sexta-feira, 31 de maio de 2019

A urtiga

"A urtiga", de Piaoyu Xie (2017) A roteirista e cineasta chinesa Piaoyu Xie foi estudar cinema em Praga e ali ela dirigiu esse drama LGBTQ+ "A urtiga". O filme lembra bastante o drama "A garota dinamarquesa", com o tema da crise da masculinidade e da descoberta de uma nova identidade de gênero. Nikola e Anna formam um casal pós adolescente. Uma noite, Anna maquia Nikola, passando batom. Esse gesto faz com que Nikola se "acenda" para a sua homossexualidade, até então, latente. Quando ambos vão passar o feriado na fazenda do pai de Anna, Nikola encontra ali uma possibilidade de ser o seu primeiro relacionamento com outro homem. Delicado e sensível, é um filme que trata de temas controversos, mas dirigido com competência por Piaoyu Xie. Os atores estão bem, apesar de eu achar a escalação de Vojtech Hrabák, no papel de Nikola, um miscasting, pois ele é bastante afeminado e não coerente com o personagem, que deveria ser dúbio.

Zoo

"Zoo", de Antonio Tublen (2018) Usar a infecção zumbi como metáfora para se falar de relacionamento de um jovem casal que está em crise é o que propõe o roteirista e cineasta Antonio Tublen, nessa co-produção Inglaterra/Suécia/Dinamarca. Produção de baixo orçamento, o filme conta a história d casal Karen e John: ele professor, e ela, descobre-se depois, traficante de drogas. Ambos quase não se falam mais, tal a falta de assunto que um tem pelo outro. Mas ao acordarem no dia seguinte, descobrem que o mundo foi tomado por uma epidemia zumbi, e que as autoridades recomendam a ninguém sair de casa. Mas a comida vai escasseando, e fora isso, pessoas tentam entrar no apartamento deles procurando por refúgio. Durante esse processo de isolamento, o casal vai aceitando as suas diferenças. Filmado todo dentro de um apartamento e com poucos atores, o filme não se decide entre ser um drama, comédia de humor negro ou filme de zumbi. Fora isso, a evidente falta de dinheiro torna o filme enfadonho, com diálogos intermináveis e uma lavação de roupa suja bem chata, algo que não combina com filme de zumbis. Os atores são bons, mas o roteiro não ajuda muito a criar carisma para eles.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Os donos da rua

"Boyz in the hood", de John Singleton (1991) Obra-prima do Cinema independente americano, "Os donos da rua" foi escrito e dirigido por John Singleton, morto em 2019. John Singleton é o cineasta mais jovem a ser indicado ao Oscar da categoria Diretor, aos 24 anos de idade. O filme é inspirado na vida real de John Singleton. Assim como o protagonista Tre (Cuba Gooding Jr, adulto), quando criança ele foi deixado por sua mãe, Reva, (Angela Basset) aos cuidados do ex-marido, Furious, interpretado por Lawrence Fishburne, para fazer Tre se tornar homem. Furious mora em um gueto na periferia de Los Angeles, local dominado por gangues. Furious faz de tudo para manter seu filho Tre longe da bandidagem, das drogas e traficantes. Tre tem 3 amigos: Doughboy, Cris e Ricky. Sete anos se passam, agora todos são adultos. Tre e Ricky estudam para entrar na faculdade, Doughboy e Cris se tornam malandros. eles precisam lidar com as dificuldades do bairro, dominado por traficantes. Logo na cartela inicial, existe a seguinte informação: "De cada 21 negros assassinados, 1 é morto por um outro negro.". O filme explora as brigas de facções dominadas por traficantes negros, que controlam o tráfico de drogas de áreas pobres de Los Angeles. A grande mensagem do filme é que, mesmo com todas as adversidades, é possível se manter alheio ao crime. O filme é uma bela homenagem à figura do pai de Singleton, interpretado por Lawrence Fishburne com muita força e carisma, e também um ode à amizade. Singleton faz referências diretas à "Conta comigo", clássico de Rob Reiner. É um filme poderoso, com imagens fortes, estilo quase documental e grandes performances. Obrigatório.

Rocketman

"Rocketman", de Dexter Fletcher (2019) O Cineasta inglês Dexter Fletcher já havia dirigido um musical, o excelente "Sunshine on Leith", e também já havia trabalhado com Taron Egerton em "Voando alto". Agora, ele junta Taron e o Musical para a sua cinebiografia delirante de Elton John, que também foi o produtor do filme. Elton John não teve senão para abrir a sua vida e expôr ao público a sua fase mais negra: a dos anos 70, de quando surgiu para o estrelato, o seu envolvimento com um empresário gay inescrupuloso, vivido por Richard Madden, a sua péssima relação com seus pais, que não o amavam, o companheirismo com o seu eterno compositor Bernie, interpretado por Jamie Bell, um casamento de fechada fracassado, com uma mulher e a sua aceitação como homossexual. Tudo isso é embalado com números musicais extravagantes e belamente coreografados e orquestrados, que diferente de "Bohemian Rapsodhy", são performances que transcendem os musicais antigos, onde tudo no entorno para e os personagens cantam e dançam. Tecnicamente o filme é impecável: Fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem, edição. Também Ator, Dexter Fletcher extrai do seu elenco performances arrebatadoras:. Taron Egerton está brilhante, magnético, repleto de nuances, além de cantar de verdade. Richard Madden, Jamie Bell estão perfeitos e Bryce Howard Dallas, irreconhecível como a mãe de Elton, Sheila. Impossível não se emocionar e não querer cantar junto quase todos os hits que com certeza, embalaram a vida de todos.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Joy

Joy", de Sudabeh Mortezai (2018) A roteirista e Cineasta alemã Sudabeh Mortezai é filha de iranianos. Desde o seu primeiro filme, "MAcondo", ela já tinha como tema comum à sua filmografia a questão dos refugiados. Agora, com "Joy", ela fala sobre a prostituição e o tráfico de mulheres nigerianas para países da Europa, no caso, Austria. "Joy" venceu dezenas de prêmios em Festivais Internacionais, entre eles, Melhor filme no London Film Fetsival e prêmio especial em Veneza. Joy é uma nigeriana que para poder trabalhar na Austria como prostituta, faz um ritual de feitiçaria em sua comunidade na Nigéria chamada "Juju", onde ela pede para que tudo dê certo no exterior, e caso ela falte com a promessa, tudo dará errado para ela. Já na Austria, ela trabalha como prostituta para uma cafetina, chamada Madame, que explora as suas meninas e somente pagando um valor alto, devolve o passaporte para elas. Joy enfrenta todo o tipo de situação nas ras, e para piorar a sua questão financeira, é obrigada por Madame a ajudar uma jovem prostituta, Precious, a aumentar a sua renda. O problema é que Precious não quer ser uma prostituta e sim, poder trabalhar em outros serviços. Escalando atrizes amadoras, a cineasta Sudabeh Mortezai obtém um rendimento impressionante de suas 3 atrizes principais. O filme é cruel, em estilo documentário, mostrando todo tipo de violência contra as mulheres. Não é um filme fácil de se assistir. Vale pelo excelente trabalho de Direção e performances. O roteiro investe em clichês do Gênero sobre exploração sexual. A fotografia é um dos pontos altos do filme.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Inferninho

“Inferninho”, de Gustavo Parente e Pedro Diógenes (2018) Vencedor do Prêmio Teddy no Festival do Rio 2018, dedicado a filmes com temática Lgbtq+, além de outros prêmios em Importantes Festivais, “Inferninho” é mais uma realização do importante Coletivo Alumbramento, do Ceará, de onde o Cineasta Gustavo Parente faz parte. Realizador dos excelentes “Doce amianto” e “ O clube dos canibais”, Parente agora divide a direção e roteiro com Pedro Diógenes. O filme me lembrou o recente “Paraíso perdido”, de Monique Gardemberg e “Querelle”, clássico de Fassbinder. Todos esses filmes são bastante teatrais, com atuações empostadas e cenário e fotografia estilizados. “Inferninho” é um pequeno bar Cabaret, cuja dona, Deusimar, uma mulher trans, herdou de sua avó e sua mãe e que cresceu sempre ali dentro. Uma trupe bizarra de funcionários trabalha com ela, entre eles, uma faxineira lésbica, um pianista mudo tipo Excêntrico e um Coelho, além de uma cantora poliglota que canta forro em versão sensual. Os frequentadores são parte do universo Pop: Darth Vader, Wolverine, Mulher Maravilha, Mickey. No meio disso tudo, Deusimar se apaixona por um marinheiro, Jarbas. Empresários inescrupulosos querem comprar o bar para construir uma estrada e assim, Deusimar se sente dividida entre manter o local ou vender. Metáfora sobre a militância e resistência em períodos sombrios, “Inferninho” faz uso de uma linguagem bastante livre e debochada, mesclando gêneros. Nada é para se levar a sério, o melodrama exacerbado vem em tons de humor. O filme é bastante claustrofóbico, e quando no final Deusimar se sente livre e “viaja” por países, o filme atinge o seu ápice criativo e emocional. Belo, lúdico e inquietante, o filme conta com um trabalho refinado de todo o elenco, que não teve medo de fazer um registro bastante diferente do naturalista.

