segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

O capitão

"Io capitano", de Matteo Garrone (2023) Vencedor do Leão de prata no Festival de Veneza 2023, "O capitão" é do mesmo realizador de "Gomorra" e "Pinochhio". Garrone gosta de provocar o público com cenas de violência. Os seus protagonistas passam por uma jornada de herói com descobertas, frustrações e no caso aqui de "O capitão", o roteiro fica o tempo todo fazendo provações com os seus personagens, que cruzam uma via crucis repleta de situações sádicas. É um mundo desprovido de bondade, que só existe nos 2 protagonistas, Seydou e seu primo Moussa, ambos de 16 anos. Eu fiquei muito incomodado com tantos "vilões" na história, que a todo minuto, transformam a epopéia dos dois primos em uma verdadeira tragédia anunciada. Quando você acha que algo pode melhorar, lá vem um balde de água fria que faz tudo se tornar ainda pior. Ambientado no Senegal, Seydou (Seydou Saar) e seu primo Moussa (Mustapha Fall) juntam um dinheiro para poderem migrar até a Itália e ali, se tornarem cantores de rap famosos. Seydou mente para a sua mãe, dizendo que vai jogar futebol com os amigos, mas na verdade, ele trabalha para juntar dinheiro. Na fuga, ele é enganado na compra de passaportes, atravessa o deserto do Saara onde muitos morrem no caminho, são sequestrados, até finalmente, se tornar capitão de uma embarcação repleta de africanos.. É curioso como toda essa trajetória parece ter sido inspirada em "Pinóquio", dirigida por Garrone. A mãe é um paralelo de Gepeto, que diz pro filme não sair das redondezas e buscar novos horizontes. Ao confiar na bondade das pessoas, ele é enganado o tempo todo. E no final, no mar, ao invés de ser engolido pela baleia, Seydor se encontra literalmente sem rumo diante de um mar sem fim. Ah, e aind atem a fada madrinha personfiicada por um espírito. Trágico, sufocante, é um filme difícil de acompanhar e não querer desistir em 20 minutos. é sofrimento demais, compensado pelo excelente trabalho do elenco de amadores.

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