quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O inferno ou manutenção da piscina

"O inferno", de Carlos Conceição (2011) Premiado e polêmico drama português com um tema absolutamente tabu e proibido: a pedofilia. Só que, ousado, o roteirista e diretor Carlos Conceição coloca o pequeno Nico (Martin Barbeiro, impressionante), um menino de 8 anos, que chantageia o limpador de piscina Rafael (Ricardo Sá) a mostrar o pênis ereto, ou "pinto com osso", caso contrário irá dizer ao seu pai que Rafael faz sexo com sua mãe e a empregada enquanot o pai está fora a trabalho. O pequeno Nico é fascinado pela imagem do pênis por conta de seu pai: ambos tomam banho nús, e o menino fica comparando seu p6enis com o do pai, fascinado. O filme lida com tantos temas tabus que é difícil acreditar que tenha sido realizado, ainda mais envolvendo um pequeno ator em cenas tão chocantes. A coragem dos pais do ator Martim Barbeiro, e m topar que ele participasse de um filme que deceryo mexe com elementos que talvez o pequeno ainda não entenda, como homossexualidade precoce, incesto, poligamia, pedofilia, masturbação e orgasmo, chocam bastante. Um filme excelente, mas que não consigo indicar para ninguém assistir pela bomba atômica que ele é.

Carne

"Carne", de Carlos Conceição (2010) Se alguém espera por um filme polêmico, esse filme pode ser "Carne". No filme português escrito e dirigido por arlos Conceição, a freira Violante (Anabela Moreira) é casada com Jesus Cristo (Carloto Cotta), que surge em carne e posso para punir e castigar a sua esposa traidora. ele sente nela cheiro d ehomem e de álcool e a amarra em uma cadeira, torturando-a a obrigando ela a declamar salmos da Bíblia de cor. Mas assim que é libertada, Violante vai até um bar, bebe , fuma e seduz homens aleatórios, fazendo sexo com eles em becos escuros e imundos. Cristo, por sua vez, encontra uma maçã e acaba sendo seduzido também pelos prazes da carne. Lindamente fotografado e encenado, o filme tem um estilo narrativo e visual muito interessante. Tanto o cineasta quanto os atores são bastante corajosos de participarem de um filme que certamente deve ter enfrentado a fúria de religiosos, caso tenham assistido. Toda a cena do bar é excelente, apresnetada com muita luxúria e putaria.

O fardo

"The burdened", de Amr Gamal (2023) Vencedor de mais de 10 prêmios internacionais, entre eles, um especial em Berlim 2023, "O fardo" é uma rara produção do Iêmen do Sul e baseada em fatos reais. Acompanhando a rotina de uma família, o filme mostra a situação crítica pela qual passa a população do país, as voltas com guerra civil , desemprego e ainda vivendo sob rígido regime conservador da religião muçulmana. Há 10 dias para se casar, Isra'a (Abeer Mohammed) e seu marido Ahmed (Khaled Hamdan) vivem na antiga cidade portuária de Aden, no sul do país. O marido trabalhava para uma rede de TV local, mas depois de vários pagamentos atrasados, tenta sobreviver como motorista de van. Ahmed e Isra'a não conseguem mais pagar o seu apartamento, por isso estão prestes a mudar-se para um apartamento mais barato, em ruínas e mal localizado. Para piorar, a esposa descobre estar grávida, e o casal já possui 3 filhos, sem condições financeiras para mais um filho. O aborto é proibido no país, mas o casal tenta buscar um médico que possa fornecer documentos falsos e realizar a cirurgia. O filme segue a narrativa de filmes iranianos, com uma mistura d eolhar documental e ficcional, se apropriando de registros naturalistas nas interpretações e excelentes atores. Um filme denso, onde uma espiral de situaçõs que dificultam a vida do casal vão surgindo, o tipo de história que os itanianos amam.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Eu estava errado

"I was wrong", de Tyler Cunningham (2023) Ótima comédia LGBTQIAP+ escrita e dirigida pelo diretor Tyler Cunningham, através de suas pr;oprias experiências. Peter é o irmão mais novo de Eric, que vai se casar e decide fazer uma festa de despedida de solteiro. Peter estava reticente em ir, pois quando adolescente sofreu bullying de todos os amigos heteros do irmão por ser gay. Há anos que ele não os reencontrava, mas quando surge Jack, seu coração bate tenso: Jack tem uma conta no Only fans para um público gay. Irritado por acreditar que Jack é um gay baiter (hetero que fica usando o público gay como isca), Peter escreve várias mensagens na conta de Jack dizendo que ele é uma farsa. Na noite da festa, Peter acaba revelando para todos sobre Jack e que ele tem conta para gays. Para surpresa de Peter, Eric conta que Jack decidiu se assumir gay há tempos. Um ótimo roteiro que brinca com esterótipos tanto da masculiniadde tóxica quanto do universo queer, além de lidar como temas como exposição, cancelamento em redes sociais, bullying e homofobia. Os atores são ótimos e se tivesse versão estendida, daria uma ótima peça de teatro para 5 atores.

A febre

"A febre", de Maya Da Rin (2019) Vencedor de 29 prêmios internacionais, incluindo Locarno e Brasília, "A febre" é o longa de ficção de estréía da documentarista Maya Da Rin, que também co-escreveu o roteiro. Fotografado pela argentina Barbara Alvarez, o filme traz um olhar documental sobre a vida de Justino (Regis Myrupu), pai da enfermeira Vanessa (Rosa Peixoto). Ambos são indígenas convivendo pacificamente com a comunidade branca na periferia de Manaus. Nessa mistura de culturas e raças, Justino procura manter a tradição de falar a sua língua com o seu neto, contando histórias, para que essa língua não se perca com as novas gerações. Justino tem 45 anos e trabalha de segurança no porto. Quando sua filha passa para a faculdade de medicina em Brasília, Justino começa a sentir uma febre que não encontra explicação médica. Ao mesmo tempo, um animal ronda a comunidade, e as pessoas se sentem amedrontadas. O filme sai da seara do realismo para investir no simbolismo: Justino sente a crise cultural e de identidade, e cada vez mais percebe que deve buscar as suas origens. Com um ritmo contemplativo e bastante lentidão, o filme faz um olhar sobre a miscigenação em uma região complexa como a capital da Amazônia, onde comunidades indígenas se misturam, inclusive várias não conseguindo se comunicar entre si. Um drama melancólico sobre a perda da identidade, e a força de um homem para resgatá-la.

Tudo é possível

'Anything's possible", de Billy Porter (2023) Longa de estréia do astro de "Pose", Billy Potter, o filme é todo rodado na Escola de artes CAPA, em Pittsburgh, onde Billy Potter dá aulas. O filme poderia ser um episódio esticado de "Pose", pois os temas são os mesmos: o amor entre uma jovem trans e um rapaz cis, e o quanto a trans se torna insegura com esse amor. Como os familiares, os amigos observam a relação, dando opiniões distintas. Kelsa (Eva Reign) é uma jovem trans que mora com sua mãe, Selene (Renée Elise Goldsberry). Kelsa estuda na escola de artes de CAPA, e tem como besties Em (Courtnee Carter) e Chris (Kelly Lamor Wilson. Kelsa é youtuber e tem um canal sobre animais e comportamento. Ela tem o desejo de futuramente estudar em NY ou califórnia. Quando ela conhece Khal (Abubakr Ali), um estudante de sua turma, Kelsa fica desconfiada dos sentimentos dele, que se revela apaixonado por ela. Billy Potter faz tudo certinho no filme. No entanto, falta alma. O filme segue corretamente, mas para ser um drama romântico, falta se apaixonar pelos personagens e para que fiquem juntos.