O Caravaggio roubado

“Una historia senza nome”, de Roberto Andó (2018) Comédia de espionagem na linha dos clássicos “ Charada” e “ Arabesque”, famosos filmes protagonizado por Audrey Hepburn e Sophie Loren nos anos 60 e que as envolvia em tramas mirabolantes, “O Caravaggio roubado” parte de uma premissa real: o roubo do quadro “Natividade” de Caravaggio, que aconteceu em 1969 e até hoje, avaliado em 150 milhões de dólares, não foi localizado. O filme procura criar uma trama fictícia que envolve a Máfia e o Cinema, através da metalinguagem. Com o título original de “Uma história sem nome”, o filme conta a história de Valeria, secretaria de um famoso produtor de Cinema. Ela é amante do famoso roteirista de sucesso Alessandro, mas sem ninguém saber, é ela a verdadeira autora dos roteiros. Alessandro, que sofre de crise criativa, paga para que Valeria escreva e ela, morrendo de amores por ele, aceita a parceria. Um dia, ela é abordada por um homem mais velho que diz ter uma ideia original para ela escrever o roteiro enque fala sobre o roubo da obra de Caravaggio. O argumento é aprovado para ser filmado pelo famosos Cineasta Kunze ( o Cineasta Polones Jerzy Skolimowsky) mas logo todos se veem envolvidos em uma trama muito louca envolvendo a Máfia que quer recuperar a Obra. O filme tem momentos divertidos e a protagonista Micaela Ramazotti é muito carismática e talentosa. Mas as varias sub tramas e um roteiro longo e disperso que não se define sobre qual filme contar, atrapalha bastante a narrativa. É um roteiro bastante confuso e o espectador precisa ficar atento a tantos personagens que surgem. Tecnicamente o filme é ótimo, com fotografia e trilha sonora que homenageia os anos 60.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Cruising in the park

"Cruising in the park", de Antonio da Silva e Fábio Lopes (2018) Em 2013, o cineasta francês Alain Guiraudie escandalizou Cannes com o seu controverso e erótico "Um estranho no lago", um suspense gay que mostrava um serial killer atacando em uma floresta à beira de um lago, matando gays que ali se encontravam para encontros sexuais. O filme tinha fortes cenas de sexo explícito. Agora o Cineasta e artista plástico Antonio da SIlva, português radicado em Londres lança um polêmico documentário, escalando pessoas reais para o seu documentário sobre um point de pegação gay em Londres. Sem mostrar o rosto, Antonio os torna figuras anônimas, desesperados por sexo. O filme tem uma narração em Off de um homem casado de meia idade, que diz ir ao lugar na hora do almoço, para desestressar do seu trabalho sufocante. Ali, ele divaga sobre caçar e ser caçado, sobre reconhecer pessoas com quem já fez sexo, pessoas que transam sem camisinha, sobre o prazer que ele sente em transar em lugares sujos, sobre o tesão do sexo perigoso. O filme é repleto de cenas de sexo explícito e portanto, proibido para quem não estiver disposto a ver cenas de sexo visceral e fetichista. No final das contas, o filme é uma alegoria sobre a solidão do Universo Lgbtq+, onde pessoas solitárias buscam suprir sua carência afetiva através do sexo.

Rim of the world

"Rim of the world", de McG (2019) O Cineasta americano McG é mais conhecido por fazer reboots de franquias famosas, como "As Panteras" e "O exterminador do Futuro: Salvação". Agora com "Rim of the world", ele ataca misturando no mesmo saco "Jurassic Park", "Gravidade", "Stranger Things "e "Independence day". 4 crianças se conhecem em uma colônia de férias. Ricos e mimados, e claro, nerds, eles precisam acertar as suas diferenças para liquidar com alienígenas que querem dominar o mundo. Como não poderia deixar de ser nesses tempos de militância, tem uma asiática, um negro, um ruivo e um moreno ( cadê o latino??) nesse grupo. O filme tem roteiro fraco, diálogos pouco inspirados e falta de ritmo que sustente os quase 100 minutos de filme. A garotada faz o que pode, mas lhes falta carisma, não pelas atuações, mas pelos personagens chatos e que vivem gritando o tempo todo. Os efeitos são Ok.

domingo, 26 de maio de 2019

Furie

"Furie", de Le-Van Kiet (2019) Para quem ama "Kill Bill" e "Snowblood", o vietnamita "Furie" é absolutamente imperdível. O filme é a primeira produção do Vietnã a entrar comercialmente nos cinemas dos Estados Unidos. Graças ao carisma e talento das protagonistas Veronica Ngo, no papel de Hai. a mãe Coragem, e de Cat Vy, como sua filha Mai, que é sequestrada por traficantes de menores, "Furie" se torna uma pedida mega imperdível. Sua história se assemelha a muitos outras produções americanas, como "Taken", com Lian Neeson, mas aqui a porradaria é na base das artes marciais. Claro que tem que ter a figura do Mestre, o pai de Hai que na sua infância a ensinou a lutar e a suportar a dor. Com ótimas cenas de ação, ritmo desenfreado e vilões malvados, "Furie" diverte, empolga e emociona no seu desfecho.

The perfection

"The Perfection", de Richard Shepard (2019) Imaginem uma mistura de "Whiplash"com "Martyrs", um cult de terror francês que escandalizou meio mundo em 2008 com cenas de extrema violência contra mulheres? "The perfection" é um terror gore com momentos de humor negro, e tem um roteiro tão insano quanto improvável, e por isso mesmo, delicioso. Dividido em 4 capítulos, o filme é um libelo feminista contra um Universo dominado por homens misóginos, o da música clássica. Charlotte (Allison Williams, a namorada de "Corra!") é uma jovem violoncelista talentosa que teve que abandonar o auge de seus estudos para poder cuidar de sua mãe doente. 10 anos depois, quando a mãe morre, Charlotte decide retornar os estudos, mas encontra uma rival, Lizzie (Logan Browning). O tutor e dono da escola de música vai decidir entre 3 finalistas, entre elas Charlotte e Lizzie, qual delas iá ganhar uma bola integral, mas para isso elas devem atingir o que ele chama de "A perfeição". Rodado nos Estados Unidos e Shanghai, o filme provoca o espectador em reviravoltas bem doidas de roteiro, tendo cada capítulo um flashback para explicar exatamente o que acabamos de ver. não se pode falar mais nada sobre o filme, pois qualquer informação amais configurará Spoiler. O mais divertido e bacana do filme é falar sobre homossexualismo e feminismo sem ser didático, permitindo o espectador se divertir bastante. Tem gente que provavelmente irá odiar o final, mas vale relevar a bizarrice da história e curtir as personagens. Ótimos efeitos especiais.

Tolkien

"Tolkien", de Dome Karukoski (2018) Quem diria que o Cineasta finlandês Dome Karukoski, famoso por filmes densos que retratam o Universo Lgbtq+ como o erótico e fetichista "Tom of Finland" fosse ser o realizador do comovente "Tolkien", cinebiografia de J. R.R. Tolkien, famoso por ter escrito os livro "O Hobbit" e depois, "O Senhor dos anéis". O filme apresenta Tolkien desde sua infância pobre, as mortes dos pais, sua vida no orfanato junto de seu irmão mais novo, a relação com a Igreja Católica, a sua paixão pela também órfã Edith ( Lily Collins), seu período de estudo em Oxford, o seu envolvimento como soldado na 1a Guerra Mundial, e o mais importante de tudo: a sua história de amizade com outros 3 amigos de Colégio e Universidade, Geoffrey, Cris e Robert, e que juntos formariam uma Sociedade de amigos, inspiração para a Irmandade do Anel. Interpretado por Harry Gilby e depois, por Nicholas Hault, o personagem de Tolkien é apresentado durante uma batalha no front. Inconsciente e delirante, ele repassa toda a sua vida, ao mesmo tempo que procura encontrar o seu amigo Geoffrey, que também está no front. Muitos personagens do filme, inspirado em pessoas reais, serão identificados pelos fãs de "O Senhor dos anéis" : Sam, o soldado que cuida de Tolkien no front; O professor de Filologia, inspiração para Gandalf, Edith, a paixão de Tolkien, é a base da Elfa. É um filme obrigatório para quem assistiu à saga de Peter Jackson, filmado com extrema competência, delicadeza, com fotografia deslumbrante, trilha sonora inspiradora e se preparem para chorar bastante.

