quarta-feira, 31 de julho de 2024

Touch

"Touch", de Baltasar Kormákur (2024) Quem amou "Vidas passadas"não pode deixar de asisstir a "Touch", co-produzido por Islândia e Reino Unido. O filme é um drama romântico maravilhoso, apaixonante, que o espectador torce bastante. obviamente irá chorar litros e litros. O filme se passa em 2 épocas, com os mesmos dois protagonistas, separados por um período de 50 anos. Em 2020, na Islândia, durante o período da Covid, Kristófer (Egill Ólafsson) é um idoso dono de um restaurante. Ao consultar um médico, ele descobre que tem pouco tempo de vida, e o médico o aconselha a resolver algo que esteja pendente em sua vida. Kristoff decide resgatar o grande amor de sua vida, a japonsea Miko, que ele conheceu em 1969 quando foi estudar em Londres. Ao procurar emprego para se bancar, ele vê o anuncio para lavador de pratos em um restaurante japonês, mas por ter visto a filha do dono, Miko, ele aceita. Com o passar do tempo, ele ganha simpatia do dono e mais, ele e Miko se apaixonam. Mas inesperadamente, Miko e seu pai vão embora de volta para o Japão, e Kristoff perde seu contato. O atual kristoff decide viajar até o Japão e ir em busca da mulher que ama. Os atores que interpretam o casal jovem são Palmi Kormákur, filho do cineasta e Yôko Narahashi. São todos ótimos e apaixonantes. É um filme que fala sobre traumas da 2a guerra e também sobre idealismo político, através dos movimentos estudantis. Um melodrama exacerbado, mas impossível de não se apaixonar. A fotografia é diferenciada entre as 2 épocas e traz um apuro estético que intensifica as emoções.

terça-feira, 30 de julho de 2024

Hard

"Hard", de John Huckert (1998) Um trhiller LGBTQIAP+ repletp de sexo explícito e violência gore, "Hard" é um filme de serial killer que busca referências de 'Seven", "o silêncio dos inocentes", com aquela atmosfera pervertida, devassa e suja dos filmes de Peter Verhoeven de sua fase alemã, sem qualquer tipo de censura, mostrando cenas que certamente não teriam sido filmadas nos dias de hoje. Lançado em 1998, o filme foi condenado e censuyrado pelos americanos, sendo lançada uma versão com cortes de 5 minutos e mesmo assim, após o lançamento restrito, nunca mais foi lançado. Se for assistir, veja o 'Director's cut", com cenas de perversão, fetiche, sadismo e violência que fazem 'Seven" e "O silêncio dos inocentes"virar sessão da tarde. Duas histórias convergem paralelas: Jack (Malcolm Moorman) é um serial killer gay que dá carona e seduz rapazes para etsuprá-los e depois assssiná-los de forma bárbara. Ramon (Noel Palomaria", é um jovem policial promovido e responsável em invetsigar os casos dos assassinatos. Mas Ramon é gay enrustido, e para evitar homofobia dos colegas de trabalho, faz o papel do macho alfa. Mas ao conhecer Jack, eles acabam transando (uma cena de sexo repleta de tesão) para, ao amanhecer, se ver acorrentado na cama. Mesmo com alguns problemas de atuação irregular e ritmo titubeante, o filme é muito bom, principalmente para quem gosta de filmes malditos. As cenas esteticamente falando, trazem referências dos filmes de terror dos anos 80, como "Maníaco", buscando uma linguagem de filme B, com fotografia suja e granulada. Doentio, bizarro, é um filme para poucos.

The moor

"The moor", de Chris Cronin (2023) Terror sobrenatural inglês, "The moor" ganhou diversos prêmios em festivais de gênero. O filme traz referências de "A bruxa", "A bruxa de Blair" e é livremente inspirado no caso de uma dupla de serial killers ingleses que sequestravam crianças e as abandonavam em um pântano. O filme se passa no ano de 1996. Claire é uma menina de 12 anos e Danny tem 8 anos. Ela combina com o menino dele enganar o atendente de uma loja enquanto ela rouba os doces. Quando ela foge, ela estranha a demora do menino. Quando ela volta para a loja, ele desapareceu. 25 anos depois, Claire (Sophia la Porta), agora uma influencer com podcast, retiorna para a sua cidade natal. Bill (David Edward-Robertson), pai de Danny, a procura. Ele diz que não perdeu a esperança de encontrar Danny e acredita que ele está no pântano. O assassino que confessou sua morte irá sair da prisão, e antes que isso aconteça, Bill quer levar Claire até o pântano para encontrar os restos mortais do menino e fazer o assassino continuar preso. Bill leva uma guia e uma vidente para o local para tentar procurar. Mas o Pântano traz estranhos acontecimentos sobrenaturais que afetam a todos. O roteiro do filme é confuso. O ritmo é lento demais e o filme é longo, quase 2 horas. Li numa entrevista que a idéia inciial do cineasta era que o filme fosse todo em found footage, mas os produtores não deixaram, e essa parte do found footage acontece mais no final, e acaba sendo a melhor parte do filme. A grande estrela do filme memso é a ótima fotografia de Sam Cronin, que traz uma incrível e assustadora ambientaçao do pântano, tal qual era em "A bruxa de Blair".

A influencer

"The influencer", de Lael Rogers (2023) Concorrendo no Festival Fantasia para melhor filme, o curta de terror "A influencer", escrito e dirigido por Lael Rogers, poderia perfeitamente ter sido um episódio isolado de "Black mirror", com uma vibe do terror teen 'As pequenas bruxas". 3 jovens amigas, Shea (Laura Hetherington), Madison (Mackenzie Wynn) e Ivy (Dayse Patino) são seguidoras de uma famosa Influencer (Bria Condom). Entre perguntas roteineiras sobre a vida da Infleuncer, as amigas decidem ir em uma balada de noite, e lá conhecem um rapaz. As amigas o levam até um local isolado e ele é oferecido como sacrifício para a Influencer, que literalmente "influencia" as amigas a matarem o rapaz. Uma óbvia crítica ao comportamento de influencers que ditam regras para seus seguidores, 'A influencer" é um filme de baixo orçamento, rodado em parte em celular, para dar a textura e ambientação de redes sociais, para depois sair desse ambiente e vir para a vida real. Curioso e divertido, com um tom meio trash para o seu final.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

