sábado, 28 de dezembro de 2024

Canina

"Night bitch", de Marielle Heller (2024) "Onde está a mulher com quem me casei?". "Ela morreu no parto.". Esse diálogo entre o casal sem nome formado por Amy Adams e Scooty Macnairy define bem o filme "Canina", adaptação do romance escrito por Rachel Yoder. O filme é uma metáfora sobre a dificuldade da maternidade, diferente dos filmes Hollywoodianos que pregam que ser mãe é só felicidade em um filme da Disney. O trailer do filme engana o espectador, pois dá a entender que a personagem de Amy Adams se transforma mesmo em uma cadela, mas isso é simbólico, dentro de uma narração em off formado por monólogos dolorosos sobre as agruras de ser mãe e desistir de seus sonhos profissionais. Diretora de "Poderia me perdoar?", que deu uma indicação ao Oscar de atriz para Melissa Maccarthy, Marielle Heller co-escreve e dirige "Canina", uma fábula surreal que rendeu várias indicações de atriz à Amy Adams. Adams é mãe de uma menino de 2 anos. Ela abdicou do desejo de ser uma artista plástica para se dedicar 100% em ser mãe. Seu marido é o típico pai que passa o dia todo no trabalho e quando chega em casa pega a melhor parte de criar o filho. Adams odeia os grupos de mães e as atividades que envolvem mães e filhos. No auge do seu stress, ela passa a sentir uma mudança corporal: seu desejo de querer sair de noite, de ficar suja, de comer carne. A metáfora sobre o animal que passa a existir dentro de Adams é a representaçao de toda a angústia que ela sofre e internaliza. O filme é uma ode às mães que sofrem, que se sacrificam, que sentem dôr, se sentem violentadas em sua rotina, que não conseguem mais sentir amor aos maridos, não encontram mais tesão nas coisas que amava. É um filme corajoso, ao expôr que nem todo mundo ama ser mãe, mas que precisam encontrar um balanço entre o papel de mãe, esposa, profissional. Queria ter gostado mais do filme, mas vale por Amy Adams, uma atriz que sempre entrega.

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