sábado, 25 de maio de 2019

Aladdin

"Aladdin", de Guy Ritchie (2019) Quando anunciaram que o Cineasta inglês Guy Ritchie iria fazer a versão live Action da Disney, repleta de canções clássicas de Alan Menken, incluindo 'A whole new world", pensei: "Isso não vai dar certo." As minhas impressões não me enganaram: não é um filme ruim, mas tampouco é aquele filme da Disney que a gente adora assistir, com cenas arrebatadoras. Guy Ricthie é afeito ao cinema de ação violento, repleto de estilização para intensificar as mortes e sangue. Filme família? Nunca fez. As partes de humor raramente fazem rir. A única cena de verdade que traz algum arroubo emocional é claro, a do vôo do tapete voador entre o ladrão Aladdin e a princesa Jasmine. Muito por conta da cena já ser icônica e a música, sedutora. Fora isos, o filme ficou chato, o Gênio de Will Smith demora a entrar em cena, o filme ficou sem ritmo, e para mim, o pior de tudo: o Jafar personificado pelo Ator Marwan Kenzari mostra-se fragilizado muito por conta da escolha do ator, com voz frágil e pequena, em aquele toque de vilão assustador que a gente adora torcer contra. O filme ficou sem carisma, e 90% do motivo de se ver ao filme é por conta de Will Smith, impagável e não devendo nada a Robin Willians, que tornou o Gênio um ícone da cultura Pop. Os outros 10% ficam por conta da atualização da história e do perfil da personagem da Princesa Jasmin, nesses tempos de militância e discursos de igualdade e direitos por parte das mulheres. Jasmin agora é uma representante dessa nova Mulher empoderada que surgiu nos últimos desenhos da Disney. Ah sim, o macaquinho Abu é fofo demais!

sexta-feira, 24 de maio de 2019

4 dias

"4 days", de Adolfo Alix Jr (2018) Romance LGBTQ+ Filipino, escrito e dirigido por Adolfo Alix Jr.. Mark é um estudante que acaba de entrar para a faculdade. Ao entrar no seu alojamento, ele encontra o seu roommate, Derek, namorando com uma garota. Os 2 se tornam amigos. Mark é gay, e começa a surgir entre os 2 um flerte que desconcerta Derek, que é hetero. Durante 4 dias, eles precisarão enfrentar os seus medos e diferenças. O filme tinha tudo para dar certo: 2 atores fotogênicos e carismáticos, uma história singela mas eficaz. Mas a edição do filme simplesmente arruinou tudo. Planos desnecessariamente longos, dando a impressão de ter sido exibido um primeiro corte do filme. Sem ritmo, com planos aéreos pavorosos, o filme acaba afastando o espectador. O excesso de melodrama no ato final também prejudica o drama, tornando o desfecho inverossímil pelo abrupto da resolução.

Hellboy

"Hellboy", de Neil Marshall (2019) O Cineasta inglês Neil Marshall é responsável por 2 clássicos do terror na sua fase inglesa: "Dog soldiers" e "O abismo do medo". Depois realizou alguns filmes nos Estados Unidos e agora vem com o reboot de "Hellboy", anteriormente filmado por Guillermo del Toro em 2004 e 2008. Baseado nos quadrinhos de Mike Mignola , o filme tem um roteiro confuso e repleto de sub-tramas, mas o que mais me chamou a atenção foi a extrema violência do filme, o que o torna absolutamente proibido para menores. São muitas cenas de decapitações, gigantes devorando humanos e um dos momentos mais bizarros, um demônio dividindo uma pessoa em duas, rasgando pelas pernas. O filme mistura a Lenda do Rei Arthur com nazistas, uma Bruxa sangrenta ( Milla Jojovich) que tem o corpo dividido em 6 pedaços e que tem um assistente em forma de javali que tem a missão de resgatar essas partes e uni-las, fazendo a Bruxa ressuscitar. No meio disso tudo, tem Hellboy, um agente cooptado por seu pai adotivo, Professor Broom (Ian McShane, o Gerente de "John Wick"), e interpretado por David Harbour, o detetive Jim de "Stranger things". Não achei o filme ruim como muita gente comentou. Para quem busca um filme de super heróis sem concessões à cenas de mortes, explodindo nas telas com bastante violência gráfica e deixando claro ser um filme de adultos e sem a presença da Disney, esse filme é um prato cheio. O filme não tem medo de assustar ou desagradar o público. Neil Marshall fez um filme brutal, mesmo que recheado de humor negro em alguns momentos. O elenco de apoio é bem escalado com atores famosos, entre eles, Sasha Lane, de "American Honey", e ,Daniel Dae Kim da série "Hawai- 5-0". Os efeitos beiram o trash, mas tem tudo a ver com a proposta B do filme.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

A piscina

"The Pool", de Ping Lumpraploeng (2018) Você tem idéia do que é um Diretor realizar um filme baseado em 2 linhas de roteiro, e o filme ficar do caralho? O filme é um primor de direção, decupagem, fotografia e atuação, dentro do gênero suspense e ação. Um contra-regra de uma filmagem tem a missão de limpar uma piscina localizada em um lugar ermo após o término das gravações. Ele acaba dormindo na piscina e quando acorda, a água escoou e ele ficou preso dentro da piscina de 6 metros de altura, sem poder fugir, junto de um enorme crocodilo. O roteiro, angustiante e aflitivo a cada segundo, é repleto de situações absurdas, de encontros e desencontros. Para piorar, o personagem é diabético e precisa de insulina. Seu cachorro está preso na corrente e não pode pedir ajuda. Sua namorada vai tentar ajudá-lo mas sofre acidente e também fica presa na piscina. e o crocodilo está faminto. Tudo isso embalado por um su-plot de melodrama. Se você não se importar com as maluquices do roteiro, assista ao filme, é divertido e te deixará com raiva o tempo todo. A Tailândia tem se especializado em filmes de ação e terror muito bons, ponto positivo para a filmografia deles. O filme for premiado em diversos festivais.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O professor

"The professor", de Wayne Roberts (2018) Escrito e dirigido por Wayne Roberts, "O professor" é um drama independente americano, um retorno de Jonnhy Depp aos dramas realistas e saindo da seara de filmes fantasiosos, universo onde Jonnhy Depp domina em filmes como "Piratas do Caribe", "Animais fantásticos"e todos os filmes que fez com Tom Burton. Com uma performance comovente de Depp, ele interpreta Richard, um professor de literatura de uma renomada Universidade e que descobre ter um cancer terminal e caso não faça tratamento, terá apenas 6 meses de vida. Abalado, Richard decide não contar para sua esposa e sua filha. A esposa confidencia estar tendo um caso, e a filha, que é lésbica. Richard decide dar um novo rumo em sua vida e chutar sua vida careta e aproveitar seus últimos meses com muita rebeldia: transando com quem ele quer, fumando maconha e principalmente. dar lições de moral para os seus alunos sobre ambições na vida, aproveitar cada instante e a mortalidade de todo mundo. O tema da doença terminal é recorrente em muitos filmes no mundo todo. O cineasta francês François Ozon lançou o belo "O empo que resta" sobre um fotógrafo jovem de moda, vivido por Melvin Papaud, que descobre estar próximo da morte. Na maioria dos filme,s o protagonista chuta tudo pro alto e liga o foda-se, aproveitando a vida da melhor forma possível e sem se privar de mais nada. No roteiro de Wayne Roberts, as feministas podem ficar putas, pois muitas das personagens femininas servem de escada sexual para o professor realizar seus desejos. Fora isso, o roteiro não revitaliza o tema e traz todos os clichês possíveis sobre redenção. Ou seja, o motivo principal de se assistir ao filme é mesmo o talento de Jonnhy Depp. Mesmo com aquele eterno ar de alcoolizado, ele emociona em alguns monólogos.

