sexta-feira, 31 de março de 2023

Godard Cinema

"Godard , seul le Cinema", de Cyril Leuthy (2022) Documentário fundamental para fãs do cinema de Jean Luc Godard, o "enfant terrible", o cineasta que revolucionou a narrativa do cinema quando lançou "Acossado" em 1961, um dos filme spilares do movimento Nouvelle Vague. Foi nesse filme que surgiu o "Jump cut", linguagem de edição onde na mesma cena existem elipses temporais, quebrando a narrativa clássica. Godard morreu aos 91 anos na Suíca, tendo recorrido ao suicídio assistido. Godard teria mencionado estar 'esgotado", e em vida ele já havia tentado o suicídio outras duas vezes. O filme concorreu no Fetsival de Veneza 2022. Com imagens de arquivo primorosas e raras, apresentando Godard desde a sua juventude, seus primeiros filmes, bastidores de filmagens, depoimentos de críticos de cinema, atrizes e atores. Entrevistas em canais de televisão e para jornalistas mostram um Godard sempre inquieto, tímido. Godard realizou quase 140 filmes, uma produção prolífica. Após o movimento estudantil de Maio de 1968, Godard criou o grupo de cinema Dziga Vertov, nomeado em homenagem ao cineasta russo e abraçou o cinema político. Com 'Prenom Carmen", Godard ganharia o Leão de ouro em Veneza. O filme mostra momentos incríveis, como a torra na cara que levou de um decsonhecido, irritado pela nudez da Virgem Maria no filme "Eu vos saúdo, Maria". Godard foi casado com as atrizes Anna Karina, com quem fez 8 filmes; depois com Anne Wiazemsky, protagonista de "A chinesa"e que foi um escândalo, pois ela tinha 17 anos quando se casaram; e por último com a cineasta Anne-Marie Miéville. Anna Karina explica como conheceu Godard: ele a viu em um comercial de sabonete ( o filme mostra o comercial) e ele ficou encantado com a performance e fotogenia de Anna. Julie Delpy também dá entrevista e diz que começou em sua carreira de atriz aos 9 anos em 'Detetive". Todos são unâmines em falar sobre o temperamento explosivo de Godard, ma sigualmente, reconhecem a sua genialidade. Obrigatório.

Noites alienígenas

"Noites alienígenas", de Sérgio de Carvalho (2022) Primeiro longa de ficção produzido no Acre, "Noites alienígenas" venceu 5 Kikitos no Festival de Gramado 2022: melhor longa-metragem, ator (Gabriel Knoxx), ator coadjuvante (Chico Diaz), atriz coadjuvante (Joana Gatis) e o troféu da crítica. Uma pena não ter ganho de roteiro, exemplarmente escrito à seis mãos: Camilo Cavalcanti, Rodolfo Minari e Sérgio de Carvalho. O filme termina com uma cartela anunciando que o Acre foi invadido por facções criminosas vindas do Sudeste e que a criminalidade cresceu 183 por cento desde então em Rio Branco, capital do estado. Jovensacabaram adentrando no tráfico e muitos morreram assassinados. A estrutura do roteiro segue o perfil do mexicano Alejandro Inarritu, de filme painel: diversas histórias independentes se entercruzam, tods linkadas pelo jovem Rivelino (o rapper acreano Gabriel Knoxx). Ele mora com sua mãe, Beatriz (Joana Gatis) e trabalha como vendedor de drogas do traficante Alê (Chico Diaz, espetacular). Alê acredita em alienígenaas. Rivelino namora Sandra (Gleice Damasceno, vencedora do BBB 2018), mãe de Paulinho, criança que ela teve com o indígena Paulo (Adanilo Reis). Adanilo é viciado em drogas e tem alta dívida com traficantes. Ele invade constantemente a casa de sua mãe para roubar coisas e vender. Em um filme com personagens tão variados em histórias e diversidades, ainda sobra espaço para Kika (Kika Sena, atriz trans protagonista de "Paloma"), melhor amiga de Sandra no restaurante aonde trabalham. Um filme independente cuja narrativa parece ter "Cidade de Deus" como base, 'Noites alienígenas" é sem dúvida uma das melhores produções nacionais, onde tudo se encaixa perfeitamente, além de criar uma narrativa de constante tensão e sedução. O elenco, em sua maioria rostos desconhecidos, prova que existe talento em regiões fora do eixo Rio/São Paulo, e torço bastante para que todos alcancem o desejo de estrelar produções em outras esferas. Merecem.

quinta-feira, 30 de março de 2023

Sombras de um crime

"Marlowe", de Neil Jordan (2022) Neil Jordan foi um dos cineasta ingleses mais premiados e conceituados dos anos 80 e 90. Lançou clássicos cults como 'dançando com um estranho", 'Traídos pelo desejo" e principalmente, "Mona lisa". Lian Neeson hoje em dia virou sinônimo de herói de filmes de ação. Os dois juntos já haviam trabalhado em 2 outros filmes: "Michael Collins" e "Café da manhã em Plutão". Agora, se reúnem novamente para uma releitura do detetive criado por Raymond Chandler, Philip Marlowe, já interpretado por Humphrey Bogart na obra prima "À beira do abismo", de 1946. Jordan decidiu em pleno 2022 trazer novamente o policial noir, tão característico de filmes dos anos 40 e 50. Mas os tempos são outros, e o ritmo elegante mas extremamente lento da produção acaba tornando a narrativa bastante cansativa e arrastada. De positivo, o filme tem a linda fotografia de Xavi Giménez, a direção de arte e a reconstituição de uma Los Angeles vibrante e babilônica de uma Hollywood decadente e repleta de corruptos e mau feitores, curiosamente o mesmo tema de "Babilônia", de Damien Chazelle. Marlowe (Neeson) é contratado pela jovem Clara Cavendish (Diane Kruger), filha da famosa atriz Dorothy (Jessica Lange). Clara é casada, mas deseja saber o paradeiro de seu amante, Nico, o assistente de produção de uma produtora de cinema. Marlowe acaba se envolvendo com produtores, traficantes, gangsters, prostitutas e toda sorte de tipos existentes em filmes noir. REunir atores como Neeson, Kruger e Lange em um memso filme seria motivo de sobra para assistir ao filme. Uma pena que o filme, apesar de tão belo e caprichado, seja tão sem alma, sem energia.

quarta-feira, 29 de março de 2023

O urso do pó branco

'Cocaine bear", de Elizabeth Banks (2023) Em 1976, um ano após o mega sucesso de "Tubarão", os produtores resolveram investir em animais para criarem a sua versão assassinos da natureza. Assim surgiu o cult "Grizzly a fera assassina", sobre um urso marrom que decide matar os pobres frequentadores de um parque. Esse filme imediatamente me veio em mente quando surge o sucesso de público "O urso do pó branco", dirigido pela atriz Elisabeth Banks. O filme é vendido no mercado como terror, mas na verdade é uma deliciosa galhofa com ação, humor ácido, aventura, muito trash e suspense. Mas terror, nunca. O filme é levemente inspirado em um evento real, quando um carregamento de cocaína caiu de um avião e caiu em um parque florestal. Um enorme urso negro consumiu cocaína e acabou morrendo de overdose. O roteirista Jimmy Warden decidiu pegar esse mote bizarro e criou a sua versão da fera assassina. Mas a ursa no caso só ataca as pessoas pois ao consumir grandes quantidades de coca;ína, ela fica fora de si e o que ela quer na verdade é cheirar cada vez mais pó. O filme é ambientado em 1985 e traz uma colcha enorme de retalhos de plots e sub-plots, com muitos personagens que surgem no caminho do urso. Tem guardas florestais, tem uma mãe em busca de sua filha adolescente que matou a aula para ir ao parque com um amigo; tem traficantes que estão em busca da cocaína; tem um trio de jovens delinquentes; tem turistas desavisados..e claro, tema. ursa e seus dois filhotes. O que mais gostei do filme é o seu elenco bem variado, que traz Keri Russell, tem Ray Liotta, meses antes de vir a falecer em maio de 2022, tem o Hans Solo Alden Eirnreinrich e tem a menina de "Projeto Flórida", Brooklyn Prince, além de uma truma muito maluca. O filme acaba sendo mais longo do que devia, pois o excesso de personagens faz com ue a ursa acabe se tornando uma coadjuvante, aparecendo esporadicamente. Umas cenas longas e chatas acabam tomando tempo de cena e eu ficava toda hora desejando que a ursa surgisse. No entanto, o filme é bem divertido, e uma cena merece total destaque, por ser absurdamente antológica e bem construída: a perseguição da ursa que vai atrás de uma ambulância. A cena é um primor de realização.

