sábado, 28 de dezembro de 2024

Queer

"Queer", de Luca Guadagnino (2024) Concorrendo no Festival de Veneza 2024, "Queer" é adaptação da obra escrita pelo escritor beatnick Willian Burroughs, 'Queer", lançado em 1952 mas somente lançado 3 décadas depois nos anos 80, pelo seu forte teor explicitamente gay. Burroughs traz como protagonista seu alter ego, Willian Lee, também presente em outra obra sua, 'Almoço nu", adaptado por David Cronemberg em 1991 com o título de "Mistérios e paixões". "Queer" me fez lembrar tanto de "Mistérios e paixões" pelos seus devaneios narrativos quanto ao cult de Ken Russel, "Viagens alucinantes". Todos esses filmes apresentam longos trechos de viagens alucinógenas provocadas por uso de drogas, com cenas que remetem ao universo surrealista. (Inclusive, em uma cena, os personagens assistem a um clássico de Jean Renoir, "O testamento de orfeu", protagonizado or Jean Marais, de quem Daniel Craig parece ter se inspirado na composíção física.) O filme é ambientado no pós guerra, início dos anos 50 na cidade do México, onde vivem expatriados americanos. Entre eles, Willian Lee (Daniel Craig), um escritor que frequenta um bar onde outros americanos gays fazme ponto. Joe Guidry (Jason Schwartzman, irreconheçivel) é um amigo gay de Willian e sempre lhe conta as aventuras com rapazes que lhe roubam pertences. Willain faz pegação com alguns rapazes, até que seu olhar bate com o do ex-oficial da marinha Eugene Allerton (Drew Starkey) na presença de uma mulher, Mary. WIllian imediatamente se sente atraído por Eugene, e aos poucos, vai se aproximando do rapaz, até que seguem para seu quarto e transam. Mas Willian deseja de Eugene muito mais do que o rapaz possa lhe oferecer. Eugene também não é assumido e vive um romance com Willian entre 4 paredes. Willian convida Eugene para ir com ele até a América do Sul, em busca de um erva (Ayuhasca), que segundo ele ouviu falar, é usado pelo exército para fazer contatos por telepatia. O filme, co-escrito pelo roteirista Justin Kuritzkes ( o mesmo de "Rivais", também filme de Guadagnino), é dividido em 4 capítulos. Muita gente criticou o capítulo 3, ambientado na floresta amazônica e onde os personagens fazem viagens alucinógenas com o uso do Yuahasca. Eu também não curti, mas mais pela direção de arte pobre ( uma cabana cenográfica com uma floresta claramente montada) e pela desconexão do restante do filme. Mas entendo que dramaturgicamente ela é fundamental para o personagem de Eugene em sua auto-descoberta. Talvez o que eu menos tenha gostado do filme, além de sua longa duração, foi ele ter sido todo recriado em estúdio. Não me conectei com o desenho de produção do filme, que me "tirava "o tempo todo da história.

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