terça-feira, 31 de outubro de 2023

Sushi Noh

"Sushi noh", de Jayden Rathsam Hüa (2022) Terror australiano que traz elementos de trash e fantasia. Em um apartamento decadente de 1984, moram o Tio Donnie (Felino Dollos) e sua sobrinha de 8 anos, Ellie (Geneva Phan). Tio Donnie é um sujeito asqueroso, e Ellie, uma menina solitária. Ao assistir uma propaganda na tv, anunciando um aparelho doméstico para fazer sushi, Donnie decide comprar para preparar sushi para um amulher que irá visitá-lo em casa. Mas a máquina possui estranhos poderes que fazem de Donniw uma figura assassina. Uma homenagem aos filmes de terror baratos e trash dos anos 80, como "A poltrona assassina", "O elevador assassino", "Sushi Noh" tem a vantagem de ter protagonismo asiático e ao mesmo tempo, referenciar os filmes de terror da Ásia, que também primavam de efeitos toscos e histórias sobrenaturais. O filme parece um pesadelo ou um conto de fadas macabro. Divertido, mas totalmente non sense.

Do além

"From.beyond", de Fredrik S. Hana (2022) Vencedor dos prêmios de melhor filme em Sitges, Fantasia e outros importantes Festivais de horror, "Do além" é um curta experimental que mescla ficção científica, horror e mockmentary. O filme apresenta imagens de arquivo fakes mostrando a convivência entre humanos e alienígenas: crianças criando alinígenas como animais de estimação, homens em shows de sexo ao vivo fazendo sexo com alienígenas. O filme não traz um desfecho, mas deixa em aberto que essa convivência pode não ser benéfica pelo fato dos humanos quererem dominar as criaturas. Uma metáfora sobre o Poder, sobre dominação. Curioso, mas estranho e chato.

Gaza

"Gaza", de Garry Keane e Andrew McConnell (2019) Premiado em importantes Festivais e exibido em Sundance, "Gaza" é co-produzido pela irlanda e Palestina. O filme foi lançado mundialmente em 2019, e entre muitos elogios da crítica, houveram também críticas ao filmem acusado de fazer propaganda favorável aos palestinos, sem apresentar nenhum ponto de vista do lado de Israel. O mais trágico é assistir ao filme em pleno 2023, após a morte de mais de 10 mil pessoas na Geurra entre Palestina e Israel iniciada com um ataque do Hamas à civis israelenses. O filme apresenta depoimentos de moradores da Faixa de Gaza, e assim, procura mostrar ao mundo a dura realidade de uma população confinada em um pedaço de terra de 40 kilômetros, pouco para os mais de 2 milhões de palestinos que ali vivem. Com escassez de energia elétrica e empregos, boa parte da população vive da pesca ou não fazem absolutamente nada. Jovens jogam pedras em soldados israelenses que cercam o muro que ronda a cidade. Para a pesca, é proibido ultrapassar a faixa de 5 kilômetros da orla, correndo o risco de ser morto, ao que os pescadores reclamam que nesse trecho a pesca é rara. O filme mostra imagens das guerras de 2014 e 2018, as Intifadas, e traça um perfil breve do Hamas. Desde 2005, quando Israel retirou tropas e colonos de Gaza, o Hamas se envolveu no processo político palestino. Venceu as eleições legislativas em 2006, pouco antes de reforçar seu poder no ano seguinte, derrubando o movimento rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Com imagens raras da cidade, é de partir o coração ver populares que possuem o desejo de sair da região, mas se snetem prisioneiros por estarem encurralados por zEgito, Israel e o mar.

O assassino

"The killer", de David Fincher (@023) O que The Killer, de Michael Fassbender, e David, seu personagem robôtico em "Prometheus" têm em comum? Ambos não piscam os olhos. São frios. E não tem nenhum tipo de compaixão pelas vítimas. "The killer" é adaptado da Graphic novel de 7 livros francesa escrita por Alexis "Matz" Nolent e ilustrada por Luc Jacamon. O filme é dirigido por David Fincher, um dos cineastas mais reverenciados pela turma cinéfila no mundo. A expectativa sobr eo filme era gigante, e afinal, muita gente se frustrou, inclusive eu aqui. O filme é muito bem dirigido, tem cenas brilhantes ( a cena de Fassbender com Tilda Swinton é um show de atuação) , te, sangue frio, tem violência, tem excelnte técnica na fotografia, montagem e o melhor de tudo, a trilha sonora é toda de músicas dos The Smiths. Pois aonde o filme ficou devendo, é justamente no roteiro, bastante simples e sem muitas reviravoltas. Fassbender é The Killer. Após uma missão que deu errado, matando uma inocente, a punição é que alguém que ele ame seja punida. Sobrou para a sua namorada, interpretada por Sophie Charlotte. The killer decide então se vingar de todos que ousaram atacar a mulher que ele ama. O filme não me empolgou como eu queria, muito por conta de sua narrativa fria e pelos offs do protagonista que trazem elementos do Noir. Mas tem momentos muito bons. Além da cena de Tild,a tem um que acompanha aa secretária de um advogado que é incrível também. No futuro, vou querer rever o filme e certamente irei gostar bem mais do que agora. A maldita da expectativa acaba nos matando o desejo de apreciar o filme.

Devorado vivo

"Eaten alive", de Tobe Hooper (1976) Eleito pelo cineasta Quentin Tarantino um dos 10 melhores filmes de terror de todos os tempos, 'Devorado vivo" é dirigido por Tobe Hooper, e foi lançado 2 anos após sua obra-prima "O massacre da serra elétrica", de 1974. Tobe Hooper sabia como ninguém como criar ambientes sádicos, tensos, apresentando os vilões mais pitoresccos e brutais do cinema. O visual do filme tem uma atmosfera de eterno pesadelo lúdico: o hotel e o pântano foram todos recriados em estúdio, ao invés de locação, e assim a fotografia e movimentos de câmera foram possíveis dando um tom de conto de fadas macabro. Não à tôa, os cults modernos "X"e "Pearl" o usam como referência: um sádico assassino , dono de hotel no Texas (aonde mais???) cria um crocodilo gigante em seu pântano, e o alimenta com seus hóspedes. Não bastasse o crocodilo, Judd ainda usa um enorme foice e um tridente para matar as vítimas, antes de jogá-las pro bichano. O filme tem uma narrativa maldita, obscura, underground. É um terror adulto, com muita nudez e insinuações de sexo e estupro. Logo na 1a cena, em um bordel,um cliente quer obrigar uma prostituta a fazer sexo anal, o que ela não tiopa. Ao se refugiar no hotel, a pobre prostituta vira comida do bichano. Outros personagens vão surgindo, tornando tudo muito bizarro e doentio. Robert Englund, o eterno Freddy Krugger, é o tal cliente adepto do anal, aqui jovem e com corpo definido. O restante do elenco apresenta tipos que Fellini iria amar em eus filmes. O crocodilo, para um filme B, até que tem seus momentos, mas o grande astro aqui é de fato ao Hotel e o pântano no estúdio, uma proeza visual que entendo totalmente serem inspiração para Tarantino. Um filme mega cult.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

