domingo, 31 de dezembro de 2023

1-1

"1-1", de Naures Sager (2020) Escrito e dirigido pelo cineasta iraquiano/sueco Naures Sager, "1-1" é um premiado curta realizado na Suécia. O filme é uma comédia sexual, e apresenta Ayman, um iraquiano que mora no país. Ele passa a noite com o casal de amigos heteros Amirah e Safir, até que recebe uma chamada no aplicativo dizendo que seu peguete, Jonas, está chegando. Ayman quer despachar os amigos, mas eles querem ficar e pregar uma peça no rapaz. Fofo e divertido, é um filme leve e que traz a alegria da amizade e das boas vontades entre amigos que fazem de tudo para se divertir e ver a felicidade dos outros, mesmo que para isos, tenha que pregar uma peça. O t;itulo tem a ver com "1 X 1", vc me sacaneia, e eu também te sacaneio.

Jolly fellows

"Veselchaki", de Feliks Mikhaylov (2009) "Jolly fellows" é um filme histórico para o cinema russo e para a filmografia Lgbt do país: é o primeiro filme com protagonistas Drag queens. Em um país homofóbico e ultra conservador, realizar e lançar esse filme foi um ato heróico, tanto da equipe, quanto do elenco, que sabiam do risco de se exporem. Lançado em 2009, o filme se passa na Moscou dos anos 90, portante, antes da era da internet. Logo de início, uma grande surpesa: o 1o número musical no clube das Drags é "Chica Chica boom,", de Carmen Miranda, cantado em russo pelas artistas. Logo somos apresentados à Rosa, a dona do clube. Rosa/Robert é divorciado, e sua filha mora com ele, administrando o clube junto do pai. Ali, um grupo de drags performan toda noite. Uma mulher surge e revela-se ser a mãe da filha de Rose, e diz que veio buscar a menina para morar com ela. Paralleo, uma jornalista, Veta, decide juntar as 5 amigas Drags para fazer uma matéria sobre a performance drag. Assim, comos apresentados a cada uma delas: Pusinky - desde criança, gostava de costurar roupas femininas. Quando cresceu, sofreu bullying dos rapazes do bairro. Alexei Viktorivisy- o veterano do grupo, estudou na juventude sovietica da era comunista. Trabalhou como ator travestido d emulhe rno palco e por isos foi repreendido pelo censor, que acaba se revelando um homossexual enrustido. Lusko - Saiu de sua cidade rural para trabalhar como ator e decide retornar e esconder a sua trajetória como drag para a família. Mas ele tem uma enorme decepção e entende que a drag dentro dele não pode morrer, e decide cantar "I will survive" na aldeia. Vatej- Descobre ser portador de HIV, junto de seu namorado O filme possui estreótipos da comunidadse lgbt, principalmente no sue desfecho trágico. Até então, o filme é repleto d ehumor e musical. Mas o final é compreensivo, uma crítica a forte homofobia no país. Os atores são todos ótimos e bastante carismáticos. O número de "I will survive" na aldeia é bastante inusitada e belamente simbólica.

Turtle Hill, Brooklyn

"Turtle Hill, Brooklyn", de Ryan Gielen (2013) Co-escrito e protagonizado pelo atores e roteiristas Brian W. Seibert e Ricardo Valdez, nos papéis de Will e Mateo, casados e que preparam uma festa de aniversário para os 30 anos de Will. Mateo é latino e na decoração, pendura uma pinata. O que eles não esperavam, é que a irmã de Will, Molly ((Jeanne Slater), chegasse de surpresa. Ela desconhecia a homossexualiodade de seu irmão, e para Mateo, Will já havia contado, o que prova ser uma mentira. O filme é um mumblecore, movimento cinematográfico do cinema independente americano, realizado com baixíssimo orçamento. O filme consiste na preparação e na festa de aniversário, com convidados chegando e muita conversa aleatória sobre diversos assuntos. No fundo, o filme discute o relacionamento aberto do casal, os ciúmes e as questões culturais, entre a sociedade americana e a mexicana. Poderia ter sido um bom filme, com uma diversidade de tipos interessantes. Mas a maioria é chata, gente sme interesse, um olhar sobre pessoas pedantes. O casal principal garante algum interesse, mas faltou mais humor e mais vivacidade.

Mad about the boy- A história de Noel Coward

"Mad About the Boy: The Noel Coward Story", de Barnaby Thompson (2023) Documentário que traça um painel bem reheado sobre vida e obra de Noel Coward, um multi artsita inglês que nasceu pobre no Reino Unido, e decidiu ganhar a vida nos Estados Unidos. ALi, ele se tornou um artista talentoso em diversos segmentos: Escreveu 60 peças, mais de 500 canções, 5 roteiros para cinema, 14 filmes foram adaptados de suas peças teatrais, 9 musicais na Broadway, 300 poemas, 2 novelas e escreveu 3 auobiografias. "Mad About the Boy " é o nome de uma canção escrita por Coward e que dá nome ao documentário. Entre suas peças famosas, tem "Vidas privadas"e "The vortex". Desde criança, Coward foi autodidata. Aos 9 anos, largou a escola aos nove anos para ganhar a vida como artista infantil. Repleto de entrevistas com o próprio e com material de arquivo de programas d etv, suas atuações em filmes e depoimentos, o filme é um retrato de uma época de ouro em Hoillywood, dos anos 20 aos 60. Coward morreu aos 73 anos em 1973. O filme retrata também a sua homossexualidade, e inclusive, entrou em uma lista do governo do Reino Unido, lista preparada pelos nazistas que incluía pessoas que deveriam ser presas e assassinadas após a conquista do Reino Unido.

O casamento

"El casamiento", de Aldo Garay (2011) Em 2003, o documentarista uruguaio Aldo Garay conheceu o casal Julia e Ignacio e realizou o curta "Minha gringa, retrato inacabado", com trechso exibidos aqui em "O casamento". Atualmente, Julia tem 65 anos e é uma mulhe rtrans. Ela trabalha como faxineira. Ignacio tem 70 anos, e é um ex-operário na construção civil. Os dois moram juntos há duas décadas e agora que a lei permite, eles querem se casar. Ambos moram em uma casa huymilde na periferia de Montevidéu. Eles se conheceram há mais de duas décadas, na véspera de Natal, e desde então estão juntos. O filme acompanha a rotina na vida do casal, até terminar nos preparativos do casamento: cuidando de casa; Julia cuidando do pé machucado do marido; indo buscar comida no centro social, pegando ônibus; cuidando do cachoror, Julia indo ao cabeleireiro e às sessões de diálise. Entre o curta e o longa, Julia fez uma cirurgia para resignação de gênero. O filme acaba tratando de temas diversos: a pobreza da classe dos aposentados e sub-empregados; a rotina de idosos; e claro, a aceitação da sociedade para o casamento lgbt. Um filme simples, mas comovente e respeitoso com os personagens apresentados.

American fiction

"American fiction", de Cord Jefferson (2023) Vencedor de mais de 30 prêmios internacionais, "American fiction" é a adaptação do romance escrito em 2001 por Percival Everett, 'Erasure". O filme é uma comédia dramática ácida e cruel sobre o fascínio que a comunidade branca na área da literatura, do cinema e público em geral tem pelo sofrimento e pelos clichês da cultura negra, amplamente divulgada através de estereótipos eternizados pela mídia. O professor e escritor Thelonious 'Monk' Ellison (Jeffrey Wright, sensacional) está frustrado com a sua carreira. Seus alunos o quetsionam em aula por não concordarem com as suas pautas; seus editores não estão felizes com o que tem escrito. Após conhecer uma autora de literatura negra que faz muito sucesso com o público, Thelonius entende que precisa escrever algo que agrade as pessoas: uma narrativa que traga elementos do estereótipo do que seria "cultura negra". Ele, como autor negro, e que sempre escreveu em seu ligar de fala, precisa se vender ao mercado para escrever o que as pessoas esperam dele como autor negro.Thelonius é forçado a voltar para Boston para se reconectar com sua família e escrever um livro de sucesso. Ele reencontra seu irmão que acaba de sair do armário e desfez o casamento e precisa lidar com o Alzheimer de sua mãe. Ao escrever um livro sob pseudônimo, intencionalmente ofensivo e mal escrito, o inesperado acontece: o livro é um grande sucesso e até Hollyqood deseja adaptar para o cinema. O filme é incrivelmente divertido, mas um tipo de humor que faz o público refletir sobre se colocar no lugar do outro e de rever todos os estereótipos que seduzem. Poderia sre visto também como uma releitura do mito de "Mephisto", que vende sua alma ao Diabo para alcançar o sucesso almejado. É um filme com ótimos diálogos, personagens adoráveis e um elenco de alto nível. Em vários momentos senti uma enorme melancolia pela história tão corrosiva e que certamente, atingirá a todo mundo.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Acampamento infernal- pesadelo adolescente

