terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Um lugar ao sol

"Um lugar ao sol", de Gabriel Mascaro (2009) Documentário polêmico e controverso dirigido pelo pernambucano Gabriel Mascaro e lançado em 2009. Mascaro é diretor dos premiados "Boi neon", "Ventos de agosto" e "Divino amor". Mascaro pega emprestado o título do clássico de George Stevens, com Montgomery Clift, Shelley Winbters e Elisabeth Taylor e apresenta 8 família de milionários que moram em coberturas de Recife, são Paulo e Rio de Janeiro, entre eles, a falecida socialite francesa radicada no rio Claude Amaral Peixoto. A polêmica vem pela forma como Mascaro abordou os entrevistados: segundo li em algumas matérias, ele foi apresentado como um famoso diretor de publicidade internacional,e. por isos, teve acesso ao mundo dos muito ricos que abriram suas portas e seus corações para exporem temas bastante controversos, sobre regalias, Poder, esbanjamento e divisão de classes. Uma moradora diz em determinado momento que ela mora em uma cobertura do lado do Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, e que ela acha lindo as balas tracejantes coloridas que surgem no céu, durante guerra de facções. Outra, diz que a vantagem, de morar em cobertura é que os empregados ficam bem longe e ela não escuta o barulho das panelas. Fico imaginando as reações dos depoentes assistindo ao filme, se é que assistiram, e o quanto se sentiram traídos ou apenas acharam interessante tudo o que foi falado. De qualquer forma, é um contraponto interessante de muitos documentários brasileiros que focam na pobreza, no morador das favelas. AGora é a vez de ouvir o previlégio e ao memso tempo,a. insegurança dos que moram em coberturas que segundo uma moradora, é seu cofre forte, totalmente monitorado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Achados e perdidos


"Objetos", de Jorge Dorado (2022) Drama de ação co-produzido pela Espanha e Argentina, com ators de ambos os países, "Achados e perdidos" tem uma trama que mistura gêneros: drama, ação, thriller. O roteiro tem uma história mirabolante, que fica difícil de aceitar, principalmente a partir da metade do filme, mas no geral é um bom filme com bons atores e que cumpre o que promete; entreter. Mario (Alvaro Morte) é um funcionário de uma empresa de Achados e perdidos. A sua missão é encontrar o dono de objetos abandonados, perdidos e encontrados em qualquer lugar. Um dia, ele encontra uma mala abandonada no rio e lá, além de objetos de bebês, está o cadáver de um neném. MArio é solitário e anti-social, e tem como única amaiga a policial Helena (Veronica Echegui). Ele quer descobrir o dono da mala, e acaba se deparando com uma máfia de prostituição de luxo. Com participação do argentino Daniel Araóz no papel do mafioso Ochoa (protagonista de "O homem do lado", o filme tem no seu elenco o seu ponto forte. A trma é rocambolesca e fica difícil aceitar que Mario investe dinheiro próprio para ir até outro país para desbaratar a quadrilha. Me lembra momnentos de "Drive", com Ryan Gosling, o herói silencioso e bruto. Um filme de ritmo lento, arrastado, que pode irritar quem busca um filme de ação.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Quando ousamos existir

'Quando ousamos existir", de Claudio Nascimento e Marcio Caetano (2022) Documentário que fez parte de um pós-doutorado de Claudio Nascimento, foi realizado pelo Centro de Memórias do Ativismo João Antônio Mascarenhas, e levou quatro anos para ficar pronto. "A gente está pegando aí as primeiras organizações que foram institucionalizadas no Brasil, ou seja, da década de 1970 até a Constituinte de 1988, quando o gaúcho João Antônio Mascarenhas foi o primeiro homossexual a estar no congresso nacional representando os movimentos sociais LGBT daquele contexto", diz Caetano em determinado momento do filme. O filme revive a luta político-cultural pela liberação e afirmação LGBT na década de 1970, até as primeiras ações de promoção da cidadania nos anos 80. Em mais de 40 anos do movimento LGBT brasileiro, suas ações confundem-se com as mudanças da democracia no país. Um dos depoentes diz que com a instituição da AI-5, os movimentos lgbt tinham receio de serem confundidos com os grupos terroristas e acabaram se retraindo. O filme traz dezenas de depoimentos de lideranças ativistas LGBT, como o escritor João Trevisan; João Nery, o primeiro homem trans a realizar a cirurgia de redesignação sexual no país (1977); Regina Facchini, ativista de direitos humanos, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu (UNICAMP); Marcelly Malta, coordenadora da ONG Igualdade – RS e travesti militante do Movimento Trans e de Direitos Humanos em Porto Alegre; e Paulo Fatal, que integrou o Grupo Triângulo Rosa e foi um dos primeiros ativistas a se posicionar no enfrentamento à epidemia de Aids nos anos de 1980. Com 90 minutos, o filme é bastante didático, com depoimentos reveladores sobre o movimento Lgbt desde o início dos anos 70 passando pelos 80. Link para assistir ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=PUQuo0KOQVo

Memórias de Paris

"Revoir, Paris", de Alice Winocour (2022) Vencedora do prêmio de melhor atriz no César 2023 por "Memórias de Paris", a atriz Virginie Efira mostra porquê é das melhores atrizes francesas de sua geração: versáril em drama e comédia, esteve recentemente no filme de Paul Verhoeven, "Benedetta", de onde saiu consgrada pela sua performance visceral. Agora, Virginie interpreta Mia, uma tradutora de russo, em um momento feliz de sua vida, namorando com o médico cirurgião Vincent (Gregoire Colin). Mas ao decidir ir sozinha em um bar para tomar um drink, após se despedir de Vincent, Mia vivencia uma noite de intenso terror: o bar é invadido por um terrorista que metralha a todos, clientes e funcionários. Três meses depois, Mia, que havia se isolado na casa de sua mãe, retorna à Paris e decide retomar a sua vida. Desmemoriada, ela não se lembra da noite, e aos poucos, vai se relembrando da tragédia. Ela é acusada por uma sobrevivente de ter se trancado no banheiro e não deixar ninguém entrar. Ao mesmo tempo, ela conhece Thomas (Benoit Magimel), outro sobrevivente, um banqueiro, que ficou com a perna cheia de implantes. Mia se recorda que um cozinheiro segurou a sua mão o tempo todo na noite e ele quem a salvou, e decide ir atrás do desconhecido. inspirado nos atentados do dia 13 de novembro de 2015, "Memórias de Paris" é um filme muito triste, repleto de melancolia e de performances arrebatadoras. COncorreu na Quinzena dos realizadores em Cannes. O filme, habilmente dirigido por Alice Winocour, vai construindo um quebra cabeças humanista e emocionante, sem apelar para melodrama, para falar sobre compaixão e humanismo no meio do caos. Um lindo desfecho.

Sinfonia de um homem comum

"Sinfonia de um homem comum", de José Joffily (2022) Documentário produzido pela Globonews junto da Cuevo Filmes, do cineasta José Joffily, realizador de filmes de sucesso como "Olhos azuis", "Sampaku" e "Quem matou pixote?". Ultimamente Joffily tem se dedicado a documentários, e com 'Sinfonia de um homem comum", ele narra a trajetória do diplomata José Maurício Bustani, que por um acaso, é seu amigo de longa data, por isso tem intimidade o suficiente para entrevistá-lo e fazer com que ele se abra pro inteiro ao projeto. O roteiro foi desenvolvido por David Meyer, Jordana Berg, Pedro Rossi e José Joffily. Bustani foi o primeiro diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), entidade internacional criada em 1997 para banir do planeta as armas de destruição em massa. O filme é bem didático sobre esse período histórico, dando o seu ponto de vista sobr eo imbroglio envolvendo Bustani e George Bush, então presidente americano: Os Estados unidos estariamde olho na reserva de petróleo do Iraque. Um bom pretexto para tomar o Iraque surgiu com o ataque terrorista às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001: Bush inventou a história que Saddam Hussein teria armas químicas e, consequentemente, o Iraque deveria ser “democratizado” pelos EUA. A queda de Bustani começou a ser levantada quando ele insistiu em manter rigor nas inspeções de arsenal químico para todos os países membros. Isso irritou a América, que começou a divulgar na mídia que Bustani era mulherengo e incompetente em suas funções. O governo, na época o presidente Fernando Henrique Cardoso, abandonou Bustani à sua própria sorte, e acabou demitido. O próprio Fernando Henrique dá depoimento alegando não se lembrar de muita coisa da época. Lula, ao tomar conhecimento da coragem de Bustani de enfrentar Bush, reservou ao diplomata o cargo de embaixador do Brasil no Reino Unido. Atualmente aposentado, Bustani foi o pianista do concerto da Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro, em outubro de 2019, composta de jovens de uma favela e regida por Tobias Wolkman, do Teatro Municipal. O filme começa mostrando Bustani nos ensaios e alegando que não vai tocar em um piano sem afinação, e termina com o concerto.

