quinta-feira, 9 de março de 2023

O medo do goleiro diante do pênalti

"Die Angst des Tormanns beim Elfmeter", de Win Wenders (1972) Lançado em 1972 nos cinemas, "O medo do goleiro diante do pênalti" é o segundo filme do Mestre Win Wenders, provavelmente o cineasta alemão contemporâneo mais famoso no mundo cinéfilo. Seu filme anteior, "Verão na cidade", é de 1971. Mas foi com "O medo do golieor..", adaptado do livro de Peter Handke, que Wenders se tornou famoso. Wenders é considerado um dos cineastas mais importantes do Novo cinema alemão, focado em existencialismo dos personagens e na frieza da narrativa. Bloch (Arthur Brauss) é um goleiro. Ao levar um gol, ele discute com o juiz e é expulso. Sem poder treinar pela falta levada, Bloch decide perambular pela cidade de Viena. Ele se hospeda em um hotel barato e frequenta um bar, onde escolhe m'suicas no jukebox. Ao ir até um cinema, ele fica instigado pela bela bilheteira, Gloria, e a segue de ônibus. Ela o convida para entrar em casa. Após uma noite de sexo, de manhã, sem qualquer motivo, ele a mata enforcada. Bloch continua a rotina de juklebox, andanças, hotel, esperando ser reconhecido pelo seu crime, enquanto o sumiço de um menino mudo ganha mais destaque em jornais do que o seu crime. O filme é puro Hitchcock: tanto na trilha principal, que remete a temas de Bernard Hermann, quanto na trama da pessoa invisível que somente tem participação em um evento por poucos segundos (o roteiro parte do princípio que a platéia dá atenção aos atacantes e à bola, e ninguém fica olhando o goleiro, apenas na hora da cobrança do gol. Esse mote lembra o clássico de Hitch, "O homem que sabia demais", com a história do tocador de prato em uma orquestra.) A história do crime cometido e a espera de solucionarem o crime remete a "Festim diabólico", onde os assasisnos matam uma pessoa esperando alguém descobrir os assassinos. O filme, desde seu lançamento, teve que aguardar mais de 30 anos para ser relançado. Wenders não largou mão das músicas americanas que havia colocado nas cenas de jukebox, que trazem canções de Elvis Presley, Rolling Stones, e cujos direitos custariam mais caro que o filme em si. É um filme instigante, mas da metade pro fim perde sua força em uma narrativa lenta e arrastada.

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