua namorada (Jiang Peiyao) para irem no cinema. Ao se distrair no volante, acaba atropelando um homem. Wang foge do local, mas logo vamos descobrir em m flashback que ele retornou e enterrou o homem. Coberto pela culpa, Wang pensa em se entregar às autoridades. Em vez disso, ele encontra uma maneira de fazer amizade com a viúva da vítima, a Sra. Liang (Chang), que está sendo assediada por dois homens que afirmam que seu falecido marido lhes devia uma quantia significativa de dinheiro. Paralelo, a polícia descobre que o atropelado foi baleado antes de ser atropelado. Com uma trama repleta de mistério, o filme traz excelentes cenas de ação e uma fotografia exuberante, fortalecida pelas locações decadentes de uma cidade feia e suja. Fiquei apaixonado pela fotografia, pela narrativa e certamente, o neo-cinema chin6es é muito bem vindo, já tendo trazido filmes excelentes como "Thin ice, black coal", "O lago do cisne selvagem", entre outros títulos.

Boniato

"Boniato", de Eric Mainade, Andres Meza-Valdes e Diego Meza-Valdes (2015) Concorrendo no Festival de Sundance em 2015, "Boniato" é um delicioso filme de gênero que mistura drama e terror com monstros que remete a filmes como 'Abismo do medo" e "Viagem maldita". Com impressionantes efeitos práticos que funcionam bastante, mesmo para uma produção de baixo orçamento, o filme foi escrito e dirigido por um trio de cineastas que usam a história para fazer uma crítica à exploração da mão de obra de imigrantes clandestinos latinos que trabalham como escrevaos me plantações nos Estados Unidos. Elisia (Carmela Zumbado) é uma jovem imigrante que trabalha em uma plantação em uma fazenda no sul dos Estados Unidos. Insatisfeita com o trabalho, Elisia comunica ao seu chefe, o capataz Willian (Alex Garay) que ela quer sair do trabalho e sguir para o Norte do país. Willian a leva de carona em um carro com outros imigrantes latinos e para surpresa de todos, os abandona em uma área isolada da plantação, onde nos subterrâneos habitam seres monstruosos. Um homem misterioso, o latino Boniato, surge para salvar Elisia. O filme tem um roteiro sme pé nem cabeça, mas é divertido o suficiente para agradar a fãs de terror, principalmente se forem fãs do cinema de Robert Rodriguez. Ótima locação, que faz lembrar do cult "A colheita do mal", o filme traz elementos de badass girl, herói solitário e muita porradaria contra monstros que assustam mas se deram mal por encontrarem na sua frente imigrantes latinos dispostos a tudo para manter sua dignidade.

Runs in the family

"Runs in the family", de Ian Gabriel (2023) Drama LGBTQIAP+ sul africano com toques de "feel good movie", alternando momentos de humor acridoce e cenas de musical com dragas. Dirigido por Ian Gabriel e escrito e protagonizado pro seu filho Gabe Gabriel, ator que fez a transição em 2018 para homem trans. Gabe interpreta River Storm, filho do indiano Varun Chetty (Ace Bhatti), um alfaiate que trabalha na África do Sul. River e seu melhor amigo se inscrevem em um concurso de drag queens e com o dinheiro, River deseja fazer cirurgia de afirmação de gênero. Mas Varun recebe uma ligação inesperada de Monica (Diaan Lawrenson), a mãe de River que o abandonou quando criança e se encontra em uma clínica de reabilitação em uma outra cidade. Varun pede ajuda a seu filho para tirarem sua mãe de lá, mas River fica em conflito, pois ele foi abandonado por ela. O filme aposta no drama familiar de forma bastante delicada, com ótimas performances e mensagens de afirmação e de aceitação. Os números musicais são bem produzidos, mesmo para um filme de produção média. Basicamente um road movie, com o estreitamento da relação pai e filho, o filme tem um roteiro que comeve e encanta, dando ainda um desfecho inesperado que ressalta ainda mais o lado dramático da história.