"Hell camp- Teenage nightmare", de Lisa Williams (2023) Documentário que traz a história real dos "Challenger foundations" que surgiram nos anos 80 e que até hoje existem espalhados nos Estados Unidos. Os challengers foundations são acampamentos camuflados sob o nome de "terapia", onde adolescentes são enviados pelos pais para que passem por um treinamento abusivo: passam fome, andam milhares de kilômetros, dormem sob pedras, não tomam banho, etc, até que aprendam a dar valor aos pais e deixem de adquirir "maus hábitos". O programa surgiu em meados dos anos 80, quando os Estados Unidos, sob o Governo Reagan, teve um aumento drástico de adolescentes envolvidos em roubos e consumo de álcool e drogas. O ex-oficial da força aérea Steve Cortisano criou o programa, que imediatamente fez um enorme sucesso. Integrantes dos acampamentos eram contratados e entravam nas casas dos adolescentes de madrugada, sequestrado-os e os levando, com a autorização dos pais, para o deserto de Utah, onde passam 63 dias em programa de reeducação. Quando uma adolescente, Kristen Chase, 16 anos, morreu de insolação durante uma caminhada, o programa foi encerrado e Steve teve que responder no tribunal, acusado de negligência. Mas ele logo foi absolvido. Como não podia mais administrar os programas no país, ele começoi a espalhar pelo mundo: Caribe, Samoa, Havaí, nos anos 90. Inclusive enviou seu filho David. A ironia, é que após o término da terapia, David e sua irmã ficaram viciados em heroína e roubavam para sustentar o vício. O filme entrevista sobreviventes dos acampamentos e também, "treinadores". A viúva de Steve e sua filha também são entrevistados. O filme começa com um depoimento de Paris Hilton dizendo que quando tinha 17 anos, frequentou um dos acampamentos que ainda existem, dizendo que foi estrangulada, e que tinha que tomar banho com os treinadores olhando. A pergunta que é feita em determinado momento é: "Quando se sabe a diferença entre um programa de reeducação e um treinamento abusivo? Impossível não pensar nos realities atuais, tipo "No limite", onde justamente, os participantes passam por essas torturas.

Hotel Esplêndido

"Splendid hotel", de Pedro Aguilera (2023) Co-produção Marrocos, França e Espanha, "Splendid hotel" foi todo rodado no Marrocos. O filme é uma narrativa experimental, em formato de documentário e ficção, sobre os últimos anos de vida do poeta Arthur Rimbaud, que veio a falecer aos 37 anos de idade, em 10 de novembro de 1891. Rimbaud teve uma perna amputada por câncer no joelho. Aos 19 anos, já tendo lançado a extens aobra de poema "Um tempo no inferno", ele abandona a literatura aos 19 anos de idade e decide ser um andarilho do mundo. Rimbaud acabou dedicando 10 anos de sua vida como aventureiro e explorador, além de comerciante de café no Chrifre da Africa. Com dívidas, ele encontra uma nova forma de ganhar dinheiro: traficando armas, vendendo milhares de armas ao rei da Abissínia. Mas logo, as coisas começam a dar errado. O filme , rodado em Marrocos, traz Rimbaud, na pele do ator Damien Bonard, perambulando pelas ruas modernas de Marrocos. Transitando entre a modernidade e as pessoas, o filme faz uma mescla da vida do poeta. Eu particularmente não gostei da experimentação, achei tudo chatíssimo, repleto de ofss do protagonista, com cartas escritas à sua mãe. O mais interessante e o que vale. apena são as belas locações no deserto e na cidade de Marrocos. No mais, tudo muito presunçoso e entediante, uma espécie de video-arte.

Steamboat Willie

"Steamboat Willie", de Walt Disney (1928) A 1a animação com som sincronizado dos estúdios Disney, após o grande sucesso de "O cantor de jazz", de 1927, 'Steamboat Willie" ficou famoso recentemente por entrar em domínio público no dia 1o de janeiro de 2024. A Walt Disney, em 2003, quando expiraram os direitos do desenho, pressionou com sucesso o Congresso dos EUA para uma extensão da proteção dos direitos autorais por vinte anos. Mas agora, os direitos sobre a imagem de Mickey Mouse se tornam público para usso de qualquer um ( a versão de Mickey do desenho, diga-se de passagem). Foi alardeado por muito tempo que Mickey surgiu pela 1a vez aqui, mas não. Ele já havia aparecido em "Plane Crazy" e "The Gallopin' Gaucho". "Steamboat Willie" é a sua 3a aparição, mas a 1a vez que é distribuído para o público. O filme marca sim, a 1a aparição de Minnie, da vaca Clarabela e do vilão João Bafo de Onça. Mickey é um funcionário de um barco a vapor, comandado pelo Capitão Bafo de onça, que supervisiona tudo com rigor e maus tratos. Ao perder o embarque, Mickey consegue trazer Minnie à bordo e aí começa um número musical delicioso. Mas Bafo de Onça surge e acaba com a brincadeira, fazendo Mickey cortar batatas na cozinha, sob o olhar irônico de um papageio safado. O filme tem 7 minutos, mas é uma delícia, super divertido e com traços fofíssimos. É um clássico absoluto.

When time got louder

"When time got louder", de Connie Cocchia (2022) Premiado drama independente LGBQTIAP+ canadense, dirigido pela roteirista e cineasta lgbt Connie Cocchia. "When time got louder" é um drama familiar comovente, que muita gente irá se identificar: um filho autista na família faz com que todas as atenções se voltem para ele, e isso acaba interferindo nos sonhos dos pais e de sua irmã, que se sente egoístas por planejarem as suas próprias histórias. Chorei litros vendo o filme, com as performances emocionantes do elenco e de como o roteiro e a direção de Connie Cocchia lida com as histórias de cada personagem, sme culpabilizar Kayden, o rapaz autista. e o filme ainda traz uma sub-trama de saída do armário para Abbie, que se apaixona por uma garota na faculdade,, Karly. Abbie (Willow Shields) desde pequena sempre ajudou a cuidar de seu irmão mais jovem autista, Kayden (Jonathan Simao, na fase adulta). Ela mora com seus pais, Mark (Lochlyn Munro) e Tish (Elizabeth Mitchell), que ralam para manter o mínimop de dignidade para a família de classe média. Quando Abbie, que mora no Canadá, passa para a faculdade na Califórnia, ela se sente dividida e culpada por ter que abandonar Kayden. Seus pais lhe dão força. Na faculdade, ela conhece Karly e se apaixonam. Mas é justamente na sua ausência que Kayden tem um incidente, e a assistência social quer tirar ele da guarda da família. Para quem gosta de dramas comoventes e lacrimosos, esse é certamente o filme que irá fazer o povo soltar umas lágrimas. Fiquei emocionando com a performance dos 4 atores principais, são personagens apaixonantes e sem maldade, uma família que se ama. Para Jonathan Simao é mais complexo ainda, interpretar um autista em tempos de lugar da fala, mas o seu trabalho é bastante respeitoso e minimalista, sem excessos.