One from the road

"One from the road", de Baz Poonpiriya (2021) Premiado no Festival de Sundance 2021, o filme LGBTQIAP+ tailandês "Onde from the road", ganhou destaque em festivais por ter como um dos produtores o famoso cineasta chinês Wong Kar Wai. O filme levou 3 anos para ser realizado, e tem alto valor de produção na fotografia, direção de arte e figurinos. O filme acompanha 2 amigos, Boss e Aood, dois tailandeses que foram trabalhar em Nova York. Boss continuou morando na cidade como bar tender, enquanto Aood retornou à Tailândia. Após um hiato entre os amigos, Aood liga para Boss e pede para que o amigo faça uma última viagem à Tailândia, pois ele está com câncer terminal e quer que o amigo ajude a ele se reconectar com cada uma de suas ex-namoradas e lhes dar uma lembrança. O mais interessante do filme é a narrativa: a primeira parte começa com uma fita K de Boss tocando a sua trilha sonora, e a segunda parte, o lado B, com Aood e sua trilha. Com lindas locações em NY e Tailândia, o filme caputura a melancolia da juventude que tem a vida interrompida, e os sonhos e desejos que precisam ser realizados antes do fim. Um lindo filme sobre amizade e romance, que emociona. O filme é longo, tem 130 minutos, um ritmo lento, mas ainda assim vale a pena assistir.

Ácido

"Acide", de Just Philippot (2023) Exibido no Festival de Cannes 2023, é a versão longa-metragem do premiado curta do mesmo cineasta, "Ácido", de 2018. "Ácido" é um filme catástrofe que lembra qualquer similar americano, tipo "Volcano", que inclusive tem a mesma cena do apai andando pelo mar de ácido fumegante para salvar sua filha. O astro Guillaume Canet interpreta Michal, um líder sindical que é preso por se rebelar contra seu chefe. Após ser solto, ele está separado de sua esposa, Élise ( Laetitia Dosch ), pais da adolescente Selma (Patience Muchenbach). Por conta da onda de calor, nuvens de chuva ácida caem sobre a França, matando a tudo. A família precisa se unir para se salvar. Nada de novo no front, a não ser mostrar que a França está bastante avançada no quesito efeitos especiais e gastando alto orçamento em projetos de ação. Canet dá conta do recado e é ótimo como astro de ação.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Maya

"Maya", de Julia Verdin (2023) Premiado no Festival Raindance, de filmes independentes, "Maya" é um drama que faz um alerta sobre relacionamentos tóxicos e também sobre predadores que seduzem adolescentes em redes sociais e fazem parte de uma rede de tráfico sexual Maya (Isabella Feliciana, excelente) é uma adolescente que tem bons relacionamentos na escola. Mas em casa, a situação é outra: sua mãe constantemente sobre violência doméstica do namorado alcólatra, que ainda tenta estuprar Maya na ausência de sua mãe (Patricia Velasquez). Ao se relacionar em rede social com um rapaz, ela marca encontro com ele, mas decsobre que a pessoa da foto é diferente. Ray (Billy Budinich), mais velho, chnatageia Maya, prometendo uma vida de luxo, até que ela é sequestrada e descobre que terá que se prostituir para milionários pedófilos. Paralelo, sua mãe procura desesperadamente localizá-la. O filme traz importante alerta aos adolescentes, e ao mesmo tempo, um gatilho para relacionamentos com homens violentos. O roteiro, no entanto, vai por caminhos bem bizarros, transformando Maya em uma vítima da síndrome de Estocolmo, agindo de forma irritante, com péssimas decisões. A personagem da mãe e seu boy lixo também me irritou demais.

Break me

"Knus meg", de Irasj Asanti (2018) Premiado em diversos festivais de gênero, "Break me" é uma produção LGBQTAIP+ norueguesa, escrita e dirigida pelo cineasta iraniano mas educado em Oslo Irasj Asanti. O protagonista é Mansour (Bajwa), um jovem atleta que coleciona amigos e tem uma namorada. Filho de pais iranianos, Mansour segue rigidamente a tradição da sua cultura muçulmana. Secretamente, Mansour tem como mante um amigo. Mas Mansour entra em grande conflito quando seus pais o obrigam a se casar com a filha de um casal iraniano. Ele tem o hábito de se cortar com gilete e no esporta, joga toda a sua agressividade contra a sua vida nos adversários. Um bom filme que retrata a homofobia e a masculinidade tóxica no ambiente esportivo. Irasj Asanti é um cineasta premiado e em seus filmes ele retrata a difícil convivência de ser gay e poder viver sobre os preceitos da religião muçulmana e nos ambientes esportivos.

8 anos

"8 anõs", de Jd Alcazar (2022) Comédia dramática LGBTQIAP+ com elementos de romance, o filme espanhol "8 anos" é escrito e dirigido por JD Alcazar, e traz no elenco a dupla José (Miguel Diosdado) e David (Carlos Mestanza), um casal gay que procura se reconectar após o rompimento do namoro. O filme se passa em la Palmas, cidade turística da espanha. Os dois saem de Madrid e se reencontram em la Palma, lugar aonde se conheceram há 8 anos atrás. Há meses sem se verem, ambos tentam recomeçar, após sete anos de relacionamento. José e David têm desejos e hábitos muito diferentes. Duranete a viagem, elee fazem um road movie, vão à boite gay, encontram um casal de amigas lésbicas. Mas tudo encaminha para que essa reconexão não dê certo. "8 anos" é um filme simpático, com bons atores e lindas locações filmadas em las Palmas. Mas é rotineiro, sem grandes acontecimentos, tudo bastante óbvio. O fato de ser um casal gay que busca encontrar o amor de antes é a novidade, pois essa trama já vimos inúmeras vezes com casais heteros. Um filme passatempo, final fofo, e só.

A árvore vermelha

"L'albero rosso", de Paul Rowley (2018) Premiado no Newfest de NY como melhor documentário, "A árvore vermelha" é uma co-produção Itália, Irlanda e Estados Unidos. O filme apresneta um homem idoso, um italiano, que revisita a Ilha mediterrânea de San Domino, onde durante o domínio fascista de Mussolini nos anos 30, foi utilizada como campo de concentração para homossexuais. Inspirado em fatos reais e narrado pelo ator italiano Leo Gullotta, "A Árvore Vermelha" conta a história pouco conhecida da perseguição brutal de Mussolini aos gays nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Centenas de homossexauais foram enviados paraa Ilha e somente liberados em 1940, sendo considerados como criminosos pela sociedade. O filme é narrado com um texto poético, e traz reconstituição de imagens da época com atores. É um filme interessante como conteúdo histórico e um marco para entender a homofobia dos governos fascistas.

Invencível

"Invincible", de Vincent René-Lortie (2024) Concorrendo ao Oscar de curta ficção 2024, escrito e dirigido pelo canadense Vincent René-Lortie, que dedica o filme ao seu amigo Marc Antoine Bernier, falecido aos 15 anos em 2008 por acidente provocado por suicídio ao fugir de um centro de detenção para menores infratores. Com uma excelente performance do jovem Léokim Beaumier-Lépine, "Invencível" é um corriqueiro filme de centro de detenção juvenil que vez ou outra aparece em produções européias. Nada novo e até me estranha ter sido indicado ao Oscar, o que de fato é digno de nota é o trabalho do elenco adoelscente. Bem dirigido, bela fotografia, com o tempo certo de narrativa, mas não é memorável para ser um dos finalistas do Oscar.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Sobreviventes - depois do terremoto