Mi Iubita, meu amor

"Mi iubita, mon amour", de Noémie Merlant (2021) Exibido no Festival de Cannes 2021, "Mi iubita, mon amour" é a estréia da atriz Noémie Merlant, do intenso "Retrato de uma mulher em chamas", na direção de longas. O filme foi produzido com um orçamento mínimo, e consta que na equipe técnica haviam apenas a fotógrafa e câmera Evgenia Alexandrova e um técnico de som. O roteiro foi desenvolvido por Noemie e seu astro Gimi Covaci, um jovem cigano que ela conheceu quando dirigiu seu curta 'Shakira", em 2019. O elenco todo improvisou em cima da base do roteiro. A família de Gimi: pai, mãe, irmãos, todos interpretam a família real do personagem no filme. O longa foi rodado em apenas 14 dias, na Romênia, entre a capital e o mar negro. JEanne (Noémie Merlant) vai se casar em um mês e decide ir de carro com suas amigas Katia, Lola e helena para uma despedida de solteira. Na estrada, o carro delas é roubado, e elas são ajudadas por uma família de ciganos romenos, cujo filho, Nino (Covaci) se interessa logo por Jeanne, e ela, idem. Jeanne fica em conflito, mas assume esse amor de verão, e se entrega, mesmo sabendo que o garoto é menor de idade, 17 anos, e que a família está sendo ameaçada pro uma gangue por conta de dívidas. Mesclando romance, humor sutil e drama,"Mi Iubita ( que em romeni significa "Meu amor)" é um bom filme, repleto de frescor de um romance de verão. Não fosse o seu sub-plot dramático, sobre a dívida da família, o filme seria certamente uma boa pedida para quem busca filmes românticos descompromissados. É interessante ver locações pouco usuais em filmes romenos, e entender mais da cultura local. As cenas no Mar Negro são especialmente bonitas e dinâmicas. A cena final é id6entica à cena inicial de "Free zone", com Natalie Portman chorando em plano sequência e mais de 5 minutos com uma música folclórica como pano de fundo.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Robusto

"Robust", de Constance Meyer (2021) Exibido na Semana da crítica do Festival de Cannes 2021, "Robusto"certamente fará o espectador lembrar do super sucesso francês "Os intocáveis": aqui também acompanhamos a difícil relação entre um homem odioso, ególatra, arrogante e a sua assistente negra. O que muda são as profissões: Gerard Depardieu interpreta Georges, um ator famoso porém conhecido pela sua fama de arrogante e péssimo temperamento. Quando o seu segurança pessoal, Lalou, precisa se ausentar por um mês, ele coloca em seu lugar a segurança Aissa (Déborah Lukumuena, melhor atriz coadjuvante pelo ótimo "Divinas"). Aissa além de segurança é motorista e bate o texto do personagem de Georges. Em princípio arredio, aos poucos Georges vai se abrindo à calada e introvertida Aissa, que na vida pessoal também tem seus problemas mal resolvidos com um amante que é segurança e com sua treinadora de luta livre. Juntos, os dois precisam aprendera lidar com as diferenças. Vendido como comédia, o filme na verdade é mais dramático e trata de duas pessoas inseguras, introvertidas e anti-sociais. Estréia da roteirista e cineasta Constance Meyer no cinema, o roteiro tem bons diálogos e apresenta o mundo do astro insuportável sendo arrogante com todos que o rodeiam. ALgo que certamente muita gente já deve ter passado. Depardieu e Lukumena estão sensacionais em seus papéis, com uma química formidável. Fico imagianndo o quanto de George o próprio Depardieu deve ter.

A inspeção

"The inspection", de Elegance Bratton (2022) Vencedor de diversos prêmios em festivais independentes, "A inspeção" é escrito e dirigido por Elegance Bratton. O filme é semi-autobiográfico e apresenta a história de Ellis French (Jeremy Pope, da série "Hollywood", o personagem é alter ego do diretor Elegance), um jovem sem teto negro e gay assumido, expulso de casa pela sua mãe homofóbica, Inez (Gabrielle Union, de "O nascimento de uma nação"). Ellis decide se alistar como Mariner e para isso, precisa voltar para sua casa e pedir seus documentos para sua mãe. Ao se alistar, Ellis é abusado psicologicamente por todos, ganhando a simpatia apenas do capitão Rosales (Raul Castillo). "A inspeção" é uma mistura de "Monnlight" e 'Full metal jacket". Do filme de Kubrick, o filme pega toda a etapa de treinamento e de abuso mental que o soldado sofre dos colegas e dos superiores. O filme é denso, com excelentes interpretações de todo o elenco e mesmo trazendo aquele olhar clich6e de quartel homofóbico e de ambiente tóxico e machista, traz elementos interessantes, sempre apoiado no bom trabalho dos atores. O próprio diretor Elegance serviu a MArinha de 2005 a 2010.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Fellinopolis

"Fellinopolis", de Silvia Giulietti (2020) Excelente documentário lançado em 2020, no ano do centenário do nascimento de Federico Fellini. A roteirista, produtora e diretora Silvia Giuletti une depoimentos de fiéis colaboradores de Fellini, como o diretor de arte Dante Ferretti, o figurinista Maurizio Millenotti, a amiga cineasta Lina Wertmuller, o compositor Nicola Piovani, entre outros, e os mistura a imagens inéditas de filmagens realizadas por Ferruccio Castronuovo. No período entre 1970 e 1980, Fellini pediu pessoalmente a seu fiel amigo e colega, Ferruccio Castronuovo, que filmasse os bastidores de seus longas. Esses filmagens foram concebidos como trailers dos filmes de Fellini, mas nunca foram realmente usados. Eles acabaram armazenados na Cineteca Nazionale de Roma por mais de 40 anos. Os bastidores foram dos filmes: Casanova , A Cidade das Mulheres , La nave va , e Ginger e Fred . Castronuovo captou imagns excepcionais de ensaios com os atores, construção de cenários, direção de figuração, criação de trilhas, etc. Além disso, colehu depoimentos de Fellini reveladores, como quando ele fala sobre o trabalho do ator, que a primeira coisa precisam aprender a dançar, e também sobre sua paixão por filmar. "Se eu for escolher um lugar para morar, entre Paris, Roma ou Londres, eu irei preferir a Cinecittá", fazendo referência ao famoso estúdio em Roma onde Fellini filmou seus longas no Estúdio de número 5. Ouvir Fellini falando sobr eo processo de criação, e sua equipe enaltecendo o quanto o Mestre ama e entende sobre tudo e todos os detalhes de todos os departamentos, é mágico. Um filme obrigatório.

Todo o mundo ama Jeanne

" Tout le monde aime Jeanne", de Céline Devaux (2022) Concorrendo no Festival de Cannes 2022 na Mostra "Camera d'or", "Todo mundo ama Jeanne"é uma comédia dramática acredo-doce sobre uma mulher de meia idade, Jeanne (Blanche Gardin), que um dia teve tudo na vida, mas hoje em dia, ela não tem mais nada. seu projeto de limpeza do oceano é um fracasso e a deixou cheia de dívidas. A vida amorosa fracassou. E sua mãe, Claudia (Marthe Keller), acaba de morrer. Com a ajuda de seu irmão Simon (Maxence Tual), que ajuda a bancar seus gatos, Joanne decide ir até Lisboa para vender o apartamento de sua mãe. No aeroporto, ela conhece Jean (Laurent Lafitte), que inisite que foi seu amigo de adolescência. Jean é cleptomaníaco e depressivo, e acaba reencontrando jeanne em lisboa. Lá, Jeanne reencontra Vitor (Nuno Lopes), seu ex-namorado, agora pai de uma menina. Jeanne precisa ganhar forças e colocar a sua vida no eixo. Filmes sobre mulheres de meia iodade em crise sempre me fascinaram, vide "Shirley Valentine" ou 'Sob o sol de Toscana". Os atores aqui são todos ótimos, o roteiro é divertido, mas com um humor mais contido. E ver belas locações em lisboa em uma produção francesa é uma delícia.