O fio

"Le fil", de Mehdi Ben Attia (2010) Premiado com o prêmio do público no Festival de San Francisco, "O fio" é o longa de estréia do cineasta tunisiano Mehdi Ben Attia, em co-produção com França/Tunísia e Bélgica. Drama LGBTQIAP+, o filme é estrelado pela diva italiana Claudia Cardinale, que segundo li numa matéria, possibilitou que o filme fosse patrocinado e realizado. Rodado na Tunísia, país extremamente conservador, o filme não conseguiu financiamento do governo. Alardeado como a à produção queer do país, "O fio" apresenta o jovem Malik (Antonin Stahly Viswanad), filho de Sara (Cardinale). Nascido na Tunísia, ele foi estudar e morar na França. Após a morte de seu pai, Malik decide retornar para a Tunísia e morar com sua mãe conservadora. Ao chegar na mansão, Malik conhece o jovem empregado Bali (Salim Kechiouche). Sem coragem de contar para sua mãe que é gay, Malik, pressionado por ela, que quer um neto, diz que está tendo um relacionameto com sua amiga, que é lésbica, e que terão filho. O filme é um melodrama repleto de sub-tramas bem mexicanas, exageradas e caricatas. O elenco é mediano, e mesmo Cardinale não brilha como uma atriz de seu porte, muito por conta de um roteiro esquemático e óbvio. Mas por ser uma primeira produçao do país que trabalha o tema lgbt, acredito ter sido bem complexo filmar o projeto e talvez por conta disso, o resultado tenha sido o que vemos.

Treasure

"Treasure", de Julia von Heinz (2024) Exibido no Festival de Berlim 2024 fora de competição, "Treasure" é adaptado do romance da australiana Lilly Brett, "Too many men". A romancista escreve sobre a sua busca pelas origens polonesas, através de conversas com seus pais, sobreviventes de Auschwitz, e como esse passado se desenvolveu em um truma para a autora, que não conviveu com o drama da 2a guerra. O filme é ambientado em 1991. A jornalista americana Ruth (Lena Dunham) chega com seu pai, Edek (Stephen Fry), de Nova York para Varsóvia, na Polônia após o regime comunista, que acabou em 1989, mas ainda se adaptando à democracia. Ruth quer visitar o país, que ela não conhece, e os lugares que foram importantes para os seus pais. Edek decide acompanhá-la na viagem pois diz que não é um lugar para uma mulher viajar sozinha. A idéia da viagem veio por conta da morte de sua mãe e da recém separação de seu marido. A relação entre pai e filha é repleta de conflitos e de rusgas mal resolvidas. Edek propõe que edek ignore o itinerário que ela havia agendado e partir com ele e o motorista contradado Stefan (Zbigniew Zamachowski) para conhecer uma outra Polônia. O melhor momento do filme é quando Edek visita a casa que pertenceu à sua família, mas após a ida de todos à Auschwittz, uma outra família tomou posse. Essa mesma família e seus herdeiros clamam que a casa é deles e Ruth decide negociar a compra de um jogo d eporcelana pertencente à sua mãe. O filme, que pelo tema induz ser trabalhado como drama, traz elementos de um fino humor, promovido pelas brigas constantes da dupla. Impossível não pensar que a inspiração tenha vindo de 'Toni Erdmann", também sobre uma filha tentando entender a complexidade de seu pai. O ator do filme alemão, Peter Simonischek, tem a mesma fisionomia de Stephen fry. Tem um filme com Elijah Wood, "Uma vid ailuminada", que fala tambem sobre a busca da herança familiar na Polônia, e que eu gostei muito mais. Talvez o maior problema do filme seja a eterna carranca da personagem de Lena Dunham, antipática ao extremo.

domingo, 28 de julho de 2024

The beast within

"the beast within", de Alexander J. Farrell (2024) Kit Harington, nosso eterno Jon Snow de "The game of thrones", definitivamente não tem sorte em seus filmes para o cinema. Agora, ele é protagonista de um terror inglês onde interpreta nada menos nada mais do que um..licantropo! Isso mesmo, um lobisomem! A trama, mais do que bartida, revela que Noah (Harington) é descendente de uma linhagem de licantropos. Ele é casado com Imogen (Ashleigh Cummings) e possuem uma filha de 10 anos, Willow (Caoilinn Springall), que sofre de asma. O pai de Noah (James Cosmo) mora com eles, e juntos possuem um segredo que os une. Willow, no entanto, desconhece o porquê que seu pai sempre some toda noite de lua cheia, e ao ir atrás dele e de sua mãe, descobre o terrível segredo. O curioso é que diversas críticas destacam que Kit Harington aparece semi-nu no filme, como se o filme fosse feito com esse propósito. A força de Harington, ums ex sumbol inegável, faz com que pessoas que não curtem o terror o assistam para poder ver seu físico invejável. E claro, a câmera faz questão de registrar Kit Harington no esplendor de sua beleza, mesmo vestido, em imagens super fotogênicas como galã. Ao restante do elenco, que inclui mãem filha e avô, fica resta garantir o trabalho de atuação, pois não possuem a mesma sorte de serem bem iluminados como Harington. SO efeitos do lobisomem são vintage, parecem ter saído do filme "Um lobisomem americano em Londres", investindo menos em CGI e mais em efeitos práticos.

Oddity

"Oddity", de Damian Mc Carthy (2024) Depois de tanta falsa campanha de filmes de terror que insistem ser o mais assustador do ano, "Oddity" possivelmente é o único que merece esse stítulo, pelo menos em 2024. Arrebatador, assustador e cheio daqueles jump scares que surgem sem necessidade de som estridente, gatos surgindo ou objetos que caem. O jump scaper vem de uma excelente construção de atmosfera e do trabalho de edição, que é muito bom. Podem contar: o filme reserva pelo menos 6 jump scares de fazer pular da cadeira. O filme é repleto de easter eggs para affcionados por terror: são homenagens que vai desde Hannibal Lecter de "O silêncio dos inocentes", passando pelas mulheres psíquicas, videntes e bruxas de Dario Argento, os bonecos enfeitiçados de 'Annabelle" e porquê não, "Golum", mega clássico do expressionismo alemão. E tudo isso com baixo orçamento, e poucos atores em cena e 2 locações: uma casa issolada na área rural da Irlanda e uma insstituição psiquiátrica. O filme tem um dos prólogos mais tensos que voce terá visto recente em filmes de terror: sozinha em casa, Dany (Carolyn Bracken), casada com o psiquiatra Ted (Gwilym Lee), que está de plantão na instituição, ouve batidas na porta. É um homem, Olin, paciente da instittuição que fugiu e diz que Dany corre perigo. Um ano depois, Ted está namorando Yana (Caroline Menton) e sabemos que Dany foi assassinada. Tentando ainda passar por cima do luto, Ted vai visitar a irmã de Dany, Darcy ( também Carolyn Bracken) , que é deficiente visual e vidente. Ela tem uma loja de antiguidades, herdada da falecida mãe. Darcy acredita que o crime que matou sua irmã não está totalmente solucionado, e sem avisar Ted, surge de repente na casa dele. Ela presenteia Ted e Yana com um boneco de madeira. Quando Ted sai para trabalhar, Darcy e Yana ficam sozinhas em casa e fatos estranhos passam a ocorrer. De verdade, há tempos não via um terror tão bem construído, com excelente roteiro, fantástica trilha sonora e trabalho de edição de som e de imagens e repleto de paixão cinéfila e ao gênero. É muito bom. e o final, é repleto de humor ácido.