O mal que nos habita

"Cuando acecha la maldad", de Demián Rugna (2023) Que terror foda! Co-produção Argentina/Estados Unidos, "Quando o Mal espreita" ganhou o prêmio de melhor filme em Sitges 2023. O filme é uma mistura brutal de 'A corrente do mal' e 'Extermínio". Em uma área rural da Argentina, dois irmãos, Pedro (Ezequiel Rodriguez) e Jimmy (Demian Salomon) ouvem tiros à noite na redondeza. Ao saírem para investigar, descobrem o corpo de um homem pela metade. Ao visitar o sítio da idosa Maria e seu neto, descobrem que ela mantém o filho Uriel no quarto. A questão é que Uriel está apodrecido e possuúdo por alguma entidade. A mãe diz que não podem matar uriel, pois isso irá espalhar uma maldição. Quando os irmãos colocam Uriel na caçamba da caminhonete, o corpo dele desaparece. Mais tarde, descobrem que que existe uma corrente onde uma pessoa mata a outra e aí espalha a morte entre os familiares, que se matam. O filme é espetacular, com cenas bastante violentas, envolvendo também crianças e animais domésticos. Em uma cena específica, um cachorro devora uma menina pequena com imagens explícitas. O filme é muito bem dirigido e vai para um caminho que sai do óbvio. Não é recomendado para pessoas sensíveis.

domingo, 29 de outubro de 2023

Irmã Morte

"Hermana muerte", de Paco Plaza (2023) Lançado em 2017 pelo roteirista e cineasta espanhol Paco Plaza, co-diretor do mega sucesso 'Rec", "Verônica" imediatamente se tornou um cult do terror. Agora, em 2023, Paco lança um spin off do filme, intitulado 'Irmã Morte", sobre a personagem do filme original, a Irmã Narcisa, apelidada de Irmã Morte. O filme retonr para os anos 40, durante a Guerra civil espanhola. Irmã Nercisa (Aria Bedmar) desde criança tem dons paranormais. Já adulta, ela vai trabalhar como professora no convento, agora dedicado ao ensino de meninas. Ela descobre que a escola é assombrada pelo espírito de uma criança e de uma freira falecida, Irmã Socorro. À medida que a Irmã Narcisa aprende sobre a história da escola, ela descobre segredos mantidos na obscuridade pela Madre Superiora e pela Irmã Julia envolvendo o passado de Socorro, e Socorro quer vingança pelo que aconteceu. É impossível ninguém se lembrar de "A Freira 2", recente sucesso de público. Filme de terror com freiras é daquelas sub-gêneros do terror, que nem filme de tubarão e casa mal assombrada, que todo mundo adora e sempre faz sucesso. No terror com freiras, sempre tem as freiras boas e as freiras más. Recentemente, tivemos "O convento", com Jena Malone, também ambientado em um local habitado por freiras estranhas. O filme tem um triste e trágico fundo dramátuico envolvendo soldados franquistas que lembra o clássico de Guillermo del Toro, 'A espinha do diabo".

Hypnotic: Ameaça invisível

"Hypnotic", de Robert Rodriguez (2023) Algum dia, o rei dos Filmes B Robert Rodriguez deve ter pensado: 'E se eu fizesse um filme adulto com a "Eleven", protagonista de 'Stranger things"? Pois esse filme é Hypnotic, e muitos críticos o comparam à filmografia de Chrstopher Nolan, principalmente, "A origem". Mas para mim, a maior referência é um clássico de Brian de Palma dos anos 80, infelizmente esquecido, o excelente "A fúria". Ecos de Cronemberg e Stephen King também podem ser vistos, principalmente "A incendiária". Ah, o governo e suas experiências científicas, continuam, rendendo muitos filmes, alguns bons, outros medianos. "Hypnotic" tinhatudo para ser bom: Ben Afleck, Alice Braga...mas o estilo narrativo do filme tamvez não seja o que queremos ver de um filme de Robert Rodriguez, mais afeito ao humor ácido e muitos momentos bizarros envolvendo porradaria B. Aqui, o estilo chega a ser eelgante, quase que de um David Fincher, mas faltou alma e coração. Dá para assistir? Sim, é um passatempo onde ficamos o tyempo todo curiosos com a trama. Mas certamente poderia render muito mais diversão.

Five nights at Freddy's - Pesadelo sem fim

"Five nights at Freddy's", de Emma Tammi (2023) Quando assisti ao trailer do filme, e eu nem sabia que era adaptado de um game, falei: "Gente, mas isos é plágio do filme do Nicholas CAge, "Willys Wonderland", que é exatamente igual!!!!!!"ele interpreta um desmepregado que aceita trabalhar em uma antiga casa de festas abandonada, e fica por lá vários dias, e descobre que os bonecos animatronics que entretiam o público criaram vida e matam as pessoas. Tem até uma gal;era que invade o local e vai sendo morto um a um! Tudo igual, a única diferença é que existe um drama pessoal do personagem de Mike (Josh Hutcherson): quando criança, seu pequeno irmão foi sequestrado e desapareceu. Isso fez com que ele ficasse traumatizado. Hoje, com uma filha pequena, Abby (Piper Rubio), ele aceita o emprego, mas sua filha é sequestrada pelos bichos. O filme fez sucesso de público mas a crítica detonou. Não acho o filme ruim. Ele apenas não assusta, não tem ritmo, e pior, não tem cenas violentas. Para quem busca algo eletrizante, o filme certamente será uma enorme decepção.

Massacre na Escola - A Tragédia das Meninas de Realengo

"Massacre na Escola - A Tragédia das Meninas de Realengo", de Bianca Lenti (2023) (Comentários em breve) "Massacre na Escola - A Tragédia das Meninas de Realengo", de Bianca Lenti (2023) (Comentários em breve) O primeiro assassinato em massa em uma instituição de ensino no Brasil aconteceu em sete de abril de 2011, na escola Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, Rio de Janeiro. Em cerca de quinze minutos, mais de trinta disparos foram dados. Ao todo, mais de cem. Vinte e quatro estudantes foram baleados e doze morreram. O atirador se suicidou. O fato de que este não teria sido apenas um massacre, mas um crime misógino, é apontado na produção. Um feminicídio em massa, fato quase ignorado pela mídia na época do acontecimento.