As múmias e o anel perdido

"Mummies", de Juan Jesús García Galocha (2023) Animação espanhola lançada pela Warner Bros, "As múmias e o anel perdido" usa um tema já batido para explorar dois mundos bem diferentes, como aconteceu emm 'Encantada" e "A vida é uma festa". No Egito, abaixo de uma pirâmide, existe um mundo habitado por múmias vivas. Ness emundo, tem o jovem Thut, um corredor de bigas que mora com seu pequeno irmãmontaro, Sekhem. O Faraó deseja casar a sua filha, Nefer, mas ela quer ser independnete e poder cantar. Em um evento comemorativo para decidir quem irá casar com ela, por um acidente de Sekhen, o escolihido é Thut. Os dois no entanto não combinam, e nenhum dos dois deseja casar. Até que um incidente envolvendo um vilão vindo de Londres que quer montar uma exposição sobre o Egito em Londres faz com que nossos heróis acabam em Londres dos dias atuais. De tudo, o mais óbvio é usar a música 'Walk like an egyptiian" na trilha sonora. A trama é bem previsível e o vilão é um apanhado ( inclusive nos traços) de vilões da Disney, como Jafar. O filme contém músicas famosos na trilha, e pode agradar a criançada que quer se divertir com cenas ingênuas de ação e romance. No mais, sem novidades, apenas um passatempo ligeiro e que pelo menos traz projetos da Espanha para serem consumidos no restante do mundo.

A autobiografia de um mentiroso: a falsa história de Graham Chapman

"A Liar's Autobiography: The Untrue Story of Monty Python's Graham Chapman", de Bill Jones, Jeff Simpson e Ben Timlett (2012) Curiosa animação inglesa que traz uma versão anárquica e caótica, como não poderia deixar de ser, da vida de Graham Chapman, integrante do grupo Monty Python, que faleceu em 1989 aos 48 anos. Chapman gravou três anos antes de sua morte um audio livro, e essa narração foi a base para ese autobiografia. Apresentando seu nacsimento, conviv6encia com seus pais conservadores em Londres, o curso de medicina, a saída do armário (Chapman se asusmiu publicamente como gay), a formaçao do Monty Python, as brigas e muito mais. Foram convocados vários animadores, com traços diferenciados que lembram desde Soth Park a Yellow submarine e outras animações conhecidas. No geral, é um filme instigante, pois não sabemos o que de fato é real ou não ( afora os elemtnso fantasiosos, obviamnete, como viagens espaciais, etc). É arrastado, lento, chato. Tem alguns bons momentos, mas não me trouxe nem d elonge aquela bagunça que eu sempre amei nos filmes de Python.

terça-feira, 28 de março de 2023

Pavor na cidade dos zumbis

"Paura nella città dei morti viventi", de Lucio Fulci (1980) Lucio Fulci foi um dos cineastas mais profílicios da Itália, tendo dirigido mais de 60 longas, entre comédias, filmes de ação e terror. Mas foi justamente nesse último gênero que Fulci ficou famoso e eternizado entre fãs do mundo inteiro. Filmes como "Uma lagartixa num corpo de mulher", o Segredo do bosque dos sonhos", "Terror nas trevas", "O estripador de Nova York" e principalmente a sua grande obra-prima, 'Zumbi 2- a volta dos mortos", ficaram eternizados em listas dos grandes clássicos do gênero. Em todos esses filmes, existem cenas icônicas que entraram em clipes de cenas mais grotescas da história, e não é para menos: Fulci não economizava em sangue, tripas, larvas, vermes e muita mutilação e assassinatos violentos, precursores da onda torture porn que viria já nos anos 2000. "Pavor na cidade dos zumbis" foi lançado 1 ano depois de 'Zumbi 2". O filme tem um roteiro bem bizarro, que mistura meduinidade, assombrações e zumbis fantasmas. Um padre se suicida e abre os portões do inferno. Uma medium, Mary, testemunha esse ato do padre em sessão meduínica e diz que no Dia de todos os santos, os mortos sairão de suas tumbas e tomarão a Terra. Mary se junta a um jornalista e outro medium para irem até a cidade de Dunwich, onde toda a ação acontece. O filme tem um ritmo arrastado, mas quando as mortes acontecem, é uma diversão sem fim. Trash até não poder mais, o filme contém algumas das cenas mais icônicas dessa fase de ouro dos zumbis italianos, que diferente dos americanos de George Romero, eram mais repulsivos e nojentos, sempre cobertos de larvas. Os atores italianos dublados em inglês é sempre um espetáculo à parte, eu simplesmente adoro, e melhor ainda, todos muito amadores e sem expressão. Das cenas de gore, as mais sensacionais são a de um rapaz que tem sua cabeça atravessada por uma furadeira; a de uma jovem que vomita suas tripas, a de um zumbi que arranca o couro cabeludo de um rapaz e mostra o cérebro e uma cena traumática de uma mulher enterrada viva e um homem tentando abrir o caixão com a picareta, e a cada picaretada, quase fura o olho da mulher, Tenso. Um clássico do trash.

Canibal Ferox

"Cannibal ferox", de Umberto Lenzi (1981) Banido em vários países, "Canibal ferox" veio na esteira do mega sucesso exploitation de "Canibal holocausto", de Ruggero Deodato, filme que escandalizou o mundo no ano de 1980 e apresentou o tema repetido à exaustão de exploradores que querem conhecer a Floresta amazônica e se deparam com tribo de canibais. Ficou famoso também nesses filmes a inserção de cenas de mortes reais de animais,s eja pelos próprios personagens, ou animais predadores. Um grupo vai até a Amazônia para pesquisa da dissertação de uma estudante que quer provar que canibalismo não existe e que é uma invenção de colonizadores. mas o grupo encontra dois homens, aparentemente fugindo de canibais. Logo o grupo vira presa da tribo, que na verdade, quer se vingar desses dois homens, que estavam em busca de drogas e ouro. O que mais chamou atenção em "Canibal ferox" foram as cenas explícitas de violência, até mais fortes e gore do que "Canibal holocausto". Um homem tem o topo de sua cabeça cortado e seus miolos comidos. Uma mulher é suspensa em ganchos pelos seios e deixada à morte. Além de mortes bastante gráficas, que até hoje chocam mais do que filmes "Jogos mortais" e cia, tem inumeras cenas de animais sendo devorados e mortos por outros animais. E numa cena polêmica, um ator mata um porco selvagem à facadas. ( o ator se recusou a matar a porco e usaram um dublê de mãos). Rodado em Nova York e nas selvas da Colômbia, o filme tem uma trilha sonora bem no clima da era disco funk, e os atores são desconhecidos, justamente para que o espectador não se fixe em nenhum deles por ser famoso. Um clássico, mesmo que trash, mas marcante de sua época.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Mais outro filho

"Figli", de Giuseppe Bonito (2022) Último filme escrito pelo roteirista italiano Mattia Torre, falecido aos 47 anos de idade. Uma lástima, pois pelo filme, temos a noção do excelnte dialoguista que era Torre. O filme poderia render uma excelente peça de teatro envolvendo um casal na faixa dos 35 anos, que descobrem estarem grávidos do 2o filho. “1 mais 1 não dá 2, dá 11” é a frase proferida pela esposa, Sara (Paola Cortellesi) para seu marido, Nicola (Valerio Matandrea). Ela, agente sanitária. Ele, dono de um restaurante. A frase foi dita por uma amiga, mas eles jamais imaginariam que estivesse tão certa. Sem tempo por conta do trabalho, o casal se vê em uma enorme crise: os pais não querem cuidar, as babás dão trabalho e a filha primogênita tá em crise. No meio disso tudo, o casal discute a relação. O filme mescla comédia com drama, e traz soluções interessantes para a narrativa, fazendo uso de realismo fantástico. vez ou outra surge narração em um local meio umbral, todo branco, onde são exemplificadas as relações com outros casais, ou Sara se joga pela janela como uma forma de escapar da discussão. Um bom filme, às vezes com ritmo arrastado, mas que entreterá certamente quem passa pela mesma crise.

domingo, 26 de março de 2023

Diário de um romance passageiro

"Chronique d'une liaison passagère", de Emmanuel Mouret (2022) Concorrendo no Festival de Cannes 2022, "Diário de um romance passageiro" é uma peça teatral pronta para ser encenada para um casal de atores na faixa dos 40/45 anos. É só copiar literalmente os diálogos e encenar. O filme lembra muito os filmes de Woody Allen, com uma verborragia com diálogos deliciosos e ácidos, mas tendo smepre como pano de fundo o romance. rusgas de casal, bem no estilo "Annie Hall". Defendido por dois dos melhores atores dessa geração, Sandrine Kimberlain e Vincent Macaigne. Aliás, é o segundo filme que vejo com Sandrine Kimberlain representando o papel da amante com brilho: o anterior foi o espetacular 'Mademoiselle Chambon". com seu marido real Vincent Lyndon. O filme acompanha anos na relação d eum casal. Na verdade, casal de amantes. Charlotte (Sandrine Kiberlain), mãe solteira, e Simon (Vincent Macaigne), casado, pai, tímido, desajeitado, tornam-se amantes após se conhecerem em uma festa com uma regra simples: o relacionamento deles deve ser baseado no prazer, e jamais se aprofundarem em sentimentos. Eles se encontram duas vezes na semana, e durante meses, à medida que eles se encontram em hotéis, museus, casas alugadas, eles decsobrem que existe uma enorme afinidade entre eles. O filme é falado do início ao fim, mas é muito bom. Como falei, uma peça pronta para ser encenada. Carismáticos, apaixonantes, é um filme que faz o espectador se apaixonar por um casal de amantes, ignorando a esposa de SImon e os filhos de ambos. Aliás, o filme nem mostra os outros, apenas Simon e Charlotte. Elegante, sensível, divertido, é um belo filme para assistir boas performances e belos textos.