"Konkeuriteu yutopia", de Tae-hwa Eom (2023) Indicado pela Coréia do sul para uma vaga ao Oscar internacional 2024, "Sobreviventes-depois do terremoto" é um ótimo drama de sobrevivência, um filme catástrofe digno de nota. A coréia do Sul, após o mega sucesso de "Parasita", tem embutido em seus roteiros os temas dos conflitos sociais e de classes, apresentando o contraste entre os ricos e a classe desfavorecida. Aqui não é diferente. O filme começa com um prólogo apresentando a construção de um complexo de apartamentos de luxo, os apartamentos Hwang Gung. Com a especulação imobiliária em Seul, muitos não conseguem ter um apartamento próprio. Entre os favorecidos, estão o jovem casal Myung-hwa (Park Bo-young), uma enfermeira, e Min- sung (Park Seo-joon). O apartamento na verdade é do pai de Myung-hwa. Durante a permanência no apartamento, Seul sofre um terremoto devastador, e o condomínio é o único prédio que se mantém em pé. Os sobreviventes se encaminham para o prédio, em busca de um teto e para fugir do frio. A síndica decide eleger um delegado, e o escolhido é Young-Tak (Mo Se-beom), um homem que mora com sua mãe idosa. Ele impõem regras rígidas de expulsao de quem não for proprietário, para poder distribuir a pouca comida e água para os moradores. Mas aos poucos, a verdadeira identidade de Young Tak vem à tona, ao mesmo tempo que o bom caráter de Min-sung vai se transformando, ao ser incumbido de ser o assistente do delegado e começar a gostar do poder. Com ótimos efeitos especiais e um valor de produção incrível, o filme traz aqueles clichês de mundo pós apocalíptoco apresentando o pior do ser humano. Mas ainda assim, meso com personagens óbvios, o filme desenvolve bem os sub-plots e ainda traz o sobtexto das classes sociais e do desejo do poder , de querer possuir um omível próprio, objetivo de todo cidadão.

A sobrevivência da bondade

"The survival of kindness", de Rolf de Heer (2023) Vencedor do prêmio Fipresci no Festival de Berlim, o drama de realismo fantástico "A sobrevivência da bondade" é visualmente arrebatador. Com fotografia de Maxx Corkindale, o filme foi todo rodado no deserto australiano e traz uma triste e pessimista visão da humanidade. A história é uma metáfora sobre o colonialismo e sobre o racismo do homem branco contra negros e asiáticos. Em um futuro distopico pós apocalíptico, um vírus dizimou boa parte da população branca, que para sobreviver, precisa usar máscaras de gás. Os negros, no entanto, não sentiram o efeito do gás mortal, mas foram escravizados. Mulher negra (Mwajemi Hussein, estreando no cinema com força) está presa em uma jaula no meio do deserto, eixada para morrer de frio, fome e sede. mas ela consegue escapar. No caminho, ela encontra um museu e pega as roupas de um dos manequins. No caminho, ela encontra pessoas que pedem sua ajuda e também, muitos mortos pelo caminho. Em determinando momento, ela coloca uma máscara de gás para poder se passar por branca e não ser presa. Ela conhece e faz amizade com dois adolescentes do sul da Ásia (Deepthi Sharma e Darsan Sharma), que também usam máscaras de gás para disfarçar, mas acabam sendo presos e obrigados a trabalhar em uma fábrica. O filme, totalmente sem diálogos, me lembrou muito o cinema do holandês Jos Sterling, de "O ilusuinista": é um cinema fabular, com atmosfera de conto de fadas e de pesadelo, pessimista, com anti-heróis procurando entender o sentido de tudo o que se passa em seu redor. Não é um filme para qualquer espectador, sendo mais apreciado por amantes do cinema de arte.

Too rough

"Too rough", de Sean Lìonadh (2022) Vencedor de mais de 20 prêmios internacionais e concorrendo em eventos importantes como SXSW, "Too rough" é um drama LGBTQIAP+ inglês, escrito e dirigido por Sean Lìonadh. Depois de uma noite de embriaguez em Glasgow, Nick (Ruaridh Mollica), de ressaca, acorda ao lado de seu namorado Charlie (Joshua Griffin) e deve escondê-lo de sua própria família homofóbica e disfuncional, que para piorar, são alcóolatras e o pai, abusador sexual do filho. Baseado na história do diretor, o filme tem performances arrebatadoras, lembrando muito a brutalidade da violência doméstica do filme dirigido por Tim Roth, "The war zone". "Too rough" traz uma história crua, sobre uma família disfuncional e de que forma Nick sofre os abusos, aos olhos de um assustado Charlie. O desfecho em aberto deixa ao espectador uma luz sobre a possibilidade de um confronto que se baseado na história real, alivia as tensões do drama.

The seeding

"The seeding", de Barnaby Clay (2024) Concorrendo nos prestigiados festivais de Tribeca e Sitges, "The seeding" é um drama de terror que tem como antogonistas crianças assassinas e sádicas. Totalmente rodado no deserto de Utah, o filme lembra bastante o cult japonês "A mulher de areia". Wyndhan (Scott Haze) é um fotógrafo que vaga pelo deserto de Utah em busca de melhores ângulos para fotografar um eclipse. No caminho, ele encontra um menino abandonado, que acaba levando Wyndhan para dentro do deserto, até ele se perder e não encontrar o caminho de volta do carro. Ele encontra um canyon e ali dentro, existe uma casa. Ao descer, ele encontra uma mulher silenciosa, Alina (Kate Lyn Sheil). Ao tentar retornar a topo, ele descobre que a escada foi retirada e não consegue subir, ficando preso no buraco com a mulher. O tempo passa, e um grupo de meninos do deserto impedem que Wyndhan suba ao topo. Lindamente fotografado por Robert Leitzell, que explora as diversas luzes e cores do deserto, o filme é dividido em capítulos que apresentam as fases da lua. O título do filme é uma pista sobre o que está por vir, mas ainda assim, traz um desfecho satisfatório e trágico, condizente com a loucura do personagens.

Brother

"Bror", de Isabella Carbonell (2019) Premiado curta LGBTQIAP+ sueco, o filme, escrito e dirigido pela curta-metragista Isabella Carbonell discute a homofobia entre 2 amigos: Nico, sueco, e Khalid, iraniano, ambos jogadores de futebol. Ambos se encontram isolados em um campo e discutem como seria se eles assumissem seus sentimentos um pelo outro perante os colegas do time e perante a sociedade e as consequências que esse öutting" traria para ambos. Mesmo ciente de que no Irã a homossexualidade é penalizada com a morte, Khalid insiste para que assumam, e Nico é mais resistente. Em determinando momento, Khalid questiona se Nico assistiu "Brokeback mountain", e mente sobre o final, dizendo que termina em final feliz. Interessente filme com dois bons atores e que abre a discussão acerca da masculinidade tóxica dentro do ambiente do futebol e sobre não poder viver os sentimentos mediante o temor das punições e do olhar do próximo. A auto-aceitação, o amor entre pessoas do mesmo gênero, filmado de forma simples, mas com bons diálogos que se fossem ampliados, renderiam até uma boa peça de teatro.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Bad hombres

"Bad hombres", de John Stalberg Jr. (2023) Excelente drama de ação escrito e dirigido por John Stalberg Jr., o filme faria os irmãos Coen ficarem orgulhosos desse universo de homens maus e anti-heróis que apenas desejam um lugar ao sol, mas encontram drogas e dinheiro em seu caminho. O imigrante equatoriano Felix (Diego Tinoco) chega aos Etados Unidos em busca de trabalho. Ao entrar em uma lanchonete, ele cruza seu caminho com Donnie (Luke Hemsworth), um tipo mau encarado que lhe oferece trabalho. Donnie pede que ele arrume uma outra pessoa para o serviço pesado. Felix encontra um imigrante silencioso e mau humorado do lado de fora, Alfonso (Hemky Madera), que topa a empreitada. Logo os dois descobrem que o serviço é sujo e que eles devem cavar covas para enterrar traficantes. Após um tiroteio, Feliz e Alfonso fogem com o carro que está repleto de dinheiro. Feliz leva um tiro na perna durante a fuga. Os traficantes sobreviventes vão ao encalço da dupla, e quem se mete no caminho dos traficantes, morre. Com ótimas cenas de ação e uma violência brutal, o filme e tenso do iníio ao fim. Os atores interpretam arquetipos de filmes de ação e estão todos divertidos, no contraste de mcoinhos e bandidos. Confesso que morri de pena da morte de uma mulher em sua casa, uma cena muito bem construída, onde pouco se vê mas muuito se entende a violência sofrida por ela.