Fahrenheit 451

"Fahrenheit 451", de Ramin Bahrani (2018) Dirigido pelo indiano Ramin Bahrani, do grande sucesso da índia "The white tiger", "Fahrenheit 451", é adaptado d aobra de ficção científica de Ray Bradbury lançado em 1953 e filmado pelo francês Franbçois Truffaut em 1966, uma de sua sinúmeras obras-primas. Fica claro, ao se comprar, que grand eorçamento e efeitos especiais nem sempre são garantia de bom filme. Mesmo com 3 estrelas: Michael B. Jordan, Michael Shannon e Sofia Boutella, o filme não chega aos pés da versão de Truffaut, muito mais charmosa e mais focada no drama do personagem, com menos foco nos efeitos especiais e mais na dramaturgia. O filme apresenta uma sociedade distópica, onde é proibida a leitura d elivros, considerado ato subversivo, penalizado com a morte, em algumas situações. O governo controla os meios de informação e todos os livros são caçados por bombeiros e queimados a 232°C (ou 451°F, que dá o nome da obra). Hoje em dia, o filme é uma grande metáfora dos governos de extremas direita que querem o controle sobre uma população que não raciocina. Guy Montag (Michael B. Jordan) é um policial que entra em conflito ao conhecer os revolucionários. Ao ler trechos de um livro, ele passa a entender a importância da literatura e a beleza das escritas, e assim, passa a confrontar o seu colega, Beatty (Shannon). Uma dica: assista ao original e se emocione com o trabalho dos atores do filme de Truffaut. Um filme soberbo, com Julie Christie e Oskar Werner, que já havia trabalhado com truffaut em sua obra-prima "Jules e Jim".

Três vezes amor

"Definitely maybe", de Adam Brooks (2008) Existem filmes que parecem que foram feuitos para serem vistos enquanto se viaja em um avião. Foi o meu caso. essa comédoa roântica eu perdi na época do lançamento, e agora, viajando de avião, decide assistir. Sim, ela é assitível, agra'davel, passarápido, voc6e tprce, voc6e ama o elenco all star e o final você sabe até como vai acabar. Aquele finalzinho meio 'Bridget Jones" se justifica porquê o diretor e roteirista escreveu um dos filmes da franquia com a sonhadora inglesa. O filmne se passa em 2 épocas: antes do nascimento de Maya Hayes (Abigail Breslin), 11 anos, ainda nas campanhas presidencias de Bill Clinton, e 11 anos depois do nascimento da menina, filha do assessor político Will (Ryan Reynolds). Maya mora com seu pai, que acaba de receber o pedido de divórcio da esposa. Curiosa por saber mais da vida de seu pai, Maya pede para que ele fale das mulheres com que se envolveu antes de ela nascer: Summer (Rachel Weiz), Emily (Elizabeth Banks) e April (Isla Fisher). Nada de novo no front. O filme segue toda a cartilha da comédia rom6antica, e se voc6e não espera muita coisa, já tá valendo pelo menos por reunir um super elenco de peso, e por mostrar ruas e bairros de Nova York, a cidade que todo mundo ama.

Os Croods

"The Croods", de Kirk DeMicco e Chris Sanders (2013) Divertida animação indicada ao Oscar em 2024 e queteve uma ótima continuação em 2020. Os Croods apresenta uma divertida família pré histórica que se acostumou a ficar escondida em uma caverna, mas que com o advento de parte do planeta ser destruido, são obrigados a encontrar um outro local para morar. O filme traz muitas cenas divertidas e emocionantes, com um desfceho de soltar lágrimas. Como toda animação com núcleo familiar, aqui a gente se apaixona por todos: o pai, a mãe, a avó, os dois filhos, com vozes de grandes estrelas como Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reybolds, Catherine Keener, Chloris Leachman. Um filme maravilhoso, para toprcer bastante e se divertir com toda a família.

O Hotel Royal

“The royal hotel”, de Kitty Green (2023) Baseado no documentário de 2016 Hotel Coolgardie , The Royal Hotel de Kitty Green é uma versão ficcional vividos por duas mochileiros finlandeses, Lina e Stephie, vítimas da misoginia numa pequena cidade do outback australiano. Kitty Green é uma cineasta australiana que fez bastante sucesso no circuito de festivais em 2019 com o drama #metoo “A assistente”, sobre uma estagiária em uma produtora de audiovisual que sofre todo o tipo de assédio de um ambiente tóxico masculino. Julia Garner repete a dobradinha com a cineasta e retorna no papel de Hannah, que junto de sua amiga Liz, gastan todo o dinheiro das férias e para poder se capitalizar, aceitam trabalhar em um hotel isolado no deserto. Lá, são recebidas pelo dono do local, Billy (Hugo Weaving), casado com a aborígene Carol. Os aborígenes e as mulheres sofrem nas mãos dos homens da cidade, misógenos e racistas. Um filme que mescla drama e suspense, o filme traz elementos de muitos filmes clássicos, sobre forasteiros que sofrem na mão de locais. Mas o filme, escrito, dirigido e protagonizado por mulheres, decide colocar um ponto final na violência masculina. Excelente elenco e uma trama tensa e forte

Rádio Metronom

“Metronom”, de Alexandre Bulc (2022) Vencedor do prêmio de melhor diretor na Mostra um certo olhar em Cannes, o drama romeno traz uma das cenas mais lindas e comoventes que vi recentemente: um grupo de adolescentes, trancados em um apartamento na Bucareste comunista de 1972, ouvindo e dançando escondidos “Light my fire”, do The Doors. É uma cena sublime, encantadora. Ana é uma jovem de 17 anos que mora com sua família acomodada com o regine comunista. Seu namorado, Sorin, irá se mudar com a família para a Alemanha. Triste, Ana decide fugir de casa de noite para ir na festa de amigos onde provavelmente Sorin estará presente. Ali, Ana descobre uma realidade que ela até então desconhecia: oa jovens escutam a rádio pirata Metronom, que toca músicas proibidas pelo regime. Dividido em 2 partes distintas, onde na primeira Ana é ingênua e na 2a ela já enche seu coração de um espírito combativo, chocando seus pais, o filme é um belo drama com romance e melodrama focado nos dilemas de uma juventude alienada mas que encontra o seu caminho para a redenção. Filmaço.

A nova Cinderela

“A Cinderella story”, de Mark Rosman (2004) Veículo para a grande estrela Hillary Duff, que graças ao sucesso da série da Disney Lizzie Maguire ficou famosa e se tornou ícone teen. Em 2004, ela protagonizou essa versão bobinha e açucarada da Cinderela, com direito à Madastra e meias irmãs bastante malvadas, e um príncipe encantado meia boca que joga futebol americano na escola. Ah, tem o melhor amigo nerd e certamente a maior das polêmicas de hoje em dia, a personagem magical negroe de Madison, a empregada negra da lanchonete da família que ajuda Sam (Duff) a dar um jeito nas malvadas. Numa tarde de chuva ou num avião, o filme cumpre o seu papel com todas as obviedades do mundo, mas tá valendo pelo carisma da estrela da Disney.

Scooby Doo

“Scooby doo”, de Raja Gosnell (2002) Levaram décadas para que a própria Hannah Barbera levasse às telas a versão carne e osso do sucesso “Scooby doo” e a turma da Máquina mistério: Fred, Salsicha, Velma e Daphne , criados em 1969. Com a compra da Hannah Barbera pela Warner Bros em 2001, foi lançado em 2002 o primeiro filme da franquia, grande sucesso de público mas apedrejado pela crítica. O sucesso gerou outro filme em 2004. Mas talvez a curiosidade do público tivesse mais a ver em assistir o casa na vida real, os ídolos teens Freddy Prinze jr e Sarah Michelle Gellar nos papéis de Fred e Daphne. Mas certamente o sucesso se deve à performance genial de Matthew Lillard como Salsicha e do próprio Scooby, em computação duvidosa, mas eficaz. A trama é uma bobagem, mas vale pelo visual e pelo desenho de produção. O roteiro é co- assinado pelo Midas James Gunn.