Canibal apocalipse

"Apocalipse domani", de Antonio Margheriti (1980) O cineasta italiano Antonio Margheriti se diferencia de seus conterrâneos que embarcaram na onda dos filmes de canibais: ao invés de localizar os filmes na floresta amazônica, com tribos indígenas canibais, matando animais e explorando a objetificação do corpo feminino em cenas de nudez, MArgheriti coloca os seus personagens em Atlanta, na Geórgia. São canibais urbanos, que atacam suas vítimas em salas de cinema, mercados, esgotos, etc. Não é como os filmes de zumbis de George Romero que criticam o capitalismo. Aqui, quando levam tiro, os canibaius morrem. E têm sentimentos, falam normalmente. Só têm instinto em querer comer carne humana. O filme tem um prólogo na Guerra dio Vietnã: O capitão Hopper (John Saxon, rei dos filmes Z dos anos 80) se depara com alguns de seus soldados que foram capturados pelos vietcongues. e expostos a um vírus que os faz desejar carne humana. Após ser mordido por um deles, Hopper acorda em Atlanta, já em casa, ao lado de sua esposa. Um dos prisioneiros de guerra, Bukowski (Giovanni Lombardo Radice)liga para Hopper e pede para se encontrarem na cidade. A partir daí, um verdadeiro massacre canibal irá ocorrer. O mais delicioso do filme é a incrível trilha sonora de soul funk, inusitado para um filme de terror. "Canibal apocalipse" acaba oferecendo bem menos do que os fãs de canibais italianos esperam. As mortes mesmo só acontecem no terceiro ato. Até lá, o filme é um drama sobre soldados traumatizados pela guerra e tentando voltar a voniver em sociedade. Algumas mortes são bem divertidas, como um tiro de fuzil que abre um buraco no tórax de um. No entanto, o gore é bem discreto aqui. Uma pena, fiquei bem frustrado.

Isaac

"Isaac", de Ángeles Hernández e David Matamoros (2022) Escrito e dirigido pela dupla Ángeles Hernández e David Matamoros, "Isaac" é um drama LGBTQIAP+ espanhol adaptado da peça teatral "O dia em que nasecu Isaac", de Antonio Hernández Centeno. Nacho (Pepe Ocio) é um homem na faixa dos 30/40 anos, sério, rico e casado com Martha (Maria Ribera). O casal deseja um filho, mas Martha é infértil. Sua mãe não aceita adoção, quer filho do memso sangue da família. Um dia, Nacho reencontra Denis (Ivan Sanchez) em um restaurante. Denis é o oposto de Denis: jovial, moderno, alegre e deseja muito montar um restaurante. Nacho pede um empréstimo para Denis, que lhe propõe um acordo: que a esposa de Ivan, Carmen (Erika Bleda), seja mãe de aluguel do filho dele. Ao mesmo tempo, Denis e Ivan relembram a adolescência deles, quando eram muito amigos, e também, amantes. O filme é um melodrama com traições e conservadorismos familiares, que impedem que Denis seja feliz com a sua sexualidade. O filme é defendido pelos 4 bons atores. As cenas de sexo são discretas, em uma narrativa elegante. O retrato feito das personagens femininas é menos elaborado, mesmo que elas tomem decisões sobre suas vidas no final da trama.

sábado, 25 de março de 2023

Uma questão de confiança

"Ingen kender dagen", de Annette K. Olesen (2022) Drama dinamarquês que certamente deve ter buscado referência no cult argentino "Relatos selvagens": são 5 episódios independentes, que lidam com o tema da confiança. Todas as histórias acontecem em um único dia, um momento de explosão de seus protagonistas. 1) Uma médica, Eva ( a sempre excelente Trine Dyrholm) acompanha um vôo de Copenhague até Cabul, Afeganistão, em uma comtiva de expatriação de refugiados afegãs que devem ser devolvidos ao governo. Eva testemunha atos que a fazem refletir sobre a sua profissão e humanidade 2) Um adolescente, Emil, decsobre que a foto que ele mandou de sue nude para um garoto vazou, e ele está sendo humilhado por todos. Emil sai da sala, e na estrada, aceita carona de seu professor de inglês, que oa acaba ssediando o garoto 3) Uma mãe e sua filha pequena, que está com o olho roxo, caminham sem rumo como se fugissem 4) Um homem de meia idade aluga uma casa no airbnb para levar sua amante. mas a dona do apartamento é curiosa e deseja saber mais do casal 5)Um jovem casal recém sacado vai para o enterro de uma amiga de colégio do marido. Mas a mulher logo descobre que seu marido não é bem vindo na família da falecida O filme é bom e defemdido por um time de ótimos atores. Alguns contos começam com leveza, mas encaminham para um drama denso, principalmente da mãe e filha. Como todo filme de antologia, alguns contos funcionam melhor que outros. O filme concorreu no Festival de Veneza 2022.

O rio do desejo

"O rio do desejo", de Sérgio Machado (2022) Drama bbrasileiro adaptado do conto do escritor amazonense Milton Hatoum, com quem o ator Daniel de Oliveira já havia trabalhado no filme 'Orfãos do Eldorado", e que, curiosamente, ambos fotografados por Adrian Teijido. O cineasta Sérgio Machado, de "Cidade Baixa", novamente retorna ao tema da mulher empoderada e livre que se torna alvo da disputa de vários homens, aqui no caso, de 3 irmãos. Filmado na Amazônia, o filme apresenta o policial Dalberto (Daniel de Oliveira). Durante uma chamada de rotina, ele conhece Anaíra (Sophie Charlotte). Ela enfiou um caco de vidro na barriga de um homem que a assediou. Dalberto e Anaíra se apaixonam de cara, e ela vai morar com ele. Na casa de Dalberto, moram também seus 2 irmãos: o miais velho, Dalmo (Rômulo Braga), que cuida da loja de fotografias da família, e Armando (Gabriel Leone), empresário de uma banda de brega. Dalberto decide abanonar a farda e comprar um barco de transporte de pessoas, mas o berco se acidenta e se contrai dívidas. Ao aceitar levar drogas para um outro local, Dalberto se ausenta por um período de sua casa, tempo o suficiente para que os irmãos se sintam atraídos por Anaíra. Adaptado do conto "Adeus ao comandante", o filme poderia ser uma modernização de Caim e Abel, irmãos que ao longo da trajetória vão se odiando. Tenho algumas ressalvas ao roteiro, mas a presença magnética do elenco acaba prendendo a atenção, aém da bela fotografia de Teijido. Um belo retorno de filmes rodados no Norte do país. Senti falta de uma direção de arte que acentuasse mais que o filme se passa décadas atrás, ficou bem minimalista o conceito. Uma curiosidade é Gabriel Leone repetir a música "Total eclipse of the heart", que ele canta em 'Eduardo e Mônica".

