quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Bumblebee

"Bumblebee", de Travis Knight (2018) Travis Knight tem apenas 2 longas em seu currículo, mas já ganhou admiração dos executivos de Hollywood: ele estreou com a premiada animação "Kubo e as cordas mágicas", onde Travis assumidamente homenageou Akira Kurosawa e Hayao Miyazaki, suas maiores referências do cinema asiático. Agora com "Bumblebee", o prequel da milionária franquia de Michael Bay, Travis Knight conseguiu uma grande façanha que Michael Bay não havia conseguido até então: fazer a melhor homenagem ao cinema de Steven Spielberg, se escorando naquilo que Spielberg já ensinou desde o seu primeiro filme: aposte na emoção e na fantasia da relação do humano com o ser diferente. Travis fez o filme que todo fã nostálgico saudoso dos anos 80 ( e consequentemente, a nova geração viciada em 'Stranger things") mais gosta: falar das amizades antes da era da internet e do celular. Além de Spielberg outro grande homenageado é John Hughes, famoso Cineasta único em retratar o conflito de geração e o amadurecimento do adolescente, às voltas com problemas envolvendo família, perda de ente querido ( quer algo mais Spielberg do que o protagonista não ter pai???), escola, bullying e primeiro amor. E tudo graças a Deus, embalado por uma das melhores coletâneas dos anos 80, que tem tudo aquilo que a gente mais ama: The Smiths, Rick Astley, A-ha, Tears for fears, Duran Duran, e até a atriz Heilee Steinfield revisitando a época com a música "Back to life". O mais curioso é que apenas uns 15% do filme lembra os Transformers de Michael Bay, nas inevitáveis batalhas e lutas metálicas e épicas onde se destrói meio mundo. Os outros 85% é um filme de Spielberg e Hughes, onde existem referências explícitas aos filmes "Et, o extraterrestre" e "O Clube dos cinco". A história é clichê, mas bastante funcional: Charlie (Hailee Steinfeld, revelada pelos irmãos Coen em "Bravura indômita" e filha de Mark Rufallo no delicioso "Se nada mais der certo") é órfã de pai e mora com sua mãe, padrasto e irmão caçula. Melancólica e introspectiva, ela sente a perda do pai. Charlie trabalha em um quiosque e seu sonho é ter um carro. No seu caminho, ela encontra um fusca amarelo, que mais tarde ela vai descobrir ser Bumblebbe ( apelido que la dá) e que está na terra para salvar o mundo dos Decepticons. O filme investe mais no drama e na amizade da menina com o robô, tema comum de 8 entre 10 filmes de ficção científica dos aos 80. "Bumblebbe" é uma emotiva viagem no tempo que presenteia seu público com esse registro de época singular. E que maravilha é assistir Hailee Steinfeld e perceber que ela está crescendo e se tornando uma carismática e talentosa atriz.

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