Brightburn - Filho das trevas

"Brightburn", de David Yarovesky (2019) E se o Superman fosse um Super Herói do mal? Partindo dessa brilhante premissa, o Cineasta James Gunn, diretor da franquia "Guardiões das Galáxias", produz esse filme de terror e ação que é um misto de "Superman" com "A profecia". O casal Tori (Elizabeth Banks) e Kyle são fazendeiros no Kansas. O casal sonha em ter um filho, mas a esposa é infértil. Um dia, cai um meteoro no terreno do casal e dentro se encontra um bebê, que eles batizam de Brandon (Jackson A. Dunn, na fase adolescente). Quando o rapaz atinge a adolescência, começa a sentir estranhas vibrações, e aos poucos ele descobre que o seu chamado é para o Mal. Com um roteiro inventivo, adaptado da história de Superman criança, o filme provoca bons sustos e tem cenas de gore que vai fazer muita gente fechar os olhos. Imaginem que um dos poderes do menino é olhos de raio laser, e a possibilidade desse laser para matar pessoas. O filme não é para crianças, é assustador e tem cenas de extrema violência. É um ótimo passatempo, um excelente filme de gênero. Algumas cenas são bastante arrepiantes: a do acidente com o tio, e a da mãe da colega da escola. O menino Jackson A. Dunn lembra bastante o registro do menino de "A profecia", e o ator está muito bem em seu papel bastante complexo.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Tonio

"Tonio", de Paula van der Oest. Adaptação do livro best seller de um dos escritores mais famosos da Holanda, A.F. Th. van der Heijden, e que narra a morte de seu filho único, Tonio, e o processo de luto pelo qual ele e sua esposa, Mirjam, tiveram que enfrentar. O filme foi indicado pela Holanda para representar o País para uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro, mas não foi selecionado. Foi um grande sucesso de bilheteria em seu País. No dia 23 de maio de 2010, em Armsterdam, Tonio, de 21 anos, janta com seus pais. No jantar ele diz aos pais que pensa em mudar de fotografia para uma outra profissão artística. O pai reclama a falta de ambição do filho. Na despedida, o filho segue de bicicleta e os pais de táxi. No dia seguinte, recebem a informação de que o filho morreu atropelado. A partir daí, o filme alterna momentos de luto aterrorizante do casal, com flashbacks mostrando a gravidez, Tonio criança, adolescente e todos os momentos felizes da familia. Recentemente, a França lançou o comovente "Amanda", um filme que também falava sobre luto. Os dois filmes primam pela sutileza de tratar um tema tão espinhoso, da perda do ente querido. A diretora Paula van der Oest evita os exageros comuns a esse tipo de drama, mas mesmo assim, é impossível não chorar várias vezes ao longo do filme. O talento primoroso dos 3 atores principais leva o filme a um nível alto de produção, mesmo que ele se estique em tempo de duração mais do que deveria.

Brazil Carnival

"Brazil Carnival", de Antonio da Silva (2016) Antonio da Silva é um premiado e famoso Cineasta português radicado em Londres. Autor de diversos curtas experimentais e explícitos, fala sobre o Universo Lgbtq+ apresentando entrevistas, exposições de corpos, sexo explícito, tudo embalado com uma bela fotografia, trilha sonora sofisticada e influência das artes plástica,s faculdade na qual se formou. Em "Brazil Carnival", Antonio explora o olhar estrangeiro sobre a Festa brasileira, especialmente no Rio de Janeiro. Homens dão depoimentos sobre a festa, sobre a sexualidade e erotismo que o evento provoca nas pessoas, a importância da liberação sexual. Com imagens reais dos blocos nas ruas, com detalhes de homens mijando e em situações fetichistas, Antonio exibe todo o voyeurismo que os seus filmes propõem ao espectador. Homens sensuais, de idades e corpos distintos, se apresentam sem nenhum pudor para a lente: sambam nús, fazem sexo, e no desfecho, vários homens falam sobre uma orgia proposta dentro de um bloco e que acabou no apartamento de um deles. Produtor de exportação, o estrangeiro que assistir ao filme, vai achar que aqui o Carnaval é só sexo e sacanagem desenfreada. Pedida obrigatória para fetichistas e voyeurs.

O invisível

"The unseen", de Geoff Redknap (2016) Premiado drama de horror canadense, escrito e dirigido por Geoff Redknap, famoso maquiador de efeitos especiais de vários blockbusters, agora estreando em longas. Bob é um operário na faixa dos 40 anos, que abandonou sua carreira de jogador de hóquei há anos atrás, quando também saiu de casa e nunca mais voltou. Ele recebe uma ligação de sua ex, Darlene, para que reveja a filha deles, a adolescente Eva, que tem estado em depressão. Bob retorna, tenta se reconectar com a filha, até que ela desaparece. Bob tenta descobrir o paradeiro dela, ao mesmo tempo que precisa lidar com uma doença que o faz literalmente, desaparecer. O filme se apropria do tema do Homem invisível, sendo que aqui, ele não é fruto de nenhum experimento científico. A questão da invisibilidade pode ser vista como uma metáfora de pessoas anônimas com problemas pessoais e profissionais e que literalmente não existem para a sociedade. Esse tema da invisibilidade tem sido bastante usado para esse tipo de metáfora. Os efeitos são ótimos, e chegam a assustar tal p seu realismo, repleto de sangue. Os atores estão ótimos, em especial Aden Young no papel de Bob, e Julia Sarah Stone no papel de Eva. Pena que esse filme fique no meio do caminho para agradar fãs de terror ou de drama, sem atingir um público certo para melhor apreciá-lo.

domingo, 19 de maio de 2019

Noite mágica

"Notti magiche", de Paolo Virzi (2018) Realizador dos conhecidos dramas "A primeira coisa bela" e "O capital humano", o cineasta e roteirista italiano Paolo Virzi faz o seu "Cinema Paradiso", revisitando em formato autobiográfico o Cinema italiano de 1990, o mesmo ano em que a Itália perdeu a Copa do Mundo para a Argentina. Na noite do fatídico jogo no qual Maradona selou o destino da Itália na Copa, o famoso produtor de cinema Saponaro (Giancarlo Giannini) sofre um acidente de carro e morre no rio. Em seu bolo, é encontrada uma foto onde vemos uma famosa atriz e 3 aspirantes a roteiristas. Todos são suspeitos da morte do produtor, que estava decadente e devendo a todos. Em Flashback, conhecemos os 3 jovens roteiristas: Antonino, um cinéfilo intelectual; Luciano, um conquistador de mulheres e esquerdista, e Eugenia, uma viciada em drogas, depressiva e que se sente culpada por ser filha de um político rico. Giusy é uma alpinista, que encosta em Saponaro para se tornar Atriz. Ela acusa os 3 roteiristas de terem matado o amante. Os jovens se conhecem porquê são finalistas de um Concurso de roteiro, de onde Antonino sai vitorioso e com um cheque de 25 milhões de liras, cobiçado por Saponaro para convencer Fellini a trabalhar em um filme dele. Tecnicamente, o filme é muito bem feito: direção de arte, figurino, fotografia. O roteiro procura homenagear os grandes Mestres do cinema da época, que já estavam em um período de crise criativa: Fellini, Antonioni, Mario Monicelli, Ettore Scola. Mastroianni e Roberto Benigni também são homenageados. Os cineastas e produtores da velha guarda são apresentados como pessoas que impedem que nova geração de diretores, roteiristas façam sucesso, se aproveitando deles. O cinema italiano desse período estava totalmente em fase de obscuridade. Paolo Virzi retrata de forma cruel e nostálgica o seu próprio percurso como roteirista e cineasta, quando chegou em Roma em busca de um espaço para crescer dentro da indústria. O filme tem muita influência do cinema de Paolo Sorrentino, principalmente nas cenas de festas. Infelizmente, o roteiro apresenta personagens demais, diluindo a força dos protagonistas. As mulheres são vistas como iscas sexuais e perturbadas mentalmente, o que deve provocar ira das feministas. Longo e sem vigor, o filme não encanta. Fica o desejo de fazer uma ode ao Cinema italiano. Mas faltou a Paixão..

Purl

"Purl", de Kristen Lester (2019) Curta de animação produzido pela Pixar, escrito e dirigido pela animadora Kristen Lester. O filme é uma crítica ao ambiente sexista e machista de uma Empresa Corporativa, dominada por homens. Um dia, Purl, uma novelo de lã, começa a trabalhar lá. Única representante feminina, Purl sofre Mansplanning e indiferença dos colegas o tempo todo. Sentindo-se frustrada ela decide se tornar um deles. Com uma mensagem simples e direta, o filme com certeza irá provocar pensamentos educativos no público infantil. Minha única questão é porque os homens são retratados como seres humanos e a única personagem feminina é um novelo de lã, e não uma mulher representada. Tudo bem que a Diretora quiz trazer uma personificação de um objeto inanimado para mostrar a total indiferença dos homens, mas eu de verdade preferia que fosse uma mulher.

Morte instantânea

"Polaroid", de Lars Klevberg (2018) Em 2015, o cineasta dinamarquês Lars Klevberg escreveu e dirigiu um curta de terror, chamado "Polaroid". O filme fez um sucesso estrondoso, que 2 anos depois, foi adaptado para um longa-metragem, produzido por Harvey Weistein. Com as acusações de assédio sexual contra Harvey, o filme foi devidamente engavetado. A Netflix chegou a negociar, mas desistiu logo depois. A verdade é que o curta, de apenas 15 minutos, consegue ser muito melhor e mais eficiente do que esse longa, que se assemelha a "Premonição". O filme começa exatamente como o curta: 2 amigas comentam sobre uma polaroid vintage dos anos 70, e quando uma das amigas tira foto de si mesma, acaba sendo morta por uma entidade. Na passagem de tempo, a polaroid vai parar nas mãos da tímida estudante Bird. Ela ganha a polaroid e acaba tirando foto de um grupo de amigos. Um a um vai morrendo de forma aterrorizante, e Bird descobre o poder da câmera e resolve descobrir o segredo por trás dela, para evitar a morte dos amigos e de si mesma. O filme tem 3 problemas: as cenas de ataque acontecem em um escuro profundo, pois a entidade só surge quando não há luz; as mortes não são vistas e não há sangue; e as mortes acontecem sem nenhum tipo de criatividade, além da obviedade dos amigos irem se separando e parando em ambientes escuros, perguntando o clássico"Tem alguém, aí?" O filme tem aqueles sustos óbvios, e sinceramente, quem quiser ver um belo terror, assista ao filme original.