Totem

"Tótem”, de Lila Avilé (2022) Indicado pelo México para a vaga ao Oscar de filme estrangeiro, “Tótem” concorreu no Festival de Berlim 2023. Segundo longa da cineasta e roteirista mexicana Lila Avilé, o filme traz um dia na vida de uma família desfuncional de classe média. Tona, um homem de meia idade, casado com Ester e pai da pequena Sol (Naima Senties, excelente) de 7 anos, está com uma doença terminal. Toda a familia e amigos sabem que ele morrerá em poucos dias, incluindo seu pai que está com câncer. A única pessoa que desconhece a sua doença é Sol, e todos procuram disfarçar o clima de baixo astral com muita alegria. Repleto de performances naturalistas, o filme parece um documemtário, ao registrar as pessoas em momentos absolutamente mundanos e sem importância. A vida continua e mada mudará , essa é a triste memsagem do filme.

Corta!

“Coupez!”, de Michel Hazanavicius (2023) Quando assisti em 2017 o sensacional e criativo de filme terror cômico japonês “Plano sequência dos mortos”, eu estava certo de estar diante de um filme que era um verdadeiro acontecimento cinematográfico: original na forma e no final das contas, uma declaração de amor ao cinema independente e suas diversas formas de realização. O oscarizado cineasta francês Michel Hazanavicius, conhecido por “O artista”, assumiu o remake e o copia quase que literalmente, e escala sua esposa Berenico Bejo e sua filha Simone para estarem juntos na empreitada. Para o protagonista, o astro Roman Duris, como o cineasta tirano e arrogante, que para explorar melhor do seu elenco e equipe, libera zumbis de verdade, em uma narrativa bancada por uma produtora como em plano sequencia. O filme foi exibido na abertura do Festival de Cannes 2023, mas infelizmente , deixou saudades do original. A despeito do elenco talentoso e da qualidade técnica e dos efeitos, faltou o humor peculiar dos asiáticos, exagerado e rindo de si mesmos. Assistam ao original.

Meu nome é Gal

“Meu nome é Gal”, de Dandara Ferreira e Lô Politi (2023) Cinebiografia que percorre a fase inicial de Gal Costa, de 1966 a 1971, período que a cantora baiana chega ao Rio de Janeiro aos 20 anos de idade. Sophie Charlotte interpreta a cantora, junto de uma turma de jovens atores baianos que interpretam Caetano, Gil, Betânia ( a diretora Dandara), e atores veteranos como George Sauma que interpreta Wally Salomão e Luis Lobianco que interpreta o empresário Guilherme Araujo, que entre outras coisas, lhe deu o nome artístico de Gal Costa. Mas a grande força do elenco é a atriz baiana Chica Carelli, que interpreta a mãe de Gal. Que atriz formidável! A fotografia de Pedro Sotero também merece destaque. O filme se apropria da estética visual de Pablo Larrain, focando em closes para poder dar mais dimensão emotiva e menos de valor de produção.

Quando falta o ar

“Quando falta o ar”, Ana e Helena Petta (2022) (Comentários em breve). A pandemia da Covid-19 escancarou ainda mais os abismos sociais e certas feridas abertas da sociedade brasileira. Enquanto a doença avançava no Brasil, profissionais de saúde permaneceram firmes na linha de frente do combate.

O último animal

“O último animal”, de Leonel Vieira (2023) Ambientado no Rio de Janeiro antes das Upps, “ O último animal” foi escrito e dirigido pelo premiado cineasta português Leonel Vieira. O filme traz um elenco internacional, onde se destaca o português Joaquim de Almeida como Ciro, chefão do tráfico no Morro carioca. Seu maior rival é o traficante Calango, cujo irmão é Didi (Junior Vieira), que decidiu estudar direito e tentar um emprego decente. Entre vários personagens que surgem no caminho de ambos, um retrato trágico da violência carioca. O elenco do filme é excelente, com destaque para a atriz trans que interpreta Paulinha. O filme tem uma boa produção dentro do padrão filme médio.

Uma família feliz

“Uma família feliz”, de José Eduardo Belmonte (2023) Com argumento e roteiro escrito por Raphael Montes, “Uma família feliz” abraça o trhiller de suspense psicológico, e muitos críticos viram referências à filmografia de Michae Haneke e Thomas Vintemberg e sua obra prima “A caça”. Mas ao meu ver, “Boa noite mamãe”, terror austríaco é uma inspiração mais apropriada. Vicente (Reynaldo Gianechini) e Eva (Grazi Massafera) vivem uma família feliz: ricos, bela casa, três filhos. As gêmeas frutos do 1o casamento de Vicente e Lucas o bebê do casal. Ele é advogado, ela cria bonecos reborn. Um dia, uma das meninas aparece com hematomas no corpo, e o bebê também, e as suspeitas recaem sobre Eva. Quem viu “Aos teus olhos” também verá referências, com a associacão doa pais querendo punição ao personagem de Daniel Oliveira acusado por fake news. O filme fala sobre isso, mentiras espalhadas sem Provas. Grazi e Gianechini estão ótimos, ‘mas as meninas são a sensação aqui. Um bom exercício de gênero

Além de nós

“Além de nós”, de Rogério Rodrigues (2023) (Comentários em breve). Depois da morte repentina de seu pai e da perda do emprego como peão de fazenda, Leo decide satisfazer o último desejo paterno e rumar ao Rio de Janeiro para visitar o Palácio do Catete. E ele vai com o seu tio alcoólatra.

Vermelho Monet

“Vermelho Monet”, de Halder Gomes (2023) Escrito e dirigido por Halder Gomes, “Vermelho Monet” é a aposta do cineasta cearense para sair do registro de suas famosas comédias e investir no drama. Aqui no caso, tendo como pano de fundo o mundo das artes plásticas, das musas e dos falsários. O filme foi todo rodado em Portugal, conferindo belas imagens captadas nas locações. Chico Diaz é Johaines, um famoso pintor que acaba de sair da prisão. Ele mora no ateliê com sua musa, agora doente e cadeirante. Johaines reproduz obras de arte fakes para a marchant Antoniette (Maria Fernanda Candido), que vive de golpes com clientes. Ela encomenda uma obra original para Johaines e sugere como musa a ruiva interpretada por Samamtha Muller, que acaba tendo um caso com Antonietta. O maior mérito do filme é testemunhar o quanto Maria Fernanda cresceu como atriz. Madura, trazendo diversas camadas para a sua personagem. Belamente fotografado com elegância por Carina Sanginitto, “Vermelho Monet” traz uma pergunta interessante: e se o fotógrafo næo ouder enxergar mais as cores. Com enquadramentos bem compostos e movimentos de câmera sua es e sem olhar abrupto