Todos menos você

"Anyone but you", de Will Gluck (2023) O co-roteirista e cineasta americano Will Gluck realizou algumas comédias divertidas do início dos anos 2000, como "Easy A", com Emma Stone, e "Amigos com benefícios". Agora ele recauchuta absolutamente todos os clichês de comédia romântica, e certamente tomando como base o divertido "A proposta" com Sandra Bullock e Ryan Reynolds e lança "Todos menos você". O filme não perde tempo e já na primeira cena já apresenta nosso par romântico em uma situação cômica de criar um contexto de farsa, e essa farsa é a que permeira todo o filme: os 2 devem manter as aparências como um casal perante as famílias e amigos durante um casamento. Ben (Glen Powell) e Bee (Sydney Sweeney, muito semelhante à Amanda Seyfried) se conhecem por acaso na fila de um café, quando Bee quer usar o banheiro e ben, para que ela consiga a chave do banheiro, simula que ela é sua esposa. A partir daí os 2 se conectam, mas um mal entendido os separa. Seis meses depois, eles se ereecnontram, quando decsobrem que a irmã de Bee irá se casar com a irmã do melhor amigo de Ben. O casamento será em Sidney e todos estão convidados. Um quiprocó se instala quando ex-namorados e pais controladores decidem tomar rédea das vidas de Bee e Ben. Com inúmeras cenas hilárias e picantes, o filme transborda alegria e romantismo, e os espectadores de fato torcem pelo casal principal. O elenco é todo divertido, com participações de Dermot Mulroney, Rachel Griffiths e Bryan Brown. Sem contar uma deliciosa trilha sonora e as lindas locações em Sdiney e arredores paradisíacos.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O silêncio das igrejas

"Le silence des églises", de Edwin Baily (2018) Drama LGBTQIAP+ francês, baseado em uma história real: o bispo da cidade de Bayeux Lisieux, Pierre Pican, de 1989 a 1996, abusou sexualmente de mais de 10 meninos na escola onde lecionava e acabou tendo os seus crimmes encobertos pelo Vaticano. O filme é uma adaptação ficcional desse período, fazendo uma crítica ao descsaso da Igreja em querer azer vista grossa aos inúmeros casos de padres e bispos pedófilos abusadores. Não é um filme fácil de se assistir pelas suas cenas envolvendo menores sendo aliciados pelo padre. O filme coméca com Gabriel (Robinson Stevenin), já adulto, casado e com um filho pequeno, retornando à sua cidade. Armado, ele decide ir atrás do Padre Vincey (Robin Renucci) e se vingar pelo abuso sexual que sofreu quando tinha 12 anos e estudava na escola onde o padre dava aulas. Um de seus colegas morreu atropelado na época e depois descobriram que não foi acidente, que o menino se suicidou, se jogando em frente ao carro, pelos traumas sofridos pelos abusos. O flme é corajoso em apresnetar cenas bastante repulsivas envolvendo o personagem do padre e do menino Gabriel, e por isso, é difícil recomendar assistir à produção. Mas é um corajoso relato contra a igreja, que até os dias de hoje, evita comentar sobre o assunto. Me lembrou bastante o chileno "O clube", que também traz um personagem que de cide se vingar de um pare que o abusou na infância.

Down in Paris

'Down in Paris", de Antony Hickling (2021) Escrito, dirigido e protagonizado por Antony Hickling, cineasta inglês com ascendência indiana e morando em Paris, "Down in Paris" é um drama LGBTQIAP+ bastante pretsncioso, que traz referências a "8 1/2", de Fellini e "os demônios", de Ken Russel. O filme é uma metalinguagem, e Anthoni Hikling interpreta a si mesmo. Ele é um cineasta na faixa dos 40 anos que está em um set de filmagens dirigindo um filme. Um ataque de ansiedade o acomete e ele abandona o set. Anthony perambula pelas ruas de Paris à noite, e encontra pessoas aleatórias, como uma prostituta, uma frequentadora de um bar, um homem na igreja, até terminar em uma orgia em uma boite gay, fazendo sexo com homens no dark room. Anthony Hickling não tem medo da exposição e protagoniza cenas de sexo explícito. O filme foi rodado durante a pandemia da covid e certamente a crise cultural dos artistas de não poderem filmar nem produzir nesse período deve tê-lo influenciado no roteiro. Mas o filme é pedante, chato, e sem charme. Tudo é aleatório e Anthony faz propaganda de si mesmo, se ao menos ele tivesse uma história de vida interessante, o filme teria tido mais atrativos.

O senhor do caos

'Lord of misrule", de William Brent Bell (2023) Terror folk diriigdo pelo cineasta de "A órfã 2", "O senhor do caos" tem toda aquela atmosfera e narrativa de "Midsommar" e "O homem de palha", ou seja, o espectador já saca que logo alguém terá que servir de sacrificio para alguma entidade local. Ambientado no condado de Burrow, interior do Reino Unido, o fiilme acompanha a família da reverenda Rebacca ((Tuppence Middleton): ela, o marido Henry (Matt Stokoe e a flha pequena Grace se mudam para lá para ela poder ministrar na igreja local. durante um ano de residência, a família ainda procura se adaptar aos costumes locais. A festa da colheita, para prestar sacrifício ao Deus Galagog, chega e toda a cidade se veste com fantasias pagãs. Grace desaparece, e ao perguntar às pessoas, Rebecca se sente desorientada. Um local, Jocelyn (Ralph Ineson) diz que ela foi levada pelo Deus Galagog. COm ritmo lento, o filme segue sem sustos, sem atmosfera de terror. Para os fãs que querem algo mais dinâmico e assustador, o filme não oferece muita coisa. Mas para quem deseja um filme de clima e de contemplação, "O senhor do caos" traz uma ficha técnica excelente, com ótima fotografia, direção de arte e figurino. mas não assusta nada. E ela é todo óbvio.

Divergente

"Deviant", de Benjamin Howard (2018) Até o ano de 1973, a homossexualidade era classificada como uma doença de transtorno mental pela OMS. Baseado em história real, "Divergente" conta a história real de Marcel (Rudy Pankow), um adolescente dos anos 60. Ele mora com sua mãe que um dia, o flagra se masturbando vendo uma revista com fisiculturistas. Ela o leva até uma clinica médica Marcel é conectado com fioselétricos ligados ao seu órgão genital enquanto vê várias imagens, incluindo homens nus. Toda vez que se excita, leva choque. Ao buscar auxílio com o padre da igreja, Marcel escuta palavras de conforto, contrárias à de sua mãe. O filme é simples e efetivo na mensagem: mesmo na igreja cristã, existem religiosos que vêem a homossexualidade como algo que Deus entende, a partir do momento que o fiel respeite os princípios da fé cristã. Nesse pensamento de religiosidade progressista, o filme ganha créditos e também pelo belo trabalho do elenco.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Clube Zero

