segunda-feira, 22 de julho de 2024

Caminhos cruzados

"Crossing", de Levan Akin (2024) Vencedor do prêmio Teddy no Festival de Berlim 2024, dedicado a filmes com temática LGBTQIAP+, o drama co-produzido pela Geórgia, Turquia, Dinamarca, França e Suécia "Caminhos cruzados" é escrito e dirigido pelo cineasta sueco Levan Akin. O filme é emocionante e traz excelência na direção, no trabalho dos atores, no roteiro e na montagem, que constantemente, engana o espectador, indo até o final surpeendendo e frustrando expectativas de quem espera um filme com soluções fáceis. O filme é um road movie que começa na Geórgia, assolado após uma guerra que começou em 2008 e deu a independência ao país, até então, sob domínio russo. A população foi a que mais sofreu, sem peerspectiva de um futuro melhor, em uma onda de desemprego e crise social. Lia (Mzia Arabuli), professora de história aposentada, aparede na casa de um ex-aluno, agora casado e com filho, desmepregado. Ele pede ajuda para localizar a sua sobrinha, uma mulher trans que fugiu de casa após sofrer homofobia, chamada Tekla. O irmão mais novo do rapaz, Achi (Lucas Kankava)diz que sabe do paradeiro dela em Instambul, e serve de guia para Lia. Chegando em Istambul, eles lutam para localizar tekla, sem sucesso. Paralelamente, uma ativista social trans, Evrim (Deniz Dumanli) luta para obter documentos que a reconheçam como mulher. Desde o início, "Caminhos cruzados" já deixa clara a sua narrativa que espelha os filmes de Robert Altman, Alejando Inarritu e Paul Harris: o filme painel, onde os personagens vão entrecruzando as suas histórias ao longo da narrativa. Longe de tornar óbvio os cruzamentos e exagerar nas coincidências, o roteiro traz grandes surpresas, que frustram as expectativas errôneas dos espectadores. Mas não tem como não elogiar o excelente trabalho dos atores, em especial, a de Mzia Arabuli, excepcional na composição da dura e melancólica Lia. Seus olhares silenciosos são doloroso. O final me lembrou "Gloria", de Sebastian Lelio, na melancolia feliz.

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