In water

“Mul-an-e-seo”, de Hong Sangsoo (2023) Concorrendo no Festival de Berlim 2023, “In water” é um filme do prolifico cineasta sul coreano Hong Sangsoo. Tudo continua ali: personagens que trabalham com cinema, longas conversas ao redor de bebidas, papo descontraído. Mas aqui, Sangsoo vai além na linguagem do cinema: quase todos os olanos estão fora de foco. Uma metáfora feroz sobre a falta de nitidez na vida das pessoas. Um ator que virou diretor (Shin Seokho) levou dois amigos atores (Ha Seongguk e Kim Seungyun) com ele para a Ilha de Jeju – ao sul da Coreia – para fazer um filme. Com apenas 3 pessoas na equipe, o filme discute a função do cinema e as relações pessoais, naquela forma banal de seus filmes. Um filme visualmente belo

Pedágio

“Pedágio”, de Carolina Markowicz (2023) Um filme brasileiro de se orgulhar em todos os aspectos: no roteiro, na direção de arte, na direção de uma das diretoras brasileiras de maior prestígio do mundo cinematográfico dos festivais mundo afora, na fotografia que valoriza a solidão e melancolia da triste Cubatão e principalmente, na brilhante performance do elenco, dos premiados pelo Redentor Maeve Jenkings, Kauã Nascimento e Aline Maia, que garante os momentos mais divertidos do filme. Suellen (Jenkings) trabalha como cobradora de pedágio e Telminha (Maia) é sua colega, que faz a cabeça de Suellen e pede para ela inscrever o filho adolescente na Igreja para um trabalho de conversão da cura gay. Essa premissa lembra o americano “ The miseducation os Cameron Post”, igualmente bom. Mas “Pedágio” se destaca pelo olhar acalentador de uma mãe em conflitos, que se envolve com um marginal e que acredita que está fazendo o melhor pelo seu filho, que obviamente se nega a participar. Um filme obrigatório e uma aula de narrativ

Unpregnant

“Unpregnant”, de Rachel Lee Goldemberg (2022) Excelente dramédia que traz uma equipe e elenco femininos lidando com o tema do aborto na adolescência. Haley Lou Richardson, do ótimo “Quase 18”, interpreta Veronica, uma estudante de 17 anos que descobre que engravidou do seu namorado. Envergonhada de falar com sua mãe e com suas amigas patricinhas, ela decide juntar suas economias e seguir para uma cidade onde o aborto é legalizado. Em Missouri, onde mora, é crime. Veronica ganha apoio inesperado de Bailey (Barbie Ferreira, de “Euphoria”), uma estudante que sofre bullying mas quer aproveitar a viagem para conhecer seu pai, que a abandonou. Como todo road movie, o filme é um acerto de contas com o passado e o presente. Com ótimas performances e um roteiro com dialogos inteligentes e uma fotografia que valoriza as locações, o filme diverte e emociona.

Malpaso

“Malpaso”, de Hector Valdez (2020) Não tem como não começar a falar desse excelente drama da Repúbluca Dominicana sem mencionar a fotografia de Juan Carlos Gomez, que é uma verdadeira obra de arte. Em preto e branco desolador e com quadros rigidamente compostos, seu trabalho imagético é primoroso. O filme recebeu diversos prêmios internacionais e traz elementos de um cinema de realismo fantástico tendo como base um drama sobre menores abandonados e marginais que remete à “Cidade de Deus”. Dois irmãos gêmeos, Bruno, negro, e Candido, que nasceu albino, moram em uma casa pobre e isolada no meio do sertão com o avô, que esconde o albino para que ninguém o veja, pois o considera uma aberração. Quando o avô morre, os irmãos vão tentar trabalhar na cidade, mas logo são cooptados pela milícia e obrigados a praticar roubos. Uma obra de arte, o filme tem um roteiro com um plot twist e personagens memoráreis, como a mulher que vende poções, uma espécie de feiticeira.

Cascos indomáveis

“Cascos indomables”, de Netto Villalonga (2022) Um inusitado drama com tintas de humor ácido co- produzido por Costa Rica e Chile , “Cascos indomables” foi rodado nas ruas de San José, Costa Rica. O filme traz uma bela fotografia e composição de quadro de Nicolas Wang e uma direção que favorece a estranheza em um roteiro que retrata a vida de motoboys que trabalham para uma empresa de serviços de entregas rápidas. Mancha (Arturo Pardo, excelente) é um doa motoboys e possuí um grupo de 5 amigos que trabalham na empresa, entre eles, Gordo e Chito (Harvey Monastel, brilhante). Mancha tem uma marca de nascença no rosto que assusta as pessoas. Um dia, ele perde o emprego e a namorada Clara decide que não quer mais nada com ele. O filme me lembra o tipo de humor inusitado de Aki Kaurismaki. Ao mesmo tempo comovente ao retratar a luta batalha de sobrevivência de quem trabalha como sub emprego, o filme comove pela amizade do grupo que mesmo na merda, não larga as mãos um do outro. Filmaço.

Em guerra como o vovô

“War with grandpa”, de Tim Hill (2020) Comédia familiar que como tal, traz mensagens de união familiar e saber lidar com as diferenças e aceitar o outro. Ed (Robert de Niro) é um viúvo que vive trazendo problemas para os outros. Preocupada, Sally (Uma Thurman” decide trazê-lo para morar em sua casa, à contragosto do pai que não quer perder sua privacidade. Mãe de três filhos e casada, Sally desaloja o filho Peter, de 10 anos, para colocar seu pai e botar o menino no sotão. Revoltado, Peter declara guerra contra o avô e faz de tudo para que ele desista de morar na casa. O filme fala sobre bullying do neto contra o avô, dos colegas da escola contra Peter e de Sally contra o menino que quer namorar sua filha adolescente. Com grandes atores, incluindo Cristopher Walken, o filme se apois no talento do elenco, uma vez que o roteiro se torna óbvio e em algum momento eu já achei que tava vendo “O pestinha”. De Niro prova ser arroz de festa e faz de tudo um pouco

Afinado no amor

"The wedding singer", de Frank Coraci (1998) Uma clássica comédia romântica dos anos 90, “Afinado no amor” é a primeira parceria de Adam Sandler e Drew Barrymore, que fizeram outros filmes amados pelo público como “Como se fosse a primeira vez”. Ambientado em 1985, o filme traz Sandler como Robbie Hart, um cantor de casamentos que canta sucessos dos anos 80. Mas no dia de seu próprio casamento, ele é abandonado por sua noiva. Até que um dia conhece a garconete Julia (Barrymore), por quem se apaixona. Mas ela está para se casar com com um Noivo que trai ela. Quando Robbie descobre, pede ajuda até a Billy Idol para ajudá-lo. Um dos raros papéis de Sandler onde ele aposta mais em um humor menos escatológico, o filme é figurinha fácil do sessão da tarde e Barrymore estava no auge dos filmes como protagonista romântica. O visual é uma delícia

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Agnès Varda - Pier Paolo Pasolini - New York - 1967