"Club zero", de Jessica Hausner (2023) Competindo pela Palma de ouro em Cannes 2023 e também em Sitges, o filme começa com uma cartela alertando sobre o conteúdo do filme e sobre possíveis gatilhos que podem despertar no espectador. O filme é erroneamente vendido como comédia e é sim, um drama que alerta sobre o perigo dos coachs na vida das pessoas, alardeando comportamentos de vida que trazm malefícios às pessoas e aos familiares. Dirigido e co-escrito pela cineasta austríaca JEssica Hausner, que já esteve em Cannes com o também polêmico "Lourdes", o filme traz como protagonista a atriz Mia Wasikowska, no papel da professora Novak, que prega uma nova ideologia de "Mais saúde, menos danos ao meio ambiente.". Seus alunos estudam em uma prestigiada escola para ricos, onde a diretora Sra. Dorset (Sidse Babett Knudsen), orgulha-se das atitudes dinâmicas e inovadoras da escola. As aulas incluem inclusive aulas de mandarim. Novak é recém contratada e ministra um curso de Alimentação Consciente. A sua política é a de que quanto menos comemos, menos prejudicamos o meio ambiente, e também, reduzir o desperdício e o alerta de que nos empanturramos de alimentos processados. Um grupo de 5 alunos, incluindo um que se matricula no curso por habilitá-lo a obter uma bolsa de estudos pro ano seguinte, criam com Novak o que ela chama de Clube zero: a partir de agora, ninguém mais come nada, para desespero dos pais, que não entendem o que acontece com os filhos. O filme é certamente bastante controverso, incluindo cenas onde os jovens vomitam a comida. Não se fala em aneroxia, mas é claro que o estímulo da professora só agrava o que estava claro nessa juventude, uma crítica ao padrão estético que se prega em redes sociais. A maquiagem é muito boa, acentuando a pele pálida e magreza dos alunos e de Novak ao longo do filme. O filme lembra muito a narrativa fria e com atuações sem emoção de personagens de filmes nos cineastas gregos, especialmente Yorgos Lanthimos. Não é um filme que irá agradar a todo mundo.

Fulboy

"Fulboy", de Martin Farina (2015) 'Eu quiz ser jogador de futebol, e acabei me tornando um cineasta. Pelo menos estou fazendo um filme sobre o futebol e vou mostrar os bastidores do jogo". O foco de Martin Farina, conhecido por fotografar os filmes LGBTQIAP+ de Marco Berger, é mostrar o futebol pelo ponto de vista dos jogadores, em particular, o time do irmão mais novo de Martin Farina, Tomás. Tomás permiitu que Martin Farina acompanhasse a rotina dele e de seus colegas de time em suas intimidades: no quarto, no vestiário, nas massagens, em momentos de descontração. Durante o filme, Farina faz divagações sobre o futebol, sobre os jogadores, trazendo depoimentos de vários deles. Mas o que interessa às lentes de Farina, de fato, são os corpos torneados dos jogadores. são inúmeras cenas de chuveiro, mostrando todos eles totalmente nús. As lentes mostram pés, pernas, bundas, peitoral, com muito tesão, certamente focado no público queer que consome os filmes de Farina e Marco Berger. Para fetichistas e amantes do nú masculino, o filme é um presente para estar rodando o tempo todo no play.

Os Pássaros De Massachusetts

"Os Pássaros De Massachusetts", de Bruno de Oliveira (2019) Rodado com apenas R$ 1.000,00, segundo o próprio cineasta, em 2019, o filme participou na Mostra gaúcha do Festival de Gramado. O filme é um retrato desalentador da juventude de Porto Alegre, como se fosse um filme europeu ou argentino sobre jovens perambulando pelas suas rotinas sem brilho, sem futuro, sem ambição. Diversos críticios compararam o filme à linguagem da Nouvele Vague francesa, sobre inquietação, descontrução de narrativa, jump cuts e planos longos. Sofia, Bruno e Fernanda são três jovens solitários que moram em Porto Alegre. O filme apresenta separadamente cada um deles, em suas rotinas durante o inverno da cidade. Todos estão em busca de algo: Sofia, entre um café e outro na rua, busca o apartamento de Bruno. Ela vai fazer doutorado nos Estados Unidos. Convidada para a festinha que Bruno está armando em sua casa, ela quer ir, mesmo não o conhecendo. Bruno passa as tardes vendo anime e jogando game. Fernanda veio do interior e mora com sua gata, com quem interage. O filme é episódico, são flashes nas vidas dessas pessoas, que ainda inclui um turista francês que deseja encontrar uma loja de cachorro quente que não existe mais. Não curti muito o filme, não me senti apegado à narrativa dele. mas admiro o esforço do cineasta em buscar uma linguagem própria para o seu primeiro longa, e só a inciativa de ter realizado o filme, provavelmente com amigos na equipe e elenco, já valeu super a pena.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Todos nós desconhecidos

"All of us strangers", de Andrew Haigh (2023) O melhor do filme escrito e dirigido por Andrew Heigh é a sua trilha sonora, recheada de clássicos pop dos anos 80 ingleses: Build- The housemartins, Always on my mind Pet shop boys, The Power of love- Frankie goes to Hollywood, Love my way, The Psychodelic furs, Jonny come home, fine young cannibals, entre outros. Andrew Heigh é conhecido pelo público gay pelos seus cults "Weekend" e a série e filme "Looking". Com "All of us strangers", o filme recebeu dezenas de prêmios e quase 100 participações em festivais de cinema. Tanta honraria se deve a um time de atores talentosíssimos: são 4 atores no filme: Adam (Andrew Scott), Harry (Paul Mescal), pai de Adam (Jamie Bell) e e mãe de Adam (Clayre Fox). O filme mescla elementos queer, do sobrenatural e realismo fantástico com elementos de Bergman, principalmente "Morangos silvestres". Em Londres, o escritor Adam mora sozinho em um prédio. Um vizinho bate em sua porta,, Harry, pedindo para entrar e conversar, mas Adam diz não ser possível. No dia seguinte, Adam decide ir para a casa de seus pais no campo. Ele conversa com eles. Ao retornar para o prédio, Adam encontra Harry e aos poucos, ambos passam a se relacionar. O filme lida com a questão da solidão nas grandes cidades e da depressão, principalmente na comunidade queer. Andrew Heigh escreve seus próprios roteiros, mas aqui ele se baseou no romance escrito pelo japonês Taichi Yamada , 'Strangers". Os atores estão ótimos, é um filme delicado, mas de ritmo bastante lento e contemplativo. Confesso que não sei se curti os elementos sobrenaturais, principalmente o desfecho onde descobrimos as habilidades de Adam. Mas pelos atores, pela trilha sonora e por tocar em importantes temas, o filme vale a pena ser visto. E claro, tem Paul Mescal, um dos grandes atores da nova geração e um colírio para os olhos.

The trace of your lips

"La huella de unos labios", de Julián Hernández (2023) Cineasta mexicano famoso no circito LGBTQAIP+ de festivais, Julián Hernandez gosta do universo underground e depravado. Seus protagonistas geralmente circulam pelo mundo do bondage, do fetiche e da pegação violenta, onde o perigo anda lado a lado com o tesão. Um famoso ator de filmes de ação, Roman (Hugo Catalán) é gay enrustido e costuma flertar e fazer sexo com anônimos que pega por apps. Aldo (Mauricio Rico) acabou de vir do interior para tentar a sorte na capital, e procura trabalhos como figurante e como repositor do supermercado. Aldo tem um tesão por Roman, com quem esbarra em uma filmagem. Em suas horas vagas, ele faz pegação na rua e faz sexo intensamente. Quando chega a pandemia da covid, a vida promíscua dos dois precisa dar lugar ao confinamento. Aldo, para ganhar dinheiro, se apresenta em cameras online. OS dois moram um de frente ao outro. Na fúria do desejo de fazer sexo, eles buscam furar o bloqueio. O filme é intenso no erotismo e repleto de cenas de sexo explícito. Não gostei do roteiro, e o desfecho achei confuso. O que vale no filme, é a forma bruta e crua como Hernandez apresenta o mundo promíscuo de seus personagens, fazendo pegação em todos os lugares e muito sexo depravado. Ousadia e coragem dos atores de se exporem em cenas viscerais.