Macabro

"Macabre", de Kimo Stamboel e Timo Tjahjanto (2009) Excelente slasher vindo da Indonésia, é uma adaptação em longa para um curta lançado em 2007, chamado "Dara" e protagonizada pela mesma atriz, Shareefa Daanish, uma das maiores vilãs que já vi em um terror asiático. Ela é simplesmente do Mal. O filme obviamente buscaou inspiração no clássico "O massacre da serra elétrica", até porquê uma das armas usadas é a própria. Repleto de gore e violência explícita, o filme fará a alegria de fãs de extreme. O recém casal Adjle e Astrid, que está grávida de 8 meses, partem para Jacarta com a irmã de Astrid, Ladya, e três amigos. No caminho, dão carona à uma jovem, Maya, que diz ter sido roubada. Quando eles a deixam, ela insiste que eles entrem e os apresente a sua mãe, Dara, e aos irmãos Adam e Armand. Dara os convida para jantar, mas a comida está drogada e todos ficam dopados. Ao acordarem, o grupo está separado, e um por um, são massacrados. enquanto isso, Dara deseja o bebê de Astrid para um sacrifício. O filme vai por um caminho bastante óbvio, até porque é todo em cima de "Massacre da serra elétrica" e tem os indefectíveis policiais que chegam em algum momento só pra serem mais carne fresca no pedaço. Mas o filme tem identidade própria, e ótimos atores, e o mais importante, a gente torce por todos os heróis, pois são bacanas e realmente se ajudam, não é aquela baboseira de gente fazendo decisões erradas e personalidade sirritantes. Morri de pena de cada um que ia morrendo.

Leo à noite

"Leo la nuit", de Nans Laborde-Jourdàa (2021) Concorrendo em Clermond Ferrant, "Leo by night" é um drama francês que trata com delicadeza um drama sobre um jovem pai que precisa cuidar por um dia de um filho que ele não convive. Paulo é jovem, e é gay. Ele pula de emprego em emprego, sem responsabilidades. Ele transa com homens de forma ireresponsável. Um dia, a mãe de seu filho, com quem ele teve após uma noite de sexo, pede que ele cuide do menino de 8 anos enquanto ela precisa viajar. PAulo procura agradar o menino de todas as formas. Mas mesmo com tenra idade, é muuito claro para Leo que o pai não ama sua mãe, e que ele gosta de homens. Um filme que retrata temas bastante complexos mas visto pelo olhar do menino. Rodado em registro naturalista, o filme traz novas formas de famílias contemporâneas, e de como as crianças se adaptam facilmente a contextos que até anos atrás, seria impensável.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Perdida no deserto

"Naga', de Meshal Al Jaser (2023) Que filme interessante e criativo vindo da Arábia Saudita!!! COm uma mistura de gêneros que vai do horror, suspense, comédia ácida, drama, suspnense, o filme lembra "Corra Lola corra!" com um filme onde a natureza se vinga, só que dessa vez, um camelo assassino!!!!! E tem perseguição de carro, festas alucinógenas e muito mais! Há tempos eu não via um filme tão imp[revisível e sem saber como iria acabar. Ah, e ainda tem uma excelente fotografia, rodada quase totalmente de noite, e uma camera à la filmes de Gaspar Noé, com movimentos muito fodas que você fica pensando como filmaram. Sarah (Adwa Bader, excelente) é uma jovem que tem um pai extremamente conservador. No prólogo, vemos o pai de Sarah, ainda bebê, testemunhando o pai assassinando a mãe e o médico pois não aceitou a mãe ter dado à luz nas mãos de um homem. Sarah sai para fazer comprar com uma amiga e o pai diz que as 22 horas irá buscá-la. Na verdade, Sarah foge com o namorado Saad para uma festa no deserto. Só que tudo dá errado. O tempo vai passando, as merdas vão acontecendo, incluindo um ataque de camelo assassino e para piorar...enfim, não dá para contar. O Desfecho é bizarro. Toda a parte técnica do filme é impressionante, e eu mesmo não fazia idéia da qualidade dos efeitos da Arábia Saudita. É um excelente filme de ação e suspense, que poderia ter sido melhor se tivesse pelo menos 20 minutos cortados. Vale uma refilmagem, pela dinâmica e criatividade do projeto.

Mamonas assassinas- O filme

"Mamonas assassinas- o filme", de Edson Spinello (22023)

How to have sex

"How to have sex", de Molly Manning Walker (2023) Vencedor em Cannes na mostra paralela "Un certain regard", "How to have sex" é o longa de estréia da roteirista e cineasta inglesa Molly Manning Walker, e é um retrato brutal sobre um estupro realizado contra uma jovem virgem, Tara (Mia McKenna-Bruce), que até então acreditava ater sido uma noite de sexo prazeiroso, mas ao refletir sobre o ocorrido, percebe que não foi consensual. Três jovens amigas inglesas, Tara (Mia McKenna-Bruce), Skye (Lara Peake) e Em (Enva Lewis), decidem viajar até a ilha de Mália, na Grécia, para passar as férias, enquanto aguardam os resultados do exame para a faculdade. entre risadas, banhos de mar e muita bebedeira, elas conhecem os vizinhos de quarto, Badger (Shaun Thomas), Paddy (Samuel Bottomley) e sua amiga gay Paige (Laura Ambler). Todos se divertem muito. Uma noite, durante uma festa, Badger convida Tara para um passeio na beira da praia. Além da excelente fotografia e da câmera viva que acompanha os personagens, o que mais impressiona no filme é a performance de todo o elenco jovem: vivos em cena, naturalistas, sem qualquer traço de atuação mecânica. Mia McKenna-Bruce, que lembra bastante Amanda Seyfried, está fenomenal, em um trabalho complexo, onde as suas intenções estão todas guuardadas no seu olhar. Não é um filme fácil de ser visto, pela natureza violenta e brutal. Mas o último segundo traz um momento de sororidade e de energias renovadas que nos fazem entender que ainda temos amigos que nos apoiam em momentos difíceis.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Aquaman 2- O reino perdido

"Aquaman and the lost kingdom", de James Wan (2023) Nem sei por onde começar a resenhar essa parte 2 de 'Aquaman". Talvez pela mais óbvia: que efeitos toscos, tenebrosos, que mais parecem video game dos anos 90. Aliás, os últimos filmes da DC e da Marvel conseguem imprimir pior qualidade dos efeitos do que dos filmes feitos há mais de uma década atrás. A sensação é que nenhum ator está presente, tudo é computação gráfica, um pavor. A 2a obs, essa esperada: a participação reduzidíssima de Amber Heard no filme. Li numas matérias que as cenas dela foram cortadas, e o que ficou no filme é o mínimo para se entender o arco de sua personagem. Não fosse 1 ou outra fala, ela estaria como figuração especial. O filme mostra a batalha de Aquaman e seu reino para lutar contra Arraia negra e o tridente negro que ele possui, capaz de ressucitar um ser poderoso. Para ajudá-lo na empreitada, ele resgata o seu irmão Orm (Patrick Wilson), que claro, tem a chance de dar uma reviravolta no seu personagem e mostrar seu lado mocinho. O filme segue no automático, com uma ou outra piada escatológica envolvendo baratas, e uma atmosfera que lembra "King Kong"e "O parque dos dinossauros".

3 vezes

"3 essais", de Julien Spas (2022) Curta Lgbtqiap+ francês, escrito, dirigido e protagonizado por Juien Sands, que procura criar uma história como se fosse um episódio de "Black mirror". E ainda no final, pega a trilha de 'Stranger things" e a recria para dar uma atmosfera vintage. Raphaël (Sands) , 30 anos, tornou-se solteiro recentemente. Sentindo-se sozinho, ele liga para seu melhor amigo Adrien em uma sexta-feira à noite para convidá-lo para sair. Adrien não está disponível, mas conta a Raphaël sobre um aplicativo misterioso chamado "Boys-R-Us" que pode preencher sua atual falta de afeto. O aplicativo permite ao usuário escolher o rapaz da sua preferência que virá imediatamente satisfazer os seus desejos. Raphaël experimenta o app na mesma noite, e fica fascinado. Mas o app tem um aviso: somente poderá ser usado 3 vezes. O filme é mal feito e a atuação de Julian Sands é muito amadora. Vale pela brincadeira e pela história até que divertida, mas a forma como ele fecha a história, filmada de forma bem tosca, destrói qualquer possibilidade do filme ser bem avaliado.

