domingo, 12 de março de 2023

Nothingwood

"Nothingwood", de Sonia Kronlund (2017) Concorrendo em Cannes e Locarno, "Nothingwood" é uma co-produção França/Alemanha/Qatar sobre o cineasta afegão Salim Shaheen, chamado de 'Ed Wood afegão". Shaheen alega ter dirigido 110 filmes, sendo que nenhum deles está registrado no Imdb. Logo de início, Shaeen diz "Os americanos têem Hollywood. Nós não temos nada, não temos orçamento, recursos, equipamentos. Nós temos Nothingwood.". "Como poderia uma terra tão dilacerada por conflitos ter fornecido o pano de fundo para uma criatividade tão prolífica?". essa é a pergunta da documentarista e roteirista do filme Sonia Kronlund, que já esteve diversas vezes no Afeganistão fazendo matérias para tvs e rádios sobre guerras químicas, massacres de civis, bombardeiros... mas quando ouvir falar de Salim, ela decidiu entrevistá-lo. No encontro de ambos, ele estava fazendo 4 filmes ao mesmo tempo. Durante a viagem de Cabul para diversas cidades para filmar seus longas, Sonia acompanha com certo temor as cenas de bonbardeiros reais e soldados armados. inclusive nas filmagens, as armas usadas são reais. Em determinando momento, eles caminham por um terreno minado. Sonia, assustada, pergunta: "Vocês não têm medo?". A equipe e elenco responde zombando. O que deixa claro que todos consideram ali, o cinema como algo superior a eles, e que dariam sua svidas, como o assistente e roteirista de Salim, que teve o olho cegado por bombas e nem assim parou de trabalhar em filmagem. O filho de Salim é o câmera, assim como outros familiares participam d eoutras funções. Em cada cidade, Salim arregimenta figuração e atores para suas cenas. Seu melhor amigo, Qurban Ali, interpreta personagens femininos em seus filmes, e no atual, interpreta a mãe de Salim. Sonia quetsiona sobre a sexualidade de Qurban, mas ele é casado e tem filhos e garante a sua masculinidade. Em determinada cena, Qurban interpreta um soldado e na hora de empunhar a arma, solta a franga. Um soldado real, que acompanha a filmagem, diz a Salim que está errado a forma como Qurban empunha. Salim alega que o personagem dele é afeminado. O soldado retruca, dizendo que mesmo os afeminados não empiunham daquele forma. O filme é bastante divertido. Mas por trásde todo esse humor sui generis, existe a observação sobre um dos países mais pobres do mundo ( o próprio Salim é semio-analfabeto), devastado pelas guerras, com conflitos religiosos e principalmente, patriarcal e machista, obrigando as atrizes de Salim se cubrirem com a burca quanto não estão em cena. Um grande filme. ( e que locações esplêndias!!)

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