domingo, 19 de maio de 2019

Noite mágica

"Notti magiche", de Paolo Virzi (2018) Realizador dos conhecidos dramas "A primeira coisa bela" e "O capital humano", o cineasta e roteirista italiano Paolo Virzi faz o seu "Cinema Paradiso", revisitando em formato autobiográfico o Cinema italiano de 1990, o mesmo ano em que a Itália perdeu a Copa do Mundo para a Argentina. Na noite do fatídico jogo no qual Maradona selou o destino da Itália na Copa, o famoso produtor de cinema Saponaro (Giancarlo Giannini) sofre um acidente de carro e morre no rio. Em seu bolo, é encontrada uma foto onde vemos uma famosa atriz e 3 aspirantes a roteiristas. Todos são suspeitos da morte do produtor, que estava decadente e devendo a todos. Em Flashback, conhecemos os 3 jovens roteiristas: Antonino, um cinéfilo intelectual; Luciano, um conquistador de mulheres e esquerdista, e Eugenia, uma viciada em drogas, depressiva e que se sente culpada por ser filha de um político rico. Giusy é uma alpinista, que encosta em Saponaro para se tornar Atriz. Ela acusa os 3 roteiristas de terem matado o amante. Os jovens se conhecem porquê são finalistas de um Concurso de roteiro, de onde Antonino sai vitorioso e com um cheque de 25 milhões de liras, cobiçado por Saponaro para convencer Fellini a trabalhar em um filme dele. Tecnicamente, o filme é muito bem feito: direção de arte, figurino, fotografia. O roteiro procura homenagear os grandes Mestres do cinema da época, que já estavam em um período de crise criativa: Fellini, Antonioni, Mario Monicelli, Ettore Scola. Mastroianni e Roberto Benigni também são homenageados. Os cineastas e produtores da velha guarda são apresentados como pessoas que impedem que nova geração de diretores, roteiristas façam sucesso, se aproveitando deles. O cinema italiano desse período estava totalmente em fase de obscuridade. Paolo Virzi retrata de forma cruel e nostálgica o seu próprio percurso como roteirista e cineasta, quando chegou em Roma em busca de um espaço para crescer dentro da indústria. O filme tem muita influência do cinema de Paolo Sorrentino, principalmente nas cenas de festas. Infelizmente, o roteiro apresenta personagens demais, diluindo a força dos protagonistas. As mulheres são vistas como iscas sexuais e perturbadas mentalmente, o que deve provocar ira das feministas. Longo e sem vigor, o filme não encanta. Fica o desejo de fazer uma ode ao Cinema italiano. Mas faltou a Paixão..

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