terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Amanda

"Amanda", de Mikhaël Hers (2018) Estou escrevendo essa resenha envolto em lágrimas incessáveis. Há muito tempo, eu não assistia a um filme tão tocante e humano, e olha que eu já assisti a dezenas de milhares de filmes. "Amanda" é um tiro no coração, e do meio pro fim, chorei convulsivamente. Muito do sucesso e da força desse filme vem do talento do Diretor e roteirista Mikhael Hers ( que teve como co-roteirista Maud Ameline), da fotografia colorida que lembra os musicais de Jacques Demy, realçando a beleza de Paris em meio a uma tragédia de proporções catastróficas, da edição que valoriza o tempo das performances e o respiro dos atores; e por fim, da monstruosa atuação do elenco, em especial de Vicente Lacoste, um dos jovens atores franceses mais talentosos da nova geração, e da pequena Isaure Multrier, uma força da natureza de 7 anos, no papel da protagonista que precisa conviver com a perda subida de sua mãe, interpretada com paixão por Ophélia Kolb. A primeira parte de "Amanda" lembra bastante "Em pedaços", drama poderoso de Fatih Akin. Ambos os protagonistas perdem seus entes queridos por um ato terrorista. Só que o caminho que a personagem de Dianne Kruger faz em "Em pedaços", o da vingança, encontra ecos de dor e solidariedade em 'Amanda". Mikhaël Hers não quer falar da culpa do ato terrorista, quer falar de pessoas que tiverem entes queridos retirados abruptamente de sua rotina. David (Vincent Lacoste) ainda está encontrando o seu espaço no mundo. Ele tem alguns bicos, e quando pode, ajuda a sua irmã Sandrinne, mãe solteira, a buscar sua filha Amanda na escola. Os irmãos se amam, e a mãe deles os abandonou e foi morar em Londres ( bela participação de Greta Scachi). Um dia, durante um piquenique no parte, Sandrinne sofre um atentado terrorista e é morta. David é nomeado guardião de Amanda, mas ele está inseguro, mal começou sua vida. E Amanda precisa entender o que significa a ausência de sua mãe. "Amanda" tem momentos de pura poesia, cenas antológicas aonde a emoção, dosada sem exageros pelos Diretor, arrebata o espectador. A cena final, em uma partida de tênis, é de arrepiar. Preparem seus lenços. O filme concorreu em Veneza 2018 e saiu de lá com um justo prêmio especial.

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