A grande Dama do Cinema

“El Cuento de las Comadrejas”, de Juan José Campanella (2019) Dirigido e escrito pelo cineasta argentino mais famoso internacionalmente, “A grande Dama do Cinema” é uma mistura insana de “Crepúsculo dos Deuses”, “Arsênico e alfazema” e “A família Adams 2”. Com um registro que vai do drama, comédia, humor negro e melodrama, o filme tem como ponto alto a performance de atores veteranos brilhando em papéis complexos e que beiram o caricato, mas jamais perdendo o carisma. Mara Mordaz (Graciela Borges, de “O pântano”) é uma atriz decadente e que te o seu auge há 40 anos atrás, quando ganhou uma estatueta tipo Oscar. Mas um acidente de carro que tornou o seu marido Pedro paraplégico, a fez abandonar a carreira. O casal mora em uma mansão abandonada no meio do nada, distante de Buenos Aires. Juntos,moram o Cineasta Norberto (Oscar Martinez, de “O cidadão ilustre” é o roteirista Martin. Todos os quatro costumavam trabalhar juntos, mas agora a vida é só tristeza e nostalgia. Um dia, um jovem casal surge, Bárbara e Francisco pedindo pra usar o telefone. O casal reconhece Mara e dizem ser fãs. Ambos sugerem a Mara retomar a carreira e ela se anima. Como sempre muito bem dirigido e com ótima performance, o filme diverte e emociona, naquele tema que todos amam que é falar do ostracismo de artistas que dedicaram suas vidas à Arte e que já idosos, não encontram mais espaço no mercado de trabalho. Uma feroz crítica à falta de memória cultural da população, principalmente os jovens, o filme só se prejudica em seu ato final, quando investe em uma trama inverossímil e forcada. Mesmo assim, vale assistir pelo talento do elenco que está excelente.

John Wick 3- Parabellum

"John Wick 3- Parabellum", de Chad Stahelski (2019) Uma das franquias de ação mais fodas e divertidas começou em 2014, quando o Dublê de ação Chad Stahelski resolveu dirigir o filme "John Wick- de volta ao jogo". O filme foi um sucesso imediato, unindo tudo o que a galera espera de um filme do gênero: herói praticamente calado, muita porradaria bem coreografada e muito sangue em cenas bem orquestradas. Quase um non sense de ação, com influências de desenhos animados, John Wick logo retornou em 2017, e agora, na parte 3, mais voraz do que nunca: continuando exatamente d eonde terminou a parte 2, com o anúncio de que a cabeça de John Wick estava a prêmio, praticamente todos os assassinos seguem em seu encalço. Para fugir, ele conta com a ajuda de personagens dúbios, como Baba Yoga ( Lawrence Fishburne), Sofia ( Haley Berry), entre outros já conhecidos, como O Gerente e O Porteiro do Hotel Continental. O filme se resume numa única linha em termos de roteiro, mas a porrada come solta em 130 minutos ininterruptos mega bem editados e filmados. Preparem-se para a parte 4.

sábado, 18 de maio de 2019

Respire

"Breathe", de Toby Meakins (2013) Premiado curta de terror inglês de apenas 5 minutos, é um eficiente exercício de suspense e com um plot twist no final. Um rapaz, Jamie, traz um conhecido, Tyler, para um galpão abandonado. Jamie diz que ali reside uma fantasma, mas que somente pode ser vista caso ambos prendam a respiração. Tyler começa incrédulo, mas aos poucos vai prendendo a respiração e confirma a existência do fantasma de uma bela mulher. É um filme simples, que consiste na surpresa do desfecho. Mas é bem executado , com boa direção, bons atores e uma ótima idéia.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Lavanda

"Lavander", de Matthew Puccini (2019) Que beleza esse Premiado curta LGBTQ+, que concorreu nos prestigiados Sundance e SXSW Film Festival em 2019. O filme trata do polêmico tema do poliamor entre um casal gay na faixa dos 40 anos e um rapaz de 20. Arthur e Lucas formam um casal apaixonado. De repente, Andy surge na vida deles, e juntos decidem formar uma relação a três. Andy se torna totalmente apadrinhado e amado no jogo de amor, até que um dia, ele descobre que será "substituído" pelo bebê adotivo que o casal tanto aguardava. O diretor e roteirista Matthew Puccini trata de um tema muito complexo de forma sutil, sem escândalos. Lindamente fotografado e filmado, e com ótimas performances, o filme tem poucos diálogos e muitas trocas de olhares, dando chance dos atores interpretarem através de expressões. Uma bela aula de cinema, especial, mágica.

Papercut

"Papercut", de Damian Overton (2018) Que obra prima esse curta escrito e dirigido por Damian Overton!!! Vencedor de mais de 40 prêmios internacionais, o filme é um grande show case de roteiro e diálogos e de performance dos 3 atores. A trilha sonora delicada também amplia os sentidos, dando um tom emocional bastante comovente ao projeto. Gabriel (Kieton Beilby) e Kane (Josh Kieser) estão dentro de um Uber, a caminho de uma importante Premiação de Cinema. Ambos estão concorrendo para a mesma categoria de Ator. O motorista David (Donnie Baxter) os conduz ao evento. Por conta da presença do motorista, os dois rapazes falam em códigos quando vão comentar sobre a relação que ambos mantiveram como namorados. Para a mídia e vida social, ambos são enrustidos, se passando por heteros. Mas Gabriel diz a Kane que depois dessa noite, ele assumirá sua vida de hetero, irá se casar e ter filho, pois ele vê na premiação, caso ganhe, seu início da escalada para o sucesso. Kane no entanto, não tem a mesma ambição de Gabriel, e fica frustrado por Gabriel querer terminar a relação. O filme discute a vida no armário, os podres do mundo artística que obriga os atores a viverem uma vida de mentiras. Com direção brilhante , diálogos ácidos, performance monstruosa dos atores e muita delicadeza e sofisticação na técnica, o filme seduz o espectador, mesmo sendo verborrágico em seus 12 minutos de duração.

Limites

"Boundaries", de Rhys Marc Jones (2018) Premiado curta LGBTQ+, tem como protagonistas dois jovens atores negros. Com um roteiro preciso e atuações naturalistas, a direção e roteiro de Rhys Marc Jones investe nos olhares, no tempo cinematográfico e na sutileza para contar uma história sobre um relacionamento tóxico. Jared, inconformado com o fim do seu relacionamento com Manny, tem comportamento auto-destrutivo. Se corta com gilete e se torna depressivo. Um dia, ele resolve tomar uma ação: recuperar o amor de Manny. Jared forja um acidente, batendo a sua cabeça na pia do banheiro. Ao chegar na casa de Manny ele alega ter sido assaltado e que bateram nele. Manny o recebe, cuida dele e Jared acaba forçando um beijo, seguido de um olhar apaixonado de Manny. Mas quando, ao tirar as calças de Jared, Manny vê o celular que ele havia alegado ter sido roubado, tudo muda de figura. O filme tem exatos 8 minutos, e tudo o que ele precisa está dentro desse tempo. Sem barriga, com poucos diálogos e momentos de ousadia dos atores (nú frontal) e sensibilidade do diretor em narrar essa história sobre psicopatia.

Reforma

"Reforma", de Fábio Leal (2018) Absolutamente apaixonado, encantado, deslumbrado e acachapado com a maravilha que é esse curta mega premiado em Brasília, Mix Brasil e outros Festivais importantes. Fábio Leal é um realizador pernambucano que eu já virei fã desde o seu primoroso "O porteiro do dia". Em "Reforma", o próprio Fábio Leal interpreta o protagonista Francisco. Ele passa o filme todo conversando com uma amiga, Flavia, sobre a reforma do apartamento dela e o quanto ela está desgostosa de todo o processo da obra. Paralelamente, Francisco tem aventuras amorosas com outros homens, mas se ressente de que eles não o procuram mais. Francisco confidencia para Flavia de que ele está insatisfeito com seu corpo, que se acha gordo, e que por isso os amantes desaparecem. Flavia pede para que ele faça dieta, academia, mas Francisco confirma de que ele ama comer e odeia academia. Belamente filmado, cheio de sacanagem que só Fabio Leal sabe filmar muito bem, com cenas beirando o explícito, "Reforma"faz uma analogia entre a obra de um apartamento e a "Reforma"que Francisco deseja para o seu corpo. Com um trabalho formidável de ator do próprio Fábio, que ganhou o prêmio de interpretação em Brasília, o filme é uma crítica feroz à gordofobia e o bullying provocado. As cenas de sexo são muito bem filmadas, e a cena final, com Francisco comendo doce na cama, na clássica cena do protagonista comendo sorvete sem parar e assistindo uma comédia romântica é brilhante, nitidamente sacaneando esse clichê e se divertindo horrores, cantando "i say a little prayer" na icônica cena de "O casamento do meu melhor amigo". Obrigatóro!