Harka

"Harka", de Lotfy Nathan (2022) Co-produção de diversos países: Tunísia, França, Alemanha, Bélgica, Estados Unidos e Luxemburgo, "Harka" concorreu no Festival de Cannes 2022 e saiu de lá com o prêmio de melhor performnace para o ator Adam Bessa na Mostra Un certain regard. O filme é inspirado na autoimolação de Mohamed Bouazizi, um ato que desencadeou a revolução tunisiana e a Primavera Árabe entre 2010 e 2011. O título original "Harka" tem sentido duplo: em árabe tunisino, queimadura. Em calão é a palavra utilizada para designar um migrante que tenta atravessar o Mediterrâneo de barco em direção à Europa. Ali (Bessa)é um jovem tunisino que sonha com uma vida melhor e que procura ser um "harka".Ele vende gasolina clandestina no mercado negro e é obrigado a dar propina para a polícia todos os dias. Ele planeja migrar para a Europa e ter uma vida melhor. Mas quando o seu pai morre, Ali se vê em uma encruzilhada: seu irmão mais velho foi trabalhar em um resort para milionários e abandonou a família, prometendo enviar dinheiro que nunca chega. E Ali precisa cuidar de suas irmãs mais novas, o que faz cancelar o seu sonho de migração. Para piorar, ele descobre que seu pai, por conta da doença, co ntraiu uma dívida enorme com o banco que se não for paga em uma semana, terão a casa tomada pelo governo. Fiquei abismado com tanta desgraça em um único filme. O roteirista e cineasta Lofty Nathan procura fazer o protagonisra sofrer de todas as formas possíveis, entrando em uma arapuca após a outra. Para quem não gosta de filmes sofridos, melhor nem assistir. para amenizar, o filme tem narração suave e delicada da irmã mais nova, a observadora de tudo.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Raquel 1.1

"Raquel 1.1", de Mariana Bastos (2022) Drama brasileiro com tintas de suspensse e terror, além de realismo fantástico, escrito e dirigido por Mariana Batos, que encontra muita similaridade com a cineasta Anita da Silveira e principalmente seu filme "Medusa". Ambos os filmes falam sobre a religião como instrumento de dominação e alienação, além de feminicídio e sociedade machista. Existem mulheres más que debocham das próprias mulheres, uma clara alusão a figuras polícitcas brasileiras como Damares, panteão do conservadorismo, representado aqui pela personagem da Pastora, em um trabalho excelente de interpretação da atriz que a compõe. A protagonista do filme é Raquel (Valentina Herszage, de "Mate-me por favor", de Anita da Silveira) é uma adolescente de 15 anos que chega coms eu pai, Hermes (Emilio de Mello) até uma cidade no interior de São Paulo. Os dois precisam reconstruir a vida, após um crime trágico que vitimou a mãe de raquel, assassinada pelo namorado. O pai, endividado, herda uma casa simples e uma pequena mercearia. Raquel foi obrigada a estudar religião como terapia, e entra no grupo de joven religiosos da cidade, que pertence a uma igreja evangélica. Mas Raquel provoca as outras adolescentes: "E porque as muleheres não deveriam reescrever a Bíblia, que foi toda escrita por homens e mostra as mulheres como submissa?". Esse é o estopim para Raquel ser vista como bruxa, recebendo apoio de algumas garotas, entre elas, Laura. Com referências a filmes de terror "CArrie, a estrenha", "A bruxa", "O iluminado"(a famosa cena da câmera aéraea acompanhando o carro que chega pela estrada. A trilha sonora é o que menos gostei no filme: é exagerada e no 1o ato força uma barra para dar uma atmosfera desnecessária. Outro ponto negativo do roteiro é o pouco aproveitamento de personagens dos atores Emilio de Mello e Ravel Andrade. No mais, é um ótimo filme que lida com temas importantes, e repleto de simbolismos religiosos para lidar com o empoderamento feminino: a última ceia, apedrejamento de Maria Madalena, a pedra encontra por Moisés que deu origem aos 10 mandamentos. O filme concorreu no prestigiado SXSW em 2022.

A semana do assassino

"La semana del asasino", de Eloy de la Iglesia (1972) Excelente drama de suspense psicológico espanhol, "A semana do assassino" é um surpreendnete filme com um protagonista serial killer, filmado por um dos cineastas espanhóis mais malditos e esquecidos do cienma, Eloy de la Iglesia, realizador de clássicos Lgbt como "El pico", "Navajeros", "O deputado", "A volta do parafuso", entre outros, filme que apresentam a realidade nua e crua das ruas de Madri, com personagens envolvidos com vícios em heróina, tráfico, assassinatos e relacionamentos tóxicos, e principalmente, protagonistas em conflito com sua sexualidade. O diretor e eroteirista Eloy de la Igleasia, ele mesmo tornbou-se um viciado em, heroína, e acabou morrendo em 2006 de câncer. Ele se envolveu com alguns de seus jovens atores, escalados nas ruas, igualmente viciados em heroína. O protagonista Marcos é vivido por Vicente Parra, que está ótimo como o atormentado açougueiro de um matadouro. Eusebio Poncela, ator de ALmodovar em "Matador" e 'A ;ei do desejo", interpreta Nestor, o vizinho rico e gay, que mora em um condomínio de alto luxo. Marcos (Vicente Parra) trabalha em um matadouro e mora em uma casa pobre na periferia, em um terreno baldio dominado pela pobreza e pelo crime. Um dia, sem saber ao certo o motivo, desperta nele um impulso homicida que o levará a cometer uma infinidade de assassinatos. O primeiro, é a de um taxista. Logo depois, a sua própria namorada, e por aí em diante, matando uma pessoa por dia, até fechar uma semana. Marcos esconde os corpos em seu quarto e aos poucos o fedor vai atraindo os cachorros da vizinhança. A solução é desmembrar os corpos e moe-los no matadouro. Com ecos de Hitchcock e "A janela indiscreta", "A semana do assassino" é um primor, um filme sujo, obscuro, maldito, e por isso mesmo, brilhante. A cena da pisicna, com Nestor aguçando a descoberta de sua sexualidade em Marcos, é um dos grandes momentois do filme,e xalando homoerotismo. O filme, para a época, tem cenas bastante violentas, que envolvem uso de ferramentas, entre elas, uma machadinha. Pars os críticos, o filme ter sido liberado pelo Governo Franquista, altamente conservador, foi um milagre, mesmo sofrendo cortes.

Urban explorer

"Urban explorer", de Andy Fetscher (2011) Terror alemão dirigido pelo mesmo cineasta do terror geriátrico "old people", sobre idosos que matam os mais jovens. Em "Urban explorer", o roteirista Martin Thau se apropria de clichês de filmes como "O albergue" e coloca 4 jovens turistas: 1 casal de americanos, 1 francesa e 1 sul coreana para se conhecerem pela internet e fazerem um passeio clandestino pelos subterrâneos obscuros de Berlim, onde areditava-se ficavam o abrigo de Hitler e os nazistas. O guia dos jovens é o alemão Kris (Max Riemelt, o super galã alemão, da série "Sense 8"). Durante o percurso, Kris acaba sofrendo um acidente. O grupo se separa: o casal fica com Kris, e as duas coreanas e francesa saem para pedir ajuda. Mas o grupo não contava com a presença de um psicopata alemão, Armin (Klaus Stiglmeier), que cresceu nos subterrâneos. Eu simplesmente não gosto desses filmes de terror onde os protagonistas são joevsn que decidem fazer parte de algum evento perigoso por pura diversão, sabendo dos riscos. É o famoso "Mas quem mandou?". Fica difícil torcer por eles, ainda mais quando agem de forma totalmente idiota . Por exemplo, em determinado momento um dos personagens ten uma arma na mão, porque não mata logo o asssassino? Resposta: pro filme não acabar logo. O positivo é que o filme tem atmosfera, fotografia lúgubre e os atores são bons, além de cenas violentas de gore.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Homens pink

"Homens pink", de Renato Turnes (2020) Documentário LGBTQIAP+ que entrevista gays brasileiros da terceira idade: Carlos Eduardo Valente, Celso Curi, José Ronaldo, Julio Rosa, Eduardo Fraga, Luis Baron, Tony Alano, Paulinho Gouvêa e Wladimir Soares. Em seus depoimentos, eles falam sobre a primeira vez, sob o pioneirismo de sair do armário em uma época ( anos 70, 80) onde os gays andavam escondidos com medo de represálias. Alternando depoimentos divertidos e outros mais contundentes, o diretor Renato Turnes fez um apanhado das histórias e construiu o seu espetáculo teatral 'Homens pink", dirigido e protagonizado pelo mesmo. O filme é um complemento do espetáculo. Produzido pela Cia La Vaca, que realizou também o excelente curta-metragem "O amigo do meu tio", todo construído em cima de imagens de VHS.

P- 047

"Tae peang phu deaw", de Kongdej Jaturanrasamee (2011) Premiado drama tailandês, exibido no Festival de Veneza em 2011, e que foi comparado por diversos críticos com o filme de Cristopher Nolan, o excelente 'Following". A narrativa e o universo do filme lembram muitos os filmes de Apichatpong Weerasethakul, o cineasta tailandês mais festejado da atualidade. Lek e Kong trabalham lado a lado no shopping. Lek é um serralheiro solitário e Kong é um aspirante a escritor. Quando Kong apresenta um plano, explorando a habilidade de Lek de abrir fechaduras, os dois começam a invadir as casas de outras pessoas, não para roubar nada, mas apenas para aproveitar temporariamente a vida de outras pessoas: ouvir suas músicas, tomar seus vinhos, ver as fotos e imaginar histórias, vestir suas roupas. O filme parte de uma boa premissa, de fato muito semelhaante a "Following". Mas aí o diretor e roteirista Kongdej Jaturanrasamee decide criar uns sub-plots bastante confusos, que misturam fantasias imaginadas pelo roteirista Kong. Um filme interessante, mas que poderia ter sido muito mais instigante se fosse a fundo na recriação dos moradores dos apartamentos invadidos. Existe um sub-texto de que Kong tenha um affair com um homem, mas isso acaba ficando de lado.

