domingo, 21 de julho de 2024

Ainda temos o amanhã

"C'è ancora domani", de Paola Cortellesi (2023) FIlme mais visto na Itália em 2023, "Ainda temos o amanhã" é um libelo feminista dirigido, co-escrito e protagonizado pela atriz Paola Cortellesi, em ótima estréia na direção de longas. Emulando a estética do neo-realismo italiano, Paola ambienta o seu drama no pós 2a guerra mundial, com a população srofida tentando lidar com escassez de alimentos, a presença de soldados americanos nas ruas e principalmente, quanto às mulheres, um avanço em sua emancipação. A personagem de Paola, Delia, é casada com Ivano (Valerio Mastrandela), um homem bruto e misógeno. Eles têm 3 filhos, 2 meninos e a jovem Marcella (Romana Maggiora Vergano). Ivano quer garantir estudos pros filhos, enquanto para Marcella, por questões financeiras, a obriga a trabalhar como passadeira para ajudar a custear os gastos domésticos. Delia sofre violência doméstica e aceita, passivamente. O governo, em 1946, vai dar início ao voto feminino, mas Delia teme que seu marido a impeça. Paola trabalha com realismo fantástico. nos momentos de espancamento, as cenas de transformam em números musicais e as marcas de espancamento desaparecem. isos provocou a ira de muitos espectadores, que viram esse recurso como um elemento que camufla a violência doméstica, normalizando. Tecnicamente, a fotografia em preto e branco, de Davide Leone, é belíssima, acentuando o drama das personagens. A direção de arte e a trilha sonora contribuem bastante para a ambientação. Mas é justamente na trilha que o filme decide subverter a temporalidade: músicas pop contemporâneas, rock, fazem parte do cardápio. Um filme emocionante.

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