Deadpool e Wolverine

"Deadpool and Wolverine", de Shawn Levy (2024) 6 anos depois de "Deadpool 2", o cineasta canadense Shawn Levy lança o filme que todo fà da Marvel espera: repleta de fan service e easter eggs de fazer a galera urrar. São 12 participações especiais de personagens da franquia 'X-men" e outros filmes da Marvel, além de ficar toda hora fazendo citações. Shaw Levy dirigiu a franquia "Uma noite no museu", além do excelente "Free guy", também com Ryan Reynolds. Preciso dizer que eu não aguento mais ouvir falar de Multiverso. Me parece solução fácil para resolver problemas de roteiro e destino de diversos personagens que já morreram. Assim, ninguém morre de verdade: a qualquer momento, alguém ressuscita, ou em caso recente, algum ator icônico, como Robert Downey Jr, intérprete do icônico Homem de ferro, agora pode retornar em outro personagem: Dr Destino. O que gostei: o uso de músicas pop clássicas, semdo que o ápice é "Like a prayer", de Madonna, que toca em 2 momentos no filme, sendo um deles, um embate decisivo, e a músca funciona muito bem. Ryan Gosling e Hugh Jackman possuem uma excelente qu;imica em cena, apesar de Wolverine agora ter que dividir as piadas de Deadpool em cena, perdendo muito da seriedade do personagem em filmes mais sombrios. Mas de uma forma geral, é para seu melhor aproveitamento, é melhor desligar o cérebro e se deixar levar pelo surreal das piadas.

Terra faminta

'Starve acre", de Daniel Kokotajlo (2023) Adaptado do livro de terror fantástico "Terra faminta", de Andrew Michael Hurley , o filme foi comparado a diversos clássicos do gênero: "O bebê de Rosemary", "A bruxa" e "O homem de palha". De fato, o filme traz referências a cada um desses films, e é um exemplar do folk horror. Ambientado na fictícia cidade rural de Starve acre, a família formada pelos pais Juliette (Morfyrdd Clark) e o estudante de arqueólogia Richard (Matt Smith), pais do pequeno Owen (Arthur Shaw). Owen alega escutar vozes de Jack Grey, que vem a ser uma lenda urbana sobre uma entidade demoníaca que após receber sacrificios, confere felicidade e fartura. Próximo da fazenda onde mora a família, existe um carvalho que foi cortado, pelos populares. O Carvalho era usado antigamente para enforcar criminosos, e dizem, o sangue escorria na terra, trazendo fartura. Mas sem os castigos, Jack Grey clama por sacrifícios. O filme é bem interessante e traz um ótimo plot twist. Os atores são ótimos e a trama , mesmo batida, rserva bons momentos. O problema é sue desfecho, que traz decisões idiotas de alguns personagens.

sábado, 27 de julho de 2024

A cup of coffee and new shoes on

"A Cup of Coffee and New Shoes On", de Gentian Koçi (2022) Um dos filmes emocionalmente mais devastadores que assisti nos últimos anos, me vi chorando litros durante o filme, e logo nos primeiros minutos. O filme, trágico como poucos, é baseado em uma história real: em 2013, dois irmãos gémeos belgas, ambos sapateiros de 45 anos da cidade de Putte, calçaram um novo par de sapatos e tomaram uma xícara de café antes de terem o suicídio assistido na presença de seus familiares. Os irmãos nasceram surdos, mas já adultos, obtiveram um diagnóstico de uma doeça que iria progressivamente deixá-los cem por cento sem visão. O filme é protagonizado elos irmãos portugueses Rafael e Edagr Morais, escolhidos em audições do mundo inteiro. Ambos não são surdos, e tioveram que fazer um laboratório da linguagem de sinais em linguagem albanesa. O resultado é que o flme foi indicado pela Albânia para representar o país no Oscar de filme internacional em 2023. Agim (Rafael Morais) e Gezim (Edgar Morais) são carinhosos um com o outro e semama. Eles moram juntos no mesmo apartamento e são donos de uma empresa de carpintaria. Eles promoteram aos pais, antes da morte deles, que estariam juntos para todo o sempre. Gezim namora Ana (uma Drita Kabashi, e eventualmente ela dorme na casa dos irmãos, com todos convivendo muito bem. Agim, um dia, alerta o irmão que está tendo problemas de visão e ao ir até um oftamologista, ele lhe dá um duro diagnóstico: ele irá perder a visão em breve, Devastado, Agim procura lidar com a sua situação, tendo Gezim a ajudá-lo sempre. Mas Agim é orgulhoso e evita a ajuda do irmão e de Ana. Ao voltar ao médico fingindo ser Gezim, o médico diz que por serem gêmeos monozigóticos, Gezim também sofrerá os efeitos da doença e também perderá a visão. Azim decide não avisar ao irmão, querendo protegê-lo do terrível dignóstico. Praticamente sem diálogos, sem trilha sonora e todo trabalhado no folley e edição de som, a aparente frieza do filme contrasta com sua forte carga dramática. O trabalho dos 3 atores pirncipais é formidável e arrebatador. Os irmãos gêmeos são exatamente iguais e o diretor espertamente cria personalidades distintas para ambos. Filmado com planos fixos e longos, é um retrato humano, melancólico sobre uma das mais temíveis condições humanas, a de perder a visão. Não recomendado para pessoas depressivas ou com gatilhos para os tema spropostos pelo filme.