Natimorto

"Nati morti", de Alex Visani (2022) Fazia tempo eu não assistia a um filme tão bizarro, tão trash, tão sem noção e com um roteiro doentio que faz sentido ser de um italiano, terra dos Giallios, zumbis e de mestres como Lucio Fulcii, Mario Bava, Dario ARgento, entre outros. Infelizmente, "Natimorto" não chega nem aos pés desses cineastas. Mas confesso, o filme é tão ruim, o roteiro tão estapafúrdio, que não consegui abandoná-lo e assisti até o final, para ver aonde chegava. Na cidade de Umbria, Itália, uma mulher mora em uma mansão decadente, localizada na área afasada da cidade. Luna (Ingrid Monacelli), uma jovem embalsamadora com uma estranha paixão por tudo relacionado à morte. Um dia, durante uma viagem pela floresta em busca de animais mortos, Luna acaba encontrando dois corpos: o de uma mulher morta (Ester Andriani) e o outro de um homem (Lorenzo Lepori) que está gravemente ferido. Ela leva os dois para a sua mansão. Encantada pela decomposição do corpo da mulher, Luna amarra o homem e ele confessa: ele estuprou e matou a mulher, que a feriu. Luna tem fetiche por morte e se masturba vendo fotos de seus animais empalhados. Após torturar o homem, obrigando-o a comer a carne do cadáver, Luna o solta e o alimenta. Ambos descobrem que têm algo em comum, uma alma assassina que acabam se tornando amantes. Dá a impressão que o filme foi realizado somente com uma câmera e os atores provavelmente amigos do diretor. Tem muita cara de filme caseiro. Ze talvez esse seja o charme desse filme, uma narrativa estranha, um filme tosco mas com bons efeitos de maquiagem. Os atores são ruins, mas para esse tipo de filme, dá um plus.

A colheita maldita

"Children of the corn", de Kurt Wimmer (2020) Em 1984, foi lançado um terror adaptado do conto "As Crianças do Milharal", da antologia "Sombras da Noite", de STephemn King, um dos autores de terror mais adaptados para a tela grande dos anos 80 e 90. O filme não foi um sucesso comercial nem de crítica, mas tornou-se um cult e gerou inacreditáveis outros 9 filmes de uma franquia que se estendeu até há pouco tempo. O diretor Kurt Wimmer resolveu adaptar novamente e fez alterações na trama, trazendo um contexto mais focado no eco-sistema e no meio ambiente, e uma crítica aos adultos que destroem o solo e deixam um futuro menos promissor para as crianças. Li uma crítica que citava Greta Thumberg como referência ao filme, e talvez por isso a pequena vilã da história seja fisicamente parecida com ela. Na cidade rural de Gatlin, em Nebraska, a adolescente Bo (Elena Kampouris) avisa ao seu irmão mais jovem, Cecil, que irá estudar biologia e para isso terá que se mudar de cidade. cecil se sente abandonado e sua tristeza acaba fazendo com que ele se junte ao grupo de crianças liderados por Eden (Kate Moyer), uma menina que busca vingança contra os adultos, que ela acusa de destruírem o solo e deixarem um futuro sem perspectiva para as crianças. Os adultos no filme são em sua maioria retratados como repulsivos, arrogantes, corruptos, interesseiros e até justifica o ato das crianças, afinal, pra que elas irão querer conviver com gente tão ruim? O filme, infelizmente, não funciona. Não tem suspense, o elenco é fraco, a tensão não existe. A reescrita que o diretor fez prejudicou a história: no filme original de 84, os protagonistas era um casal de adultos jovens, e a gente torcia por eles, pois saíamos que estavam condenados a morrer. Aqui, não tem esse casal e nenhum adulto que valha a pena torcer. Outro erro foi dar cara ao monstro do milharal, 'Aquele que anda". No original ele nunca era visto, era sugerido, e ficávamos em dúvida sobre a sanidade do pequeno isaac. Aqui, ele existe, e parece um groot adulto, ficou estranho e nunca assustador. Uma pena, poderia ter sido um belo filme, adoro filme com crianças malvadas mas aqui não rolou.

O olho e o muro

'El ojo y el muro", de Javier Del Cid (2021) Rara produção da Guatemala fazendo incusrão na ficção científica. "O olho e o muro" é o longa de estréia do cineasta e roteirista Javier del Cid, e me fez lembrar bastante da trilogia americana "Divergente": claro que por ser um filme da América Latina, as metáforas sobre a imigração clandetsina, a corropção no governo, a luta de classes sociais e a extrema pobreza da população ficam muito evidentes. em um futuro, uma sociedade distópica divide o estado em dois lados divididos por um muro. A população pobre não tem acesso a comida, remédios nem assistência médica. Um grupo de resistência, liderado, entre outros, por Lucrecia (Yolanda Coronado, excelente), procura levar clandestinos para o outro lado do muro. Mas os que são presos acabam sendo mortos pelo governo. existe também um homem, chamado Alemão, uma espécie de Coiote, que promete atravessar as pessoas, e ele escolhe os jovens, mas com uma outra intenção bastante perversa. Entre os jovens está ALba, que é amante de um dos soldados do governo, Abdel. Mesmo com baixo orçamento, o filme consegue trazer um visual bastante interessante, opressivo, ajudando bastante a faezr o espectador a entrar na história. Outro ponto alto do filme é o elenco, trazendo boas performances. O roteiro é confuso e traz muitas sub-tramas que não ajudam. Ma sno geral é um filme que vale a pena ser visto pela ousadia de se realizar um filme de gênero em um país com cinematografia tão excassa.

Por um pouco de amor

"Lonelyhearts", de Vincent J. Donehue (1958) Adaptação da peça teatral escrita pela dupla Dore Schary e Howard Teichmann, "Por um pouco de amor" foi um filme considerado mediano na época, mas revisto hoje, o filme ganha muitos pontos pela sua ousadia no roteiro, que lida com temas como infidelidade, relacionamento tóxico, assédio moral, feminicídio, compulsão sexual. O elenco, excelente, era composto por Montgomery Clift, Mirna Loy, Robert Ryan e MAureen Stapleton, em sua estréia no cinema e já indicada ao Oscar de coadjuavnte pelo seu papel complexo. Montgomery Clift retornava aos cinemas dois anos após seu acidente de carro que desfigurou seu rosto. Após o filme, ale aind arealizou obras-primas como "De repente, no último verão", "Rio violento", "Freud, além da alma", "Julgamento de Nuremberg", "Os desajustados". Clift interpreta Adam White, um jovem jornalista desempregado. Ele faz ponto em um bar para poder se aproximar de Bill (Ryan), poderoso editor do Jornal "The chronicle". Percebendo o interesse de sua esposa Florence (mirna Loy) pelo jovem Adam, Bill o contrata, mas o coloca em uma coluna de auto-ajuda: ele deverá escrever respondendo cartas do público e dando conselhos. Com diálogos ácidos, com muito humor, ironia e cinismo, o filme transita entre o drama, romance e a tragédia, através de um passado sombrio na vida de Adam que envolve seu pai, que ssassinou a mãe de Adm por infidelidade. Montgomery Clift mostra aqui no filme porque foi um dos grandes atores de sua geração, em um papel atormentado, como era o costume dos personagens que interpretava nos filmes.

quarta-feira, 22 de março de 2023

A cidade do futuro

"A cidade do futuro", de Marília Hughes Guerreiro e Cláudio Marques (2016) Drama LGBTQIAP+ brasileiro, "A cidade do futuro" é uma produção independente vinda da Bahia, escrita e dirigida pela dupla Marilia Hughes Guerreiro e Cláudio Marques. O filme mistura documentárioe. ficção para falar sobre conservadorismo X liberdade, tradicional X novo, e principalmente, a aceitação, tanto geogr;afica, quanto sexual e moral. Serra do Ramalho é uma cidade que foi colonizada por ribeirinhos desapropriados durante a construção da barragem de Sobradinho, no estado da Bahia, década de 1970. Entre os remanescentes dos anos 70 que dão depoimentos, temos os seus herdeiros, jovens que vivem sob o estigma do não peertencimento. Gilmar (Gilmar Araújo) e Mila (Milla Suzart) são amantes e professores de uma pequena escola em Serra do Rancho. Mas eles vivem um trisal com o vaqueiro Igor (Igor Santos). A população homofóbica agride principalmente ao vaqueiro, uma profissão onde os conservadores machistas não aceitam homossexuais. E quando Mila fica grávida, o choque aind aé maior: quem é o pai? Os diretores pegaram o mote dos ribeirinhos para criar esse drama sobre conflitos. De um lado, os mais velhos que tiveram que se adaptar a uma região que não era a deles. Do outro, a luta de pessoas fora do padrão de relacionamento heteronormativo de serem aceitos na sua liberdade. O filme é bom, com não atores, em registro naturalista. Faltou talvez um roteiro cm mais vibração, e com menos olhar distanciado. Eu memso queria entender melhor quem são essas 3 pessoas que se pemritem a um trisal.