O inferno verde

"Paradiso infernale", de Antonio Climati (1988) Vendido mundialmente sob o título de "Canibal holocausto 2", o que absolutamente nada tem a ver com o clássico de Ruggero Deodato de 1980, o que justifica a má fé dos produtores querendo faturar em cima do original, "O inferno verde" é um trash de ação italiano escrito e dirigido por Antonio Climati. É considerado o último filme com o tema sobre canibais, um tema que fez muito sucesso na Itália nos anos 80 mas que entrou em declínio. O filme foi rodado na Amazônia colombiana, e mesmo nem chegando perto da violência do filme de Deodato, tem algumas cenas bem trash e hilárias, o que traz humir a um filme onde ação e aventura dão a tônica. Em 2013, o cineasta americano Eli Roth roubou o título de venda do filme pro mercado americano, "the green inferno", e fez seu filme sobre canibais. Uma estudante de antropologia, Gemma, reúne 3 aveentureiros que roubam um hidroavião para irem junto dela em busca de seu professor que desapereceu na floresta amazônica. Ao chegarem lá, o grupo de envolve com mercenários, indígenas canibais, e toda a sorte de confusão. O filme tem cenas tão bizarras que co nfesos, morri de rir: os indígenas falam italiano; em uma cena, um peixe entra no âonus de um indígena e um dos aventureiros precisa retirar o peixe de seu ânus; um dos aventureiros salva um macaco enfiando uma mangueira em sua boca e assoprando; uma luta senscaional entre os aventuireiros e uma anaconda e um jacaré. Mesmo sendo trash, o filme foi rodado em condições bem precárias, o que dá uma certa autenticidade ao projeto e uma atmosfera documental, que faz valer. a pena ser visto. E é divertido.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Red water

"Huge shark", de Huang Zhaosheng (2021) Já não bastasse os americanos epxlorarem a figura do tubarão assassino em todo tipo de filme, indo desde filmes B, trash e até reinvenção de tubarão zumbi, agora são os chineses que decidem fazer a sua versão da fera assassina dos mares. O roteiro é genérico até não poder mais: uma jovem médica, Shen Xin (Chloe Zhao), decide passear de barco com a sua irmã, o ex-namorado da irmã e a atual namorada dele. O passeio é repleto de rusgas entre o trio, até que um tubarão decide fazer a festa, atacando a todos, que precisam se refugiar em um pequeno barco. O filme se apropria do ótimo 'Águas rasas", com Blake Lively, e o desfecho é roubado do próproio "Tubarão", de Spielberg. Porém, a cena final é das coisas mais ridículas que já vi. Vale ver? Só se você for apaixonado por trasheiras sobre tubarões assassinos e ver pela milionésima vez ele atacando pobres turistas incautos. Curiosidade: o filme apela para heroína de bikini minúsculo, o que sendo um filme pra a conservadora China, me surpreendeu.

Splendid isolation

'Splendid isolation", de Urszula Antoniak (2022) Concorrendo em Rotterdan, 'Splendid isolation" é uma produção holandesa, dirigido pela cineasta polonesa/holandesa Urszula Antoniak. O filme, rodado durante a pandemia, é uma alegoria sobre a morte, sobre os efeitos da covid sobre o ser humano. A própria diretora perdeu seu marido há mais de 10 anos e ela vem falando sobre o tema da morte em seus projetos. Hannah (Anneke Sluiters) e Anna (Khadija el Kharraz Alami) fogem para uma ilha deserta. Ao chegar no local, elas exploram a região. Drones as observam, até que elas encontram uma mansão perdida e decidem morar ali. Anna insiste que Hannah tome sue remédio. Um dia, Hannah vê uma mulher (Abke Haring) na praia, o que causa pânico nas duas mulheres. Anna está determinada a proteger sua parceira, armando-se com um rifle encontrado na casa. Fica claro que o filme trabalha em sua narrativa com metáforas e simbologias sobre a morte, e a referência mais direta é "O sétimo selo". O filme tem imagens belíssimas e uma fotografia em tons cinzentos, deixando toda a atmosfera bastante melancólica e depressiva. De poucos diálogos, é um filme hermético, que poderá não agradar boa parte dos espectadores.

Para onde você está indo, Habib?

"Wo willst du hin, Habibi?", de Tor Iben (2015) Comédia dramática LGBTQIAP+ alemã, traz uma divertida história bastante inusitada entre um descendente de família turca que mora há décadas em Berlim, Ibrahim (Cem Alkan) e um ladrão sedutor, o jovem alemão Alexander (Martin Walde). Ibrahim é gay, mas sua família não sabe. Ele vive vida dupla tanto no relacionamento com seu namorado quanto no trabalho: ele trabalha como recepcionista de uma sex shop de público gay. Alexander pede ajuda para se esconder em seu apartamento, procurado pela polícia, Ibrahim imediatamente se apaixona pelo ladrão, que é hetero. Um filme simpático e com um humor raro para padrão de filme alemão, apesar do filme apostar no drama também. Os dois atores protagonistas são bastante carismáticos e o filme apresenta boas cenas de homoerotismo e tensão sexual. Como pano de fundo o filme lida também com homofobia e sobre tradições milenares e conservadoras da cultura turca, que obriga o pai a levar o filho a um puteiro para fazer sexo com uma prostitura para provar a sua virilidade.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Tandem

"Tandem", de Adrian Hume Robinson (2011) Premiado curta LGBTQIAP+ inglês, escrito, dirigido, produzido e protagonizado por Adrian Hume Robinson. O filme tem na sua cartela final um aviso para que pessoas da comunidade Lgbtqiap+ que estiverem depressivos procurem ajuda psicológica. O roteiro apresenta Mr Now (Robinson), feliz no relacionamento com o seu namorado Mr Then. Mas após testemunhar uma traição do namorado com Mr Never, o Mr Now entra em depressão e pensa em se suicidar. Fico pensando como um filme tecnicamente tosco e tão amador possa ter ganho prêmios em festivais. Tudo é ruim: atuação, decupagem, fotografia, trilha brega. Poderia perfeitamente fazer par com o filme cult "The room", considerado um dos piores do mundo. Só o que "The room" tem de diversão, no bloco 'Quanto pior melhor", aqui é só ruim mesmo. O ator Adrian é tão vaidoso que se mostra em masturbação explícita no filme.

Memória da água

"Veden vartija", de Saara Saarela (2022) Co-produção da Finlândia, Alemanha, Estônia e Noruega, "Memória da água" é uma rara ficção cinetífica vinda da cinematografia européia, adaptada do romance ŸA", de Emmi Itäranta. Ambientado em uma sociedade distópica no futuro, onde a água potável se trnou escassa por conta do aquecimento global. A água torna-se racionada e vira um elemento de Poder para quem o domina. Uma ditadura é instaurada. Noria Kaitio, filha dos últimos mestres do chá, recebe de seu pai a localização de uma fonte secreta de água doce. Quando ele morre, Noria sente uma culpa intensa ao testemunhar o sofrimento das pessoas próximas a ela devido à forte falta de água colocando suas vidas em perigo. Mas se ela quebrar sua promessa e revelar sua fonte, não apenas as autoridades repressivas irão comandar o suprimento, Noria também pode enfrentar prisão e ser morta. O filme é uma das produções mais caras da Escandinávia, e mesmo assim todo o visual pretendido pela cineasta Saara Saarela ainda é bem tímido para uma ficção cinetífica. O roteiro traz alguns buracos: em um mundo sme água, a população se veste com roupas limpas, rostos limpos, e as casas asseadas. ISso me tirou a credibilidade da produção, mas o excelente trabalho da atriz principal, Saga Sarkola, me prendeu a atenção. No mais, é um filme genérico de sociedade distópicoa vinda de uma cinematografia rara no gênero.