Please don't tell the boys

"Please don't tell the boys", de Sam Roy (2022) Um excelente curta LGBQTAIP+ inglês, um roteiro que fala sobre masculinidade tóxica e homofobia. Euan (Jake Cooke), um jovem inglês, passa pela pior noite de sua vida. Em uma noite, ao sair com seus 3 amigos, incluindo Jack para um pub assstir uma partida de futebol, Euan observa atentamente os olhares do amigo Jack. Euan é gay enrustido, e durante o intervalo, sai ara fumar com Jack. Em determinando momento, Jack pega na perna de Euan, e isso lea o rapaz a acreditar que está havendo uma troca. Ao tentar beijar o amigo, Jack o repele e vai embora. Chateado, Euan volta para casa, mas acaba enfrentando um grupo de homofóbicos e apanha. Chegando em casa, Euan liga para Jack e faz um longo desabafo,e. implorando para que não conte aos amigos o ocorrido. Um ótimo monologo para atores, o filme explora a não aceitação da homossexualidade e de que forma esse fato tranforma a pessoa em alguém infeliz e vivendo uma vida de falas expectativas. Bela performance do jovem Jake Cooke.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O massacre das Barbys

"Killer Barbys", de Jesús Franco (1996) Jesus Franco é conhecido na Espanha como um cineasta de filmes trash, e entre eles, está "O massacre das Barbys". Um filme pavoroos, mal feito e tão ruim, mal filmado e tosco que no final acaba tendo algum tipo de atrativo. Uma banda de punk rock, "Killer Barbies" segue uma viagem pela estrada após uma apresentação em um show. Eles seguem pelo interior da Espanha. A banda é formada por cinco jovens integrantes: Billy (Billy King), Sharon (Angie Barea), Rafa (Carlos Subterfuge), Flavia (Silvia Superstar) e Mario (Charlie S. Chaplin). No caminho, o carro cai num buraco e quebra o amortecedor. Sem ter como consertar e perdidos no meio do nada, eles são surpreendidos por um homem sinistro, o mordomo Arkan (Aldo Sambrell), que convida o grupo para passar a noite num castelo próximo, de propriedade da Condessa Von Fledermaus (a italiana Mariangela Giordano). Enquanto tentam se ambientar com o castelo, os jovens são perseguidos por um assassino, Baltasar (Santiago Segura), cujo objetivo é extrair o sangue das vítimas e utilizá-lo para manter a beleza e juventude da Condessa. Como se vê, o filme tem elementos que une filmes como "Rocky horror picture show", "Drácula" e alguns filmes trash dos anos 70. O curioso é ver o ator Santiago Segura, ator fetiche de Alex de la Iglesia, num personagem muito doido de um serial killer demente. O filme procura ser um terrir, mas não dá para rir em momento algum, e sim, virar a cara nas cenas grotescas e mal dirigidas e mal interpretadas.

O menino previsto pelas estrelas

"The boy foretold by the stars", de Dolly Dulu (2020) Drama romÂntico LGBTQIAP+ filipino, considerado o primeiro Bl do país (Boy lovers). O filme tem um roteiro bem simples e já bem clich6e, apresentando 2 adolescentes que estudam em um colégio católico vivendo vidas separadas até que o destino os une. Luke (Keann Johnson) é o capitão de basquete do colégio. Ele tem uma namorada, mas acaba terminando seu relacionamento com ela. Na mesma turma, tem Dominic (Adrian Lindayag), um gay afeminado que se dedica a seus deveres voluntários na Jornada com o Senhor. Dominic vai a uma cartomante com seus amigos, onde ela prevê que em breve ele encontrará sua alma gêmea. Luke acaba se inscrevendo para a Jornada do Senhor, e ali, ele conhece DOminic. Dominic de cara se apaixona, mas Luke precisa entender os sentimentos que começa a sentir por Dominic. Um filme com insterpretações medianas e um núcleo de personagens bastante estereotipados, principalmente os amigos de Dominic. Mas é um filme gay para adolescentes, que certamente deverão gostar da simplicidade da história e das bobeiras que acontecem, além de toda a interação com redes sociais que o filme apresenta.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Behind closed doors

"Behind closes doors", de Brian Okechiukwu (2022) Draama LGBTQIAP+ inglês que traz elementos de thriller psicológico. O filme é todo filmado dentro de uma sala de um apartamento, e o suspense é saber o que se passa atrás da porta do quarto. Quatro amigos, Ian, Mark, John e Andy começam falando sobre assuntos aleatórios: a diferença entre leite comum e leite de amêndoas, quantidade de açucar, até que nitidamente fica claro a masculinidade tóxica do grupo, envolto em assuntos machistas e homofóbicos. A grande virada é quando se descobre que eles caçam gays e os matam atrás do quarto. Até que um dos integrantes do grupo acaba se revelando gay, por não suportar a dôr de se manter dentro do armário. O roteiro do filme é bastante polêmico, pois acredito que a mensagem do filme é justamente combater a homofobia e a ignorância de pessoas violentas e preconceituosas contra a comunidade queer. mas dependendo de quem assistir, o filme pdoe ter o efeito contrário. Os 4 atores são ótimos, mas de novo, é um filme que deixa uma sesação de extremo desconforto em seu final e como mensagem para o espectador.

Meu amigo robô

"Robot dreams", de Pablo Berger (2023) Pablo Berger é um cineasta espanhol, realizador dos cults "Blancanieves" e "Torremolinos 73". Ele lança a sua primeira animação em longa-metragem, exibido com sucesso em Cannes e vencedor dos prêmios de melhor filme em Annecy, Sitges e outros importantes eventos. O filme é uma co-produção Espanha e França, e traz uma história absolutamente melancólica, que lembra muito o tom de "Mary e Max, uma amizade diferente", também ambientada em Nova York dos anos 80 e com protagonistas solitários. Na cidade de Nova York dos anos 1980, Dog, uma figura solitária, compra e monta um robô para ser seu companheiro e eles se tornam melhores amigos. Em um passeio no Dia do Trabalho em Coney Island, as peças de metal do artefato enferrujam e ele não consegue mais se mover. O parque de Coney Island é fechado pro inverno e Dog terá que aguardar 1 ano para poder reaver seu amigo. O filme segue paralelamente as vidas de Dog e Robô, em tom cada vez mais triste e arrebatador. O desfecho é das cenas mais arrebatadoramente melancólicas que vi recentemente, saí do cinema profundamente deprimido. Com uma trilha sonora que faz variações do clássico 'September", do Earth, wind and fire, "Meu amigo robô" poderia facilmente ser um episódio live action de "Black mirror". Mas os traços da animação, em desenhos vintages típicos dos anos 70, trazem uma nostalgia de fazer os adultos se apaixonarem pelos personagens, e as crianças certamente torcer por um happy end.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Hi Nanna

"Hi Nanna", de Shouryuv (2023) Drama romântico indiano, grande sucesso de público e que traz uma trama digna de Janete Clair, repleta de reviravoltas mirabolantes envolvendo perdas de memórias, filha com doença mortal e outros truques para fazer o público torcer pelos protagonistas. O filme não tem números musicais de Bollywood, uma raridade, mas em compensação, a trilha sonora é repleta de músicas. A história traz Viraj (Nani), um famoso fotógrafo profissional. Ele é pai de Mahi (Baby Kaira Khanna), de 6 anos, uma menina esperta e inteligente, mas portadora de uma doença que pode fazer ela morrer a qualquer momento, fibrose cística. Sua mãe a abandonou quando soube que ela estava doente, e por isso, seu pai prefere não falar da mãe para Mahi, que insiste em saber do paradeiro dela. Um dia, irritada com seu pai, Mahi vai pra rua e é quase atropelada, mas salva por Yashna (Mrunal Thakur), uma mulher que a acolhe. Mahi e Yashna pedem que Viraj fale sobre seu passado. Viraj conta para as duas sobre sua esposa que os abandonou. Mas para a sua surpresa, a mulher que está em sua frante, Yashna, é exatamente igual à sua esposa, e mais: ela irá se casar em breve. Como boa parte dos flmes indianos, esse drama tem 2:30 horas de duração. C;aro que eu pediria que o filme fosse reduzido em 1 hora, afinal, a história que interessa poderia ser contada com muito menos tempo. No final das contas, é um filme bem produzido, com bons atores e uma trama novelesca que queira ou não, segura a atenção do epsectador, que obviamente, deseja um happy end.