Os Finnemans

"Finnemans", de Thomas Korthals Altes (2010) Que filme lindo e encantador! Que pe'xa de teatro extraordinária esse filme daria: com 5 atores: 1 adolescente de 14 anos, 1 menina de 14 anos, os pais na faixa de 35 anos e um vizinho na faixa dos 40 anos. O filme linda com extrema delicadeza e respeito do tema da transição de gênero do pai de família, e como essa súbita decisão repercurte no filho e na mãe, desestruturando a todos. Finn (Jelmer Ouwerkerk, excelente) é um estudante feliz com a vida: seus pais são felizes e ótimos, tá começando a namorar e adora passar seu tempo com seu pai. Mas um dia, ao voltar para casa, se assusta ao ver seu pai vestido com as roupas de sua mãe. Ao contar para a mãe, em pirncípio, ela acha natural, mas quando o marido diz que vai fazer transição, ela passa a ter um comportamente diferente, e decide extravazar a sua frustração com o vizingo. Finn, por sua vez, não consegue fazer sexo cm sua namorada, e passa a refletir se ele também não seria gay. eu fiquei apaixonado pela história, pelos diálogos e pelo elenco. O filme e holandês, e os europeus têm uma forma diferente de enxergar as coisas. O filme é tratado com absoluto respeito, e a sutileza da direção e do trabalho dos atores são apaixonantes.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Maria rêve

"Maria rêve", de Lauriane Escaffre e Yvo Muller (2022) Delicado drama romântico protagonizado pela maravilhosa atriz francesa que eu amo, Karin Viard, de "A família Belier". Ela interpreta Maria, uma mulher de meia idade que por décadas, trabalhou como empregada doméstica de uma idosa. Quando essa morre, Maria fica desempregada, e ao ser entrevistada para uma vaga d efaxineira na Escola de Berlas artes, acaba senbdo aceita. Lá, ela conhece o zelador Hubert (Grégoe eery Gadeboit), um homem simpático mas solitário. Maria é casada, mas seu marido já não compartilha mais a relação de casal, entrando no automático. Huberto é o oposto: dá forças para que Maria, que escreve poemas escondida, se deixe inspirar pelos alunes e pela arte criada na Escola e se permita exercitar sua criatividade. O filme é um misto de muitos filmes famoso: "As pontes de Madison", "Muito além do jardim", e por aí vai. Sou apaixonado por filme sobre losers, e "Maria rêve" é daqueles filmes que trazem humanidade e paixão nas pessoas invisíveis da sociedade. E Karin Viard está incrível, com exclente química com Grégory Gadeboit.

O eclipse

"O eclipse", de Michelangelo Antonioni (1962) Terceiro filme que fecha a trilogi da incomunicabilidade de Antonioni, todos os três protagonizados por Monica Vitti: "A aventura", "A noite" e "O clipse". O filme venceu o grande prêmo do juri do Festival de Cannes em 1962. Último filme rodado em preto e branco, Antonioni escala Alain Delon para ser o par romântico de Vitti. O filme ficou bastante famoso pelos seus últimos 7 minutos: planos aleatórios de Roma na sua solidão, mostrando de forma documental uma rotina sem os protagonistas. Na versão americana, o distribuidor chegou a cortar ess etrecho, considerado sme função narrativa. Scorsese considera essa terceira parte a mais ousada, com uma narrativa experimental. Vittoria (Monica Vitti) acaba de pôr fim a uma história de amor com um homem mais velho (Francisco Rabal). Depois de conhecer Piero (Alain Delon), um investidor na bolsa de valores, os dois começam a se ver e a passear pelos subúrbios vazios e modernos de Roma. Porém, o caso é permeado de angústias existenciais.[7] Vittoria (Monica Vitti) termina a sua relação de anos com Riccardo (Francisco Rabal). Ela vai até a bolsa de avlores encontrar a sua mãe (Lilla Brignone), viciada em apostas. Lá, ela conhece Piero (Alain Delon), jovem de espírito dinÂmico, totalmente oposto à energia de Vittoria. Eles experimentam um flerte e um romance, mas a natureza dos dois faz com que eles entendam que não têm como se conectar. O filme é um clássico, mas como tal, deve ser visto com o olhar da época. isos porquê lançado hoje, o filme seria cancelaod por uma cena polêmica: na casa de suas amigas, Vittoria se maquia de black face e imita uma dançarina queniana, isso para brincar com uma das amigas, que tem terras com o marido na região africana. A cena em si, vista aos olhos de hoje, não teria sido perdoada. O filme faz uma enorme reflexão sobre a apatia e a infelicidade dos ricos, sujeitos à uma alienação cultural e social. Os filmes dessa fase de Antonioni certamente teriam sido apelidados de "White peoplés problem", pois retrata em seus protagonistas brancos, favorecidos e ricos, sofrendo do mal do século: depressão e crises existenciais.

Bad behaviour

"Bad behaviour", de Alice Englert (2023) Nossa, há tempos eu não assistia a um filme tão enfadonho e desinteressante. Escrto, dirigido e protagonizado por Alice Englert, que vem a ser filha da Cineasta neozelandesa Jane Campion, o filme certamente traz elementos pessoais da própria Alice Englert, que começou a trabalhar como atruz aind ajovem, e a sua relação com a sua mãe famosa. Ter escolhido Jennifer Connelly para o papel de sua mãe parece ter sido proposital, uma vez que Connely também começou a atuar quando criança. O filme foi exibido em diversos festivais, tendo inclusive concorrido em Sundance. Lucy (Connely) já foi uma estrela infantil. Já na meia idade, ela decide fazer um retiro espiritual para exorcizar a sua raiva de tudo: do ex-marido, de sua filha Dylan (Englert), de seus pais. Lucy está amargurada. O guru Elon Bello (Ben Wishaw) recebe Lucy e outras pessoas que se isolam e ali, praticam atividades em grupo ( algo como a constelação familiar). Paralleo, Dylan, na Nova Zelândia, trabalha nos et de um filme tipo 'O Senhor dos anéis" como dublê de ação. Após se acidentar, ela recebe um afastamento. Ela decide encontrar sua mãe e juntas, elas precisam reaprender a se conectarem. O filme não se decide entre ser um drama ou uma sátira. Os momentos que procura esboçar algum tipo de humor ácido não funcionam. É estranho, uma narrativa confusa. As personagens não são carismáticas. Ainda assim, Jennifer Conelly consegue trazer uma boa performance em seu papel bastante ingrato de uma mulher pouco simpática. Ben Wishaw tem um personagem chato.

White river

"White river", de Ma Xue (2023) Concorrendo no Festival de Rotterdan, "White river" é um todo filmado em tela vertical de celular. Rodado durante a pandemia da covid, o filme é o longa de estréia da roteirista e cineasta Ma Xue. Apesar de ser produzido pela Coréia do Sul, ele foi todo rodado na China, com atores chineses. A protagonista é Yang Fan (Yuan Tian), casada com Yuan Yong (Song Ningfeng). Eles moram do outro lado do White river:de um lado, Beijin, onde trabalham. Mas moram do lado de cá, Yianjin. Com a quarentena, o casal é obrigado a fiocar em casa, com a política de covid-zero, e somente podem sair para fazer compras no mercado. Cansada da rotina, Yang Fan começa a se relacionar sexualmente com o garçon (Xu Weihao) de um restaurante próximo. Ao descobrir a traição, o marido observa de longe de passa a se tornar um voyuer, se masturbando e se excitando com a situação, até que finalmente, passa a fazer parte do menage a trois, fazendo sexo com a esposa e com o garçon. O filme tem uma narrativa experimental, com quadros compostos como pinturas, belamente fotografados e enquadrados. Vez ou outra o filme apresenta a protagonista na sua infância, fazendo um paralelo de quem era e de quem se tornou. As cenas de sexo sao recorrentes e intensas, ma snunca explícitas, lembrando muitas vezes "9 1/2 semanas de amor", de Adrian Lyne. Talvez o mais interessante do filme não é o erotismo e as cansativas cenas de sexo, e sim, o relato documental da rotina na covid em um dos países mais rigororos na prevenção.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O torturador

"O torturador", de Antonio Calmon (1981) O elenco não poderia ser mais anos 80: Jece Valadão, Vera Gimenez, Otávio Augusto, Anselmo Vasconcelos, Maria Pompeu, John Herbert, Moacyr Deriquém, Ary Fontoura, Jorge Fernando, Paulo Villaça, Thaís Portinho. "O torturador" é um policial brasileiro que faz diversas paródias a filmes famosos, entre eles, 'Goldfinger", usando inclusive a trilha do filme, com Otávio Augusto se esbaldando com 8 mulheres nuas. O filme também é recheado de citações de músicas de Roberto Carlos (será que pagaram os direitos?) Capitão Jonas (Valadão) é um mercenário que acaba de ser solto da prisão. Seu companheiro, Chuchcu (Augusto), o chama para uma missão: um grupo de judeus deseja que a dupla siga até um país da América latina para matar um oficial nazista, em troca recebem uma bolada em dinheiro. Ao chegarem no país, se deparam com um ditador (Fontoura), um padre que cheira cocaína (Vasconcelos), um general violento (Villaça) que se relaciona sexualmente com um jovem guerrilheiro e claro, uma cantora de cabaré, ex-amante de Jonas, Gilda (Gimenez), que emula Gilda, de Rita Hayworth. O filme é uma divertida bizarrice, com muitas cenas de sexo, violência que inclui cabeças cortadas e canastrice. Maria Pompeu como uma enfermeira nazista e lésbica é antológico.