Espirito.doc

'Espírito.doc", de Romina Caetano (2023) Documentário produzido pela Rede Minas, "Espírito.doc" é um registro dos 25 anos da peça fenômeno "Acredite, um espírito baixou em mim", lançada pela 1a vez em 1998 e desde então, ininterruptamente, exibida pelo país, acumulando até 2024 mais de 3 milhões de espectadores. Protagonizada pela dupla mineira Ilvio Amaral e Maurício Canguço, o filme desde a sua estréia já teve substituição do elenco coadjuvante, mas Ílvio e Canguçu permanecerem sempre firmes em seus personagens carismáticos, o homossexual assumido Lolô e o machista Vicente. O filme deixa claro o sucesso da dupla, que criaram a produtora Cngaral produções, responsável por produzir espetáculos teatrais, eventos culturais e de levar outros espetáculos para Minas. É recorrente ouvir a frase "O teatro de Belo Horizonte é marcado por antes e depois de "Acredite, um espírito baixou em mim". Todo esse sucesso, começou em 98, quando o escritor Ronaldo Ciambroni procurou a dupla com o texto "Bofe à milanesa",e a partir daí, surgiu a idéia de "Acredite..". A dupla, que estava no elenco da novela "Mandacaru", na Manchete, convidou a colega de elenco Sandra Pêra para dirigir a peça. O filme traz depoimentos do elenco, da imprensa, do secretário de cultura de Belo Horizonte Leônidas Oliveiar, do escritor Ronaldo Ciambroni, e possui imagens de arquivo do espetáculo original, de 98, e também, dos bastidores e cenas do filme lançado em 2006 e que fez enorme sucesso de bilheteria em Minas, com direção de Jorge Moreno. mas curiosamente, a dupla diz que comprou os direitos do filme e o arquivou, pois ficaram insatisfeitos com o resultado. 'Quem foi ver o filme antes da peça, acabou não indo ver a peça", diz Ílvio. CAnguço dá um depoimento interessante, falando sobre a evolução do texto do espétaculo pelos 25 anos, acompanhando a realidade da tecnologia e dos discursos e pautas sobre lugar de fala e politicamente correto,e. o quanto tiveram que fazer ajustes no tetxo original. E se orgulha que no inicio, gays enrustidos agradeciam pela peça, já que viviam homofobia em seus lares e a peça os deixava felizes por falar sobre assumir a sua sexualidade. Em outro momento, Ilvio e Canguçu se emocionam ao falar da sessão especial que fizeram para Bibi Ferreira, que foi assistir em Belo Horizonte. Assistir ao filme é presenciar um sucesso cultural fora do eixo RJ/SP e que extrapolou a sua regionalidade. Com muito orgulho, os dois falam que sobrevivem, como muitos poucos artistas, de teatro no Brasil. E também, o empoderamento da comédia, que costuma ser considerado um gênero menor por parte da crítica, mas que continua agradando os espectadores, que se divertem e retornam diversas vezes para reassistir o espetáculo. Link para assistir ao documentário https://minasplay.com/video/serie/107/espirito-doc/

Travessia

"Travessia", de Chico Amorim (2012) Curta escrito e dirigido pelo pernambucano Chico Amorim, "Travessia" é livremente inspirado em um fato real ocorrido em Sertão de Pajeú, interior de Pernambuco. O jovem Aurélio (Brunno de Lavor) mora sozinho com sua mãe na roça. Brunno faz bicos trabalhando para sua mãe e para uma loja de material de construção na cidade. Aurélio esconde a sua homossexualidade de sua mãe e de todos, mas toda vez que cruza com o boy lixo da cidade Bruno (Aurélio Lima), os olhares se cruzam. Bruno o procura e convida Aurélio para uma noite sozinhos. Animado, Aurélio compra um celular e liga para Bruno, combinando o encontro. Um filme naturalista e focado na vida sêca e fria de Aurélio, que constantemente pergunta para todo mundo "Porquê a ave quando morre abre os braços?", deixando clara uma pista para o desfecho do filme, de forma bastante simbólica e brutal, reforçando o espectro da homofobia e violência contra a comunidade lgbtqiap+ no país. Um ótimo trabalho de câmera, direção firme de Chico Amorim e um trabalho visceral dos atores, que se entregam em uma história de violência infelizmente rotineira.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Animais humanos

"Animales humanos", de Lex Ortega (2020) Drama de terror slasher que parte de uma premissa bastante realista e cruel: violência contra animais e crianças. Produção mexicana, o filme acontece em um barro de subúrbio da cidade do México. Duas famílias são vizinhas e convivem pacificamente. Fabiola, Roy e a filha Teresa, de 6 anos. Do outro lado, o casal de ativistas veganos Anahí e Chava, que têm o pastor alemão Jagger, que consideram da família. Teresa sempre temeu a presença de Jagger. Um dia, querendo provocá-lo, até vai até a casa vizinha e o ameaça com uma pedra, mas Jagger a morde. Correndo o risco de ficar com sequelas no movimento das mãos, seus pais decidem denunciam o caso à polícia, e o cão acaba sendo sacrificado. Revoltados, Anahi e Chava decidem se vingar: invadir a casa da família vizinha e exigir a morte de Teresa. O filme traz muita tensão a partir de sua 2a parte, em um clássico "Home invasion", onde os psicopatas invadem a casa e passam a querer ameaçá-los com facas. O que irrita, é que o roteiro investe nos clichês de slashers: durante a fuga, as vítimas sempre tomam as piores decisões. Mas o que mais deixou o público atormenatdo, é a sua cena pós-crédito: doentia, perversa e provocativa.

O exorcismo

"The exorcism", de Joshua John Miller (2024) Confesso que quando foi anunciado , eu achei que “O exorcismo” seria uma continuação do ótimo “O exorcismo do papa”, terror de 2023, ambos com Russel Crowe. Li depois que não tinha nada a ver, mas nada mr tura da cabeça que esse filme quiz tirar uma casquinha do sucesso do outro projeto. Dirigido por Joshua John Miller, que vem a ser filho do atir Jadon Miller, que interpretou o Padre Karras em “O exorcista”, de Willian Friedkin, “O exorcismo” traz Crowe no papel de Anthony Miller, um ator que entrou em decadência após a morte da esposa por câncer, se tornando alcóolatra e usuário de drogas. Dando a volta por cima, ele é contratado para protaginizar um filme de terror no papel de um padre exorcista, após o ator anterior sofrer um acidente no set e morrer. A filha de Anthony, Lee (Ryam Sympkins) vem morar com ele um tempo e passa a teatemunhar atos estranhos do pai, que levam ela a acreditar que ele está possuído por um demônio que habita o estúdio de filmagens e que incorpora em Anthony. Mais uma vez, o gênero terror é sub- texto para o terror da vida humana: traumas do passado do personagem que vêem à tona e que são usados como metáfora para simbolizar o horror. O filme não assusta e pouco acrescenta à carreira de Crowe. Quem está em busca de suspense e gore, irá se frustrar. O filme está mais para um drama psicológico que faz críticas à religião e aos falsos padres que se apropriam de sua profissão para cometer crimes.