John Wick 4 - Baba Yaga

"John Wick Chapter 4 ", de Chad Stahelski (2023) em primeiro lugar, tenho vontade de xingar quem inventou essa onda de cena pós-créditos, obrigando o espectador a ficar no mínimo 7 minutos esperando ver algum plot twist ou apena suma cena boba de brinde que pode dar gancho para uma provável contiunuação...e que aqui, pelo anunciado, será um gancho para uma série "Hotel Continental" a ser lançada pela Amazon. Fora isso, "John Wick 4" é de todos os filmes da franquia, o mais desneho animado, repleto de cenas mentirosas e exageradas, e por isso mesmo, divertidas. Quem quer ficar 2 horas e 49 minutos assistindo a um filme divertido, repleto de porradaria, perseguição, lutas, cinismo e personagens carismáticos, certamente irá amar o filme. E algo que não posso deixar de citar, é o trabalho da câmera nesse filme. uma em especial: a luta dentro de uma casa, com a câmera posicionada do alto, percorrendo ambientes, é simplesmente genial, uma homenagem a games, certamente. Dessa vez, John Wick (nosso herói invencível Keanu Reeves) viaja por Londres, Japão, Berlim e outras localidades para enfrebntar a fúria da ALta Cúpula, que colocou a sua cabeça à prêmio por ter desenrado regras da casa. No elenco novo, temos o vilão Marquês (Bill Skaasgard), assassino cego Caine (Donnie Yen), um personagem que parece saído de "Kill Bill", onde aliás, o filme faz uma homenagem em uma cena no Hotel do Japão, um duelo de espadadas. Ian McShane, Laurence Fishburne e Lance Reddick, recém falecido, continuam batendo ponto. O filme possui cenas espetaculares de ação, longas é verdade, e boa parte das críticas ao filme é por conta do excesso de duração das cenas d eluta, em especial, a do Arco do triunfo e a da escadaria no final. Mas não há como neghar: o filme é uma profusão de adrenalina, alegria, e a catarse do público é geral.

terça-feira, 21 de março de 2023

Punch

"Punch", de Welby Ings (2022) Drama LGBTQIAP+ neo-zelandês protagonizado por Tim Roth, no papel de um ex-lutador que mora na área rural de Nova Zelândia. Alcóolatra e viúvo, Stan (Roth) tem um filho, Jim (Jordan Oosterhof). Desde criança, Jim é treinado pelo seu pai para ser um campeão de boxe, uma forma de sanar a frustração de não ter feito sucesso. Jim é proibido d eter vida social e ficar focado 100 por cento no treinamento. Jim sonha em deixar sua vida rural para trás e se tornar o astro do boxe que seu pai nunca conseguiu ser. Durante um treinamento na praia, Jim queima seus pés com uma água viva e é acudido por Whetu (Conan Hayes), um gay assumido que mora isolado em uma vcasa, afastado das pessoas que praticam bullying contra ele. Aos poucos, Jim vai se tornando amigo de Whetu e passa a refletir sobre a sua educação tóxica onde a masculinidade agressiva e machsita é ensinada tanto pela sociedade quanto pelo esporte que ele pratica. Um bom drama, que traz como base uma história bem clichê (Treinador frustrado e com doença terminal que decide treinar um mais jovem). O que de fayo interessa aqui é o seu elenco: os 3 protagonistas estão muito bem defendidos pelos atores e Tim Rooth dá muita dignidade ao projeto. Levantar a pauta sobre masculinidade t;oxica através de um personagem que não é gay, é uma ótima proposta apresnetada pelo filme, que traz cenas po'éticas e outras violentas para fazer a representação da homofobia.

segunda-feira, 20 de março de 2023

Rio violento

"Wild river", de Elia Kazan (1960) Elia Kazan é um dos roteiristas e diretores mais premiados dos Estados Unidos, realizador de diversas obras-primas, como "Sindicarto de ladrões", "Vidas amargas", "Viva Zapata", e "Rio selvagem", espremido entre os não menos primorosos "Clamor do seo" e "Um rosto na multidão". O filme é adaptado de conntos de William Bradford Huie e Borden Deal. O filme concorreu no Festival de Berlim em 1960. Os temas do filme são bastante ousados para a época: um libelo anti-racista e um alerta contra a expulsão de populares de seus lares para dar lugar à modernidade, no caso, a construção de uma usina no Tenessee. Montgomery Clift é Chuck Glover, um burocrata que trabalha em um órgão do governo, o TVA, e é enviado até o tenesse para retirar a população de uma ilha que será inundada pela usina em duas semanas. Mas a proprietária da ilha, Ella Garth (Jo Van Fleet) se recusa a sair do local. Lá, ela mora com seus filhos, sua neta viúva, Carol (lee Remick), seus bisnetos, filhos de Carol, e tambem com famílias negras, que convivem pacificamente com Ella e sua fazenda. Ella é irredutível aos apelos de Chuck, que ainda se apaixona por Carol. Quando Chuck convence às famílias negras de saírem da ilha e trabalharem para o governo ao valor de 5 dólares por dia, cria-se um rebuliço na cidade: os racistas acham um abusrdo os negros ganharem o memso que os brancos, e pssam a ameaçar Chuck. Impressionante o trabalho de direção de atores de Elia Kazan, um dos fundadores da Actor's Studio e trazwndo o método para as performances em seus filmes. Todos estão brilhantes, incluindo o elenco de apoio. Existe uma cena em particular, com Montgomery Clift e Albert Salmi, que interpreta o racista dono do posto de gasolina Hank Bailey, que é um primor de atuação. Um filme obrigatório e que merece ser redescoberto. Jo Van Fleet, que já havia trabalhado com Kazan em "Vidas amargas", como a mãe do personagem de James Dean, está igualmente forte e densa.

Tarr Béla - Eu costumava ser um cineasta

"Tarr Béla- i used to be a filmmaker", de Jean-Marc Lamoure (2013) A cuirosa inversão do título do nome de um dos cineastas mais renomados da Hungria se deve ao fato de que lá, o sobrenome vem na frente. Bela TYarr realizou a premiada obra n"Satantango", com 7 horas e 20 minutos de duração, e "O cavalo de Turim", de 2011, de 146 minutos e vencedor do Urso de prata do Festival de Berlim, que vem a ser o grande prêmio do juri. O documentarista francês Jean-Marc Lamoure acompanhou os bastidores das filmagens de "O cavalo de Turim" e compartilha as imagens e a experiência de assistir a Bela Tarr dirigir com o espectador. O que mais me impressionou no método de trabalho de arr, é que, ao contrário do que eu imaginava, ele é adepto da alta tecnologia em termos de filmagem e de movimentação de câmera. Como se fosse uma super produção, ele faz uso de camera car, steadicam, grua remota, panther com trilhos longos e pasmem, um helicópetro à disposição para espelhar ventania na cena, além de ventiladores turbina e muito efeito de fumaça. E extremamente rígido na composição do quadro, tarr dá um depoimento dizendo que não existe democracia no set de filmagem, deixando claro o quanto ele tem a voz ativa. Durante a filmagem, muitas vezes o elenco precisa lidar com o barulho dos ventiladores, helicópetro, equipe falando e da música que Tarr coloca para dar o clima. Os ensaios são bem vindos, por conta da dificuldade dos planos e da longa duração. Tarr é conhecido como herdeiro do cinema de tarkovsky e de Berghman e claro, roda tudo com película. Há mais de duas décadas, tarr filma com os mesmos cabeças de equipe: sua esposa/codiretora/editora de Tarr, Agnes Hranitzky, o diretor de fotografia Fred Kelemen, o roteirista László Krasznahorkai , o compositor Mihaly Vige e os atores principais Janos Derzsi e Erika Bok. Um filme que deve ser assistido por cinéfilos amantes do cinema de Tarr.