O homem desconhecido

"L'homme inconnu", de Anthony Schatteman (2021) Ao som da canção romântica francesa "Ce grand amour", de Claude Barzotti, o drama Lgbtqiap+ francês "O homem desconhecido" traz um tema que já inspirou muitos cineastas: a paixão por um muso mais jovem no verão. Visconti já realizou sua obra-prima "Morte em Veneza", ou ALmodovar, com "A lei do desejo". Aqui, o roteirista e cineasta Anthony Schatteman traz seu protagonista, Louis, um escritor em crise criativa, para a Cote D ázur, para buscar inspiração para seu novo livro. Ao se hospedar em uma pousada à beira da praia, ele observa um jovem casal fazendo sexo na beira da praia, Tommy e Melanie. A presença de Tommy, em sua sunga amarela, desnorteia Louis, que passa a ecsrever um romance sobre uma paixão avassaladora. Mas a realidade e a ficção logo tendem a se misturar. Com ótimas performances de Geert Van Rampelberg, como Louis, e a presença magnética e sedutora de Samuel Suchod, como o objeto de desejo Tommy, o filme explora o voyeurismo e o tesão pela juventude, pelo corpo imberbe. Uma ode à juventude e ao homoerotismo, é um filme que certamente irá atição desejos.

Brother

"Brother", de Aleksei Borovikov (2023) Um honesto drama LGBTQIAP+ sobre homofobia em família, "Brother" poderia facilmente se transformar em uma peça de teatro com 4 personagens: 2 homens na faixa dos 30 anos, 1 mulher de 35 e uma de 55 anos: um casal gay, a irmã de um deles e a mãe do outro. Carlos, descendente de mexicano, e Tony, russo migrante nos Estados Unidos, moram juntos há 3 anos e decidiram se casar. A mãe de Carlos, dona de restaurante, vai promover uma festa. Tony decide convidar a sua irmã conservadora que mora na Rússia. Mas ao chegar, Tony fica nervoso e decide mentir sobre o seu casamento e a sua união com Carlos. Carlos o chama de covarde e sai de casa. Com boas performances, o filme carrega nas tintas novelescas, prinicipalmente na trilha sonora, mas é um retrato sincero sobre saída do armário dentro de sua própria família, uma decisão bastante difícil para pessoas de gerações pré anos 2000 e que tiveram uma educação machista.

After party

"After party", de Viktor Zahtila (2017) Premiado documentário LGBTQIAP+ dirigido e desenvolvido pelo cineasta croata Viktor Zahtila. O filme apresenta os últimos dias de seu relacionamento com o seu namorado de anos Goran Koletic. Sentindo que a história entre os 2 já não estava seguindo um caminho saudável, Viktor propõs a Goran que filmasse a etapa final da convivência entre ambos. Tem o último sexo, tem depoimentos reveladores que nunca puderam ser ditos. As impressões sobre quando se conheceram. Os silêncios, e finalmente, o rompimento e a vida pós separação. Viktor Zahtila é ativista LGBT e jornalista de um semanário político, além de trabalhar para portais independentes de notícias e cultura. Ele traz um olhar bastante sincero sobre a sua própria história, eu fico na dúvida do que é real e do que foi montado aryificialmente para o filme. Mas a coragem de se expôr, de se mostrar fazendo sexo e de revelar que já fez sexo com mais de 50 homens enquanto namorava Goran, em um relacionamento em aberto, mostram o quão "liberal" um relacionamento pode ser para uma das partes, mas talvez a outra parte não entenda isso direito.

Runaways

"Weglopers", de Brandon Oelofse (2023) Drama LGBTQIAP+ holandês, que retrata o relacionamento sexual toxico e dependente entre dois homens: um que tem um namorado, e outro solteiro. Robert (Lev Kitilzep) conhece Frank (Thomas Puvill) ma academia e se sentem atraídos sexualmente. APós um flerte no chuveiro, Frank decide convidar Robert para ir até seu apartamento, alegando que seu namorado Daan (Olchert Molendijk) não está. Durante meses, Robert e Frank se encontram sexualmente, e Robert fica apaixonado e pede para que Frank o trate como se fosse seu namorado. Mas Frank entende que Ribert não é seu namorado, e sim, um amante. Quando uma noite Daan chega de surpresa, um clima acontece entre os 3, e Robert entende que ele é a parte mais fraca do relacionamento. Um filme repleto de cenas explícitas, com bela fotografia e muito tesão entre os atores que interpretam Frank e Robert. O filme é sobre esse frisson sexual, sobre tesão. E quando Daan entra em cena, entende-se que não é apenas de sexo que uma relação sobrevive. O filme poderia render uma boa peça teatral com 3 atores na faixa dos 30 anos.

Peixe idiota

"Idiot fish", de Hakim Mao (2022) Com um roteiro criativo escrito por Julie Debiton, "Peixe idiota" é um drama romântico francês, que parte da brincadeira de um casal de namorados. A caminho das férias de verão, Jimmy (Domhnall Herdman) e Guillaume (Arturo Giusi) testam seu relacionamento. Jimmy se torna um carona perdido e Guillaume um motorista solitário. Eles vão fingir que não se conhecem e brincar de se encontrar e seduzir novamente. Tudo vai bem até que um jovem e sedutor rapaz, Dylan (Sayyid El Alami) surge na estrada pedindo carona. A sua presença irá desestabilizar o relacionamento de Jimmy e Guillaume. Com ótimas performances dos 3 atores principais, o filme exale sensualidade e principalmente, a oportunidade de se discutir o relacionamento, indo à verdades que raramente os parceiros se permitem invadir. Belas locações e linda fotografia, com um desfecho em aberto.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Puan

"Puan", de María Alché e Benjamín Naishtat (2023) Vencedor dos prêmios de melhor ator para Marcelo Subiotto e melhor roteiro em San Sebastian 2023, "Puan" é um drama com toques de tragicomédia que retrata o rumo que a educação argentina está tomando no governo atual (nada muito diferente do Brasil). As universiaddes públicas e o ensino em geral está totalmente sucateado pelo governo: professores com salários atrasados, instalações precárias e desinterese dos alunos. Através da comédia satirica, os diretores e roteiristas María Alché e Benjamín Naishtat mostram uma história de rivalidade entre 2 professores de pensamentos e vidas distintas, mas descobrem que o inimigo maior está bem acima deles. Puan é o nome da rua da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires. É ali que Marcelo (Marcelo Subiotto) dá aula como professor de filosofia. Ele viveu toda sua carreira acadêmica acompanhando seu mentor, Eduardo, que é professor titular na cátedra da instituição. Eduardo morre subitamente do coração. O seu cargo fica em aberto. Eduardo acredita que naturalmente a vaga será dele. Ma qual a sua surpresa ao decsobrir que Rafael (Leonardo Sbaraglia), um ex-aluno de Eduardo e colega de classe de Marcelo que fez sua carreira na Europa e nos Estados Unidos, também deseja a vaga. Com salários em dia pela universidade que leciona na Alemanha, namorando uma celebridade, Rafael é talvez a solução para a modernização da faculdade e para atrair novos alunos. Quando li a sinopse, imaginei um filme no etsilo 'RElatos selvagens", com muitas brigas e disputa entre os dois rivais. Mas essa sensação logo se dissipa. Sbaraglia aparece pouco, e o pouco se preocupa mais em entender como um professor de filosofia sobrevive, dando aulas extras para idosas e lidando com a esposa líder feminista e um filho contestador. É bom, mas esperava mais comédia ácida. Vale pelos atores, excelentes, e pela provocação que o filme propõe, sobre o pouco caso que o governo dá para a educação.