Sacrifício

'Sacrifice", de Anna Maguire (2018) Curta LGBTQIAP+ australiano, premiado em diversos festivais. É um drama com teor humanitário e que faz uma denúncia: até o ano de 1992, os militares gays tinham que esconder a sua homossexualidade, e após revogarem uma lei que impedia. descriminação, muitos militares gays foram apagados dos registros. James Hunter, um advogado de direitos humanitários, vive um relacionamento em crise com Blake Robinson, um oficial militar australiano. Os interesses de ambos é bem claro, mas quando Blake pede a mão de James em casamento, ele não recusa e se casam, vivendo felizes. Quando uma sargento oficial de Blake o convoca para uma missão, o casal se despede. Mas a missão se provou arriscada demais, e Blake se sacrifica pelos seus colegas. Uma história importante para ser contada para o público, sobre um apagamento histórico de integrantes da comunidade Lgbt. Uma pena que os atores sejam medianos, e que o filme invista mais em melodrama novelesco do que no conflito entre governo homofóbico e familiares e entes queridos dos militares lgbt mortos.

Eden

"Eden", de Tavo Ruiz (2021) Co-produzido por México e Alemanha, "Éden" é uma releitura contemporânea Queer do mito bíblico de Adão e Eva e Caim e Abel. O filme tem uma linguagem onírica e semi-experimental, filmado em lindas locações em Berlim e arredores. Os irmãos adolescentes Lukas e Hnnah aguardam na estação de trem a chegada de um amigo que não vêem há tempos. Flynn chega, e para surpresa de ambos os irmãos, se tornou um rapaz lindo e de corpo escultural. Os três pegam um trem e seguem até uma região de lago e floresta. Lá, Hannah seduz Flynn, o que provoca ciúmes em Lukas. Os planos, close-ups, a fotografia, a lente, tudo está em prol do ator Jon Rosenkrantz: é para ele o filme. Ele é o motivo do filme existir, um homem lindo e fotogênico que seduz os personagens dos irmãos e também o público. É divertido acompanhar a história e reconhecer toda a passagem de Adão e Eva, a serpente incorporada através de um outro personagem, um gay que surge do nada na floresta, e claro, os ciúmes entre Caim e Abel. É um filme curioso, dirigido e scrito pelo mexicano Tavo Ruiz, radicado na Alemanha.

Dino na praia

"Dino at the beach", de Josh Cox (2022) Rodado em 16MM, "Dino na praia" traz visualmente um cinema europeu dos anos 60, granulado, com filtro amarelado, parecendo um filme de Eric Rohmer redescoberto por François Ozon. Ambientado nos anos 60 em New England, o filme apresenta de forma naturalista um encontro entre dois rapazes na praia. Dino (Devon McDowell) está lendo um livro e pegando um bronzeado. Sebastien (Mateo Correa) se aproxima e pergunta se pode deixar suas coisas por ali enquanto dá um mergulho. Ao voltar do mergulho, Sebastien pergunta a Dino se quer transar. Ambos caminham até uma área deserta na praia e fazem sexo. Após a trepada, cada um segue para um caminho. O filme explora as casualidades sexuais, os flertes eróticos espontâneos, antes dos aplicativos de celular. As trocs de olhares, as conversas, até culminar em um sexo sem culpa, apenas pelo prazer da pegação. Um filme bonito, com um fiapo de história, um breve relato de uma tarde de sexo casual.

The touch of her flesh

"The touch of her flesh", de Michael Findlay (1967) Um cult obscuto de 1967, "The touch of her body" é considerado um dos primeiros slashers americanos. Um filme s;ordido, misógeno, repleto de erotimo, muitas mulheres nuas e se masturbando. Escrito, dirigido e protagonizado por Michael Findlay, o filme é rodado em preto e branco e uma produção totalmente independente e baixo orçamento. Os créditos iniciais são bastante ousados, projetados sobre o corpo totalmente nú de uma mulher: seios, nádegas, virilha, vagina. O protagonista é Richard (Michael Findlay), um colecionador de armas. Ele é casado com Claudia. Quando RTichard sai para uma convenção de armas, Claudia aproveita para chamar seu amante para sua casa. Ao retornar para casa mais cedo, richard flagra sua mulher fazendo sexo. Ele sai desesperado pelas ruas até ser atropelado. ele perde um olho e usa cadeira de rodas. Vingativo, ele decide matar sua mulher e todas as prostitutas e strippers que encontrar pela frente. A cena de Richard, de cadeira de rodas e venda no olho, usando uma zarabatana para matar uam stripper em uma boite é antológica. Um filme completamente à frente de seu tempo, é um sexexploitation com elementos d eterror. Ele mata as mulheres com adaga, serra elétrica, flechas e zarabatanas. Metade do filme é composto de cenas aleatórias de mulheres nuas e se masturbando. E com narração em off do protagonista, relatando o ódio pelas mulheres e conclamando a morte delas. O filme jamais seria lançado hoje em dia, por conta de seu conteúdo misógeno e machista. Virou uma peça histórica pelo seu ineditismo como slasher.

Founders day

"Founders day", de Erik Bloomquist (2023) Curioso slasher que se passa durante uma convenção política, com dois candidatos à prefeito de uma pequena cidade disputando o cargo. E um serial killer que veste a máscara do fundador da cidade, semelhante à doa ssassino de "Feriado sangrento", que vai matando os jovens da cidade. Ele usa como arma um martelo d ejuiz, com uma faca retrátil dentro dela. Durante a celebração do dia dos fundadores do tricentenário, na véspera de uma eleição para prefeito da cidade de Fairwood, acontece uma disputa entre a prefeita Gladwell ( Amy Hargreaves ) e Harold Faulkner ( Jayce Bartok, uma figura parecida com Donald Trump). A filha do prefeito, Melissa, namora às escondidas a assistente da campanha de Harold, Alisson. No entanto, o assassino surge e mata Melissa. Mesmo com sua morte, o canidato mantém a sua candidatura. Outras mortes vão acontecendo, e Allison e seu pai, junto da polícia, tentam decsobrir o assassino. Obviamente inspirado em "Pânico", o filme até que tem umas mortes interessantes, mas nada tão gráfico como "Feriado sangrento". A morte no cinema e a da arquibancada do colégio são as mais violentas. O filme peca no desenvolvimento dos personagens, em clichês de candidatos mau caráter. Os adolescentes também são pouco construídos. A melhor personagem é mesmo Allison, que ainda traz um sabor diferenciado ao filme, ao ser uma protagonista lésbica e negra.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Beijos escondidos

"Baisers cachés", de Didier Bivel (2016) Drama LGBTQIAP+ adolescente, traz 4 personagens: 2 filhos adolescentes e 2 pais. Os dois jovens são estudantes em uma ecsola de Paris e escondem a sua homossexualidade. O pai de um é homofóbico, o outro é um policial que foi homofóbico, mas entende as escolhas de seu filho ao descobrir a sua homossexualidade e reaprende a lidar com essa nova descoberta. Nathan (Bérenger Anceaux), 16 anos, mora com seu pai policial, Stéphane. Nathan é convidado para uma festa onde se apaixona por um garoto de sua turma. Alguém posta uma foto no Facebook: o boato se espalha online e causa escândalo na ecsola. Todo mundo quer descobrir quem é o outro rapaz, e ao mesmo tempo, todos descobrem que Nathan é gay. Quando foi lançado "I love Simon" em 2018, o foco era totalmente o oposto de "Beijos escondidos". Aqui, a homofobia impera não somente entre os colegas, quanto na família, repercurtindo de forma preconceituosa e a tentativa de decsobrir quem é o outro rapaz se torna uma caça às bruxas. Com excelentes perfornances, o filme é depressivo, sem dar chances para um final feliz. Um mundo mais amargo do que em "I love Simon".