"Agnès Varda - Pier Paolo Pasolini - New York - 1967", de Anges Varda (1967) Com imagens encontradas em 2021, esse incrível passeio/ensaio sobre cinema registrado pela câmera 16MM de Aanes Varda filmando Pier Paolo Paoslini na Rua 42 da Times Square, em Nova York, foi rodado em 1966 e finalizado em 1967. Marxista e comunista convicto, além de ateu, é difícil imaginar Pasolini caminhando pelas ruas mega consumistas da Times Square. Mas esse fato aconteceu. Pasolini, no entanto, não se comporta como um turista deslumbrado. Entre as diversas perguntas de Varda, uma delas é: "O que te atrai na Rua 42?', ao que Pasolini responde: "a pobreza", e a câmera sai da riqueza dos neons e das fachadas de grandes marcas para registrar os sem teto nas ruas. PAsolini fala sobre documentário e ficção, e que para ele, não há distinção. Ela tem total desaprovação de direção de atores, e afirma que o ator precisa trazer a sua verdade, comentando a sua repulsa em chamar um ator de bom coração para interpretar um vilão. Na trilha sonora, toca uma música do The Doors. São imagens belas, registro histórico da efervescência cultural e ética de Nova York e de dois cineastas que decidem falar sobre cinema.

Anatomia de uma queda

"Anatomie d'une chute", de Justine Triet (2023) Terceira Palma de Ouro concedido a um filme dirigido por uma mulher, após "O piano", de Jane Campion, e "Titane", de Julia Ducornau, "Anatomia de uma queda" é uma excelente trama que mescla drama de relacionamento com uma trama diabólica de suspense de tribunal. Existe uma longa cena em flashback no 2o ato que mostra uma discussão entre o casal, que é impossível não pensar na cena de Adam Driver e Scarlett Johanson em "História de um casamento". É um show de interpretação de Sandra Hüller, uma das atrizes mais brilhantes do cinema atual, e Samuel Theis. Mas quem rouba o filme mesmo é o menino Milo Machado Graner: as suas cenas são de tirar o fôlego, com emoções alternando entre a frustração, a tristeza, o ódio, o medo, a dúvida. E ele ainda interpreta um menino com deficiência visual, o que faz explorar ainda mais o seu trabalho corporal. Nas montanhas geladas de Grenobe, nos Alpes franceses, mora o casal de escritores Sandra (Sandra Huller) e Samuel (Samuel Theis), além do filho Daniel, de 11 anos, cego por um acidente provocado pelo pai anos atrás. Sandra está para lançar um livro novo, enquanto Samuel acaba tendo que assumir as funções domésticas pela falta de tempo de Sandra. O casal vive em crise, testemunhado por Daniel. Um dia, ao sair para passear com seu cachorro Scoob, Daniel retorna para casa e encontra seu pai morto, supostamente tendo caído do telhado ao fazer uma obra. Sandra convova um amigo advogado, Vicent, para ajudá-la em sua defesa, uma vez que na reconstituição do crime, não está claro se foi acidente, suicídio ou homicídio. O filme é longo, 150 minutos, e contrói lentamente o suspense, dando bastante ênfase as cenas de reconstrituição do crime e do tribunal, além de flashbacks com cenas que mostram o relacionamento do casal. O filme tem uma atmosfera de tensão que vai envolvendo o espectador, ávido em descobrir a verdade. Além do roteiro, escrito pela própria cineasta em parceria com seu marido Arthur Arari, a força do filme certamente é o trabalho formidável de todo o elenco.

Assassino da lua das flores

"Killers of the flower moon", de Martin Scorsese (2023) Durante as 3:30 hrs de duração do filme, 2 momentos me chamaram a atenção: em determinado momento, o personagem de Leonardo di CAprio pergunta ao policial da Bureau of investigation quem mandou os agentes para o Estado de Oklahoma, no qual o agente responde: "J. Edgar Hoover. Para quem não sabe, o todo poderoso da Bureau foi interpretado pelo próprio di Caprio no filme de Clint Eastwood. Outro momento que me encantou foi a rádio novela com sonoplastia, retratando crimes reais. É uma aula de cinema e de efeitos sonoros. Adaptado do livro escrito pelo jornalista David Grann, "Assassinos da lua das flores" é ambientado na década de 1920, no Estado do Oklahoma. Membros da nação indígena Osange recebem do governo terras improdutivas, mas para surpresa de todos, é descoberto petróleo na região, torcando os indígenas milionários. Mas mortes misteriosas vão ocorrendo na comunidade indígena, porém nada é feito para esclarecer. A convivência entre brancos e indígenas vai se tornando tensa. Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), recém-chegado do front da 1a guerra, está desempregaod e chega no local convidado pelo seu tio, o rico fazendeiro Bill Hale (Robert de Niro). Ernest torna-se taxista e uma de suas passageiras é Mollie (Lily Gladstone), uma Osage que acaba se casando com Ernest, por pressão de Bale, que quer que a família herde as concessões das terras indígenas. Com um elenco de apoio magistral, que vai de Jesse Plemons, John Lithgow, Brendan Fraser e o próprio Scorsese, fazendo uma ponta, o filme tem uma estrutura narrativa que remete a outros filmes de Scorsese, tendo um 3o ato um acerto de contas violento que fará a a;egria dos fãs ávidos poe construção tensa que Scorsese sabe fazer muito bem. Um filme luxuoso, grandiloquente, épico, e mesmo longo, uma aula de como construir narrativa.

Kokomo city

"Kokomo city", de D. Smith (2023) Vencedor de prêmios no Festival de Berlim e Sundance 2023, e também concorrendo em SXSW, "Kokomo city" é um documentário rodado em preto e branco e apresenta 4 mulheres trans negras, profissionais do sexo. Morando em Nova York e Atlanta, o filme foi dirigido por D. Smith, que começou sua carreira como produtor musical mas ao transicionar em 2014, foi cancelada pela comunidade artística musical, chegando a se tornar sem teto. Agora, retorna vitoriosa com esse documentário emocionante e ao mesmo tempo melancólico, apresentando Daniella Carter, Koko Da Doll, Liyah Mitchell e Dominique Silver. Com histórias cruas, violentas e até mesmo dvertidas, elas relatam suas experiências com clientes. Algumas histórias são dramatizadas com atores, outras ficam nos depoimentos filmados nas casas ou em lugares públicos. A trilha sonora contém canções do funk e soul conhecidas. Koko da Doll foi assassinada 2 semanas após a estréia do filme em Sundance, uma tragédia que só vem afirmar a violência e transfobia pelas quais muitas profissionais do sexo sofrem de seus clientes muitas vezes transfóbicos. Uma das depoentes diz que os clientes buscam na sua maioria trans com pênis enormes e peitos grandes, e as que não estão nesse perifl, quase não conseguem trabalhar. Histórias inusitadas que por si só, já renderiam bons filmes.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

