segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Mártir

"Mártir", de Mazen Khaled (2017) O Cinema libanês atual é conhecido no mundo inteiro pela filmografia da libanesa Nadine Labaki, conhecida pelos seus filmes "Caramelo" e "Carfanaum", ambos premiados em inúmeros Festivais. Mas é nesse mesmo País que o Cineasta assumidamente gay Mazen Khaled realiza os seus filmes. Em "Mártir", ele faz lembrar do cinema do argentino Marco Berger. Berger realiza filmes LGBTQ+ com personagens heteros, expostos em todo o esplendor da nudez e de corpos esculpidos. "Mártir" é dos filmes homoeróticos mais sensuais que vi recentemente. A beleza com que as lentes de Mazen Khaled retratam o corpo masculino é impressionante. O filme é repleto de sensualidade e tensão sexual, e consegue extrair tesão até mesmo com um cadáver. O filme é dividido em 2 partes: na primeira, somos apresentados ao protagonista Hassane: jovem, bonito, desempregado e por isso mesmo, motivo de discussão com seus pais. Hassane se recusa a procurar trabalho com um conhecido de seu pai, e resolve ir até a praia para mergulhar com seus 3 amigos. Os 4 amigos se divertem, mas Hassane, ao dar um salto, bate a cabeça e morre. Na 2a parte, acompanhamos a preparação do corpo de Hassane por seus 3 amigos, para o ritual de enterro. Com o corpo nu, os amigos lavam o corpo com água e sabão e no final o embalsamam em um pano de algodão. A direção de Mazen Khaled é bastante sensível e delicada, e ele sabe onde colocar a sua lente, aproveitando ao máximo a sensualidade dos corpos de seus personagens, seja na praia, seja no velório. A linguagem do filme é bem estilizada, com câmera lenta, tableau, e se apropriando também da linguagem da coreografia nos palcos, em um trecho metalinguístico. O roteiro é extremamente simples, mas o que Mazen Khaled quiz mesmo é provocar o seu público. O filme ganhou diversos prêmios e competiu na Mostra Queer Lion do Festival de Veneza 2017. Para espectadores voyeurs, é uma obrigação assistir.

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