quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A família

"La família", de Gustavo Rondón Córdova (2017) Primeiro filme Venezuelano a competir no Festival de Cannes, dentro da Mostra Semana da Crítica, e também selecionado pela Venezuela para representar o País para uma vaga ao Oscar 2019, "A família"é uma cacetada sem tamanho, uma dura realidade sobre a tragédia que se abateu na Venezuela desde a grave crise econômica e migração da população para outros Países. A Venezuela da periferia de Caracas apresentada no filme, não difere em nada a qualquer País do terceiro mundo. Um enorme abismo social, desemprego, favelas super povoadas, evasão de escola e principalmente, a falta de assistencialismo em prol da juventude. Os protagonistas do filme são os meninos crescidos na favela: desde cedo, testemunhando assassinatos, crianças de 8 anos empunhando arma e assaltando, tráfico e muita violência. Pedro, um garoto de 12 aos, mora com seu pai Andrés. Andrés quase não para em casa, fazendo bicos em tudo quanto é lugar para poder trazer dinheiro para casa. Pedro passa o dia com seus colegas da comunidade, testemunhando os adultos às voltas com tráfico, arma,s mulheres, bebidas e festas. Seduzidos por esse Universo, Pedro e os outros garotos crescem marrentos, brutos, sem qualquer resquício de civilidade. Por um acidente, Pedro acaba matando um garoto da gangue rival. Seu pai ao saber disso, foge com Pedro para a cidade, temendo que os bandidos os matem. Durante essa travessia, pai e filho tentam se reaproximar. Mas Pedro decide retornar à favela e saber o que aconteceu com seu melhor amigo, Jonnhy, que estava cm ele na hora do acidente. Herdeiro do neorrealismo italiano e do cinema dos irmãos Dardenne, que aponta a sua câmera documental para as figuras marginalizadas pela sociedade. " A família" tem duas performances avassaladoras. Giovanni García e Reggie Reyes, este último como Pedro e sem qualquer trabalho anterior na interpretação, surpreendem e vivem de forma quase espiritual a vida dessas duas figuras amaldiçoadas pela pobreza. Acompanhar a trajetória dos dois é bastante sofrida. As cenas onde o filho observa o pai trabalhando em sub-empreog, e aos poucos, vai tentado imitá-lo, são emocionantes e contundentes. Mais foda ainda, é a cena onde o filho presencia o pai apanhar por ter roubado garrafas de bebida de uma festa onde trabalhou como garçon. Um drama arrebatador. eu quase não conhecia o Cinema da Venezuela e fiquei bastante feliz de ter visto esse filme.

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