15 câmeras

"15 cameras", de Danny Madden (2023) Terceira parte de uma franquia de terror iniciada em 2014 com "13 cameras", depois 2018 com "14 cameras" e agora com "15 cameras". O filme pega emprestada a narrativa de filmes como "Atividade paranormal"; novos inquilinos alugam uma casa pertencente ao serial killer Slumlord", que instala micro-câmeras que ele tem acesso em uma sala monitorando tudo o que os inquiloinos fazem, até matá-los no final. Foi assim nos outros filmes, onde metade do filme é visto pelas câmeras instaladas. Mas o vilão dos 2 primeiros filmes, o ator Neville Archambault, faleceu em 2022. mas isso não impediu dos produtores produzirem essa 3a parte: escalaram um sósia do ator, James Babson, e foram adiante. Cam (Will Madden) e Sky (Angela Wong Carbone) formam um jovem casal que acaba de comprar uma bela casa a preço de pechincha. Enquanto assistem a um documentário sobre os crimes reais de Slumlord, eles namoram O casal aluga um dos quartos para duas universitárias. Junto de CAm e Sky, uma amiga, Carilyn, também mora lá. Acidentalmente, Cam, ao revirar o porão, encontra a sala de monitores escondido. Ao invés de denunciar, ele decide vigiar as vizinhas. Logo, seu comportamento vai se transformando. Existem filme estúpidos e filmes com personagens estúpidos. Esse filme reúne as duas coisas. Como é que um espectador vai torcer por 1 casal que, ciente de que a casa que compraram foi residência de um serila killer, acham o máximo? E é claro que o óbvio irá acontecer. A franquia é acusada de misoginia, pois somente mulheres são a svítimas, além de serem sexualizadas em cenas de banho. Uma chatice, arrastado, e um desfecho sem noção.

Elas esperam no escuro

"They wait in the dark", de Patrick Rea (2023) Produção de baixo orçamento, o terror indie foi totalmente rodado em Kansas city. O filme é um raro exemplar de terror lésbico, com protagonistas femininas lidando com traumas do passado e espíritos malígnos. Amy (Sarah Macguire) tem uma lembrança do passado: quando criança, ela testemunhou sua mãe assassinada, e seu pai foi considerado culpado. Já adulta, sem teto e sem dinheiro, Amy tem um filho: Adrian, um menino de 10 anos negro. Eles estão fugindo, e após Amy encontrar sua amiga Jenny, que trabalha em uma lanchonete, ela e o filho acabam indo morar na casa de sua infância, onde houve o assassinato. Mas logo um espírito surge para assustar Amy. Paralleo, Judith (Laurie Catherine Winkel), sua ex-companheira está em seu encalço, querendo a guarda da criança. Para um filme de baixo orçamento, 'Elas esperam no escuro" é bem satisfatório. Na sua primeira parte, o filme favorece o drama, enquanto do meio em diante já entram elementos sobrenaturais. As atrizes são ótimas, idem o pequeno Patrick Mcgee, no papel de Adrian O filme reserva alguns plot twists no seu 3o ato.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Rope and boys

"Nawa to otoko-tachi", de Shûji Kataoka (1988) Os pinku films são um sub-gênero na filmografia japonesa. São filmes exploitation, violentos, eróticos, sádicos, onde o sexo e violência são extremados para satisfazer o púbico ávido pelo grotesco e bizarro. Esses filmes tornaram-se muito populares em meados dos anos 60 e dominaram o cinema japonês em meados dos anos 80. Foram precursores no Japão do cinema explícito. O filme fez muito sucesso e gerou 4 continuações, todos ambientados em um clube de S&M e bondage, fetiches onde a prática é o sexo violento e a palavra de ordem é sentir dôr durante o ato sexual. Yuji é um estudante universitário que mora com seu irmão mais velho, professor de academia. O irmão mais velho de Yudi o protege desde jovem, quando os pais faleceram, e tem praticamente uma figura paterna, que incomoda Yudi, acusando o irmão de privar a sua liberdade. Quando ele encontra um velho conhecido na rua, Senpai, os dois iniciam um romance. Senpai frequenta um clube de S&M, do qual é adepto, e leva Yudi para lá. O irmão de Yudi estranha a sua ausência e decide ir atrás dele. O filme choca pelas cenas cruas e realistas de bondage, apresentando cenas bastante fortes. O mais polêmico, no entanto, é a representatividade dos "Mestres" do clube: tidos vestem roupas militardes nazistas, além de terem basndeiras com suásticas espalhadas no cenário. O elenco teve muita coragem em se expôr em cenas de degradação e humilhação. Não é recomendado para pessoas sensíveis em hipótese alguma.

A porta ao lado

"A porta ao lado", de Julia Rezende (2023) (Comentários em breve) Em A Porta ao Lado, Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin) vivem um relacionamento tranquilo e estável, monogâmico, dentro dos moldes mais tradicionais. Juntos há mais de cinco anos, os dois se acostumaram com a rotina e a monotonia da vida de casados, sem muitas aventuras. Mas quando Fred (Túlia Starling) e Isis (Bárbara Paz), um casal que vive um relacionamento aberto, se muda para o apartamento ao lado, Mari acaba sendo levada a questionar seu casamento e considerar outras formas de se relacionar. O encontro entre os dois casais provoca desejos, dúvidas e inseguranças, transformando completamente a vida dos quatro.

Está chuvendo em casa

"Il pleut dans la maison", de Paloma Sermon-Daï (2023), Prêmio especial no Festival de Cannes 2023, "Está chuvendo em casa" foi escrito e dirigido pela cineasta belga Paloma Sermon-Daï, e traz os irmãos na vida real Purdey e Makenzy, adoelscentes, interpretando a si mesmos em uma história ficional, utilizando os nomes reais. O filme foi rodado na região turística de Les Lacs de L'Eau d'Heure, na Bélgica. Os irmãos Purdey (Purdey Lombet), de dezessete anos, e seu irmão Makenzy (Makenzy Lombet), de quinze, moram com a mãe desfuncional em uma casa decadente. Purdey trabalha como camareira no hotel local, e Makenzy vive de pequenos roubos com seu amigo. Um dia a mãe some, e os irmãos precisam aprendem a lidar com a ausência dela. O filme segue a tradição do cinema francês de Eric Rohmer, onde acompanhamos a rotina dos protagonistas vivendo suas vidas mundanas, quase em estilo documental, e algum evento muda subitamente a vida dos persoangens. Trazendo bastante naturalismo ao filme e às performances, "Está chuvendo em casa" é um bom exemplo de filme de baixo orçamento com uma história que pode interessar a alguns ou aborrecer outros.