Selena Gomez- Minha mente e eu

"Selena Gomez- My mind and I", de Alek Keshishian (2022) O cineasta Alek Keshishian dirigiu o documentário musical mais cult e polêmico de todos os tempos, "Na cama com MAdonna", e dali surgiu para a fama. Diretor de video-clips, dirigiu para Selena Gomez "Hands to myself" em 2015 e agora lança o documentário "Selena Gomez- Minha mente e eu", que ao contrário do que os fãs esperam, não é sobre a carreira musical de Selena, e sim, os efeitos da fama em sua mente, a sua bipolaridade , depressão e finalmente a doença Lúpus, que a obrigou a fazer um transplante de rim e desde então, tem se cuidado física e mentalmente. Selena cria coragem e se abre por inteira na sua questão de transtorno mental, e o filme no seu desfecho é dedicado a todos os jovens com problemas de transtornos, e fornecendo um telefone para que quem necessite, procure ajuda de psicólogos. Selena é de família mexicana, mas nasecu nos Estados Unidos em 1992. De família classe média, ela se tornou atriz aos 7 anos, em 1999, com "Barney e seus amigos". Depois foi contratada pela Disney para uma série infanto juvenil. Desde então, ela começou carreira de atriz, empresária, embaixadora, compositora. Selena vendeu mais de 7 milhões de discos e atualmente, 2023, é a mulher mais seguida no Isnatgram, com 380 milhões de seguidores. Em 2015, descobriu estar com lúpus, fazendo o transplante de rim em 2017. Em 2019, Selena estava no auge de seu stress e decidiu faezr uma viagem filantrópica ao Quênia, que a deixou bastante otimista sobre as possibilidades de ajudar ao próximo. O filme vai até a chegada da coivid sem se aprofundar no tema da pandemia. Para fãs que querem ver o filme para ver e ouvir Selena cantando, certamente ficarão desapontados. É um filme de nota melancólica, onde a cantora decide buscar o seu passado, visitar a cidade onde nasceu, a rua, as pessoas, e ver as pessoas ou economicamente e socialmente em más condições, e outros já bastante idosos e doentes, certamente deixou Selena incomodada.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Césio 137- O pesadelo de Goiânia

"Césio 137- O pesadelo de Goiânia", de Roberto Pires (1990) Reconstituição dramatizada do maior acidente nuclear brasileiro, o Césio 137 em Goiânia, evento conhecido como 'Chernobyl brasileiro". A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás, por dois catadores de entulhos ( representados por Paulo Betti e Paulo Gorgulho). Foi desmontado e repassado para Devair (Nelson Xavier), casado com Gabriela (Joana Fomm) e dono de um ferro velho. Logo, outras pessoas se contaminam, em um total de mais de 230 registro conhecidos, com 4 mortes. A fotografia é do craque Walter Carvalho. A encenação é bem simples, lembrando um programa televisivo diante da narrativa bastante didática. O filme é bem mediano, com um ritmo arrastado. D epositivo, as locações reais em Goiânia e um time de grandes atores, que incluem Marcélia Cartaxo, Stepan Nercessian, Thelma Reston e Denise Milfont.

Huesera- A mulher de ossos

"Huesera", de Michelle Garza Cervera (2022) Vencedor de prêmios em Tribeca e Sitges, "Huesera- A mulher de ossos" é um drama de terror psicológico, que se apropria do gênero para falar de um tema bastante relevante hoje em dia: o desejo da mulher casada de não querer ter filhos, mesmo que isso vá contra os desejos do marido e da sogra. Valeria (Natalia Solían) é uma jovem mulher, casada com Raul. Ela tem uma oficina em casa onde trabalha com marcenaria. O casal busca há um tempo engravidar. Quando isso acontece, os dois ficam felizes. mas. apressão do marido, da sogra, do médico e de todos os familiares de Valeria a fazem ficar bastante estressada e questionar o quanto ela queria ter um filho. Isso faz ela se lembrar de sua adolescência, quando passava seus dias com Valeria, sua melhor amiga e que depois se tornou sua namorada. Confesso que assisti ao filme achando que iria ver um terror de verdade, repleto de jump scares e atmosfera de terror, tipo "O bebê de Rosemary". Mas assim como muitos filmes recentes onde a protagonista se decsobre grávida, o filme lida com a depressão pós-parto e com a questão sobre o corpo feminino e a vontade da mulher de querer ou não ter filho e mais, de querer ser mãe. O filme tem bons atores e a protagonista Natalia Solián é ótima, mas o filme é arrastado e sem ritmo, e as cenas que quer ser terror acabam ficando sem sentido.

Homem formiga e Mulher vespa- Quantumania

"Ant man and the wasp woman - Quantumania", de Peyton Reed (2023) Dirigido pelo mesmo cineasta dos filmes da franquia do "Homem-formiga", iniciada em 2015 e com continuação em 2018, "Quantumania" é um filme com um roteiro que faz lembrar de filmes tão díspares quanto 'Star wars", 'Mundo estranho", "Viagem fantástica" e até mesmo 'Viagem ao centro da terra". No entanto, o excesso de CGI torna a experiência enfadonha: mais de 90 por cento do filme é ambientado em um universo totalmente recriado em pós-produção, o tal do Reino quântico. O vilão do filme é Kang (Jonathan Majors), que foi apresentado ao público na série "Loki", da Disney channel. E pelo que vemos aqui, ele vai atazanar a vida de muita gente por um bom tempo. No meio de tanta parafernália de efeitos viausis, temos como pano de fundo uma história sobre família com necessidade de se reconectar. A família Pym é formada por Dr Hank Pym (Michael Douglas) e Janet Van dyne (Michelle Pfeiffer), pais da também cientista Hope (Evangeline Lilly). Já SCott Lang (Paul Rudd) é pai de Cassie Lang, agora uma adolescente que claro, também se tornou uma cinetista. Cassie cria um equipamento tecnológico que dá acesso ao Reino quântico, mas por um acidente, as duas famílias são sugadas para lá. Ali, tentando sobreviver a muitos seres estranhos, eles são ameaçados por Kang, enviado para o Reino por Loki e que agora deseja fugir de lá. A crítica em peso falou e eu endosso: o filme é mais do memso, não me empolgou, mas também não me aborreceu. Assisti, o filme acabou, e ficou por isso mesmo. O que mantém o interesse obviamente é o elenco, encabeçado pelo carismático Paul Rudd e com o auxílio mais que luxuoso de Michael Douglas e Michelle Pfeiffer.

Manto de jóias

“Manto de gemas”, de Natalia López (2022) Grande premio do juri no Festival de Berlim 2022, “Manto de jóias” é o longa de estréia da roteirista e cineasta mexicana Natalia López, casada com o cineasta Carlos Reygadas. Ela já editou filmes de Reygadas e de Amat Escalante, duas cinematografias que mostram a decadência e a violência no México. Natalia também apresenta uma história sobre traficantes no México, através da história de 3 mulheres que têm suas vidas entrecruzadas. Isabel (Nailea Norvind)se divorciou do marido e vai morar com os seus dois filhos em sua casa no interior, herdade de sua mãe. No entanto, ela não dá atenção apropriada aos filhos e fica obcecada pela história da irmã desaparecida de sua governanta Maria (Antonia Olivares). Maria, por sua vez, trabalha para uma quadrilha de sequestradores, atividade que ela faz parte desde jovem, praticamente obrigada por questões econômicas. Adan (Juan Daniel Garcia Treviño), filho da chefe de polícia local Torta (Aida Roa), está envolvido nos sequestros da gangue local, a mesma de Maria. Sua mãe faz de tudo para tirar seu filho do tráfico, mas não consegue. O filme tem a crueza e olhar frio típico dos filmes de Reygadas e Escalante, apresentando violência física e psicológica. Natalia no entanto, dá muita ênfase à estilização: deixa o foco no pano de fundo, enquadra as pessoas sem mostrar os rostos. O ambiente para Natalia é tão importante quanto as pessoas que ali habitam. A cena de Isabel sendo torturada é memorável por conta de sua maldade. Um trabalho formidável da atriz Nailea Norvind. Uma pena que o filme tenha um ritmo arrastado e muitas vezes o roteiro se torna confuso.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Tudo o que respira

"All that breathes", de Shaunak Sen (2022) Premiado documentário indiano, "Tudo o que respira" ganhou o Golden eye no Festival de Cannes, o Grande pr6emio do juri de Sundance, o Bafta de melhor documentário e está indicado ao Oscar da categoria. O filme acompanha dois irmãos, Mohammad Saud e Nadeem Shehzad, moradores da cidade de Nova Delhi, capital da Índia e um dos países mais populsosos e poluídos do mundo. Eles possuem uma espécie de hospital improvisado na casa deles para cuidar das aves Milhafes pretos, que t6em saído do céu por conta da alta poluição. O filme acompanha a jornada dos irmãos nos resgates e cuidados com os animais, enquanto paralelamente mostra uma cidade tomada pelo lixo, pela decadência e conflitos sociais e econômicos que agitam a população. Muçulmanos, os irmãos sofrem preconceito em um país de predomínio de religião hindu. As aves são consideradas sinônimo de prosperidade, e cuidar delas seria uma espécia de bônus para a vida após a morte. Com imagens poéticas e belas apresentando a tristeza das ruas de Nova Delhi, onde homens e animais convivem lado a lado: ratos, cavalos, vacas e toda sorte de seres que procuram sobreviver mediante o caos urbano.