Shazam! A fúria dos deuses

"Shazam! Fury of the Gods", de David F. Sandberg (2023) Confesso que o que eu mais gostava dos filmes da DC era justamente a atmosfera sombria e pessimista de filmes como "Batman" e "Coringa". Mas filmes como "Shazam!" trouxeram uma galhofa mais apropriada à Marvel dos tempos da Disney. O primeiro 'Shazam" , por ser novidade, acabou sendo uma boa surpresa. Mas essa continuação me pareceu inofensiva demais. O que me fez ficar atento foi a presença de grandes atrizes como Helen Mirren e Lucy Liu, que certamente devem ter ganho uma baba para estarem em papéis onde elas certamente se divertiram bastante. O cineasta David F. Sandberg chamou muita atenção quando surgiu com seu curta de terror "Lights out", e daí, foi chamado por Hollywood. Como dizem vários posts, volte para o terror Sandberg! O que mais me chama atenção nesses filmes de super heróis, é a obsessão e fetiche que os roteiristas têm com cenas em pontes onde carros e população está a um fio de caírem. Já devo ter visto no mínimo uns 20 filmes com cenas semelhantes. No mais, o filme é um simpático sessão da tarde para a gurizada, que pode assistir sem medo com sua família, pois não há uma gota de sangue. No elenco, temos também Djimon Hounsou, como o Mago, e Rachel Zegler, a Maria do remake de "West side story". E uma pergunta final: voc6es acham mesmo que a personagem de Mulher Maravilha combina com essa atmosfera cômica de 'Shazam!"?

domingo, 19 de março de 2023

Os filhos dos outros

"Les enfants des autres", de Rebecca Zlotowski (2022) Drama pungente escrito e dirigido pela cineasta francesa Rebecca Zlotowski. O roteiro tem um quê de autobiográfico: na faixa dos 40 anos, Rebecca não teve filhos. O seu namorado tem uma filha com quem ela é bastante apegada, e assim, decidiu escrever um roteiro sobre uma mulher que optou por não ter filhos, mas experimenta a maternidade através de sua enteada. E a questão discutida é: precisa ser do próprio sangue para considerar uma filha? Professora de francês em um colégio parisiense, Rachel (Virginie Efira), perto dos quarenta, se apaixona por Ali (Roschdy Zem) durante as aulas de violão. Ela não tem filhos, mas ele é pai divorciado de Leila (Callie Ferreira-Goncalves), uma garotinha de 4 anos cheia de alegria. Apesar de todo o amor e atenção que Rachel dará à garotinha, seu relacionamento com ela será delicado e difícil. Para piorar a situação, a mãe de Leila, Alice (Chiara Mastroianni), é bastante presente na vida da filha e a sensação de disputarem a atenção da menina deixará RAchel enciumada e fragilizada. O filme concorreu no Festival de Veneza 2022 e possui performances brilhantes do elenco, em especial, de Virginie e Roschdy, em uma narrativa que lembra os filmes da Nouvelle Vague, até por conta da trilha sonora, que traz "Águas de março", e a forma como o filme termina, congelando o frame com a protagonista. Poderia ser uma homenagem à obra-prima de Claude Lelouch, "Um homem, uma mulher", com Virginie e Roschdy se fazendo de Anouk Aimée e Jean Louis Trintingnant. Delicado, sensível, e com o presente que é essa fofura master Callie Ferreira-Goncalves, uma menina de 4 anos, repleta de frescor e espontaneidade.

sábado, 18 de março de 2023

Warsha

"Warsha", de Dania Bdeir (2022) Premiadíssimo curta LGBTQIAP+ libanês, vencedor do melhor curta pelo juri do Festival de Sundance 2022. Escrito e dirigido pela cineasta síria radicada no Líbano Dania Bdeir, o filme lida de forma brilhante coma. realidade cruel dos trabalhadores sírios no Líbano, sofrendo todo tipo de preconceitos. Mohammad (Mohamad al-Khansa) é um desses trabalhadores migrantes sírios, morando em um cortiço com dezenas de outros homens que trabalham na mesma construtora. Eles acordam cedo para trabalhar e são xingados por questão xenofóbica. Ao chegar no trabalho, Mohammed ouve falar que o operador da grua que fica no alto do prédio sofreu um acidente e morreu. Ele reflete e se oferece para ser o novo operador. Ao chegar lá no alto, Mohammed observa todo o panorama da capital Beiture, em todo o seu esplendor. É quando ele coloca para fora o seu segredo em um local onde ninguém jamais saberá: Mohammed tem o desejo de ser uma artista transformista, e se imagina dançando e fazendo performances na grua. A bela fotografia de Shadi Chaaban é essencial para o sucesso do filme, captando com a sua câmera ângulos cinematográficos e angustiantes. A atuação de Mohamad al-Khansa é sutil, inteligente e elegante. Um filme silencioso, feito de imagens estonteantes e um tema de saída do armário em um país homofóbico e patriarcal conservador. Um filme corajoso.

Saturday night at the baths

"Saturdar night at the baths", de DAvid Buckley (1975) Um obscuro cult LGBTQIAP+ independente americano de 1975, e que foi financiado pela famosa Sauna gay Nova Yorkina "Continental baths", que ficava na 230 West 74Th Street Manhattan. O local era um point alternativo que misturava sauna gay, boite, pista de dança, exposição, bar. Artistas como Sarah Vaughn, Bette Midler, Barry Manilow, Nathalie Cole e Gladys Knight foram alguns dos que se apresnetaram por lá, com capacidade para mais de 1000 pessoas. A derrocada do local veio com o advento da Aids no final dos anos 70. A COntinetal baths é também uma das locações desse filme com um roteiro curioso: Michael (Robert Aberdeen) é um jovem pianista de Montana que recentemente se mudou para a cidade de Nova York. Em busca de emprego, ele se candidata ao emprego de pianista na Continental Baths. Sua namorada, Tracy (Ellen Sheppard), fotógrafa, diz a ele que, embora os Baths sejam famosos por sua "decadência", ele "precisa começar em algum lugar". Ao chegar para a audição, ele é seduzido por um dos integrantes da casa. O gerente, Scotti (Don Scotti), pergunta se ele já fez isso com um homem antes. Michael é aprovado para a função e chega em casa feliz. Tracy é a primeira a suspeitar da sexualidade de seu namorado, que ao longo da trajetória, de homofóbico passa a ser bissexual. O filme é um verdadeiro registro histórico da vida queer pré-Aids, com cenas de shows antológicos na Baths, com drags performando Diana Ross, Carmem Miranda e shows homoeróticos. As ruas de NY também mostram a efervescência da época e é uma delícia acompanhar a rotina da comunidade gay representada no filme como afeminados. As cenas de sexo, tanto de Michael com Tracy quanto com Scott são elegantes e sexies, bem filmadas sem ser vulgares. Uma pequena jía do cinema queer.

O estrangulador de Boston

"Boston strangler", de Matt Ruskin (2023) Escrito e dirigiod pelo cineasta matt Ruskin, "O estrangulador de Boston" é adaptado de uma história real: nos anos 60, em Boston, 13 mulheres foram estranguladas por um supsoto serial killer. No filme de 1968, "O homem que odiava as mulheres", Tony Curtis interpretou Albert DeSalvo, acusado de ter sido o assassino. Em 'Estrangulador de Boston", o filme apresenta o personagem, mas Matt Ruskin vai além. Na vida real, só se foi comprovado através de DNA que deSalvo tivesse participação em um dos assassinatos, mas não nos outros 12. Daí, o roteiro parte do princípio que o início da independência das mulheres, que começaram a morar sozinhas, seriam o alvo ideal de assassinos sexistas e machistas. Nãos eria apenas um, mas vários assassinos. Keira Knightley interpreta a jornalista Loretta McLaughlin, que escreve para o Boston Record American. Assim como ela, as outras mulheres da redação somente escrevem matérias sobre fofocas, culinária e vida social. Loretta fica intrigada com o assassinato de 3 mulheres estranguladas e deseja escrever uma matéria relacionando os eventos, mas seu chefe, o redator Jack (Chris Cooper) a proíbe, dizendo qiue ela não tem preparação para matérias sobre crimes. É aí, que Loretta se une à outra jornalista., Jean Cole (Carrie Coon), que costuma escrever matérias investigativas. Ambas lutam contra as famílias conservadoras, seus colegas de profissão machistas e colocam suas vidas em risco ao irem atrás do assassino. O filme lembra muito a estrutura narrativa de "Ela disse", com Carrey Mullighan e Zoe Kazan, que são jornalistas que unem forças contra o predador sexual Harvey Weisten, e para isso, precisma lutar contra todos, inclusive as famílias. Keira Knightley e Carey COon estão bem em seus papéis, e o filme é bastante caprichado na produção. Senti falta de mais suspense na trama, que focou mais nas repórteres do que no possível assassino.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Já era hora

"Era ora", de Alessandro Aronadio (2022) Simpática comédia romântica italiana, co escrita e dirigida por Alessandro Aronadio. O filme pega o mote do loop temporal eternizado por 'O feitiço do tempo" mas o descaracteriza em algo bem criativo: o protagonista Dante (Edoardo Leo) é um homem na faixa dos 35 anos bem atrapalhado e workhaholick. Na noite do ano novo de 2010, ele chega atrasado na festa de reveillon e beija uma garota acreditando ser sua namorada. Para sua surpresa, é ALice (Barbara Ronchi), uma desconhecida que está usando o mesmo vestido de sua namorada, que ao testemunhar o beijo, rompe com ele. Mas o destino fez com que Leo e Alice ficassem juntos, e ela vai morar com ele. Ela prepara sua festa de aniversa'rio surpresa, mas Leo acaba se enrolando com tanta coisa no trabalho e pessoal que chega bem tarde em casa. ALice fica frustrada. Ao acordar no dia seguinte, leo estranha que Alice está grávida. Pior: daqui a alguma shoras já nasceu o bebê, daqui a pouco a filha tá crescendo e por aí em diante. Leo percebe que para ele, a cada par d ehoras, 1 ano se passa em sua vida. O roteiro trabalha muito bem com a mensagem do corre corre do homem moderno, que não dá atenção para o que de fato é importante para a sua vida. O filme brinca com esse simbolismo através da fantasia. e funciuona muito bem. Graças ao trabalho dos atores, muito carismáticos, e à produção caprichada do filme.

