quarta-feira, 23 de outubro de 2024
Abraço de mãe
"Abraço de mãe", de Cristian Ponce (2024)
Transitando entre o drama e o terror, 'Abraço de mãe" é da leva de filmes de gênero que se apropria do terror para trabalhar na metáfora e simbologia, os traumas do passado, envolvendo depressão materna e ideação de suicídio. O filme se passa em 2 épocas: em 1973, Ana criança mora sozinha com sua mãe (Chandelly Braz), uma mulher depressiva que dá leite com sonífero para sua filha. Quando Ana acorda, a casa está pegando fogo e sua mãe está inerte na cama. Em 1996, durante a grande enchente que matou mais de 200 pessoas no Rio de Janeiro, Ana (Marjorie Estiano), agora uma bombeiro, sai em uma ação junto de seus colegas para resgatar idosos de uma silo, que moram em um casarão com risco de desabamento. Acontece que o casarão esconde segredos que envolvem monstros físicos e monstros do trauma de Ana.
O filme tem várias referências cinéfilas: desde o Demogorgon de "Stranger things", passando por 'Aliens, o resgate" e até momentos de "O iluminado". A ficha técnica é primorosa: além do excelente trabalho de Marjorie Estiano e de um ótimo elenco de apoio, o filme tem uma fotografia que traduz na atmosfera um requinte visual impecável, junto de uma direção de arte bastante funcional. Mas é no roteiro, escrito a várias mãos, que o filme tem seu elo mais complexo: o 3o ato é confuso, muito pela escolha de se deixar um final em aberto e ao critério do espectador de buscar conexões entre as 2 histórias de Ana, e entender se estamos diante de um grande delírio ou se tudo é real. São 2 leituras possíveis, mas que ainda dá um nó no espectador.
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