domingo, 16 de julho de 2023

Dia dos pais

"Father's day", de Kali Khan (2022) Um filme cruel sobre uma adolescente que morre de ciúmes de seu pai e quando o vê flertando uma garota em uma piscina, arma um plano de vingança não contra o pai, mas contra a garota. Nessa fábula sobre uma relação edipiana, o filme acompanha Ceci (Tori Lemelin) e seu pai Eric (Ariel Eliaz) planejando passar o dia juntos na piscina, para comemorar o dia dos pais. Apesar de já ser adolescente, Ceci exige atenção de seu pai e brinca com ele como se fosse uma criança. Ao avistar uma jovem (Emma Cuba), o pai pede um tempo pra filha e se senta ao lado da garota, para puxar assunto. A filha fica enciumada, achando que a menina está dando em cima do seu pai. Mas ela somente se toca que na verdade queme stá assediando é seu pai, quando a garçonete pergunta pra moça se está tudo bem com ela. Um filme bastante cruel sobre a destruição do imaginário de uma filha que imagina sue pai como um herói, e aos poucos, vai descobrindo que antes de tudo, ele é um homem, e pior, assediador. Com um ótimo trabalho dos 3 atores, e uma direção sutil, que vai ajustando o foco nos olhares e seu ponto de revelação, deixando para o final um sabor amargo de passagem de rito para uma fase mais adulta e consciente.

Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor

"Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor", de Luis Carlos de Alencar (2022) Ótimo documentário que passa um pente fino sobre o movimento LGBTQIAP+ no Brasil a partir dos anos 60, até chegar aos dias do governo Bolsonaro. O filme dedica em sua cartela inicial o filme às trans Priscila, Laysa Fortuna e Kharoline, que foram assassinadas aos gritos "Bolsonaro". O filme começou a ser rodado 1 semana após a vitória de Bolsonaro nas eleições. O filme apresenta as histórias de persgeuição aos homossexuais, lésbicas e travestis no Brasil nos anos 60 em diante, com a força policial usando de truculência. Essa violência acabou fazendo com que as minorias se unissem em grupos. Nos anos 80, vários grupos já estavam lutando à favor da causa da comunidade lgbt. Até então, a população lgbt foi considerada inimiga da família tradicional, da moral e dos bons costumes, sendo retratada de forma pejorativa e jocosa na mídia. Ativistas famosos como Luis Mott e Trevisan dão depoimentos. O filme é fartamente ilustrado com fotos e imagens de arquivo. Passa pelo Aids, pela anistia política e pelos ganhos políticos, como o casamento gay. Mas o que mais me chamou a atenção no filme é quando ele dedica uma parte para falar do racha dentro do próprio movimento lgbt: gays machistas e misógenos foram responsáveis pelo rompimento com lésbicas e negros, e surgiram dissidências lutando por causa própria. Um filme bastante informativo, repassando um importante retrato da comunidade queer e finalizando com a luta contra o governo de extrema direita que surgiu em 2018.

Darker

"Donkerster", de Frank van den Bogaart (2022) Premiado curta de terror co-produzido por Nova Zelândia e Bélgica, "Darker" parte de experiências pessoais do roteirista e cineasta Frank van den Bogaart. Seu pai sofreu um gravde acidente durante uma cirurgia e ficou entre a vida e a morte. Influenciado pela possibilidade de continuar a sua vida sem a presença de seu pai que tanto ama, o cineasta escreveu esse conto de horror que remete aos filmes de horror folk, baseado em lendas celtas. Em uma região isolada, uma comunidade mora próximo à uma floresta onde existe uma lenda, passada entre gerações,d e que uma entidade na floresta, Atlas, se alimenta das histórias das pessoas. A entidade sussurra as histórias dos mortos para as pessoas. O pai de Rheena, uma jovem, conta essa lenda para ela. No dia seguinte, o pai de Rheena desaparece e a família acredita que ele seguiu para a floresta. Rheena se torna determinada a buscar seu pai de volta, entrando na floresta. Com uma excelente atmosfera de pesadelo fabular, "Darker" faz o que o terror tem de melhor: se apropriar do gênero para trazer simbolismos, no caso, a memória e a morte de entes queridos. Um belo conto.