Inquietações de uma mulher casada

"Inquietações de uma mulher casada", de Alberto Salvá (1979) Cronista de relacionamentos amorosos de personagens da classe média, Alberto Salvá faleceu em 2011. Deixou obras que provocaram polêmica na época do seu lançamento, como "A menina do lado", um filme que hoje certamente seria cancelado pelo relacionamento pedófilo entre um homem quarentão, interpretado por Raginaldo Farias, e Flavia Monteiro, na época com 14 anos. "Inquietações de uma mulher casada" também causou furor, com os protagonistas vivenciando o amor livre, swing e traições extra relacionamento. O filme, escrito por Salvá e lançado em 1980, certamnete foi influenciado pelos furacões "Uma mulher descasada", com Jill Clayburgh intrepretando uma mulher que decide tomar rédea de sua vida, na obra de Paul Mazursky, e "Kramer vs Kramer", com Meryl Streep abandonando marido e filho pela sua insatisfação com a sua vida de casada e mãe. Luiza (Denise Bandeira) é casada há 8 anos com Luis Antônio (Otavio Augusto), e mãe de Sandrinha, 8 anos. Luiza é dona de casa e Luís é adgovado de uma construtora. Luiza cuida do lar, da filha e orienta a empregada nos afazeres. Um dia, Luíza confidencia para Luís que deseja viajar para salvar o casamento. Sua relação com seus pais e seus sogros é péssima, e a crise no casamento é evidente. Ao irem na casa de um casal de amigos (Jonas Bloch), eles cabam participando de um swing. Visitando um amigo, local onde está rolando uma filmagem, Luisa revê Marcos (Nuno Leal Maia) e tem um caso extra-conjugal com ele. Com atuações brilhantes de Denise Bandeira e de Otavio Augusto, esse filme merecia ser refilmado ou transformado em peça de teatro. Claro, ambientado no início dos anos 80, uma época onde mesmo com um forte movimento feminista no mundo, ainda repercutia pouco no Brasil, e o início da liberação e independência feminina.

Norma

"Norma", de Santiago Giralt (2023) Co-produção Argentina e Uruguai, "Norma" é um drama com tintas de comédia protagonizado pela estrela argetina Mercedes Morán. ela é Norma. Assim como "Shirley Valentine", "Gloria" e outros filmes que retratam a frustração da vida aos 50 anos, Norma é casada e tem uma filha médica. Mas ao apontar a câmera para si mesma, ela percebe que seu casamento é fracassado e que sua relação com sua filha, sua irmã e sua mãe está em frangalhos. Para piorar, a sua empregada que trabalha com ela há anos, Rosita, decide abandoná-la por um trabalho que paga mais. Ao decidir ela mesma cuidar da casa, Norma só tem a atenção para Roberto, seu jardineiro sexy. Um dia, ao lavar as roupas de sua filha, ela encontra uma latinha contendo maconha. Noprma decide experimentar, e a partir desse momento, sua vida dá uma reviravolta que até então, ela não tinha coragem de enfrentar. "Norma" tem um começo bastante promissor, fazendo uma crítica ao conservadorismo e a hipocrisia da classe média argentina e suas donas de casa fúteis. Mas ao inserir na trama o "Poder" do uso da maconha como um elemento libertador e revolucionário, o filme ignora os caminhos da mulher que busca a independência e que é antenada com os movimentos feministas e de empoderamento que rondam o mundo. Se fosse ambientado entre os anos 70 ou mesmo 90, antes da internet e ainda sobre o signo do movimento hippie e da liberação das drogas, o filme teria mais efeito. Mas o mais crítico para mim, foi, já em seu terceiro ato, penalizar uma personagem que até então, o espectador acreditava ser consicnte e digna de sua busca por melhores condições sa;ariais e de humanização de trabalho. Encaixar essa personagem como a amante é um enorme retrocesso. Vale pelo lindo trabalho de MArcedes Morán, ótima, mas que mereceria uma personagem mais condizente com a contemporaneidade.

domingo, 24 de dezembro de 2023

Dias perfeitos

"Perfect days", de Wim Wenders (2023) Vencedor no Festival de Cannes 2023 dos prêmios de melhor ator para Kôji Yakusho e de melhor filme do juri ecumênico, 'Dias perfeitos" está na short list dos 15 filmes pré-selecionados pro Oscar internacional 2024. 40 anos depois de rodar o seu belo documentário "Tokyo Ga", uma homenagem ao cinema de Yazujiro Ozu, de quem é grande fã, Wenders pega emprestado o nome do protagonista do último filme de Ozu, "A rotina tem seu encanto", para o protagonista de 'Dias perfeitos", Hirayama (o super astro Kôji Yakusho, de "A enguia", "Memórias de uma gueixa", "Shall we dance", "Babel"). O filme poderia perfeitamente ter sido chamado de "A rotina tem seu encanto parte 2": é justamente sobre a delicadeza da rotina, o encantamento da vida simples que Wenders apresenta. Com uma trilha sonora que vai de Lou Reed, The animals, Nina SImone, entre outros, o filme apresenta, com um olhar documental, o dia a dia de Hirayama: limpador de banheiros públicos localizados em parques na cidade de Shibuya, Hirayama alterna o seu dia entre trabalho meticuloso, leitura de livros ao dormir, escutar fitas K-7 com clássicos dos anos 70 e jantar no restaurante de Mamma, uma dona de restairante de meia idade, que poderia desenvolver um romance com Hirayama, mas o filme não é sobre isso. Com ritmo contemplativo, pouca coisa acontece no filme, e ao longo de 2 horas de filme, alguns personagens surgem para alterar a rotina de Hirayama, mas sme causar grandes reviravoltas. Mas é a cena final que certamente deve ter arrebatado o juri de CAnnes: por longos minutos, em plano-sequência, um close de Hirayama, em performance formidável de Koji Yakusho, ao som de "feeling godd", de Nina Simone, expõe de forma minimalista seus sentimentos no olhar.

Sleep

"Jam", de Jason Yu (2023) Concorrendo ao Camera D'or em Cannes, 'Sleep" é um drama de terror psicológico que remete à clássicos como "O bebê de Rosemary", "O inquilino" e 'A repulsa ao sexo". O que os une? Um terror clasutrofóbico, que acontece quase que inteiramente dentro de um apartamento, onde a protagonista começa a enfrentar um distúrbio paranóico, a ponto das pessoas a considerarem louca. Alucinação? possessão? Uma alegoria sobre a pressão da conviv6encia conjugal, ou do matrimônio? Soo-jin (Jung Yu-mi) é uma mulher grávida que começa a se preocupar com os hábitos de seu marido, Hyun-su (Lee Sun-kyun), enquanto ele dorme. Ela trabalha em uma empresa de design. Ele é ator, mas se sente frustrado pela pouca oportunidade que lhe oferecem. Uma noite, Kyun-su sofre de sonambulismo, e passa a agir estranhamente. Com o tempo, ele vai se tornando violento e quando o bebê nasce, Soo-Jin teme que omarido maltrate a criança. No início, eu comecei a gostar do filme justamente pela imprevisibilidade e pela curiosidade ems aber o que estaria acontecendo com o personagem do marido. Mas ao longo da trajetória, já tava claro para mim que o filme é uma parábola sobre o matrimônio. Eu me irirtei muito com a protagonista: se ela se sente ameaçada e teme pela filha, porquê ela não se muda pra casa da mãe? Ou para um outro local? Porquê ainda mora com seu marido, e passando horas sem dormir, temendo que ele a ataque, como em "A hora do pesadelo"?. Com boas performances, o filme poderia ter rendido mais, investido mais no terror.