A lua

"Deo mun", de Kim Yong-hwa (2023) Escrito pelo sul coreano Kim Yong-hwa, "A lua" é descaradamente uma mistura de "Perdido em Marte" e "Gravidade". Mas ainda assim, o filme foi um grande sucesso comercial na Coréia do Sul, muito por conta dos ótimos efeitos especiais e pela presença do jovem ator Do Kyung-soo, um astro teen e pop, também cantor da Boy band EXO e que ficou anos servindo o serviço militar. "A lua" é o seu retorno às telas e a expectativa foi enorme. O filme se passa no ano de 2030, quando a Coréia do Sul deseja entrar na disputa pela exploração d alua, já tendo os Estados Unidos como pioneiro. Anos atrás, uma primeira viagem de um ônibus espacial com 3 tripulantes terminou em tragédia, com o foguete explodindo. Agora, 3 jovens astronautas, entre eles, o fuzileiro naval e sem nenhuma experiência espacial Hwang Seon-woo (Do Kyung-soo) viajam para uma nova missão espacial. O lançamento é um sucesso, mas já no espaço, o ônibus sofre uma pane e durante o conserto, 2 dos astronautas morrem, deixando Hwang sozinho. Na base espacial da Terra, o engenheiro Kim Jae-guk procura ajudar o rapaz a cumprir sua missão na lua e retornar com vida para a Terra. O filme é longo e tem muiutos sub-plots, que acabam esvaziando a trama principal do jovem astronauta. Ficou arrastado e cansativo. Mas pelos efeitos e pela qualidade técnica do filme, vale ser visto. Nada que já não tenhamos assistido, e de novo, uma promissora ficção científica que certamente trará outros exemplares do país, atestando a importância da filmografia sul coreana como entretenimento no mundo.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Derrapada

"Derrapada", de Pedro Amorim (2023) (Comentários em breve) Em Derrapada, o jovem Samuca (Matheus Costa) de apenas 17 anos de idade descobre que sua namorada, Alicia (Heslaine Vieira), está grávida. A notícia vem à tona em um momento não muito propício da vida de Samuca, justamente quando ele achava que tudo estava correndo muito bem. Por ter cometido a mesma "derrapada" que sua mãe Melina (Nanda Costa) vivenciou anos atrás, tendo um filho na mesma idade que ela o teve, Samuca se sente pressionado pelas novas responsabilidades e preocupações. Temas como gravidez na adolescência e questionamentos sobre a vida adulta ganham visibilidade e são desdobrados ao longo da trama.

A era dos humanos

"A era dos humanos', de Iara Cardoso (2023) (Comentários em breve) Como os nossos pensamentos, intuições, emoções e sentidos influenciam a vida no planeta? Você irá descobrir em uma viagem pelo Ar, Fogo, Água e Terra e entender como a natureza humana está por trás das mudanças climáticas. O ator Marcos Palmeira é o nosso guia nessa jornada, na qual cientistas prestigiados compartilham sua paixão pela natureza e mente humana.

Um par para chamar de meu

"Um par para chamar de meu", de Kelly Cristina Spinelli (2023) (Comentários em breve) Um Par Pra Chamar de Meu acompanha a vida da mãe da diretora e de quatro outras mulheres que saem com os chamados personal dancers para discutir solidão, sexualidade e privilégio entre as mulheres da terceira idade.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

O exorcista- o devoto

"the exorcist- believer", de David Gordon Green (2023) 50 anos após o lançamento da obra-prima de Willian Friedkin, adaptado do romance escrito por William Peter Blatty, o cineasta e roteirista David Gordon Green, realizador da nova franquia "Halloween", e dos dramas "Prine Avalanche" e "Stronger" lança a continuação oficial, com os direitos comprados pela Blumhouse por 400 milhões de dólares. A crítica odiou, mas o público compareceu em peso à estréia. Talvez o grande chamariz seja a altamente alardeada participação de Ellen Burstyn no filme, e muitas especulações sobre o retorno de Linda Blair, a menina Regan. E já digo logo que a cena final do filme valeu toda a espera. E mais: não achei o filme ruim como todo mundo anda dizendo. Decerto não é o terror que todos esperavam, até porquê são poucas as cenas tensas, concentradas mais no desfecho. E Burtsyn dá dignidade ao projeto. Parece a Laura Strode retornando em 'Halloween", já na terceira idade, mas repleta de sabedoria. DAvid Gorodn Green sabe que em terror, o apelo vem das personagens femininas fortes. Duas meninas, Angela e Katherine desaparecem na floresta após tentarem contactar o espírito da mãe de Angela, morta durante o seu parto. O pai de Angela, Victor, faz a busca por sua filha, junto dos pais de Katherine. Dias depois elas ressurgem, mas agem estranhas. Aos poucos, sinais de possessão passam a aparecer, e Victor pede ajuda à Chris (Burstyn), que se afastou de sua filha Regan após publicar um livro relatando a sua experiência no exorcismo, e ela mesma, uma técnica especializada no assunto. O filme não precisava ter uma trilogia, mas o desfecho já prevê que sim.

Algo que você disse ontem à noite

'Something you said last night", de Luis De Filippis (2022) Premiado em importantes Festivais, como San Sebastian e San Francisco, essa produção Lgbtqiap+ canadense e suíça também foi premiada em Rotterdan. O filme é escrito e dirigido pelo cineasta trans Luis de Filippis, que traz uma história com inspiração autobiográfica. Ren(Carmen Madonia) é uma jovem de 22 anos que acaba de ser demitida. Ela é escritora e busca inspiração. Ren é uma mulher trans, e passa uma semana viajando com sua família para uma região litorÂnea. A família é de ascendência canadense-italaiana: a irmã adolescente Siena(Paige Evans), a mãe de ambas, Mona (Ramona Milano) e o pai, Guido (Joey Parro). Nessa semana, Ren vive diversas experiências, relacionadas à sua família, que respeita e normaliza a sua transição, um rapaz com quem flerta e o carinho de proteção para com sua irmã. Com ótimas performances de todo o elenco, o filme apresenta registros naturalistas e o roteiro privilegia essa rotina mundana, com poucos acontecimentos, mas ainda assim, as pequenas ações se tornam algo que faz o espectador entender melhor quem é a família, e entender mais dos personagens.

Aldeia natal

'Aldeia natal", de Guto Pasko (2022) (Comentários em breve) Aldeia Natal é um filme de viagem, que nos conduz, como espectadores, a diferentes territórios, que vão da Ucrânia, terra ancestral da família do diretor, a seu passado, e à complexa teia de relações que ele mantém com seus pais e irmãos desde que saiu de casa antes mesmo da adolescência.

Môa, raiz afro mãe

"Moa, raiz afro mãe", de Gustavo McNair (2023) (Comentários em breve) O documentário Môa, Raiz Afro Mãe acompanha a vida e trajetória do músico e capoeirista Môa do Katendê. Compositor, mestre de capoeira e símbolo de resistência cultural – considerado um dos responsáveis pela revolução do carnaval baiano com a ascensão dos blocos afro. Môa do Katendê foi assassinado em um bar de Salvador, em 2018, devido a uma discussão relacionada à disputa eleitoral. O documentário começou a ser produzido antes da morte do mestre de capoeira, que chegou a gravar entrevistas para o filme. Em complemento a seus relatos, a história do artista é contada por meio de imagens de arquivo e depoimentos.

Infinitas Terras (Ou relatos do meu tempo em crise)

"Infinitas Terras (Ou relatos do meu tempo em crise)", de Cauê Brandão (2023) (Comentários em breve) Um quadrinista se vê obrigado a lidar com pessoas e lugares que há muito tempo tem tentado ignorar, em busca de uma revista em quadrinhos perdida de sua coleção, na esperança de trazer alguma ordem para sua vida.