segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Blue my mind

"Blue my mind", de Lisa Brühlmann (2017) Vencedor de vários prêmios em Festivais Internacionais, essa fábula da Suíça curiosamente, se aproxima bastante do filme brasileiro "Mormaço", de Marina Meliande. Em ambos os filmes, as Diretores e roteiristas se apropriam do realismo fantástico para mostrar como o fator psicológico interfere no corpo da protagonista, fazendo-o se transformar. No filme de Meliande, a protagonista vai se envolvendo com a histórias de moradores de uma comunidade que vão sendo desalojados e por conta disso, ela absorve o stress e seu corpo vai apodrecendo. No caso de Mia, a adolescente de 16 anos de "Blue my mind", a virada da protagonista em mulher não vem de uma forma pacata. Ela se irrita cada vez mais com seus pais, ela se droga, pratica bullying, entra no grupo das meninas escrotas da escola, faz sexo com qualquer um...e seu corpo se transforma a medida que vai descobrindo cada um desses passos. Mia vai ganhando contornos de uma mulher selvagem, faminta por sexo e por peixe cru, comendo os peixes de seu aquário. No início de "Blue my mind", foi muito difícil eu continuar assistindo ao filme, pois a protagonista é tão irritante, tão fácil odiar ela, que eu desejei que ela morresse logo. Mas à medida que o filme avançava, e também por conta da excelente performance da atriz Luna Wedler, numa composição dificílima, fui me afeiçoando ao filme, a partir do momento que entendi que era uma parábola complexa sobre o processo de amadurecimento. As cenas de sexo são mostradas de uma forma fria, chocante, e o filme não tem pudor em falar de pedofilia e sexo grupal com uma menina de 16 anos. Pelo olhar da roteirista e diretora Lisa Brühlmann, a juventude está perdida e sem perspectiva: drogas, sexo, falta de compromisso, falta de comunicabilidade com os pais, estudo zero. "Blue my mind" pode ser considerado o "Kids", de Larry Clark em versão fantástica.

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