sábado, 15 de julho de 2023

Carmen

"Carmen", de Benjamin Millepied (2023) Famoso dançarino e coreógrafo francês, é casado com a ariz Natalia Portman, tendo coreografado as cenas dela em 'Cisne negro". Agora diretor, Benjamin comanda essa co-produção australiana/francesa livremente adaptada da ópera de Bizet, "Carmen". Após várias adaptações, Benjamin escala como protagonista o irlandês Paul Mescal e a mexicana Melissa Barrera, da franquia "Pânico" e do musical "In the heights". Mas a verdade é uma só: o filme é de Paul Mescal, e ele ofusca totalmente toda vez que aparece em cena. Não só pela seu sex appeal, que chama a atenção sempre, quanto pelo magnetismo. Mescal é atualmente um dos homens mais talentosos e desejados do mundo, e aqui, arrisca na dança e no canto. Melissa não tem chance quando Mescal está em cena, e ess aé a verdade. Talvez só quem roube atenções, e isso porquê é uma diva total, seja a espanhola Rossy de Palma, musa de Almodovar. Melissa é Carmen filha de uma dançarin de flamenco que mora na divisa entre um país latino domionado por cartéis de traficantes, e os Estados Unidos. Quando sua mãe é morta pelo cartel, Carmen atravessa a fronteira clandestinamente para tentar entrar nos Estados Unidos e seguir para Los Angeles. Na travessia, ela e os outros que tentam entrar são confrontados pela polícia, até que ela é salva pelo recém empossado policial de fronteira Aidan (Mescal), que não concorda com o método violento dos colegas, e ele acaba matando um colega de profissão. Aidan e Carmen, procurados pela polícia e pelo cartel e seguem para um bordel com Los ANgeles comandado por Masilda (de Palma), amiga da mãe de Carmen e que irá ajudá-los. O filme brinca com o charme e sex appel de Mescal e na cena que ele é apresentado para Masilda, ela fala em espanhol que o pênis dele deve ser grande, cheia de lascívia no olhar. Infelizmente, o filme não funciona, e justamente pelos números musicais, que são nitidamente enxertados e nada orgânicos com a narrativa, Tivesse fixado somente na narrativa realista, o filem teria ganho muito mais.

God is a bullet

"God is a bullet", de Nick Cassavetes (20223) Adaptado de uma história real, "God is a bullet" é uma ótima trama sobre vingança. A bem da verdade, não traz muitas novidades ao gênero. ma so fato de ser dirigido por Nick Cassavetes, realizador dos romances clássicos "Diário de uma paixão" e "Prova de amor", além de ser filho dos icônicos John Cassavetets e Gena Rowlands, já lhe dá total crédito. Fora isso, o filme tem uma mistura bastante eclética de elenco: do dinamarquês Nikolaj Coster-Waldau, a musa do terror por "A corrente do mal" Maika Mopnroe, o cult Karl Glusman, que protagonizou cenas de sexo explícito no polêmico "Love", de Gaspar Noé, além de Jamie Fox, antes de sua conturbada internação. Nikolaj é o detetive Bob, conhecido na região da cidade do México, nos Estados Unidos, pela sua idoneidade. Quando sua filha adolescente é sequestrada por uma gangue que cultua ritos religiosos, e sua ex- esposa e o atual marido, assassinados, Bob decide ir atrás do paradeiro da filha. Para isso, ele irá contar com a ajuda de Case (Monroe), uma mulher traumaztiada por ter sido sequestrada quando criança pela gangue e depois conseguiu se libertar e deseja vingança, e do ferreiro interpretado por Jamie Foxx, em papel bem exótico. A gangue é liderada por Casey (Glusman), líder de uma gangue raivosa, que parecem saídos do cult "Os selvagens da noite", uma caicatura de personagens nalvados, tatuados e bad boys e girls. O filme é divertido pela sua caricatura. Os maus são maus, e os bons, fazem qualquer coisa para salvar os seus. As cenas de ação são interessantes e fica nítido a falta de orçamento, mas Cassavettes resolve bem as cenas, contando com o talento do elenco.