domingo, 19 de fevereiro de 2023

O menino, a toupeira, a raposa e o cavalo

"The boy, the mole, the fox and the horse", de Peter Baynton e Charlie Mackesy (2022) Lançado em 2019, o livro infantil "O menino, a toupeira, a raposa e o cavalo" vendeu mais de 500 mil exemplares mundo afora, sendo por muito tempo No 01 de venda nos Estados Unidos. O seu ator, Charlie Mackesy, co-dirige esse curta de animação, em co=produção Eua/Reino Unido, e já ganhou diversos prêmios, como o Bafta de melhor curta de animação e indicado ao Oscar da categoria. Quem ama "O pequeno príncipe" ou 'Fernão capelo gaivota" certamente irá amar o filme. ele trata de temas como amizade, gratidão, o sentido da vida, lar. Um drama existencialista para crianças, assim como era "O pequeno príncipe". O filme tem um tom bastante melancólico e a sensação da morte sempre pairando. tão diferentes entre si, os 4 seres retratados no filme selam uma amizade, contra todas as diferenças. O menino começa o filme procurando pelo seu lar , alegando estar perdido. Ele encontra a toupeira, depois a raposa e depois o cavalo, e juntos, ajudam o menino em sua busca. Com traços à mão e cores pastéis, o filme é belíssimo, e tem narração em tom empostado como se fossem deuses ou seres míticos declamando suas falas, ou em outras palavras, uma história de auto-ajuda. No original, Jude Coward Nicoll faz o menino, Idris Elba a raposa, Tom Hollander a toupeira e Gabriel Byrne o cavalo. Recomendadíssimo.

Swallowed

'Swallowed", de Carter Smith (2022) Diretor e roteirista do terror de 2008, "As ruínas", também protagonizado por Jena Malone, Carter Smith novamente traz o tema do body modification, através de seres que entram no corpo. Só que aqui, diferente de "As ruínas", o ser engolido não tranforma a pessoa em algho monstruoso. "Swallowed" para minha surpresa, é menos um filme de terror e mais um drama de suspense psicológico, protagonizado por 4 personagens, em ambiente claustrofóbico. E mais: o grande diferencial de 'Swallowed" é ser um filme assumidamente LGBTQIAP+, transitando em gêneros de terror e realismo fantástico. E brinde para cinéfilos gays: o vilão é interpretado por Mark Patton, o protagonista de "A hora do pesadelo 2", considerado um filme gay justamente pela performance afetada de Patton como o protagonista, tendo se transformado em um grande cult. Dois amigos, BEnjamin (Cooper Koch) e Dom (Jose Colon) estão em um bar na pequena cidade do Maine. Benjamin está se despedindo de Dom, sua paixão platônica não assumid,a pois recebeu convite para ser ator pornô em Los Angeles e ganhar dinheiro. Para surpresa de Benjamim, Dom resolveu fazer um tranporte de drogas na mesma noite para poder dar o dinheiro a Benjamin e ele poder se sustentar. Ao se encontrarem com a traficante ALice (Jena Malone), Dom descobre que ele precisa engolir as drogas. No caminho até o local de entrega, ao tentar defecar as drogas no banheiro, um homem homofóbico bate em Dom, acreditando que ele e ebnejamin são casal gay. Os sacolés estouram dentro do estômado de Dom e ele decsobre que as drogas são seres vivos usados para dar tesão em quem o utiliza, mas como está dentro do corpo de Dom, o está matando. Fiquei frustrado com o filme pois o poster me enganou, acreditei ser um filme de terror tipo 'Invasores de corpos" ou 'Sheevers", de Cronemberg. O ritmo ainda é arrastado. O que o sustenta são os bons atores, a alta carga homoerótica e ousadia do elenco e direção, os dois protagonistas ficam totalmente nús.

Tori e Lokita

"Tori et lokita", de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne (2022) Vencedor do Grande prêmio do 75o aniversário do Fetsival de Cannes 2022, "Tori e Lokita" é escrito e dirigido pelos irmãos belgas Jean Pierre e Luc Dardenne. Ambos são queridinhos dos festivais, principalmente Cannes, de onde sempre saem com algum prêmio. O cinema humanista com olhar documental dos diretores mantem-se nessa trama trágica e extremamente angustiante de dois jovens imigrantes africanos na Bélgica: Tori (Pablo Schils) e Lokita (Joely Mbundu). Tori tem 10 anos, e Lokita já uma jovem mulher. Para sobreviverem mediante tanto drama, ambos se fazem passar por irmãos foragidos, e assim tentar ganhar os documentos que garantam a cidadania. No entanto, Lokita é reprovada e para se manter, os irmãos vendem drogas para um traficante que é cozinheiro de uma cantina italiana, Betim (Alban Ukaj. O filme, da mesma forma que foi aplaudido por boa parte dos críticos e recebeu ovação de 9 minutos em CAnnes, também foi criticado pelo olhar que consideram estereotipado sobre negros africanos na Europa, sempre mostrados envolvidos em crimes para se manter. Aqui, Lokita também á ebusada sexualmente e apanha de Betim e outro traficante, além de ficar trancada em um laboratório para cuidar do plantio de maconha. É sofrido, angustiante, e não é fácil acompanhar a trajetória dos irmãos, que cada vez mais, vão entrando num poço sem fundo. Dessa vez, os irmãos Dardenne resolveram respirar um pouco da cinematografia de Lars Von Triers e não poupa sofrimento em um filme totalmente sem concessões ao atimismo. Atuações brilhantes dos novatos Joely Mbundu e Pablo Schils como os protagonistas.

Oferenda ao demônio

"The offering", de Oliver Park (2022) A lenda do demônio Abyzouh na cultura judaica já foi visto outras vezes no cinema e até mesmo de forma genérica no terror russo "Baba yaga" ou em 'A chorona", onde os alvos são as crianças a serem sacrificadas. Quando um rabino morre após vender sua alma ao demônio em troca do retorno de sua esposa falecida, seu corpo vai parar no necrotério de Saul. Paralelo, o filho de Saul, Arthur (Nick Blood) visita o pai, com quem não conversa há anos, por desavenças religiosas. Arthur é um jovem corretor de imóveis que passa por um período ruim no trabalho, o que culmina na iminente possibilidade de perder a casa em que vive com a esposa Claire (Emily Wiseman), que está grávida do primeiro filho do casal. QUando Saul e Arthur lidam com um amuleto e uma adaga enfiada no peito do rabino morto, acabam libertando o demônio Abyzouh, que deseja o filho de Arthur. O filme é óbvio até não poder mais, com aquels jumpscares que a gente já sabe que vai ter. Edição de som que coloca ruídos estridentes ao máximo para dar sustos, e uma fotografia ecsura para dar aquela atmosfera sombria. Atores medianos e por fim, um filme que serve ao propósito de passatempo sem muitas expectativas por parte do público. O final é simplesmente ridículo.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Na palma da mão

"Unlocked", de Kim Tae-joon (2023) Longa de estréia do ator sul coreano Kim tae-joon, "Unlocked" é um remake do suspense sjaponês "Identidade roubada", de Hideo Nakata, realizador de "O grito", de 2018, que por sua vez é uma adatpação do livro escrito por Akira Shiga. O filme é uma crítica à tecologia e a dependência 24 hrs por dia que as pessoas t6em do celular, onde praticamente toda a vida da pessoa está ali guardada. Na Mi (Woo-hee Chun) é uma jovem que trabalha em uma agência de publicidade, e também trabalha no café de seu pai. Uma noite, ao sair com amigas, ela dorme no ônibus e acaba esquecendo o seu celular, que é encontrado por Jun Yeong (Si-wan Yim, astro K -pop)). Aconytece que Jun é um serial killer cujas vítimas são pessoas que perdem seus celulares, e assim, jung manipula as suas vidas, ao inserir spywares que fazem com que ele saiba tudo o que acontece na vida da pessoa. Paralelo, a polícia tenta ir atrás do paradeiro do assassino. O filme é um bom suspense, mesmo sem estar no nível de adrenalina de clássicos sul coreanos, como 'A caçada". Ainda assim é um bom passatempo, com boas reviravoltas e um bom trabalho do elenco, além de bom uso de linguagem visual para o excesso de redes sociais apresnetadas na tela.