O guarda florestal

"The ranger", de Jenn Wexler (2018) Filme de terror que homenageia os slashers dos anos 80, trazendo todos aqueles clichês de grupo de jovens rebeldes que seguem até uma floresta distante da cidade e que acabam sendo caçados um por um por um serial killer. Cinco amigos punks fogem de uma boite após uma batida policial em busca de drogas. Ao ferirem gravemente um policial, o grupo segue até uma floresta para passar um tempo na cabana do avô de Chelsea. Mas eles são interceptados por um guarda florestal, que os adverte: caso invadam a floresta sem autorização, serão punidos. Claro que o jovens desobedece ao chamado e acabam sendo mortos um por um. O roteiro co-escrito pela diretora Jenn Wexler, em seu longa de estréia, não traz nenhuma novidade. O maior problema do filme é fato de nenhum personagem ser merecedor de pena do espectador: os punks não são nada carismáticos, e a gente nem sofre pela morte de nenhum deles. São apresentados como arruaceiros e perigosos. Existe um casal gay, formado por um negro e um branco, mas isso não traz nenhum carisma para a platéia. Jeremy Holm, no papel do assassino, é o melhor do elenco, trazendo um personagem ensandecido e violento. O primeiro ato, que dura uns 40 minutos, não possui uma morte sequer. Demora bastante pro filme acontecer.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Obsessão

"Greta", de Neil Jordan (2019) Suspense dirigido e co-escrito por Neil Jordan, cineasta irlandês famoso pelos filmes "Dançando com um estranho", "Traídos pelo desejo", "Mona Lisa" e "Entrevista com o Vampiro". São tantos os filmes com o nome de "Obsessão" que a gente até se confunde. O título original, "Greta", diz respeito ao personagem de Isabelle Huppert, uma viúva solitária em busca de amizade. Um dia, Frances ( Chloë Grace Moretz), uma garçonete, encontra uma bolsa feminina dentro de um vagão de metrô. Frances divide seu apartamento com a amiga Erika (Maika Monroe, de "A corrente do mal"), que sugere que Frances deixe a bolsa para la. Mas Frances tem bom coração, e resolve procurar a dona. Logo, Frances e Greta tornam-se grandes amigas. Mas Frances descobre que as intenções de Greta são outras, e decide abandoná-la. Inconformada, Greta começa a slatkear Frances. Com um roteiro totalmente implausível, "Obsessão" vale ser visto como um suspense protagonizado por duas grandes atrizes, Isabelle Huppert e Chole Moretz. A vilã de Huppert é deliciosamente Kitsch, e parece uma Jason Voorhes de saias: ela é onipresente. Alguns momentos de suspense são bem risíveis, quando Erika é perseguida nas ruas: gente, porquê ela não pede ajuda para as pessoas? Mas pensando bem, isso faz do filme uma diversão escapista e debochada, como se quisesse parodiar todos aqueles filmes de babás, inquilinos, etc, enfim, pessoas estranhas que querem se aproximar de outros de qualquer forma. Stephen Rea faz uma participação de um personagem preguiçoso e mal escrito, e que somente está no filme por ser um ator fetiche de Neil Jordan.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Consequências

"Posledice", de Darko Stante (2018) Premiado drama LGBTQ+ da Eslovênia, "Consequências" teve o argumento e roteiro escrito pelo próprio cineasta, na época que ele trabalhava em Casa de detenção para menores infratores. O filme narra o drama de Andrej, um rapaz de 18 anos que vai preso em uma casa de detenção após espancar uma jovem em uma festa, que o humilhou dizendo que ele não conseguia transar com ela. De início, Andrej tem dificuldades de se adaptar ao local, mas logo ele se torna protegido de Zele, o bad boy que comanda tudo no local. Andrej integra o grupo de Zele e nos finais de semana, eles saem da casa de detenção e praticam assaltos, roubam drogas. Andrej sente uma atração por Zele, que acaba se aproveitando da situação. Com ótimas performances de todo o elenco, o filme é prejudicado por um ritmo muito lento, mesmo em cenas de ação o filme é arrastado. De qualquer forma, é uma rara oportunidade de se assistir um filme da Eslovênia ainda mais, de gênero.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Marylin

"Marylin", de Martín Rodríguez Redondo (2018) Drama LGBTQ+ argentino, baseado em trágica história real. Na área rural da Argentina, mora uma família de classe média baixa: O casal Carlos, Olga ( Catalina Saavedra, do excelente filme chileno "A criada"), Carlito e Marcos. Marcos é um adolescente que descobre a sua homossexualidade. Ele se veste de mulher escondido de sua família. Quando seu pai morre, a mãe e os irmãos, homofóbicos, maltratam Marcos. Durante uma festa de Carnaval, Marcos se veste de mulher e acaba sendo estuprado por um grupo de rapazes da cidade, que o chamam de "Marylin". Marcos conhece Frederico por aplicativo e acabam namorando, mas a família de Marcos é contra o relacionamento. Exibido em importantes Festivais mundo afora, entre eles, o de Berlin e San Sebastian, "Marylin" tem como ponto alto o ótimo trabalho de todo o elenco. A direção de Martin Rodriguez é boa, mas o ritmo extremamente lento da produção pode prejudicar a sua visibilidade, tornando-o restrito a círculo de cinéfilos. Um filme visceral, com um desfecho forte e inesperado.

domingo, 12 de maio de 2019

A menina e o leão

"Mia et le lion blanc", de Gilles de Maistre (2018) O Documentarista francês Gilles de Maistre, estreando aqui em ficção, fez o seu "Boyhood", famoso filme de Richard Linklater, onde o elenco filmou durante anos e em tempo real presenciamos o crescimento dos jovens atores. Aqui, durante 3 anos, Gilles filmou a produção na Africa do Sul, para que as crianças Daniah De Villiers (Mia) e Ryan Mac Lennan (Mick) crescessem junto do leão branco Charlie, que de filhote, vira um leão enorme. O roteiro teve argumento de Prune de Maistre , esposa do cineasta. Ela tomou conhecimento de que fazendas no País africano criavam leões para serem abatidos por caçadores quando adultos, para posarem para fotos. O filme começa com Mia aos 10 anos de idade, irritada por ter que se mudar com sua família ( Mick e seus pais- a mãe é a atriz Melanie Laurent) para uma fazenda de criação de leões na África do Sul. Ela passa seu dia na internet com amigos de Londres, até que seu pai traz para casa o pequeno Charlie, um leãozinho branco. Mia se afeiçoa ao animalzinho e faz dele seu melhor amigo. 3 anos depois, Charlie está enorme, e os pais de Mia acreditam que ele ficou perigoso para ficar com a filha. O pai decide vendê-lo a um caçador, mas quando Mia descobre resolve fugir com ele, para levá-lo a um santuário secreto de leões. Muitos críticos reclamaram do filme, falando da falta de cuidados com a edição, atuação e roteiro. O filme não é perfeito, tem um roteiro bastante óbvio, mas é bastante evidente a sua função como filme família: trazer a mensagem de preservação dos animais e da natureza para as novas gerações. Vale assistir pelas belas paisagens, pela qualidade da produção. Guardada as devidas proporções, o filme lembra o sul coreano "Oukja", da menininha que quer salvar a vida do Porco gigante e que passeia com ele pelo shopping da cidade ( aqui tem a mesma cena). O filme foi o maior sucesso de bilheteria francês ao redor do mundo em 2018.