Boyfriend

"Boyfriend", de Roberto Nascimento (2022) Curta LGBTQIAP+ rodado na Nova Zelândia, durante o período em que o ator José de Abreu foi morar lá. O filme é anunciado como sendo o primeiro personagem gay interpretado pelo ator brasileiro. Mas eu diria que seu primeiro personagem seria no filme "A intrusa", de Carlos hugo Christensen. O filme lembra bastante o drama "Leo Grande", com emma Thompson, sobre uma professora viúva conservadora que decide agendar o seu primeiro encontro com um garoto de programa, e daí, o filme se torna uma conversa enre os dois personagens, que irão se modificar após as suas experiências e encontros. "Boyfriend" parte da mesma narrativa: José de ABreu é Bob, um viúvo, pai de um filho, que decide agendar o seu primeiro encontro com um garoto de programa, Levi (Johs McKexie, também co-autor do roteiro). Acontece que Levi é um fofo, um jovem bonito, malhado mas que possui uma sensibilidade que imediatamente deixa Bob encantado. Em um momento em que eles vão para a rua lanchar, Levi encontra um rapaz surtado, e chama a polícia. Bob fica ainda mais encantado com a humanidade do rapaz. Mas no final, eles não podem deixar de entender que é uma relação cliente e agenciado. Bom filme, com boas performances de ambos os atores. Um filme simples, mas seguro na direção e com diálogos espontâneos e naturalistas.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Re/Member

"Re/member", de Eiichirô Hasumi (2022) Terror juvenil japonês, "Re/Member" é adaptação de um mangá publicado em 2017 com 17 volumes. O filme é uma mistura de "O feitiço do tempo", por conta do Loop temporal de repetir o mesmo dia todos os dias, e de "A morte te dá parabéns", onde os protagonistas são assassinados mas acordam no memso dia para serem mortos novamente, e precisam parar com esse ciclo. A história gira em torno de seis adolescentes que estão presos juntos em um loop temporal e devem montar um corpo desmembrado - ume menina foi esquartejada em 1947 e seu corpo nunca foi encontrado, se preferir - antes de serem brutalmente assassinados por um monstro. Asuka Morisaki (interpretada por Kanna Hashimoto) é uma estudante tímida e solitária do ensino médio que se sente invisível para seus colegas. Ela está tendo visões assustadoras, como um monte de mãos ensanguentadas saindo do poço assustador de sua escola. Do nada, ela é sugada para uma capela da escola, e ali, ela encontra com outros cinco alunos. Todos os dias, os seis adolescentes revivem o dia 5 de julho, onde tudo acontece absolutamente igual até terminarem o dia sendo mortos por um monstro vermelho. Quando decsobrem que para parar o lopp precisam remontar o corpo esquartejado, eles passam a procurar cada membro escondido no local. O filme é um passatempo divertido, trazendo elementos de terror teen, gore japonês, drama e até romance. Nos créditos finais tem uma cena que me deixou confuso, mas acabei ignorando a informação que contém. O filme nem é tão violento quanto outros terror japoneses que são bem na vibe do extreme.

Até amanhã

"Ta farda", de Ali Asgari (2022) Premiado drama iraniano que mais uma vez, comprova o grande trabalho de direção em desenvolver um longa inteiro com apenas um fiapo de história mas que ao mesmo tempo, consegue trazer toda uma reflexão sobre o contexto sócial de um país, no caso, o Irã. Protagonizado pela sobrinha do cineasta, que ampliou um curta que ele dirigiu em 2014, "The baby, until tomorrow', nos traz Fereshteh ( Sadaf Asgari , uma degin gráfica e mão solteira de um bebê de dois meses. Ela trabalha em casa e mora sozinha em um pequeno apartamento. Seus pais não sabem da existência do bebê. Para surpresa de Fereshteh, os pais ligam dizendo que farão uma visita para ela d enoite. Faresteh se desespera e procura ajuda para algum conhecido, vizinho ou amigo que possam ficar com seu bebê e os pertences dele durante a noite. Mas sua peregrinação começa a se tornar um desespero, a partir do momento que ela não pode dizer que a criança é ela, mão solteira, por conta do preconceito da sociedade e do conservadorismo da cultura irtaniana. Exibido em Berlim, o filme tem uma ótima narrativa, que vai em um crescendo de tensão, até culiminar em um plano de atuação silenciosa, de 4 minutos, dentro d eum táxi, que me lembrou "Free zone", com Natalie Portman. A atriz que interpreta a melhor amiga de Faresteh, Atefeh ( Ghazal Shojaei ), tem igualmente uma performance brilhante. Um filme contundente e que traz muitas refelexões sibre o papel da mulher em sociedades patriarcais.

quarta-feira, 15 de março de 2023

The flying sailor

"The flying saylor", de Amanda Forbis e Wendy Tilby (2022) Delicioso e criativo curta de animação, concorreu ao OScar da categoria em 2023, e nos prestigiados Festivais de animação Annecy e ANnie. O filme é inspirado em uma incrível e bizarra história real. A Explosão de Halifax foi um desastre canadense ocorrido às 09h04 do dia 6 de Dezembro de 1917 na capital Halifax da província Nova Escócia, Canadá. O SS Mont-Blanc, um navio de carga francês carregado com altos explosivos, colidiu com o navio norueguês SS Imo em Narrows. Um incêndio a bordo do Mont-Blanc levou a uma grande explosão que devastou o distrito de Halifax. Aproximadamente 2 000 pessoas foram mortas pela explosão, e outras 9000, feridas. Mas a história contada foi encontrada pelas cineastas quando visitaram um Museu com uma exposição sobre a explosão. Um marinheiro de 22 anos realtou que na explosão, ele foi jogado ao alto por uma distância de 2 kilômetros, e chegou em terra ileso, e totalmente nú, somente com uma bota calçando um pé. Com essa história, as cineastas criaram um devaneio visual onde, durante o vôo, o marinheiro tem a sua vida, desde a infância, adolescência, fase adulta, revelada em flashes. Muito bom filme e misturando animação e imagens em arquivo.

Pelo amor e pela morte

"Dellamorte dellamore", de Michele Soavi (1994) Para quem busca um clássico cult extremamente bizarro e obscuro, a boa e imperdível pedida é "Pelo amor e pela morte", do cineasta italiano Michele Soavi, adaptado de uma história em quadrinhos de Tiziano Sclavi e seu personagem Dillan dog. O filme me lembrou bastante de "Os mortos não morrem", de Jim Jarmusch, filme de 2019. Michele SOavi é um cineasta italiano que realizou diversas obras de terror, entre elas, o mega clássico "O pássaro sangrento". Os cadáveres de um cemitério de uma cidade pequena começam a voltar à vida, sete dias depois de sepultados. O coveiro e zelador do local é Francesco Dellamorte (Rupert Everett), que se vê apaixonado por uma jovem viúva que tem visitado o túmulo do marido, recentemente falecido. A rotina de trabalho de Francesco e seu ajudante Gnaghi,uma espécie de Igor mudo e com problemas mentais, fica alterada pela necessidade de combater os zumbis, que aparecem em número cada vez maior, tendo que acertá-los sempre na cabeça, com tiros ou golpes de pá ou picareta, para que não retornem mais. Mas quando a sua amada morre e retorna como zumbi, Dellamorte passa a ter visões e começa a matar os vivos. Olha, sinceramente o roteiro é tão louco, que nem vale a pena tentar tirar qualquer lógica dele. Mais divertido vai ser se deixar levar pelas extravagâncias tanto de cenas, quanto do visual trash, mas ainda assim, encantador pela sua coragem e ousadia. Um belo exemplo é o primeiro beijo do casal, em um ossário real de um cemitério, todo imundo e cheio de poça de água suja, onde eles se beijam representando o quadro de Magriotte, "Os amantes", cobertos de pano preto e vermelho. O filme. é mais longo do que deveria, perdendo o ritmo lá pelo meio, mas vale a pena assistir.