Os enforcados

'Os enforcados", de Fernando Coimbra (2024) Em 2013, o cineasta Fernando Coimbra venceu no Festival Brasil os prêmios de melhor filme e melhor atriz para Leandra Leal. Em 224, ele retorna ao mesmo festival, trazendo novamente a parceria campeã com Leandra Leal e um outro olhar sobre a violência carioca. "Os enforcados" me fez lembrar do 1o filme dos irmãos Coen, o thriller noir "Gosto de sangue", e da fábula sobre ambição e cobiça de John Houston, "O tesouro de Sierra Madre". Coimbra disse numa en trevista que a sua inspiração foi "Macbeth", de Shakespeare, mas tendo como foco Lady Macbeth. Leandra Leal é Regina, casada com o descendente de bicheiros cariocas Valério (Irandhir Santos). Eles estão reformando a mansão, sob o comando de Regina, uma dona de casa com desejos de ascenção social. A mãe de Regina (Irene Ravache) é uma decadente da classe média alta e sobrevive lendo tarôt, inclusive fazendo previsões para a filha sobre uma suposta premonição de poder. Valério é visto por Regina como um homem fraco, e na primeira oportunidade, sugere ao marido que matem o tio dele, o bicheiro Linduarte (Stepan Nercessian), que teria assassinado o pai de Valério, irmão gêmeo de Linduarte. O que se segue é uma sucessão de erros e de tragédias que irão colocar marido e esposa em posição de conflito. Fernando Coimbra é um grande esteta e sabe contar a sua narrativa em planos longos e com excelente marcação do elenco em cena. Leandra Leal, Irandhir Santos, Irene Ravache, Stepan Nercessian, Thiago Tomé estão excepcionais em seus personagens. A mistura de drama, thriller e suspense funciona muito bem com um roteiro preciso e repleto de reviravoltas na trama. Ótima fotografia de Junior Malta e trilha sonora, além da direção de arte, elemento fundamental para o sucesso da narrativa a ser apresentada.