sábado, 11 de maio de 2019

Nosso tempo

"Nuestro tiempo", de Carlos Reygadas (2018) O cineasta Carlos Reygadas é do tipo de realizador que as pessoas amam ou odeiam. Na sua filmografia, constam filmes polêmicos como "Batalha do céu", "Luz silenciosa" e "Post tenebra Lux", vencedor do prêmio de melhor direção em Cannes e que levou vaias homéricas. "Nosso tempo", que concorreu em Veneza 2018 e levou o prêmio de melhor filme estrangeiro na Mostra de São Paulo do mesmo ano. tem muito em comum com os filmes citados. Todos falam sobre os problemas de um relacionamento de um casal, e que procuram solucionar através de amantes. Todos possuem quase 3 horas de duração. Carlos Reygadas é adepto do tempo cinematográfico, um aficcionado por Tarkovsky. Seus planos são longos, seu olhar naturalista apresenta as situações com um olhar documental, sem pressa, e os personagens percorrem a tela em registros de pouca dramaticidade. "Nosso tempo"exige bastante do espectador, e enfrentar suas 3 horas de duração são um grande desafio. A fotografia, deslumbrante e arrebatadora, registrando com muita sensibilidade e dando um caráter épico às terras que circundam a enorme fazenda de touros dos protagonistas, é do mexicano Diego Garcia, o mesmo realizador de "Boi Neon", de Gabriel Mascaro ( O Poster é idêntico para os 2 filmes). O filme conta a história de um casal: Juan e Ester ( o próprio cineasta Calos Reygadas e sua esposa, Natalia López. Os filhos do casal também são dos próprios). Juan é poeta e cuida dos touros da fazenda. Ester administra a Fazenda. Para manter o casamento em crise, ambos se permitem ter relações extra-conjugais. Tudo vai bem até que Juan começa a sentir ciúmes excessivos de Phil, o domador de touros americano, que está tendo um relacionamento além da conta com Ester. O filme começa com um belíssimo prólogo protagonizado por crianças e adolescentes, que brincam no lago repleto de lama da fazenda. É impressionante também um lindo plano aéreo, com a câmera acoplada a um avião, que circunda a cidade do Mexico. A direção de Reygadas, como sempre, impressiona pelo tom épico que ele dá para as cenas, algo que o aproxima de Terrence Malick e seu uso das lentes grandes angulares. O filme é muito lento, e para poder apreciar a longa duração, é preciso estar bem descansado e pronto para testemunhar uma história de ciúme regado a amor e ódio, mas em tom bastante documental.

Aleluia

"Hallelujah", de Matthew Richardson (2019) Premiado curta LGBTQ+ dirigido por um dos integrantes do prestigiado Grupo circense Cirque du Soleil, Matthew Richardson, que roteirizou, concebeu a coreografia e dirigiu esse belo filme musical, onde a dança e a performance de 2 bailarinos gays servem para fazer uma crítica à sociedade homofóbica e à religião, que faz vista grossa à violência da sociedade contra o grupo Lgbtq+. O filme é todo ambientado dentro de uma Igreja, onde o casal dança uma bela performance tendo como testemunha a estátua de Cristo. Bela direção, excelente coreografia e trabalho dos bailarinos, editados com imagens de violência nas ruas.

Pokemon- Detetive Pikachu

"Pokemon- Detective Pikachu", Rob Letterman (2019) Diretor dos infanto-juvenis "O espanta tubarões", "Goosebump", "A viagem de Gulliver" e "Monstros Vs Aliens", Rob Letterman teve a missão de realizar a versão carne e osso de Pikachu e o Universo Pokemon, tendo Atores contracenando com os bichinhos fofos. Criado em 1995, a franquia para o cinema "Pokemon" já rendeu mais de 2 dezenas de filmes, além de uma animação de grande sucesso para a tv. Pikachu é o grande herói de toda a criação Pokemon. Em uma cidade chamada Ryme, o Detetive Harry é dado como morto após um acidente provocado por uma fuga desesperada. Sem saber exatamente a causa do acidente, o filho de Harry, Tim, um rapaz de 21 anos e que durante toda a sua vida se sentiu abandonado pelo pai, por ter escolhido a profissão em prol da família, resolve ir até a cidade para poder acompanhar os preparativos do funeral. Mas ao visitar o apartamento de seu pai, Tim descobre que Pikachu está ali escondido. Pikachu era o Pokemon de seu pai, e juntos, descobrem que existe um grande plano malévolo que quer transformar todos os pokemons em seres violentos. Precisam saber quem é o responsável pelo pano diabólico, antes que a cidade toda seja condenada. Fazendo homenagem a diversos filmes clássicos, entre eles, "Blade Runner"e "Alien, o 8o passageiro", "Pokemon- Detetive Pikachu" é uma diversão que certamente agradará ao seu público alvo. Para os adultos, uma grande surpresa: o filme é ótimo, com muita ação, ritmo frenético, excelente efeitos especiais e pokemons divertidos para alegrar a todos. Ryan Reynolds dubla o Pikachu em uma grande caracterização, e comprovado que é um dos grandes comediantes americanos da atualidade.

Varda por Agnès

“Varda pour Agnes”, de Agnès Varda e Didier Rouget (2019) Lançado no Festival de Berlim em 2019 pela própria, que viria a falecer um mês depois de câncer, aos 90 anos de idade, “Varda por Agnès” é originalmente um documentário realizado em duas partes para a tv, e condensada em formato filme para ser exibido nos cinemas. O filme poderia ser considerado um complemente de seu filme “ As praias de Agnès”, que assim como esse, fala de seus filmes, memória, relação com seu Marido Jacques Demy, seu período morando em Los Angeles, as suas instalações artísticas e sua outra grande paixão, a fotografia. Desde seu primeiro filme, o curta “La pointe courte”, considerado o precursor do movimento Nouvelle Vague, até seus grandes clássicos “ Cleo de 5 as 7” ou “ As duas faces da felicidade”, Agnès sempre instigou seu público com uma linguagem inovadora que unia ficção e documentário, recortados por uma montagem revolucionária. O filme é em formato Master Class: Agnès sentada na cadeira de Diretora em um palco de teatro, de frente para uma plateia lotada de jovens curiosos e aficcionados. Em determinado momento, ela pergunta para a plateia quem assistiu a “ Cleo de 5 as 7”: vemos uns poucos braços levantados. Talvez seja por esse pouco interesse da juventude por filmes antigos e clássicos que faz com que Agnès constantemente faça filmes sobre a memória. Uma tristeza ver que as gerações, não só no Brasil,mas no mundo inteiro, tem um descaso enorme com a sua história cultural.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A Merda! Uma Ópera!

"A Shot! - An Opera", de Kevin Rios (2018) Hilário e bizarro curta LGBTQ+, vencedor de vários prêmios em Festivais. Frankie é um videomaker e sempre foi Ativo nas suas relações sexuais. Um dia, ao defecar, ele sente prazer ao soltar a maior fezes de sua vida. Frankie decide então que quer ser passivo, algo que ele sempre evitou por sentir dor. Ele pega seu celular e contacta o primeiro ativo de sua lista de contatos, o cubano Miguel. Durante a espera, Frankie vai ficando tenso, até que a campainha toca. Com apenas 7 minutos, o roteiro do cubano radicado nos Estados Unidos Kevin Rios dá conta de contar a sua piada, de forma divertida e concisa, sem nunca perder o timing. Os 2 atores são engraçados e o filme ainda reserva um momento non sense, quando aparece a "merda" em animação de massinha, dando conselhos a Frankie. O filme é dividido em 4 capítulos, como Árias de uma Ópera.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Adulto

"Adult", de Jamierson Pierce (2016) Dirigido pelo australiano Jamieson Pierce, que também assina o roteiro, 'Adulto" é um tour de force da atriz Victoria Haralabidou, que protagoniza essa história sobre uma mãe latina conservadora que ao descobrir que seu filho trabalha como ator pornô em filmes gays, se desespera e o expulsa de casa. O filho é encontrado morto com overdose de heroína e a mãe se sente culpada. ela resolve ir até a locadora de Vhs e alugar o filme erótico que seu filme trabalha. Ambientado nos anos 90, no auge das produções eróticas para o público gay, "Adulto" lembra bastante "Hardocore- no submundo do sexo", de Paul Schrader, que mostrava o desespero de um pai interpretado por George C. Scott ao descobrir que sua filha foi sequestrada e obrigada a trabalhar em filmes pornôs. A diferença que aqui é tudo no universo do drama, enquanto que no filme de Schrader o diretor investe no filme policial. Victoria faz uma excelente performance como a mãe, e o filme pornô filmado como se fosse um pornô de época é muito bem realizado.

Menino peixe

"Ninõ pez", de Jeissy Trompiz (2018) Premiado curta Lgbtq+ cubano, produzido pela Escola Internacional de Cinema de Cuba. Primeiro filme dirigido pelo Ator e assistente de direção cubano Jeissy Trompiz, "Menino peixe" apresenta 2 rapazes: Hugo e Ernesto. O primeiro é gay, o outro é hetero. Ambos se encontram no poço chamado Menino peixe e lá transam de forma violenta e excitante. Quando voltam para a cidade, Ernesto volta à sua condição de homofóbico e maltrata Hugo. Hugo decide se vingar de Ernesto, e o alvo é o cachorro do rapaz. Confesso que estava gostando do filme até antes da cena final, que considero totalmente desnecessária e passando uma péssima imagem para os gays: assassinos de animais e vingativos. Bem dirigido, com bons atores e aquela atmosfera de filme barato e independente, mas nem por isso de baixa qualidade.