O jardim de Istambul

"Räuberhände", de Ilker Çatak (2021) Adaptado do romance escrito por Finn-Ole Heinrich, "O jardim de Istambul" é um coming of age com pitadas de homoerotismo, sem necessariamente ser um filme LGBTQIAP+. Janik e Samuel moram em Berlim e são melhores amigos. Estudam juntos e curtem a vida com amigos e baladas. Janik tem os pais bem resolvidos e bem de vida. Já Samuel mora com sua mãe, alcólatra e seu pai ficou na Turquia. Após um incidente onde Samuel flagra Janik transando com a sua mãe, ambos decidem ir até Istambul em busca do pai de Samuel. Nessa viagem, os amigos irão conhecer mais de si mesmos. Um filme simpático, com conteúdo maus dramático e sobre amizade e desejos. Os garotos bebem, curtem a vida e não diferem de nada de outros filmes sobre adolescentes. O que traz elementos a mais aqui, é a busca da identidade cultural, através do personagem de Samuel, que quer entender mais de suas raízes. Belas locações em Istambul e um desfecho bonito e emocionante fazem o filme ser acima da média. detalhe para uma cena explícita de nudez masculina na cena da transa entre Janik e a mãe de Samuel.

H6

"H6", de Yeyê (2021) Comovente documentário produzido pela França, escrito e dirigido pela chinesa Yeyê, radicada na França. O filme mostra o Sexto hospital popular de Shanghai, um enorme complexo hospitalar dedicado a atender a população, mas devido à alta procura e ocupação, tem um rígido sietma de cobrança por exames e cirurgias. O filme apresenta os dois lados: pacientes e equipe médica, todos bastante estressados e tensos com os destinos dos pacientes, a maoiria população pobre que não tem como arcar com as dívidas. O filme foi rodado em 2019, antes da Covid, e fico imaginando o caos que deve ter acontecido nesse hospital durante a pandemia. A cobertura da saúde pública depende de residência urbana ou rural, situação profissional e filiação ao aparelho do Estado, o que deixa grupos sociais marginalizados em desvantagem frente aos serviços médicos. Na falta de financiamento do governo, os hospitais são os principais responsáveis pelos saldos de suas próprias contas, o que destaca a lucratividade de sua manutenção e transfere o ônus financeiro para os pacientes. Em uma cena, um enfermeiro avisa à família de uma paciente que ela precisa lavar os cabelos, e cobra 80 yuans, valor alto questionado pelos familiares. O enfermeiro friamente diz que é difícil lavar os cabelos na maca, e é irredut;ivel: não dá desconto. O filme acompanha alguma shistórias emocionantes e trágicas: uma menina de 3 anos atropelada por um ônibus em frente à barraca de frutas do avô e que corre o risco de perder as pernas; um idoso que diariamente vem visitar sua esposa internada que está em coma; um idoso que perdeu a mobilidade do pescoço para baixo e pede ajuda aos irmãos e esposa para financiar a cirurgia; mas certamente a história mais cativante é a de um homem que perdeu a esposa em um acidente de carro, e cuja filha adolescente necessita fazer cirurgia para recuperar o movimento das pernas, e ela nem sabe d amorte da mãe. otimista , o homem canta todas as vezes que vai visitar a filha, e diz que apenas o otimismo é que o faz seguiar a vida adiante, e que tudo na vida tem um propósito. O filme concorreu no Festival de Cannes 2021 e assim como provavelmente em qualquer hospital público do mundo, mostra o caos nos atendimentos. Ver os familiares dormindo no chão dos corredores para não ter que pagar abrigos é triste, assim como testemunhar a falta de opção da equipe médica: sem pagar, sem tratamento. Um filme próximo aos brasileiros por conta de sua realidade, mas que difere pelo fato de que as instalações estão limpas e que todos, mesmo com o caos, recebbem atendimento.

Nothing compares

"Nothing compares", de Kathryn Ferguson (2022) Nascida na Irlanda em 1966, atualmente com 56 anos, a cantora Sinéad O'Connor foi no ano de 1992, uma das artistas mais populares e aclamadas no mundo inteiro. Mas nesse mesmo ano, veio a sua derrocada, com o episódio ocorrido ao vivo no programa 'Saturday night live": após cantar ao vivo, Sinéad denunciou abusos dos religiosos, e por encobrirem os atos, e rasgou a foto do Papa João Paulo II. No dia seguinte, seu nome era matéria em toda a mídia, de uma forma negativa: ela passou a se tornar a pessoa mais odiada no mundo inteiro. Antes mesmo do termo "cancelamento" existir, Sinéad sofreu na pele os efeitos brutais, que destruíram por um tempo a sua carreira. Concorrendo em Sundance, "Nothing compares" é um emocionante relato sobre essa figura enigmática: mostrando sua infância, adolescência, os abusos sofridos pela mãe, a separação dos pais, seu desejo de querer cantar, sua ida para Londres e cantando em pubs até surgir com o seu ò álbum, "The lion and the cobra" em 1987. Ela tornou-se famosa não só pela voz, mas pelo seu jeito tímido, seu look que mescla rebeldia e segundo muitos, uma precursora do não binarismo. Sua cabeça raspada, uma forma de provocação contra os que pediam que ela fosse mais feminina e a sua revolta, quando se descobriu grávida, de pessoas da indústria que queriam que ela abortasse, que um bebê iria acabar com sua carreira. Em 1990, ela lançou " I Do Not Want What I Haven't Got ", que continha o mega hit "Nothing compares 2 U", cover de Prince, e aí veio a explosão mundial. Sinéad começou a incomodar quando se recusou a cantar em um evento onde o hino nacional americano iria ser tocado , sendo banida de várias rádios. Após o evento do Saturday night live, Sinéad se apreserntou no concerto de 30 anos de Bob Dylan no MAdison Square Garden e foi recebida com vaias homéricas. Sinéad atualmente se convetreu ao islamismo e lançou seu 11o álbum. Na ocasião do lançamento do documentário em Sundance 2022, muitas pessoas se sentiram incomodadas pois o filme termina com uma nota otimista. No entanto, há uma semana atrás, o filho de Sinéad, Jake, se suicidou, e a própria Sinéas tentou se matar. Foi um mal estar, mas ainda assim, é um filme que merece e deve ser visto. Sinéad esteve à frente de seu tempo, levantou bandeiras de muitas causas que hoje em dia são ovacionadas, mas na época, ela foi massacrada. Curiosidade: os herdeiros de Prince proibiram que a música "Nothing compares 2 U" tocasse no filme.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

A baleia

"The whale", de Darren Aronofsky (2022) Filmado quase que inteiramente dentro do apartamento do personagem Charlie (Brandon Fraser), "A baleia" não esconde a sua origem teatral. O filme é a adaptação da peça escrita pelo roteirista Samuel D. Hunter. Com a finalidade de trazer claustrofobia e agorafobia, em um ambiente bastante escuro, o filme traz Charlie, um professor de inglês de uma universidade online, que nunca aparece na tela do zoom para os seus alunos, que desconhecem a realidade de Charlie: pesando mais de 200 kilos, portador de obesidade mórbida. Sua amiga Liz, enfermeira (Hong Chau, de "O menu"), traz comida e cuida de Charlie. Quando ela revela ao amigo que ele é portador de doença no coração e que se não for ao hospital terá 1 semana de vida. Charlie decide reatar com a sua filha Ellie (Sadie Sink, a Max de "Stranger things"). Prometendo à ela dinheiro a cada vez que for ao apartamento, Charlie ouve os desabafos da filha: abandonada aos 8 anos pelo pai, que conheceu um aluno e ambos se apaixonaram, até ele se suicidar por questões religiosas e família conservadora. Ellie despeja todo o seu rancor de abandono em seu pai. Nisso, um jovem missionário, Thomas, surge na casa de Cherlie lhe oferecendo as palavras de salvação de Deus. Darren Aranofsky novamente recorre a temas presentes em seus filmes anteriores: pai querendo se reconectar com a filha abandonada ( "O lutador"), o vício em drogas ( "requiem para um sonho"), a religiosidade extremada ("Mãe") , a obsessão "Cisne negro"). É um filme denso, verborrágico, que depende quase que exclusivamente do talento de seu elenco. Além de Fraser, escondido atrás de kilos de prótese, temos Hong Chay, Sadie Sink, Ty Simpkins e Samantha Morton, que comanda uma cena intensa de dramaticidade como a ex-mulher abandonada de Charlie. Por fora, temas como gordofobia, homofobia e abandono surgem para dar estofo a uma trama que desagradou boa parte da crítica, por asscoiarem s pequenas tragédias de cada personagem ao fato de Charlie se assumir gay e ter um romance com outro homem. Ainda assim, o filme recebeu 6 minutos de ovação no Festival de Veneza, onde concorreu na competição oficial.