A versão persa

"The persian version", de Maryam Keshavarz (2023) Vencedor do prêmio do público para melhor drama em Sundance 2023, "A versão persa" é um drama autobiográfico escrito e dirigido pela cineaspa de iraniana/americana Maryam Keshavarz, radicada nos Estados Unidos. Em seu longa de estréia, ela fala sobre a história das mulheres de sua família, uma história de luta, silêncios e de empoderamento tardio. Leila (Layla Mohammadi) é uma aspirante a cineasta criada em NY e que deseja se tornar uma versão iraniana de Martin Scorsese. Ela mora com seus 8 irmãos, todos homens, e seus pais, Shireen (Nousha Noor) e seu pai, o médico Ali Reza. Quando Leila anuncia para seus pais que namora uma mulher, sua mãe a expulsa de casa. Quando o pai, um dia, passa mal e precisa de um transplante de coração, todos se reencontram no hospital. Para piorar a situação, Leila engravida de um ator que se traveste de Hedwig, durante uma one night stand em uma festa. Ao passar um tempo com sua avó, Leila passa a entender melhor a história trágica de sua mãe no Irã e o motivo de sua partida para os Eua. Para quem ama melodrama, o filme é um prato cheio. Entre momentos de humor envolvendo família e muito drama emotivo, com traições, fugas e perdões, o filme traz um excelente elenco e uma edição às vezes confusa, envolvendo 3 épocas distintas: anos 60, 80 e 2000. Alguns momentos poéticos e divertidos, como as mulheres no Irã dançando ao som de "Girls just wanna have fun", de Cindy Lauper, garante alguns sorrisos da platéia.

Leo

"Leo", de Lokesh Kanagaraj (2023) Remake de "Marcas da violência", de David Cronemberg e por sua vez adaptado da graphic novel " A history of violence", de John Wagner e ilustrada por Vince Locke, publicada em 1997. "Leo" é um filme de ação indiano, dirigido por Lokesh Kanagaraj e protagonizado pelo mega astro Joseph Vijay. O filme foi um enorme sucesso comercial na Índia e considerado um dos melhores filmes do ano pelos críticos do país. É impressionante como os filmes de ação indianos e sul coreanos dominaram o mundo, superando as produções hollywoodianas, com coreografias de ação surpreendentes. Joseph Vijay é Parthiban, que vive com sua amada família em uma cidade pequena, onde administram um café. Sua esposa Satya e seus filhos, o adolescente Siddhu e a pequena Chintu. Um dia, criminosos invadem o café e ao ameaçarem uma funcionária e sua filha Chintu, Parthiban surta e mata todos os criminosos. Ele vai preso, mas a opinião pública o considera um herói e ele é solto. Harold Das, um gangsters, se depara com sua foto no jornal e o identifica como Leo Das, que foi considerado morto há muitos anos. Ele segue com sua quadrilha para matar Parthiban. Repleto de extravagâncias, (basta lembrar de "RRR"), com muitos exageros, performances caricatas e claro, os deliciosos números musicais. O filme é super divertido, com muita porradaria e um humor que só os indianos e sul coreanos trazem aos filmes.

sábado, 23 de dezembro de 2023

E o Rei disse, que máquina fantástica

"And the King Said, What a Fantastic Machine", de Axel Danielson e Maximilien Van Aertryck (2023) Premiado documentário co-produzido pela Dinamarca e Suécia, ganhou prêmio em Sundnace e em Berlim. O cineasta sueco Ruben Ostlund, de "Triângulo das tristezas" e "The square" é um dos produtores. O filme traz as sguintes cartelas finais, todas assustadores sobre a nossa realidade: são 45 bilhões de câmeras no mundo, produzindo 500 horas de filmagem por hora e a produção de 1 bilhão de horasa de conteúdo por dia. Com esse relato catastrófico, o filme traça um panorama sobre a relação do homem com a câmera,d esde o século XIX, até a criação de Melies e Lumiere, passando pelas câmeras fotográficas pessoais. Uma das teses do filme é mostrar o quanto que as imagens que vemos são manipuladas por quem a tira. Através de uma imagem de uma jovem morta no terremoto do Haiti em 2010, vemos um outro ângulo da mesma foto: uma fila de fotógrafos desesperados em tirar o melhor 6angulo da morta. O filme é uma colcha de retalhos de tudo o que se possa imaginar, editado aleatoriamente: a criação de canais de Youtube e a aproximação de pessoas anônimas com segudores; canal do Onlyfans; Instagram; selfies onde pessoas arriscam suas vidas para tirarem o melhor ângulo; câmeras registrando online 24 hrs na vida de pessoas; até mesmo depoimento com a cineasta alemã Leni Riefhenstal mostrando imagens de seu clássico "O triunfo da vontade", onde manifestações nazistas são filmadas de forma criativa e únicas, enaltecendo o poder das imagens. Tem de tudo no filme, e talvez a sua falta de foco seja o seu maior problema. Como ponto positivo e o principal fator de se assistir ao filme, é um apanhado incrível de vídeos, como a d eum homem que foi para um canal de tv para ser entrevistado para uma vaga de emprego, foi confundido com o entrevistado do canal e foi ao ar responder perguntas da apresentadora, e ele acreditou que aquilo fizesse parte da entrevista e respondeu tudo com muita segurança. Primoroso.

Priscilla

"Priscilla", de Sofia Coppola (2023) "Priscilla" é baseado no livro de memórias de 1985, "Elvis and Me", escrito por Priscilla Presley e Sandra Harmon. Abrangendo o período de 1959, quando aos 14 anos, conheceu Elvis Presley e dois anos depois, foi morar com ele, até o seu divórcio, em 1972, quando decidiu se separar do astro e tomar rédea de sua vida, até então, um bibelô nas maos de um Elvis mostrado no filme como tóxico, traidor, e que oferece pouco à vida em conjunto, dando preferência à carreira artística do que à esposa e à filha Lisa Marie. Cailee Spaeny, como Priscilla, venceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza 2023, com uma performance de uma mulher incocente e ingênua e que vai se transformando ao longo do filme. JAcob Elordi empresta beleza a Elvis, mas lhe faltou imprimir uma marca, o personagem é opaco e apagado. Sofia Coppola sabe narrar uma história à sua maneira, com planos bem compostos, excelente fotografia, tudo sofisticado mas com ritmo lento. Porém, o que faltou ao filme, e é seu maior pecado, são a smúsica de Elvis na trilha. A produção não obteve autorização da Elvis Presley enterprise para inserir a smúsicas na trilha, o que fez bastante falta. Ver um filme sem suas músicas faz parecer que estamos vendo um drama sobre emancipação feminina de uma personagem americana, mas não a de Priscilla muito menos de Elvis.

Garra de ferro

"The iron claw", de Sean Durkin (2023) Drama baseado em incrível e trágica história real, "Garra de ferro" conta a história da família Von Erich. Dos anos 70 aos 90, os 4 filhos de Jack (Holt McCallany), um lutador frustrado, se tornaram lutadores de luta livre profissional, o popular wrestling, que fazia enorme sucesso com o público americano, sendo televiosando com enorme audiência. A pressão familiar e profissional, aliado à frustração foi tamanha, que 3 dos filhos se suicidaram, além do 1o ter morrido aos 8 anos de idade. Kavin (Zac Efron), David (Harris Dickinson), Kerry (Jeremy Allen White) e Mike (Stanley Simon). Kevin se suicidou após se separar de sua esposa; em 1984, David foi encontrado morto em seu quarto de hotel aos 25 anos. Ele sofria de enterite aguda no intestino, o que causou um ataque cardíaco. Três anos depois, Mike teve uma overdose de tranquilizantes após descobrir que sua carreira como lutador teria que ser interrompida devido a uma lesão no ombro. Kerry se suicidou em 1991. O filme apresenta a família desde a infÂncia até a fase adulta, com excelente caracterização. ( o corte de cabelo de Zac Efron chegou a virar meme, em estilo "He man"). Maura Tierney está formidável como a mãe Doris, uma mulher religiosa que impõe uma educação rigida aos filhos. O pai, também bem defendido por Holt McCallany), traz o clichê do pai treinador e empresárioque regra seus ilhos à ferro e fogo. Mas todo o marketing do filme é em cima de Zac Efron, que prova mais uma vez, depois de diversos filmes fora do mainstream, que é mais do que um rostinho bonito, e que quer ser visto em trabalhos viscerais.