O aquário

"La pescera", de Glorimar Marrero (2023) Concorrendo em Sundance, escrito e dirigido por Glorimar Marrero, "O aquário" é uma produção de Porto Rico e o longa de estréia da cineasta. Ambientado no ano de 2017, quando o furacão Irma devastou as ilhas do Caribe e matou quase 4 mil pessoas, a história traz como protagonista Noelia (Isel Rodriguez), uma artista plástica de 40 anos que mora com seu companheiro Jorge em San Juan, capital do país. Noelia está com um câncer intestinal que já está na fase da metástase. Arredia, Noelia decide não fazer mais tratamento e sem avisar Jorge, decide retornar para a ilha onde nasceu, Vieques. Lá, ela reecontra sua mãe, uma líder local (Magali Corresquillo) e também amigos e um ex-amante. Uma vez ali, ela mantém a doença em segredo e volta as atenções ao trabalho ao qual se dedicava antes: denunciar a contaminação deixada pela Marinha americana após anos de exercícios militares na ilha. A missão deles é buscar no fundo do mar armas militares. Um filme bastante denso, onde o espectador acompanha a degradação física de Noelia em um trabalho de maquiagem muito bom. ( A imagem da abertura em seu corpo para saída da colonoscopia é aterrorizante). O filme traz metáforas sobre colonialismo e o sentimento de Noelia de não poder tomar rédea de sua vida. Com um excelente trabalho de atuação de todo o elenco, "O aquário" traz uma narrativa que mistura um olhar documental com ficcional.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Você é diferente

"Você é diferente", de George Pedrosa (2018) Premiado curta LGBTQIAP+ de horror brasileiro, "Você é diferente" é escrito e dirigido pelo pernambucano GEorge Pedrosa, do ótimo "Macho carne". As cenas de sexo de seus filmes são estilosas, e aqui, ele insere o gênero horror, ao introduzir um personagem que é um serial killer. Geovane e Sergio marcam um encontro em um restaurante. Geovane seduz Sergio e o convida para sua casa. Fazem um sexo repleto de fetiches, bastante intenso. Após o sexo, Sergio usa o banheiro e ali, encontra uma vítima de Geovane amarrada. O grande barato do filme é o seu plot twist. O filme traz o tema da violência sexual dentro do contexto queer, que é um universo bastante utilizado no cinema queer europeu. Sórdido, sacana, instigante e sedutor, o filme é uma delícia de assistir, pela sua ousadia e pela entrega dos dois atores.

Mergulho noturno

'Night swin", de Bryce McGuire (2023) Desde que "O iluminado" de Stanley Kubrick foi lançado em 1979, praticamente todos os filmes de terror que apresentam uma família que viaja para se mudar de casa apresentam uma figura paterna que vai se transformando ao longo do filme e ameaçando a sua família. "Mergulho noturno" vai nbessa pegada, e o título ainda é mentiroso, pois várias das ações da piscina assassina acontecem à luz do dia. Co-escrito e dirigido por Bryce McGuire, e produzido pela Blumhouse de "Corra!", o filme traz uma família: Ray Weller (Wyatt Russell), um ex-jogador de beisebol que sofre de uma doença degenerativa; sua esposa, Eve (Kerry Condon), e os filhos adolescentes Izzy (Amèlie Hoeferle) e Elliot (Gavin Warren). O prólogo começa no verão de 1992, apresentando uma menina que morre na piscina após uma entidade puxá-la pro fundo. Nos dias d ehoje, a família de Ray decide comprar a mesma casa, mas não imaginava que a piscina estivesse possuída. Ao tomar banho nela, Ray vai ficando forte e recuperando sua energia, mas ao mesmo tempo, vai se tornando uma figura violenta. "Terror em Amytville" obviamente é uma referência, aqui acrescida de "Tubarão" e "O iluminado". A crítica acabou com o filme. Não acho tão ruim quanto dizem. Mas quem espera um terror gore, certamente irá se decepcionar. Ele é bem light, a violência não existe.

Balizas no espaço

"Des majorettes dans l'espace", de David Fourier (1998) Melhor curta nos prestigiados Festivais de Cezar, Bafta e Clermond Ferrant, "Balizas no espaço" foi comparado pro diversos críticos ao clássico de Jorge Furtado, "Ilha das flores". O filme usa exatamente a mesma linguagem narrativa: edição clipada, junção de diversas idéias aleatórias mas criando um fio narrativo coeso, diversos personagens e ações e um narrador que interpreta as ações. Ao invés de falar sobre a jornada de um tomate, o filme escrito e dirigido pelo francês David Fourier traz o tema do HIv e da morte como pano de fundo. Homossexuais, parada Lgbt, vaca, casal hetero, astronautas, o Papa João Paulo VI, as meninas balizas e a confecção da camisinha são tomadas por imagens que incluem closes de pênis ereto com camisinha. O filme começa com a frase: "Entre todos ps seres vivos, somente o homem sabe que vai morrer". A morte é uma constante no filme, afinal o papa, pela idade ira morrer, os astronautas pode ser que morram com a fatalidade e um dos personagens, Vincent, irá morrer de Aids aos 20 anos. Um excelente filme, irônico, divertido, mas que faz refletir bastante sobre a condição humana.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

O palácio

"The palace", de Roman Polanski (2023) Escrito à seis mãos, por Ewa Piaskowska, Roman Polanski e Jerzy Skolimowski, "O palácio" é dirigido por Polanski e foi exibido fora de competição no Festival de Veneza 2023. O filme foi execrado pela crítica, que não conseguiram entender como dois dos grandes cineastas de todos os tempos, Polanki e Skolimowski, após a parceria premiada de "Faca na água", de 1962, conseguiram realizar essa comédia farsesca que atira para todos os lados e não consegue acertar em nada. Quase todo rodado no Palace Hotel, em Gstaad, Suíça, o filme acompanha milionários que decidem passar o reveillón no Hotel na virada do ano 2000. Existe o medo do apagão do bug do milênio, mas muitas sub-tramas bizarras acontecem paralelo, envolvendo prostituras, atores pornôs, magnatas e outros tipos repletos de duplo sentido. O filme procura debochar e expôr a hipocrisia dos milionários, envolvidos em cenas que os ridicularizam, como nos filmes de Ruben Östlund, como "O triângulo da tristeza" e "The square". Mas a acidez e mordacidade dos filmes de Ostlund, aqui em Polanski se revela constrangedor e sem graça. Nenhum momento que era para ser divertido de fato o é, e sim, fica aquele gosto amargo de que aquilo não ficou bom. Uma pena que um elenco de estrelas como Fanny Ardant, John Cleese, Mickey Rourke, Olivier Masucci ( de "Dark"), Joaquim de Almeida e outros estejam muitas notas acima de um tom farsesco que não funciona. E só para constar: a última cena envolve um cachorro fazendo sexo com um pinguim.

Bender

"Bender", de Alex Cardy (2020) Em 2017, aconteceu na Austrália a votação da lei que decidia a igualdade de casamento entre pessoas Lgbqtaip+ no país. O filme acontece na véspera dessa votação. 3 rapazes que não se conhecem vivem suas rotinas de muito sexo com anônimos em encontros por aplicativos. Dois deles marcam um encontro. Um deles é um skinhead que para não ser reocnhecido pela sua gangue, marca o encontro longe da cidade, em um carro. Após o sexo, o carro quebra. Com medo de ser flagrado com o rapaz no carro, o rapaz corre. Mas no caminho , pensa no outro rapaz que ficou sozinho e decide voltar para lhe dar proteção. Dirigido, escrito e fotografado por Alex Cardy, o filme tem cenas de sexo intensas e bastante realistas, e os atores estão bastante convicentes em seus personagens. Um filme que mescla o romantismo com uma tensão criada pela homofobia, e um desfecho que aposta em um final aberto, mas que transita por um otimismo em relacionamentos queer.