Inocentes

"Inocentes", de Douglas Soares (2017) Premiado curta LGBTQ+ experimental, escrito e dirigido por Douglas Soares. O filme é um ensaio poético sobre a obra de Alair Gomes, famoso fotógrafo carioca que durante anos, fotografou de sua janela em Ipanema os rapazes na praia se exercitando, mergulhando, pegando sol. Essas icônicas fotos homoeróticas, flagradas de anônimos, são reproduzidas com modelos em situações eróticas e sensuais, belamente registradas em preto e branco. O filme é proibido para menores: existem cenas de sexo explícito na parte final. Belo, sedutor, erótico, é um filme para espectadores voyeurs, que admiram e veneram o corpo masculino.

Mademoiselle Paradis

"Mademoiselle Paradis", de Barbara Albert (2018) Cinebiografia baseada na história real de Maria Theresia Paradis, uma pianista da Viena de 1777, contemporânea de Mozart. Aos 3 anos de idade, Maria ficou cega. Seus pais tentaram todos os tipos de tratamento para que ela conseguisse recuperar sua visão. Paralelo, Maria adquire excelente habilidade como pianista. Quando o médico Franz Anton Mesmer entra na vida de Maria, ele vai aos poucos recuperando a visão de Maria, utilizando uma técnica chamada de Mesmerismo. No entanto, à medida que Maria vai recuperando sua visão, suas habilidades vão perdendo força, a ponto de seus pais desejarem que ela volte a ficar cega novamente. Tecnicamente, o filme é todo excelente: fotografia, figurino, maquiagem, direção de arte. A diretora Barbara Albert traz o olhar feminino para a sociedade machista e misógina da época, onde mulheres praticamente não têm vez diante da expectativa que se espera delas: recatadas, do lar e submissas. A opção em fazer um filme quase claustrofóbico, rodado quase todo em interiores e em planos fechados, provoca uma sensação ao mesmo tempo privilegiando o ótimo trabalho de todo o elenco, em especial o de Maria Dragus no papel principal, como também torna entediante acompanhar a narrativa. O ritmo é bastante lento. Vale assistir ao filme para apreciar a performance extraordinária da atriz, que alterna a personagem cega e a que começa a enxergar. O filme ganhou diversos prêmios internacionais.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Horror na praia psicodélica

"Psycho beach party", de Robert Lee King (2000) O título do filme deixa claro as homenagens que o roteirista e diretor Robert Lee King faz a dois clássicos do Cinema: "Psicose" e "A praia dos amores. Esse último é um Must da Sessão da tarde, o expoente máximo dos filmes de surf, protagonizado por Annete Funiccelo e Frankie Avalon. O filme tem um tom de pastiche e caricatura, e por isso mesmo, não deve agradar a todos os espectadores. Tudo é exagerado: performances direção de arte, figurino, maquiagem , trilha sonora e fotografia. Para quem não tiver essas referências dos filmes de surf dos anos 60, vai achar tudo uma grande loucura estilizada e sem função dramática alguma. Nos anos 60, em Malibu, um serial killer age matando todas as pessoas que possuem alguma deficiência física. As suspeitas recaem em vários moradores da região, entre eles, Chicklet, uma jovem tímida e problemática que sonha em se tornar uma grande surfista. O problema é que ela tem várias personalidades. Com personagens Lgbtq+ , peruas californianas e muito surfista sem camisa, o filme diverte para quem busca um passatempo totalmente sem compromissos e sem pé nem cabeça. Para quem estiver disposto, vai descobrir uma pequena pérola nessa obra de Robert Lee King.

Me dê sua mão

"Donne-moi la main", de Pascal-Alex Vincent (2008) Escrito e dirigido por Pascal-Alex Vincent, "Me dê sua mão" é um drama LGBTQ+ francês, rodado em locações na França e Espanha. O filme começa com um prólogo em animação, mostrando Antoine e Quentin, irmãos gêmeos, fugindo da loja aonde trabalham com o pai deles. Eles seguem a pé até a Espanha, sem dinheiro, como mochileiros, para o funeral da mãe deles, que eles nunca conheceram. No trajeto, Antoine se envolve com várias mulheres. Mas quando Quentin vai trabalhar em uma fazenda para poder ganhar dinheiro, ele se relaciona com um jovem funcionário. Quando Antoine testemunha seu irmão fazendo sexo com outro homem, ele passa a sentir forte repulsa pelo irmão, a ponto de vendê-lo a um estranho dentro de um bar. O filme fala sobre uma relação de amor e ódio entre os dois irmãos gêmeos, mas em um nível de paixão platônica e incestuosa. Cada um deles sente ciúmes do outro, e as brincadeiras entre irmãos dão lugar a brigas e discussões. Infelizmente, o filme tem um roteiro extremamente vazio e minimalista, privilegiando um naturalismo que mais parece um registro documental. Muito pouco acontece o filme em termos de dramaturgia. Fica apenas um vazio, e muito provável, o diretor quiz apresentar um existencialismo de uma geração sem perspectiva de futuro. Faltou ritmo, faltou história.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Quem está assistindo Oliver?

"Who's watching Oliver?", de Richie Moore (2017) Premiado filme de terror com toques de humor negro, é uma Co-produção Estados Unidos e Tailândia. Filmado na Tailândia, o filme foi escrito pelo ator Russell Geoffrey Banks, que protagoniza o filme, e também é o filme de estréia do Câmera e fotógrafo Richie Moore. "Quem está assistindo Oliver?" faz parte daquele grupo de filmes insanos e doentios que a gente dificilmente indica a alguém para assistir. Misógino, ultra-violento, o filme apresenta Oliver, um jovem perturbado mentalmente, que se conecta com sua mãe via Webcam toda noite. Ela o obriga a ir nas ruas em busca de mulheres trazendo-as para casa. Ele estupra e assassina as mulheres na frente da webcam, sob orientação de sua mãe, que sente prazer nas mortes. Ela inclusive pede para seu filho se masturbar para ela na webcam. Um dia, Oliver conhece uma mulher, Sophia, por quem se apaixona. Impossível não lembrar de Norman Bates e "Psicose" ao assistir a esse filme. As mortes nem são chocantes, mas as cenas onde tortura e estupra as mulheres são aterrorizantes. O filme exagera na caraterização de Oliver e sua mãe, ao nível de caricaturas grotescas. Fica difícil de entender porquê tantas mulheres caem na lábia de Oliver, que de cara é apresentado como mentalmente perturbado. Não curti muito o filme, talvez porquê ele mesmo não se leve a sério. A cena pós-crédito é ridícula.

Como ir daqui para lá

"How to Get from Here to There", de Kevin James Thornton (2019) Existem Cineastas que abraçam o Cinema independente apenas para satisfazer seus egos. Kevin James Thornton produziu, escreveu e dirigiu e protagonizou "Como ir daqui para lá". O filme é um drama LGBTQ+ que mistura fantasia e ficção científica. Qual o público alvo desse filme? Não sei dizer ao certo. Hermético para o público em geral, pouco atraente para o público Lgbtq+, sem ritmo e com um roteiro confuso. O filme apresenta Kevin, um homem que retorna para a casa aonde nasceu, após a morte de sua mãe. Ao vasculhar a casa, ele reencontra uma máquina do tempo que ele construiu quando criança. Ao entrar na nave de brinquedo, o homem faz uma viagem emocional e experimental para o futuro, onde conhece um rapaz e com quem tem um relacionamento. O filme quer falar sobre homofobia reprimida da infância, mas o experimentalismo do Diretor impede que o espectador se conecte ao drama do protagonista. Tudo sôa bastante blasé. A trilha sonora é o que há de melhor, com um rock indie melódico embalando a história.

Cemitério maldito

"Pet Sematary", de Kevin Kölsch e Dennis Widmyer (2019) Refilmagem do clássico de terror de Mary Lambert (1989), ambos baseados em livro de Stephen King. Agora, os cineastas Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, que juntos dirigiram "Hollidays", uma antologia de curtas de terror, convidam os veteranos Jason Clark e John Lihtgow para protagonizarem esse terror que conta a história da família composta por Louis (Clarke), sua esposa Rachel e os filhos Ellie e Gage. Eles acabam de se mudar para o interior, para que os pais possam se dedicar mais à educação dos filhos. Ellie acaba sofrendo um acidente e morre atropelada. Desesperado, Louis ouve seu vizinho. Jud (Lithgow) que o apresenta a um cemitério abandonado, amaldiçoado pelos índios e que tem o poder de trazer à vida os mortos. O filme é tão bom quanto o original. Repleto de Jump scares, daqueles de fazer pular na cadeira ( o que seria dos filmes de terror sem os gatos?), o filme possui um bom time de atores, com a ótima surpresa da menina Jeté Laurence, no complexo papel de Ellie. Para quem busca um bom filme de terror, 'Cemitério maldito" é uma boa pedida.