O bêbado

"O bêbado", de André Marques (2023) Longa de estréia do roteirista e cineasta português André Marques, o drama venceu o prêmio Fipresci no Festival Caminhos do cinema português 2023. André é bastante conhecido pelos seus premiados curtas-metragens por apresentar um cinema humanista, que traz os conflitos de uma Europa fragmentada pelas migrações conturbadas de povos distintos, tentando sobreviver diante da brutalidade da sociedade dita primeiro mundo. Um fato inconteste nos filmes de André, é a sua excelência como diretor de atores. Em "O bêbado", os personagens interpretados pelos atores Vitor Roriz, como o protagonista Rogério, Ina Esanu, como a refugiada do leste europeu Oksana e especialmente Teresa Madruga, como a mãe de Rogério, conferem lindas camadas de emoção em construções compleas e minimalistas, escondendo uma dôr interna expressas pelo olhar. Rodado em Setúbal, o filme apresenta Rogério, um homem na faixa dos 35 anos, vivendo de seguro desemprego. Alcóolatra, Rogério vive na casa da família: sua mãe mora na porta da frente, para onde Rogério constantemente pede ajuda financeira. Sem perspectiva de um futuro que o abrace, Rogério esbarra com Oksana, uma refugiada que lhe pede ajuda. Ele a leva até sua casa, mas não esperava que mafiosos russos e portugueses o seguisem e espancassem ele e à moça. eles pedem que ele a leve até um ponto marcado no dia seguinte, com a promessa de se vingarem de sua família. Durante esse tempo, Rogério v6e a sua vida transformada pela inesperada ajuda humanitária que ele é obrigado a enfrentar. A cena inicial me remeteu à "Apocalipse now": o protagonista, fora de si, dança freneticamente, aqui, ao som de "Quero é viver", de Antônio Variações, na versão da banda "Humanos". Em determinados momentos lembrando o cinema dos irmãos Dardenne e até mesmo de Cronemberg, o filme abraça o altruísmo, um sentimento necessário para que o caos social instaurado no planeta consiga encontrar um equilíbrio. A direção de André é pontual, delicada, sutil, e ainda assim, trazendo uma forte cena de violência.

Vampiro humanista procura suicida voluntário

"Vampire humaniste cherche suicidaire consentant", de Ariane Louis-Seize (2023) Vencedor de 14 prêmios internacionais, entre eles, em Sitges e Veneza, "Vampiro humanista procura suicida voluntário" é o longa de estréia da cineasta canadense Ariane Louis-Seize, que também es creveu o roteiro. O filme é uma comédia adolescente de terror, que traz ainda drama e romance. Poderia descerev6e-lo como uma versão pop teen de "Fome de viver" híbrido com "Lost boys". A protagonista é Sasha, uma jovem vampira com um sério problema: ela é humanista e sempre preza pela vida das pessoas. Desde criança, seus pais fazem de tudo para que ela mate alguém e beba o sangue, mas ela nunca conseguiu. Já adolescente, seus pais tomam um ultimato: cortam a sua alimentação e querem que ela entre em um processo de fome gerada por desejo de sangue humano. Até que ela conhece o jovem Paul, um estudante que sofre bullying na escola e que deseja se suicidar. Juntos, passam uma noite onde Paul se deixaria matar por Sasha, e assim, finalmente, ela ter o seu batismo de vampira. O filme é muito criativo, com um look totalmente anos 90, quase que um filme de Tim Burton, se investisse mais na direção de arte e na bizarrice. Tem um tom de debioche e ironia de "O que fazemos na ssombras", de Taika Waikiti, mas investe menos na comédia, relegada ao n;ucleo de seus pais.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Nunca fomos modernos

"Usvit", de Matej Chlupacek (2023) Ótimo drama LHBTQIAP+ tcheco, "Nunca fomos modernos" traz a urgentíssima pauta sobre gêneros para o ano de 1937, pré 2a guerra mundial, em uma trama ousada e bastante controversa para um filme de época. Com a aparente aura de drama clássico, "Nunca fomos modernos" apresenta um tema que remete à intersexualidade, outrora chamada de hermafroditismo. Prêmio de melhor ator para o ator Richard Longton, para o complexo papel do personagem intersxual Sasa, premiado em Thelassonik. Ambientado em 1937, na antiga Tchecoslovakia, uma metrópole que deseja crescer e se tornar moderna, o filme apresenta Helena (Eliska Krenková), a esposa dedicada do diretor de uma fábrica de tecidos sintéticos e que está com forte crescimento em demanda de produção. Helena trabalha como enfermeira na fábrica e está grávida. Helena e seu marido Alois estão em uma fase de extrema felicidade. Um dia, no entanto, funcionários da empresa encontram enterrado um corpo de um bebê, que apresenta os 2 sexos. Alarmados, os funcionários e Alois escondem o fato de todos, temendo que a repercussão atrapalhe a imagem da empresa. Ao cuidar d eum dios funcionários na enfermaria, Sasa, Helena percebe que ele é intersexual e que foi quem gerou o feto enterrado. Alois proíbe que Helena se envolva na história, e logo ela percebe que vive em uma bolha, cercada por homens poderosos, conservadores, homofóbicos e machistas. O filme vale muito ser visto, tanto pelo ótimo roteiro, quanto pela produção, com requintada fotografia e ficha técnica. O elenco, principalmente Eliska Krenková no papel de Helena e Richard Langton, como Sasa, estão comoventes em seus complexos personagens.

Saltburn

"Saltburn", de Emerald Fennell (2023) A cena final de 'Saltburn" já faz valer o filme inteiro: em plano-sequência, o ator Barry Keoghan, totalmente nú, dança em plano-sequência a música "Murder on the Dancefloor" de Sophie Ellis- Bextor. É uma cena ousada, e Keoghan mostra total disponibilidade, uma cena que pouquíssimos atores certamente teriam coragem de fazer. É sexy, um presente para qualquer espectador voyeur e amante de cenas homoeróticas. O filme já havia criado um burburinho na internet por conta da divulgação de uma cena onde o personagem de KEoghan engolia o sêmen do personagem de Jacob elordi em uma banheira. Mas além dessa cena, o filme reserva mais outras 3 cenas igualmente polêmicas e fetichistas. Mas "Saltburn" vai além do seu forte erotimo: ele tem uma trama que remete aos clássicos "Teorema", de Pasolini, e "O talentoso Mr Ripley". Com uma performance excelente, Keoghan, que foi indicado ao Oscar de coadjuvante em 2022 por "Os Banshees de Ineshirin" mostra ser dos atores mais versáteis e talentosos da nova safra. A diretora de "Bela vingança" e 'Killing eve", a cineasta e roteirista Emerald Fennell novamente volta com uma trama de humor ácido, assassinatos, obesessão e vingança. Produzido por Margot Robbie, o filme traz keoghan no papel de Oliver, estudante bolsista de Oxford. Obcecado pela beleza de um dos alunos, o milionário feliox (Jacob Elordi), Oliver acaba ajudando Felix e ambos se tornanm amigos. Ao narrar que é órfão de pai, Oliver ganha a simpatia de Felix, que o convida para passar um tempo em sua mansão, Saltburn, junto de sua família: a mãe de Felix, Elspeth (Rosamund Pike), sua irmã Venetia (Alison Oliver), o primo Farleigh (Archie Madekwe. Oliver acaba seduzindo a todos na mansão e adquire uma outra personalidade. eu tava achando o fiulme bastante chato, mas a cena final de fato me conquistou e fiquei repensando o filme todo. Bom, mas promete mais do que realmente é.

O meu corpo

"Il mio corpo", de Michele Penetta (2022) Documentário italiano escrito e dirigido por Michele Penneta e que participou de importantes festivais. O filme foi elogiado por críticos pela sua narrativa que mescla com a narrativa neo realista, acompanhando a rotina de dois adolescentes desfavorecidos da Sicília. Oscar e Stanley não se conhecem, e cada um está em um lado de Socília. Oscar, branco, trabalha com seu pai, catando sucatas no lixão. Ele tem um relacionamento abusivo com o pai, que tem uma nova namorada. Oscar alterna momentos de trabalho, pedaladas de bicicleta pelas paisagens áridas e conviv6encia com seu irmão mais velho. Stanley é um imigrante nogeriano que aguarda uma decisão oficial sobre um visto que lhe permitiria permanecer no país. O padre local encontrou para ele algum trabalho temporário, incluindo pastorear ovelhas. Ele divide o quarto do alojamento com o amigo Blessed. Eles vão para festas, dançam ritmo africano. O filme faz um paralelo sobre uma geração sem perspectivas de futuro, desalentadas, e suas reflexões sobre a vida atual. Emoldurada pela bela footgrafia e paisagens d aregião, mostrando tanto o sol escaldante, onde trabalham, e um paralelo religioso: Stanley na igreja, Oscar encontrando uma estátua da Virgem Maria entre os escombros, com uma bela homenagem ao prólogo de "La dolce vita", de Fellini, com a estátua sobrevoando o céu.