Two single beds

“Two singles beds”, de Willian Stephan Smith (2023) Drama inglês escrito pelo ator Daniel Kaluuya (astro de “Corra!”), “”Two single beds” traz uma narrativa sensível sobre dois artistas de stand up, Jay (Kaluuya) e June (Seraphine Beh) que se apresentam em uma casa noturna em Londres. Jay se comunica facilmente com o público presente, ao passo que June tenta extrair humor de pautas agressivas contra o machismo e favorável às pautas Lgbt, e o público se mostra frio. Ao final das apresentações, os dois se conhecem no bar e conversam, mas ao chegar na estação de trem atrasados, perdem o último trem para a cidade deles. Os dois decidem dormir em um Hotel e dividem o mesmo quarto para economizar, em camas separadas. June surpreende ao seduzir Jay, que se mostra inicialmente interessado, mas desiste ao afirmar sem casado e a mulher estar grávida. Flerte, desejo e traição são tratados com muita melancolia em um estudo sobre solidão , que me fez lembrar de “Antes do entardecer”, de Richard Linklater. Lindamente atuado, merecia uma adaptação para os palcos.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Kill

"Kill", de Nikhil Nagesh Bhat (2023) Ótimo thriller de ação e suspense indiano, "Kill" foi elogiado pela crítica e fez grande sucesso. Quase todo embientado em um trem em movimento, o filme traz semelhança com "Trem bala" e "Snowpiecer", filmes onde a porradaria come solta entre os vagões, com cenas estilizadas de ultra violência, remetendo à franquia "John Wick". O coreógrafo de cenas de ação chin6es de "Snowpiecer" é o encarregado de coreografar as complexas cenas em ambientes fechados e clastrofóbicos de "Kill". O roteiro simples mas bastante efeitov na jornada do herói, traz os dois melhores amigos, Amrit Rathod (Lakshya) e Viresh Chatwal (Abhishek Chauhan) como integrantes de um grupamento especial do exército, os Comandos. Quando a namorada de AMrit, Tulika (Tanya Maniktala) avisa desesperada para Amrit que o pai dela quer casá-la contra a vontade dele, eles pegam o trem que leva a família de Tulika e Amrit e Viresh para Nova Delhi. O que eles não poderiam imaginar é que uma quadrilha de 40 ladrões fosse invadr e assaltar o trem, e sabendo que Tulika é filha de um magnata, a sequestram. O filme foi alardeado pela mídia como o filme mais gore da Índia. E isso é verdade: facadas, machadadas, marteladas, tiros e todo tipo de esfacelamento e mutilação existe nesse filme, incluindo uma triste e violenta morte que irá mudara trajetória de Amrit. Essa cena, aliás, é bem difícil de ser vista, além de muito cruel. Um filme poradaria para quem ama o estilo "John Wick" de filmes virtuosos.

They heard him shout allahu akhba

"They heard him shout allahu akhba", de Nadia Latf (2021) Em uma sociedade distópica no Reino Unido, um homem muçulmano, Zaid (Scott Karim) é liberado da prisão por um crime decsonhecido. ë implantado um chip no seu braço que emite cargas elétricas que emitem dor toda vez que Zaid pensa em sua religião ou algo relacionado à violência. Claramente inspirado em "Laranja mecânica", o filme traz uma metáfora sobre a "limpeza cultural e religiosa" do mundo muçulmano no Reino Unido. Bem realizado com seu baixo orçamento, o filme é como um episódio de "Black mirror", que propõe uma reflexão sobre a globalização e sobre a xenofobia e preconceito religioso de parte da sociedade multi étnica da Europa.

Uncanny alley

"Uncanny alley", de Rodrigo Goulão de Sousa (2024) Escritos e desenhados pelo animador Rodrigo Goulão de Sousa, "Beco estranho" une 3 pequenos curtas que lidam com o terror e o universo fantástico, apresentados em preto e branco. Criativo e assustador, totalmente sme diálogos e somente com atmosfera, os 3 curtas acontecem em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, trazendo o terror para atividades corriqueiras da rotina de um cidadão comum. 1o curta: "The screening"- Em uma sala de cinema, uma mulher asisste sozinha a um filme. Ela perceebe que no salão vizinho está uma figura sinistra: um homem sapo, que expele um líquido que contamina tudo. 2o curta: "The night shift"- Durante uma faxina noturna em um clube, um zelador encontra uma mulher ( a mesma do cinema) aparentemente contaminada por um vírus. Esse vírus contamina o zelador, que expele dentro de si um ser monstruoso. 3o curta: "The roommate" - Um adolescente dorme em seu quarto. Um ser fantástico que expele vermes se aproxima do rapaz. Um dos vermes entra no ouvido do garoto. Eu adorei o filme, e os curtas são estranhos, bizarros e assustadores. Quero assistir a mais filmes desse diretor, que traz originalidade nos traços e nas histórias fantásticas.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Lost soulz

"Lost soulz", de Katherine Propper (2023)] Premiado no prestigiado Festival de Tribeca, "Lost soulz" traz uma narrativa que lembra muito "American honey" e "Gasoline rainbow": filmes que usam a narrativa do documentário para ficionalizar vidas comuns de personagens fora do mainstream americano. No Texas, o jovem negro Sol (Sauve Sidle) e seu melhor amigo Wesley sonham com a carreira no hip hop. Sol canta em diversos lugares, de forma improvisada, desejando um dia poder fazer sucesso. Mas quando Wesley tem uma overdose, Sol o abandona com a chegada da polícia, e mais tarde, decsobre que ele morreu. Sol sente-se culpado, e abandonando sua mãe e sua irmã pequena, decide embarcar junto de um grupo de hip hop que está seguindo para Los Angeles. Sentindo-se abraçado pelo grupo, a turma segue viagem, encontrando personagens e situações que irá colocar todos em conflito com a sua geração e seus pensamentos sobre amizade, sonho e carreira profissional. Lindamente dirigido por KAtherine Propper, o filme traz atuações naturalistas e uma fotografia que exalta a beleza das locações americanas. O filme é um road movie bonito, encantador, mas também melancólico, sobre uma geração que sonha com um futuro que pode não existir para ele.s

A real, sexual relationship

"A real, sexual relationship", de Alex Bliss (2023) Que peça de teatro incrível esse texto daria com um casal de atores! Excelente comédia dramática sobre um casal na faixa dos trinta anos, interpretados por Edy Modica e Eric Rahill, e sua crise conjugal por conta da sexualidade no relacionamento. Em um dia de rotina, o homem acorda e vê que a mulher está fazendo um boquete nele. Surpreso, ele permite que ela coloque uma venda em seus olhos e no final, acama transando. Mais tarde, ao fazer compras em uma loja, ele fica constrangido ao ver que a mulher gravou o sex tape no seu celular. Ele decide conversar com ela e dizer que se sentiu "violado"e agredido quando ela abusou de seu corpo sem o seu consentimento. Ela argumenta que esá cansada do papi e mamãe da relação e que sempre precisa se masturbar depois porque só quem goza é ele. A discussão coloca em pauta a intimidade de um casal e sua oermissão sobre o sexo na cama nos dias do politicamente correto. Roteiro excelente, improvisado pelo diretor junto dos atores, e cenas divertidas e reveladoras sobre a intimidade em um relacionamento.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Caminhos cruzados

"Crossing", de Levan Akin (2024) Vencedor do prêmio Teddy no Festival de Berlim 2024, dedicado a filmes com temática LGBTQIAP+, o drama co-produzido pela Geórgia, Turquia, Dinamarca, França e Suécia "Caminhos cruzados" é escrito e dirigido pelo cineasta sueco Levan Akin. O filme é emocionante e traz excelência na direção, no trabalho dos atores, no roteiro e na montagem, que constantemente, engana o espectador, indo até o final surpeendendo e frustrando expectativas de quem espera um filme com soluções fáceis. O filme é um road movie que começa na Geórgia, assolado após uma guerra que começou em 2008 e deu a independência ao país, até então, sob domínio russo. A população foi a que mais sofreu, sem peerspectiva de um futuro melhor, em uma onda de desemprego e crise social. Lia (Mzia Arabuli), professora de história aposentada, aparede na casa de um ex-aluno, agora casado e com filho, desmepregado. Ele pede ajuda para localizar a sua sobrinha, uma mulher trans que fugiu de casa após sofrer homofobia, chamada Tekla. O irmão mais novo do rapaz, Achi (Lucas Kankava)diz que sabe do paradeiro dela em Instambul, e serve de guia para Lia. Chegando em Istambul, eles lutam para localizar tekla, sem sucesso. Paralelamente, uma ativista social trans, Evrim (Deniz Dumanli) luta para obter documentos que a reconheçam como mulher. Desde o início, "Caminhos cruzados" já deixa clara a sua narrativa que espelha os filmes de Robert Altman, Alejando Inarritu e Paul Harris: o filme painel, onde os personagens vão entrecruzando as suas histórias ao longo da narrativa. Longe de tornar óbvio os cruzamentos e exagerar nas coincidências, o roteiro traz grandes surpresas, que frustram as expectativas errôneas dos espectadores. Mas não tem como não elogiar o excelente trabalho dos atores, em especial, a de Mzia Arabuli, excepcional na composição da dura e melancólica Lia. Seus olhares silenciosos são doloroso. O final me lembrou "Gloria", de Sebastian Lelio, na melancolia feliz.

Twisters

"Twisters", de Lee Isaac Chung (2024) Quando lançaram "Twisters", a 1a pergunta que fiz foi: "Por onde anda o diretor do original, Jan den Bont? Daí fui pesquisar e vi que ele largou a profissão, após se aborrecer durante a produção da 2a parte da franquia de Lara Croft, ainda com Angelina Jolie, em 2001. Desde então, ele nunca dirigiu mais nada. den Bont era um gênio dos filmes de ação. Ele não perdia tempo e do início ao afim, seus filmes eram dinamismo e ação pura. "Twisters", assim como o novo 'Um lugar silencioso- dia 1", resolveram subverter a cartilha e decidiram investir mais no plot dramático. Kate (Daisy Edgar-Jones, da série "Normal people") é uma jovem caçadora de tornados, que após um trauma onde seu namorado e dois amigos morreram, desistiu de tudo. Cinco anos se passa, e seu amigo Javi (Anthony Ramos, de "Transformers") a convoca para retornar à Oklahoma e detectar a chegada de tornados que podem ameaçar cidades. Cjehagndo lá, ela é desafiada pelo youtuber caçador de tornados Tyler (Glenn Powel) e sua equipe. O garnde mérito do filme é investir em bons atores. Além dos citados, Maura Tierney, no papel de mãe de Kate, Cathy, rouba as cenas em que aparece, conferindo a emoção necessaária pro filme caminhar. David Corenswet, o novo Superman, faz uma pequena participação como vilão. Eu achei o filme longo, quase 140 minutos, e mais aborrecido do que o original, bem superior inclusive nas cenas de ação ( ninguém esquece da cena do celeiro com as ferramentas voando em cima dos personagens). Mas a cena do cinema salva a pátria, ela é bastante simbólica para apaixonados pela sétima arte. Glenn Powell praticamente repete seu papel em 'Tudo menos voc6e": aquele tipo arrogante que desafia a mocinha, para depois, cair pelos encantos.

A hipnose

"Hypnosen", de Ernst De Geer (2023) Excelente filme co-produzido por Noruega e Suécia, "A hipnose" lembra muito os filmes do também sueco Ruben Östlund, dos controversos "Triângulo das tristezas" e "The squere". São filmes que trazem um olhar ácido e cruel sobre a burguesia, um mundo de falsas aparências. Andre (Herbert Nordrum e Vera (Asta Kamma August) foram um jovem casal, unidos no relacionamento e nos sonhos profissionais. O casal projetou um app sobre a saúde da mulher em países desenvolvidos e querem vender o app em um grande evento com potenciais investidores. Insegura, Vera vai procurar uma hipnoterapeuta para lidar com seu problema com fumo excessivo. Após a sessão, Vera se transforma. Está mais solta, e age de forma estranha, fora do contexto social, como simular que existe um cachoror imaginário, roubando uma bebida do bar ou ir embora sem pagara. conta. Andre teme que Vera estregue a apresentação e a dopa. Um roteiro fantástico, atores brilhantes e situações embaraçosas e ao mesmo tempo melancólicas sobre uma geração que se vê pressionada por todo tipo de concorrência e brilhantismo em sua apresentação. O desfecho me lembrou a cena final de "A primeira noite de um homem".

domingo, 21 de julho de 2024

Eu quero ver

"Je veux voir", de Joana Hadjithomas e Khalil Joreige (2009) Concorrendo no Festival de Cannes na Mostra un certain regard, "Eu quero ver" é um curioso filme que mistura ficção e documentário, protagonizado por Catherine Deneuve. Os roteiristas e diretores libaneses Joana Hadjithomas e Khalil Joreige queriam contar a Guerra do Líbano pela ótica de uma pessoa de fora, que representasse o cinema, e então o convite foi feito à ela. Deneuve disse em uma entrevista que aceitou o convite para fazer o filme por causa de uma relação que ela tinha com sua falecida irmã Françoise Dorleac. Françoise constantemente visitava o Líbano nos anos 60, e Deneuve nunca pôde conhecer o país, e sentiu que estava na hora de fazer essa visita espiritual. Em julho de 2006, o sul do Líbano foi bombardeado por Israel, em um conflito que durou quase dois meses. Deneuce está em Beirute para um evento de caridade, e antes da solenidade, ela olha para a janela e diz à equipe: 'eu quero ver". Assim, ela, a equipe e um motorista, interpretado pelo libanês Rabih Mroué seguem até o sul do Líbano, de carro. nesse road movie, Deneuve testemunha a cidade devastada, soldados de diversos países presentes, o perigo de bombas nas estradas, ataques aéreos e outras situações que me fizeram toda hora questionar sobre a sgeurança de Deneuve e o quanto que ela estava de verdade temendo por sua vida. O filme é bastante corajoso e a sua narrativa totalmente naturalista faz com que o espectador não tenha certeza do que é encenado e do que é real, improvisado. É um ato de coragem da grande atriz francesa, em um filme político, onde seria fácil ela ser acusada de ser partidária. Mas esse não é o foco do filme. Ele busca entender a história de um país, pelos olhos de um estrangeiro.

O narciso negro

"Black narcisus", de Michael Powell e Emerich Pressburger (1947) Clássico do cinema inglês, "O narciso negro" é uma adaptação do romance escrito por Rumer Godden, autora inglesa que o lançou em 1939. A sua inspiração para a novela foi quando, caminhando pela floresta da índia, encontrou um túmulo escrito "irmã Ruth", escondido pelos arbustos. O filme foi indicado para o Oscar de melhor filme, mas levou os de fotografia e de direção de arte. Ambientado no Himalaia, que era localizado na Índia, mas de 1858 a 1947 foi considerado região da Corôa inglesa. A independência da Índia se deu em 1947, 1 ano depois de finalizada ss filmagens. O filme foi forte inspiração para Pedro Almodovar e seu filme "Maus hábitos". Adaptado, produzido e dirigido pela dupla inglesa Michael Poweel e Emerich Pressburger, que no ano seguinte lançariam outra obra-prima, 'Os sapatinhos vermelhos". O filme foi todo rodado em estúdios, e os majetosos cenários das montanhas do Himalaia foram reproduzidos em pintura pela equipe de direção de arte. O fotógrafo Jack Cardiff se inspirou nas pinturas do dinmarquês Johannes Vermeer para criar a sua premiada iluminação. Até hoje o filme impressiona pelo seu visual, considerado pro Scorsese como o melhor uso da tecnologia do technicolor. Um grupo de freiras inglesas, comandado pela Madre superiora Clodagh (Deborah Kerr), é enviada em missão para uma mansão no alto das montanhas, onde antes era o harém do rei. Lá, elas deverão montar uma escola e um hospital, mas encontram resistência da população. Elas têm a ajuda de um inglês, Mr. Dean (David Farrar), enviado pelo general indiano. A presença de Mr Dean mexe com irmã Clodagh e especialmente, Irmà Ruth (Kathleen Byron), que passa a ficar enciumada, acreditando que Clodagh e Dean estão tendo um caso. A spibturas remanescentes do local, com gravuras de Kama Sutra, faz com que Ruth comece a ennlouquecer. É íncrivel como a censura da época permitiu que o filme fosse exibido. Repleto de sensualidade e erotismo, o filme fala sobre desejos reprimidos. Me lembrei muito de outro filme bastante semelhante, 'O estranho que nós amamos", que teve versão de DOn Siegel e de Sofia Coppola, também sobre repressão sexual. Kathleen Byron tem uma construção genial no filme, se transformando em uma psicopata, com detalhes em seus olhos belamente maquiados de contornos vermelhos. Icônico.

Ainda temos o amanhã

"C'è ancora domani", de Paola Cortellesi (2023) FIlme mais visto na Itália em 2023, "Ainda temos o amanhã" é um libelo feminista dirigido, co-escrito e protagonizado pela atriz Paola Cortellesi, em ótima estréia na direção de longas. Emulando a estética do neo-realismo italiano, Paola ambienta o seu drama no pós 2a guerra mundial, com a população srofida tentando lidar com escassez de alimentos, a presença de soldados americanos nas ruas e principalmente, quanto às mulheres, um avanço em sua emancipação. A personagem de Paola, Delia, é casada com Ivano (Valerio Mastrandela), um homem bruto e misógeno. Eles têm 3 filhos, 2 meninos e a jovem Marcella (Romana Maggiora Vergano). Ivano quer garantir estudos pros filhos, enquanto para Marcella, por questões financeiras, a obriga a trabalhar como passadeira para ajudar a custear os gastos domésticos. Delia sofre violência doméstica e aceita, passivamente. O governo, em 1946, vai dar início ao voto feminino, mas Delia teme que seu marido a impeça. Paola trabalha com realismo fantástico. nos momentos de espancamento, as cenas de transformam em números musicais e as marcas de espancamento desaparecem. isos provocou a ira de muitos espectadores, que viram esse recurso como um elemento que camufla a violência doméstica, normalizando. Tecnicamente, a fotografia em preto e branco, de Davide Leone, é belíssima, acentuando o drama das personagens. A direção de arte e a trilha sonora contribuem bastante para a ambientação. Mas é justamente na trilha que o filme decide subverter a temporalidade: músicas pop contemporâneas, rock, fazem parte do cardápio. Um filme emocionante.

sábado, 20 de julho de 2024

Hombre

"Hombre", de Tim Muñoz (2017) Antologia de cinco histórias adaptadas do blog erótico filipino "Pinoy M2M Erotica", que tem como tema a curiosidade de homens heteros pelo universo Lgbtqiap+, e o que eles fariam se estivessem envolvidos em alguma situação de flerte ou tensão sexual com um gay? 1o ep: O protagonista do filme, que é o escritor do blog, decide escrever contos sobre tensão sexual entre gays e heteros. Ele mesmo é obrigado a dividir por 1 semana, seu quarto com o seu primo que vem da cidade grande. 2o ep: "Good boy" - Um rapaz retorna do trabalho e encontra um motoqueiro com problemas com sua moto. Com a oficina fechada, o rapaz convida o motoqueiro para passar a noite na sua casa. A cena dos dois se banhando com toalha molhada e um lavando o outro é bem sexy. 3o Ep: 'The boy from circle"- Um jovem garoto de programa trabalha na casa noturna Circle, mas a noite está vazia. Ele reecontra um garoto d eprograma veterano e ambos decidem dormir juntos 4o ep- "Teach me"- Um rapaz esquece seu dildo no banheiro. Quando o cunhado vai tomar banho, encontra o dildo e curioso, pede pro rapaz ensinar a usar nele 5o ep- "Payback"- Um rapaz desempregado não tem como pagar suas dividas. O sobrinho do dono do apato vem cobrar a d;ivida, e o rapaz paga com o seu corpo O filme tecnicamente é pobre: fotografia, direção de arte, roteiro. Mas essa falta de cuidado, que inclui maus atores, acaba sendo o charme, contraditoriamente. É um filme maldito, sujo, que visa entreter um público que busca filmes sórdidos e vulgares. Tudo no filme é pretexto para o elenco todo ficar totalmente nú, tomar banho, tirar roupa do nada. Para voyeures, é um prato cheio.

