sábado, 26 de outubro de 2024

Levados pelas marés

"Feng Liu Yi Dai", de Jia Zhang-ke (2024) Eu sou um grande apaixonado pelo cinema de Jia Zhang-Ke, e em "Levados pelas marés", drama que concorreu no Festival de Cannes 2024, Jia revisita os temas que ele tem apresentando em quase todos os seus filmes: o amor rejeitado, a China em constante mudança para a abertura econômica e em conflitos entre o provinciano e o moderno, as memórias afetivas, a violência das gangues, a invasão da cultura ocidental através das artes e música, a decadência do maoísmo. Mas mais do que a revisitação temática, Jia revisita os seus filmes, e em alguns casos, traz citações explícitas a personagens e cenas de filme (como é o caso de "Em busca da vida'). O filme engloba 22 anos na vida de um casal, Qiaoqiao (Tao Zhao) e Bin (Li Zhubin). Nascidos na cidade de Datong, onde os homens trabalham em sua maioria na extração em minas de carvão, o filme começa em 2001. Qiaoqiao é modelo e se apresenta em fachadas de lojas para vender produtos, além de curtir baladas de música eletrônica com seu companheiro, o malandro metido com pequenos golpes. Quando Bin anuncia que quer alçar vôos maiores, se mudando para Fengjie, que vai coeçar o seu processo de modernização com a barragem das 3 gargantas, Quiaqio se desespera, se sentidno abandonada. Em 2006, ano em que Pequim foi escolhido para sediar as Olimpíadas, Qioaqiao decide ir até Fengjie procurar pro Bin, que nunca mais mandou mensagens. O filme depois pula para 2022, ano da Copa no Qatar e com o mundo ainda na pandemia. Quiaqio trabalha como caixa de mercado em um supermercado e tem uma grande surpresa. Jia Zhang Ke trabalha cada uma dessas 3 partes com um protagonismo: no 1o, o casal, o 2o, em Qioaqiao, e no 3o, com Bin. É um filme de imagens fantásticas, épicas, com texturas de câmeras variadas entre a Dv cam que o próprio Jia filmou em 2000 e variando o formato d etela ao longo da projeção. A homenagem que o diretor faz em "Em busca da vida" chega a emocionar: os mesmos dois protagonistas repetindo seuys papéis e usando o memso figurino. Idem em uma cena onde ele repete a mesma marcação de "Um toque de pecado", onde em plano único, Qiaoqiao tenta ir embora mas é repelida violentamente por Bin inúmeras vezes. E em uma sub trama ousada, Zhang Ke acena para personagens queer, em uma cena homoerótica e inédita na filmografia do cineasta.

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