segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Tyrel

"Tyrel", de Sebastián Silva (2018) O Cineasta chileno Sebastián Silva é dos mais celebrados mundialmente, junto de Sebastian Lelio e Pablo Larain. Sebastián Silva ganhou fama internacional com seu drama "A criada"e desde então tem feito muitos projetos nos Estados Unidos, entre eles, o bom drama "Nasty baby, com com Kristen Wiig. “Tyrel” é o seu filme mais polêmico. Provavelmente inspirado no grande sucesso de “Corra!”, de Jordan Peele, Sebastián quase faz um remake, obviamente sem os elementos de horror e sobrenatural, e sim, realista. Sebastián parte de um princípio mais básico, e que todo mundo já passou, independente de sua raça, gênero, pensamento político ou credo: como você reage quando não se sente inserido em um grupo muito diferente do seu? Tyler (Jason Mitchell) é um jovem negro que viaja com um amigo até uma região isolada na periferia de Nova York para o aniversário de um pessoa que ele não conhece. Está nevando bastante e a estrada está ruim. Ao chegar na casa, Tyler é apresentado a todos, mas percebe que é o único negro do grupo. Os homens são do tipo boçais, metidos a machistas e repletos de brincadeiras bobas. Entre eles, tem um gay e um argentino, mas são todos igualmente brancos. Entre uma brincadeira e outra, algumas com mensagens racistas ditas de forma ingênua pelo grupo vão aos poucos deixando Tyler se sentindo um peixe fora da água. Um dos rapazes do grupo insiste em chamar ele de Tyrel. O grupo bebe sem parar, inclusive Tyler, que vai se deixando levar pelos impulsos da bebida. É fácil buscar similaridades com “Corra!” : protagonista negro; ele viaja com um personagem branco até uma região isolada para conhecer um grupo de pessoas que ele desconhece; o ator Caleb Landry Jones, que estava no elenco do filme de Jordan Peele, também está aqui em um dos papéis principais. Mas a comparação para por aqui. O filme foi exibido em muitos Festivais importantes, inclusive Sundance e Seattle. Suscitou críticas contraditórias; teve quem amasse, teve quem odiasse. A plateia em si achou uma bobagem, dizendo que é um filme que fala sobre a vitimização do negro, que quer encontrar elemento racistas aonde não há. Talvez a;i esteja o grande ponto de “Tyrel”: ninguém é mal, ninguém é vilão. São personagens comuns, iguais a todos que conhecemos. Como julgar pessoas que foram criadas com determinado pensamento, que se sentem felizes dentro de um Status quo? O melhor é se unir ao grupo, ou sair dele? O filme deixa muitas pontas em aberto. É um filme que cutuca, sempre de forma sutil. O espectador pode ver o filme querendo ler as entrelinhas o apenas passar por cima e ver um filme sobre um bando de amigos que passam o final de semana bebendo e falando merda. Cada um escolhe o filme que quer ver. Duas cenas do filme não me saem da cabeça: durante um jogo, uma pessoa pega a seguinte brincadeira: imitar um negro falando. Em outra cena, Tyler vai buscar ajuda em uma casa vizinha, e descobre que a mulher é casada com um negro, que não só não lhe ajuda, como o expulsa de sua casa. Coisas a se pensar nesse explosivo filme que deve suscitar boa discussão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário