sábado, 29 de dezembro de 2018

Rio Zona Norte

"Rio Zona Norte", de Nelson Pereira dos Santos (1957) 2o longa dirigido por Nelson Pereira dos Santos, lançado em 1957, faria parte de uma Trilogia carioca, antecedida por "Rio 40o", de 1955. O longa seguinte, "Rio Zona Sul", acabou não sendo realizado. O filme tem forte influência do neo-realismo italiano, principalmente de "Noites de Cabíria", de Fellini. O protagonista é uma figura marginalizada, no caso um sambista nascido e criado no morro, negro, de bom coração e ingênuo, se deixando ludibriar por todos que dão golpe nele. Espírito de Luz ( Grande Othelo, antológico) é um sambista de samba de raiz, que mora em uma comunidade da Zona Norte. No início do filme, o vemos caído nos trilhos do trem, supostamente caiu do trem e se machucou bastante. 3 homens o encontram e o deixam à espera de uma ambulância. Agonizando, Espírito se relembra dos últimos meses de sua vida: o assassinato de seu filho Laurindo, envolvido com o crime; o golpe que seu agente (Jece Valadão) lhe dá, vendendo seus sambas para outros compositores sem lhe dar crédito; o ser relacionamento com Adelaide, uma mulher que vislumbra a fama e o posterior abandono dela; e o desejo de Espírito de ter seu samba gravado por Angela Maria ( a cena final dela cantando com Grande Othelo é fabulosa). O filme foi considerado pela Abraccine um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. O excesso de trilha sonora melodramática, e o mau rendimento de alguns personagens importantes interpretados por não atores não chegam a comprometer o filme, pois o brilho de Grande Othelo é tão intenso em todas as vezes que ele entra em cena, que acabamos pro relevar qualquer outra questão técnica. O filme apresenta as mesmas mazelas sociais que o Rio de Janeiro enfrenta nos dias de hoje: superlotação do transporte público, descaso das autoridades, racismo, violência, ganância dos grandes empresários. Uma pena assistir ao filme hoje em dia e perceber que nada mudou. https://www.youtube.com/watch?v=yhUvkuWrVAE

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