Os cinco demônios

"Les cinq diables", de Léa Mysius (2022) Concorrendo na Quinzena dos realizadores no Festival de Cannes 2022, e também na mostra paralela dedivcada a filmes LGBTQIAP+, "Queer palm", "Os cinco demônios" é um drama que mescla gêneros, onde até elementos de realismo fantástico surgem através da personagem da pequena Vicky (Sally Dramer), filha de Joanne (Adèle Exarchopoulos), uma professora de natação, e Jimmy, um bombeiro. Vicky tem o dom de recomnhecer cheiros das pessoas e assim, mergulhar em momentos de seu passado. É assim que ela descobre que sua mãe, a quem ela ama muito, teve um caso amoroso com a sua tia, Julia. O romance mantido em segredo logo é levado à suspeita pelo marido Jimmy, e esse fato irá perturbar Vicky, que acredita que sua mãe está deixando de amá-la. O filme funciona bem, principalmente pelo talento extraordinário de Adèle Exarchopoulos, de 'Azul é a cor mais quente", aqui novamente em uma personagem que se envolve em romance avassalador com outra mulher. As locações são muito cinematográficas e belamente fotografadas por Paul Guilhaume. No entanto, a trama fantástica me pareceu destoando, não ficou bem explorada e a sua existência é apenas para a revelação do romance lésbico.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Uma bela manhã

"Un beau matin", de Mia Hansen-Løve (2022) Dona de uma premiada filmografia, a roteirista e cineasta francesa Mia Hansen-Løve realizou 'Eden", "Meu primeiro amor", 'A ilha de Bergman", "Maya", entre outros. Com "Uma bela manhã, Mia concorreu na competição principal do Festival de Cannes 2022, trazendo temas como amor, morte, envelhecimento, doença, reencontro, maternidade. Sandra (Léa Seydoux) é uma mãe solteira, com uma filha adolescente. Sandra trabalha como intérprete e além de cuidar da filha, visita repetidamente seu pai, um escritor agora internado em casa de repouso por conta de doença degenerativa, Georg (pascal Greggory). Um dia, Sandra reencontra por acaso Cement (Melvil Poupaud), um amigo que não via há anos e com quem flertou. Os dois acabaram se tornando amantes, mesmo que Clemente seja casado. Mia é ótima para dirigir filmes com tons naturalistas, mostrando fragmentos das vidas de pessoas comuns. Sem grandes acontecimentos, suas histórias transitam por pequenas ações, mas que transformam as vidas de seus personagens. Um filme delicado, com ótimas performances.

Projeto fantasma

"Proyeto fantasma", de Roberto Doveris (2022) Concorrendo no prestigiado Festival de Rotterdan 2022, "Projeto fantasma" é um filme chileno com toues de humor ácido e realismo fantástico. Pablo (Juan Cano) é um ator e músico que batalha para pagar as contas. Qua ndo o seu roomate sai do apartamento, deixa com Pablo dois meses de aluguel atrasado, o cachorro e uma infinidade de plantas. Pablo trabalha como paciente em demonstração de médicos, e também como ator contratado em grupos de terapia de constelação familiar. O sonho de Pablo é ser ator em um filme, mas até esse dia chegar, ele precisa se virar em seu dia a dia tumultuado, onde até um fatasma começa a habitar o apartamento para lhe atormantar. O filme é simpático, mas o roteiro deixa muitas pontas soltas, e o elemento fantástico do fantasma tanmbém é mal explorado. O retrato pessimista de uma geração na faixa dos trinta anos e que perdeu o rumo, sem sucesso, sem um futuro.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

O menino e o tigre

"Ta'igara: An Adventure in the Himalayas", de Brando Quilici (2022) Lembram dos filmes de aventura da Disney dos anos 80 e 90, com meninos e seus animais exóticos, metidos em aventuras? Pois os italianos recauchutaram esse tipo de narrativa e filmaram no Nepal, Himalaia e Butão, o real motivo de se ver esse filme: as locações estonteantes. O roteiro em si é bem lugar comum, o bem contra o mal, o homem da cidade X o homem do interior, da floresta. Um adolescente, Balmani (Sunny Pawar, o menino do drama "Lion", com Nicole Kidman), tem a sua mãe morte por um terremoto no Nepal. Ele vai morar em um orfanato dirigido pela diretora Hannah (Claudia Gerini), uma mulher que deseja o bem para o orfanato e as crianças que ela cuida. Um dia, Balmani esbarra com um filhote de tigre, cuja mãe foi assassinada por um cruel caçador de tigres. Balmani foge do orfanato e decide cuidar do tigre. Segundo sua falecida mãe, se Balmani for até o "Ninho do tigre", um lugar inóspito no Himalaia, ele a reencontrará ali esperando por ele. Balmani decide sgeuir até lá com o tigre, mas o caçador está em seu encalço, além da diretora. Roteiro simples, com mensagens voltadas à ecologia e proteção aos animais, tem como pano de fundo o budismo e as boas ações. A fotografia inebriante junto das locações são a grande estrela do filme.

Infinity pool

"Infinity pool", de Brandon Cronemberg (2023) Filho do cineasta David Cronemberg, Brandon procura encontrar a sua próprioa temática, mas assim como em seus filmes anteriores, 'Possessor" e "Antiviral", a sombra do pai está ali muito presente ainda, com temas recorrentes como o Body modification. Em "Infinity pool", o tema não poderia ser outro: Um escritor em crise, James ( Alexander Skassgard) e sua esposa rica Em Foster (Cleopatra Coleman) viajam até uma ilha paradisíaca para que James encontre algo que o estimule criativamente. Entediados, eles acabam conhecendo Gabi (Mia Goth), uma fã da escrita de James. Ela os convida para passarem um dia na cidade, porém na volta James acaba atropelando uma pessoa e vai preso. Ele é informado de que será condenado à morte, ou eles executarão um clone dele em seu lugar, se ele puder pagar. Iluminando um mundo onde criminosos e assassinos assumem o controle, James acaba seduzido por Gabi e sua gangue, um grupo de turistas ricos que vez ou outra viajam até à ilha para cometer crimes. O roteiro até traz certa criatividade em tom de parábola, com cenas de violência extrema e muito sangue. mas chega um momento que Brandon vai em busca de estilização e aí o filme vai para um universo quase publicitário, como se saísse de algum filme dos anos 90 de seu pai. Curioso, mas não me seduziu por completo. O que me prendeu a atenção foi o trabalho do casal principal: Alexandre Skassgard cada vez mais indo em personagens radicais, idem Mia Goth, essa sim, uma atriz forte e visceral, que não enxerga limites para as suas contruções. Pelos atores, vale super e pena.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Poropopó

"Poropopó", de Luis Igreja (2022) Uma fábula infantil dirigida por Luís Igreja, artista circense em sua estréia nos cinemas. O filme foi exibido em Tiradentes e Mostra de são Paulo e traz ousadia ao lançar um filme no circuito sem diálogos e cujos protagonistas são palhaços de circo, interpretados por André Abujamra, Luigi Montes e Leticia Pedro. Existe um paralelo muiuto grande com o cinema da dupola de cineastas franceses Dominique Abel e Fiona Gordon, dos cults "Rumba" e "Perdidos em Paris", e claro, com os cinemas de Chaplin e Jacques Tati. em comum, todos filmes sem diálogos, e onde o gestual, mesmo grande e caricato fazem parte das representações. O filme mostra a família de palhaços Dandeleon, de ascendência russa, que trabalham e moram em um circo itinerante. Ai assistirem tv, vêem num anúncio a venda de uma casa na cidade grande. Os três integrantes da família de palhaços decide sair do circo e ir morar na cidade grande. Ao chegarem lá, sofrem ullying e encontram resistência e dificuldade de adaptação. O filme se apropria do g6enero infanto-juvenil para trazer metáforas sobre as diferenças e a austeridade e Poder na figura de um policial que quer manter controle sobre tudo. Um filme fofo, colorido, e que traz uma linguagem, inusitada e corajosa de seus realizadores, em traezr incocência e pureza ao cinema dos dias de hoje, ainda mais com público infantil viciado em explosões e efeitos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O filho

'The son", de Florian Zeller (2022) Em 2020, o cineasta e roteirista Florian Zeller comoveu o mundo com o drama "O pai", com Anthony Hopkins e Olivia Colmann, sendo premiado no Oscar com roteiro e melhor ator. Florian escreveu uma trilogia para o teatro, chamada "O pai", "O filho"e "A mãe". Após sua primeira empreitada no cinema com sua primeira peça, Floriam decidiu adaptar a segunda peça, "O filho", e chamou os bambas Hugh Jackman, Laura Dern, Vanessa Kirby e novamente, Anthony Hopkins, em participação especial. No entanto, diferente da recepção calorosa ao seu primeiro, "O filho" foi recebido friamente, sendo considerado o oposto do que foi o filme anterior. Abusando de clichês de melodrama, pegando pesado em diálogos nas relações familiares, Florian decepcionou muita gente, inclusive com críticas ao trabalho de Jackman e Dern, que muitos consideraram over. Vários anos depois que seus pais se divorciaram, o adolescente Nicholas Miller ( Zen McGrath ) decide que não quer mais morar com sua mãe Kate ( Laura Dern ). Em vez disso, Nicholas quer morar com seu pai Peter ( Hugh Jackman ), que está morando com sua nova esposa Beth ( Vanessa Kirby ) e com quem tem um filho pequeno. Há um mês Nicholas não tem frequentado as aulas, perambulando pelas ruas de Nova York. Preocupada, Kate pede ajuda a Peter, que vê o filho como um rebelde, sem entender que a natureza dos problemas do filho se reside na depressão: se sentindo rejeitado e sem amor do pai, a quem um dia, ele considerou seu herói e que para Nicholas, o trocou pela nova esposa e filho. As críticas foram bastante cruéis com o filme. Achei um bom filme, com boas performances. Mesmo o roteiro abusando de diálogos e cenas que exxploram amelancolia dos integrantes da família, "O filho" é um filme que rende bons momentos. Não se pode comparar com "O pai", que inclusive é brilhante na edição, aqui tudo é mais certinho.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Na sua casa ou na minha

"Your place or mine", de Aline Brosh McKenna (2023) Escrito e dirigido por Aline Brosh McKenna, "Na sua casa ou na minha" busca a receita de sucesso de clássicos da comédia ropmântica dos anos 2000. Mais: busca também dos dos maiores astros dos anos 200 no gênero e os resgata já em seus 40 e tantos anos de idade para falar sobre romance na meia idade. Reese Witherspoon e Ashton Kutcher já fizeram cada um deles muitas comédias românticas. mas agora é a primeira vez que trabalham juntos. O roteiro descaradamente busca referências em dois filmes de bastante sucesso: 'Amizade colorida" e "O amor não tira férias". Do primeiro, o mote de amigos que transa. Do segundo, cada um deles vai morar um tempo na casa do outro, em cidade diferente,e. a;í, acabam descobrindo um pouco mais de quem é o outro. Debbie (Witherspoon) e Peter (Kutcher) são grandes amigos que moram longe e totalmente diferentes. Há 20 anos atrás, fizeram sexo, mas o romance não engatou, porém continuaram como grandes amigos. Ela hoje é workhaholick na contabilidade e focada na educação de seu filho, Jack, morando em Los Angeles. O sonho dela é ser escritora. Ele, um bon vivant em Nova York, trabalha dando consultoria para grandes empresas. Quando Debbie tem a grande oportunidade de fazer um curso em Nova York, Peter propõe cuidar do filho dela nesse tempo. Então, ela vai para a casa do amigo, enquanto ele segue para Los Angeles durante alguns dias. Peter tenta se aproximar de JAck e ser seu amigo. Debbie é procura por Minka, namorada de Peter, e procura ser amiga dela. Mas o que fica claro para os amigos, é que eles são apaixonados um pelo outro, mas não conseguem dizer isso um ao outro. Um filme simpático, ma sóbvio até dizer chega. Absolutamente tudo no roteiro é construído para um desfecho óbvio. O que salva o filme da mesmice, são as lindas locações em Nova York e Los Angeles, e o carisma de Witherspoon e Kutcher. Mais do mesmo, mas um passatempo para quem não exige muito.

Andança

'Andança", de Pedro Bronz (2022) Falecida aos 72 anoas de infecção generalizada, no dia 30 de abril de 2019, Elisabeth Santos Leal de CArvalho, a Beth Carvalho, escreveu a sua história na cultura brasileira, sendo amadrinhada uma das Rainhas do samba. O filme dirigido por Pedro Bronz traz um documentário que foge das cabeças falantes, e traz em off como se a própria Beth o narrasse para o público, através de muitas imagens e áudios que a própria gravava. A casa de Beth é um arquivo impressionante, com muitas prateleiras contendo toda a sua dicografia, fitas, cartas de fãs, fotos, etc, um paraíso para documentaristas. é lindo ouvir Beth dizendo que Elisaeth Cardoso e Dona Clementina de Jesus foram as suas grandes inspirações. Nascida cantora no berço da bossa nova, amiga dos cantores e cantoras e participantes dos encontros em apartamentos da Zona Sul carioca, Beth decidiu sair e encontrar o samba do morro. Ela acabou achando a bossa nova elitista demais, e o samba do morro, de Cartelo,a Nelson Cavaquinho e tantos outros compositores a faziam mais alegre e solta. Beth cantou com quase todos os ambistas: Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Fundo do quintal, Almir Guineto, jorge Aragão, etc. Beth em seus últimos anos sofreu da coluna e andava em hospitais, frequentemente tendo que estar na cama o tempo todo. Em 1o de setembro de 2018, ao lado do Fundo de Quintal, Beth Carvalho realizou um show que emocionou o mundo inteiro: deitada na cama, mas sem deixar de cantar. O filme é presente para fãs, e os que não conhecem bem sua história, é bem revelador. Beth foi uma mulher guerreira, batalhadora e que entendeu que precisava encontrar o seu público, no meio do povo, e ao lado da Mangueira, escola de samba que ela sempre abraçou e amou.

Desapega!

"Desapega!", de hsu CHien (2023) Crítica reproduzida do CINEPOP Nenhum tipo de vício é bom. Porém, quando falamos de vício, as imagens que vêm comumente são drogas e bebidas, e pouco se fala (e menos ainda, se reconhece) outros tipos de compulsões danosas, como o caso da compulsão por compras, que, além de causar grande prejuízo financeiro para a família da pessoa, também tem como consequência o acúmulo de coisas inúteis. Sobre esse assunto, e com uma pegada bem leve, chega aos cinemas brasileiros a partir de 9 de fevereiro a comédia nacional ‘Desapega!’. Rita (Glória Pires) era uma compradora compulsiva, mas, há sete anos, está controlada. Substituindo um colega que sai de férias, Rita assume a liderança de um grupo de compradores e acumuladores compulsivos, composto por Gisélia (Malu Valle), Rômulo (Wagner Santisteban), Sylvia (Polly Marinho), Cibele (Carol Bresolin, que consegue ser engraçada naturalmente) e Otávio (Marcos Pasquim). Dentre os desabafos e desafios do grupo em controlar o impulso consumista, Rita fica sabendo que sua filha, Duda (Maísa Silva), conseguiu uma bolsa de estudos para estudar fotografia em Chicago. Só que a notícia desperta nela um gatilho muito forte, e agora Rita precisa reunir todas as suas forças para não ter uma recaída e gastar todo o dinheiro da viagem. Em pouco mais de uma hora e meia, ‘Desapega!’ é mais um acerto do diretor Hsu Chien. Ao imprimir um tom leve da comédia a um assunto tão sério (e pouquíssimo debatido socialmente), o diretor e roteirista cumpre o papel social do cinema em levar o público a refletir, especialmente na época de início de ano, quando chegam todos os boletos das compras desenfreadas de fim de ano. É bom ver Glória Pires tão didática em cena, demonstrando, com sua voz paciente e seu jeito de mãezona, diversas técnicas para que o espectador que se reconheça no filme conseguir, sozinho, reconhecer seus impulsos e ser capaz de controlá-los. Ao invés de reforçar o drama com cenas de compras compulsivas, o roteiro de Leandro Matos foca mais em ajudar os personagens e, de quebra, também o espectador. Para isso vale até dar uma acelerada no tempo fictício, para que o arco do controle-descontrole-equilíbrio aconteça conjuntamente com a ideia do intercâmbio da co-protagonista. Não passam despercebidas as muitas homenagens à cultura pop que Hsu Chien insere em seu longa, como a cena em que Marcos Pasquim, pego no flagrante, enfia o rosto dentro da geladeira para tentar se esconder, em clara referência ao saudoso Robin Williams em ‘Uma Babá Quase Perfeita’. Também tem destaque o jovem Matheus Costa, cujas cenas com Marcos Pasquim são hilárias e roubam gargalhadas do espectador. Alerta de easteregg: o nosso querido crítico aqui do Cinepop, Raphael Camacho, faz uma ponta na cena final como uma das pessoas correndo dentro do bazar. ‘Desapega!’ abre com a música ‘Quando Você Passa (Turu Turu)’, de Sandy e Júnior, e ainda tem uma cena inteirinha repetindo a clássica sessão de karaokê de ‘High School Musical’. Com uma ótima mensagem, ‘Desapega!’ é diversão (e ensinamento) para toda a família.