Amanda

"Amanda", de Carolina Cavalli (2022) Concorrendo no Festival de Veneza 2022, "Amanda" é um facsinante drama com humor ácido, longa de estréia da roteirista e cineasta Carolina Cavalli. Buscando referência snarrativas e visuais no cinema de Wes Anderson, Mika Kaurismaki, Noah Baumbach e dos gregos Yorgos Lathimos e Athina Rachel Tsangari , "Amanda" tem um humor peculiar e focado no constrangimento e nos tempos mortos. Ambientado em Turin, em belíssima região paradisíaca, traz a protagonista (Benedetta Porcaroli, excelente), uma mulher de 25 anos mas que age como se recusasse a agir como adulta. de família milionária da a'rea farmacêutica, Amanda vive reclusa na mansão, sem fazer absolutamente nada: não trabalha, não estuda e nem tem amigos. Ela morava em Paris, mas decidiu ir morar com a mãe na mansão. Suas únicas amigas são sua irmã mais nova, Amanda, e empregada da família, uma mulher que salvou Amanda de morrer afogada na piscina quando criança. A mãe de Amanda, Viola, cansada de ver a filha sem fazer nada, pede que ela faça amizade com Rebecca (Galatéa Bellugi). Ambas foram amigas quando crianças, ma sperderam contato e não se falaram mais. Rebecca é agorafóbica e se recusa a sair de seu quarto. Mas a amizade forçada com Amanda a traforma aos poucos, e a mãe de Rebecca não gosta da mudança. Com ótimas performances, com aquelas expressões neutras típicas de Wes Anderson, a cineasta Carolina Cavalli surpreende contando uma história inusitada e divertida, com personagens imprevisíveis e um visual acachapante. Eu amei, mas certamente não é um filme para todos os gostos.

O fantasma de Richard Harris

"The ghost of Richard Harris", de Adrian Sibley (2022) Certamente, o fato mais curioso e surpreendente para mim ao assistir a esse excelente documentário sobre o ator irlandês Ricard Harris é que ele se lançou como cantor pop no final dos anos 60 e foi o primeiro a lançar a canção "Maccarthur Park", se tornando um sucesso estrondoso e depois regravada por Donna Summer em 1978. E o feito mais incrível foi ter colocado a canção, de quase 8 minutos de duração, para tocar nas rádios, quando o habitual eram músicas de 2 a 3 minutos. O filme concorreu no Festival de Veneza em 2022, e traz um retrato duro pelo ponto de vista de seus 3 filhos sobre quem era o pai. Os atores Jared Harris, Jamie Harris e o diretor Damian Harris revelam um pai ausente, aocólatra e viciado em cocaína. Para balancear, eles também mostram tremenda admiração com o pai, diretor, poeta e cantor Richard Harris, vencedor da Palma de melhor ator em Cannes por "This sporting life", em 64, e indicado ao Oscar por "Camelot". Harris era bastante versa'til, fazendo drama, comédia, musical, ação e no final d avida, ficou famoso por toda uma nova geração ao dar vida a Dumbledore na saga "Harry Potter", fazendo 2 filmes. Ele faleceu em 2002, aos 72 anos, de câncer e foi substituído no papel por Michael Ganbom. Atores como Russel crowe e Vanessa Redgrave tecem elogios a Harris (Crowe trabalhou com ele em "Gladiador", e Redgrave, em "Camelot". Redgrave havia sugerido a Harris de cantarem as canções do filme ao vivo, ao invés de playback, para dar mais espontaneidade, e revolcionaram a forma de se fazer musicais no cinema. O filme é um ótimo documentário para atores estudarem um ator totalmente entregue aos personbagens, mas que fazia de sua vida pessoal um verdadeiro inferno pessoal para si e sua família.