sexta-feira, 23 de julho de 2021

Filme para poeta cego


"Filme para poeta cego", de Gustavo Vinagre (2012)
O cineasta Gustavo Vinagre é um caso bem atípico de realizador: em muitos de seus filmes, ele se coloca em cena, em situações viscerais. Essa exposição traz uma conotação muito curiosa, quase que de voyeur e narcisista, como por exemplo no seu filme "Nova Dubai", onde ele aparece em cenas de sexo explícito. Por outro lado, a sua porção documentarista também traz relatos e depoimentos de personagens LGBTQIAP+ relevantes, tanto pela exposição de traumas, taras e fetiches, quanto de um universo sexual ainda mito tabu para o público.Foi assim em "Ainda me lembro dos corvos" e em 'A rosa azul de Novallis".
Agora, em "Filme para poeta cego", Gustavo tem como protagonista o poeta cego Glauco Mattoso, O filme é narrado de forma robotizada por um programa de leitura para cegos, que dá um estranhamento muito instigante. Glauco é assumidamente sadomasoquista e podólatra. Para realizar o filme, ele colocou condições para Gustavo: que ele se coloque no lugar de Glauco, como um escravo sexual, vedando os seus olhos e lambendo botas e apanhando de chicote. Fora isso, Glauco faz uma audição com alguns atores e entre uma conversa e outra, ele apalpa os pés dos atores. Akira, marido de Glauco, mostra as costas repletas de cicatrizes da relação que possui com Glauco, e demonstra estar feliz na relação, se sujeitando a tudo em nome do amor.
Ente depoimentos , Glauco diz que costuma ser vítima de pessoas pelo fato de ser cego, e que certa vez fez cunete e o ânus da pessoa estava toda suja de merda. Mas que também possui seu lado dominador, obrigando uma pessoa a comer merda. Um filme maravilhoso para quem curte taras e fetiches sexuais.

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