Era uma vez um jovem

"O jednoj mladosti", de Ivan Ramljak (2020) Premiado documentário croata, 'Era uma vez um jovem" é 100% editado com material de arquivo: fotos e vídeos realizados pelo jovem croata Marko Čaklović, que morreu de overdose d eheroína, para tristeza de seus amigos, entre eles, o diretor do documentário, Ivan Ramljak . 13 anos depois da morte de seu melhor amigo, Ivam decide editar o material de Marko, que sempre sonhos em ser fotógrafo profissional e realizar um filme com Ivam dirigindo. No final do filme, tem um lindo depoimento de Ivam: "Pode ser que esse tenha sido o filme que eu dirigi, e Marko, fotografou." O filme pretendem através da história de Marko, ser um retrato doloroso e cinzento de toda uma geração que cresceu com os efeitos da Guerra da Croácia, que ocorreu de 1991 a 1995, com milhares de mortos. O pós guerra foi devastador para toda a população, em especial os jovens, que não conseguiam se encaixar dentro de uma perspectiva otimista de vida, e também, sobre uma identidade de um recém independente país, que até então, fazia parte da Iuguslávia. É um filme sobre um protagonista hedonista, que apenas queria aproveitar a vida, fazendo coisas que ele amava. Fotografar, tocar música, viajar, se divertir com os amigos, fumar maconha e usar heroína. Uma vida sem regras, sem pressão, mas que infelizmente acabou em tragédia.

Liuben

"Liuben", de Venci Kostov (2023) Co-produzido pela Espanha e Bulgária, "Liuben" é um premiado drama romântico LGBTQIAP+. O protagonista é Victor (Dimitar Nikolov), nascido na Bulgária, mas que decidiu ir morar em Madri com sua mãe. 12 anos depois, Victor retorna à sua terra natal, para o velório de seu avô, e reecontra seu pai. Quando criança, Victor sofreu bullying e homofobia, e por isso, preferiu viver na Espanha, onde é casado com José. Seu pai e sua família na Bulgária não sabem que Victor é gay. Victor decide passar mais uns dias na cidade, quando conhece um jovem cigano, Liuben (Bozhidar Asenov), que deseja um emprego de cabeleireiro. O pai de Victor o expulsa. Quando Victor reencontra por um acaso Liuben, acabam se tornando amigos. Liuben mora em na periferia com um grupo de ciganos, incluindo sua esposa, grávida. os dois rapazes acabam tendo um caso, mas aos poucos, a comunidade começa a faezr comentários sobre a amizade dos dois. Eu até queria ter gostado do filme. Mas o retrato esterotipado do roteiro, que apresenta os ciganos como ladrões e malandros, estraga muito do prazer de se assistir ao filme. Soma-se a isso a corrupção policial. Um tema tão lindo quanto essa fábula Romeu e Julieta entre dois universos tão distintos e impossível, que poderia ter rendido um belo drama. Mas a representação de Liuben em um tipo malandro me deixou muito irritado, e toda hora fiquei pensando no quanto Victor estava sendo enganado por ele.

Drogas perigosas do sexo

"Sei no Gekiyaku", de Hideo Jôjô (2020) Um dos filmes mais ousados e viscerais que assisti recentemente, "Drogas perigosas do sexo" é adaptação de um mangá Yaoi. É um filme repleto de cenas de sexo sadomasoquistas, bondage, BDSM, em uma entrega crua e corajosa de seus 2 atores. O filme é dividido em 2 atos totalmente distintos de narrativa e tom. A 1a parte, apresenta Makoto (Sho Watanabe), um jovem funcionário de um escritório. Ele descobre que sua namorada o trai e que seus pais, que estavam viajando de carro, morreram em um acidente. Sem vontade de viver, ele decide se matar, mas é salvo por Ryoji (Takashi Kitadai), um homem misterioso. Quando acorda, Makoto está em um quarto decadente (típico de "Jogos mortais"), nú e amarrado pelos pés e mãos na cama. Riujy surge e começa a estuprar e praticar todo o tipo de sevçiias sexuais em Makoto, que vai desde penetração de vibradores, uso de chicotes, apetrechos BDSM e finalmente, o estupra. Makoto sofre, apela, mas aos poucos, vai gostando de sentir prazer nesse sexo onde ele é o submisso, sentindo dôr e apelando pela sua vida. O 2o ato é um filme romântico. Riujy revela seu passado a Makoto. E essa reviravolta se transforma em um outro filme. A culpa, o perdão, o suicidio, a morte sempre presente. Não é um filme que possa se indicar a qualquer um. A 1a parte é muito forte, com cenas explícitas de submissão e dominação, que fariam 'Cinquenta tons de cinza" parecer filme de jardim de infância. Para fetichistas que adoram dominação e perversidade, esse será certamente o filme de cabeceira. E novamente, a entrega dos dois atores é de se louvar, pela coragem e pela exposição, tanto nas intensas cenas de sexo, quanto pela dramaturgia feroz.

Arturo aos 30

"Arturo a los 30", de Martín Shanly (2023) Concorrendo no Festival de Berlim, essa dramédia argentina é dirigida, estrelada e co-escrita por Martin Shanly. O filme circulou bastante no circuito de festivais e recebeu diversos prêmios. Com um orçamento baixo e uma narrativa minimalista, "Arturo aos 30" lembra aqueles filmes indies com o protagonista jovem totalmente sem foco: sem emprego, sem um bom relacionamento familiar, totalmente alheio aos fatos que acontecem ao seu redor e sme ambição. O que busca Arturo? Ele acaba sendo reflexo de toda uma geração Millenium, que está frustrado com a pressão por competição e pela busca de um excelente emprego e posição social. Arturo apenas vive. O filme tem uma narrativa existencialista, potencializada pela narração em off do protagonista, que após um fato ocorrido no presente, vai se lembrando de momentos em flashback de sua convivência com sua família, ex-namorada e com seu melhor amigo, além da perda de seu irmão mais velho. Martin Shanly lembra Woody Allen em sua fase jovem em busca de reflexões, mas sem a sua ansiedade, até porque ARturo é apagado, sem energia.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Obsessão virtual

"Exploited", de Jon Abrahams (2022) Slasher queer que se apropria do universo dos colleges americanos para apresentar um serial killer envolvido com fetiches sexuais entre estudantes universitários. Caleb (Colin Bates) é um estudante que para se bancar, se apresenta em webcams pagas. Mas ele é atacado por um assassino vestido com roupa de couro. Um ano depois, um novo estudante chega ao local e fica hospedado no mesmo quarto que Caleb: Brian (Jordan Van Hoeve). O roommate de Brian é Jeremy (Andrew Matthew Welch), que namora a estudante Jalene. Brian descobre um pen drive escondido com videos gravados de Caleb e seus clientes. Tentando descobrir o que aconteceu com Caleb, Brian pede ajuda para seu irmão Jacob, que é hacker e traficante de drogas para os estudantes. Filme mediano, com roteiro e diálogos óbvios e situações sem muita epxlicação, com personagens que resolvem situações do nada. O elenco é muito fraco, e só se slvam pela beleza. O mais incrível que é em um universo estudantil e não há nenhum personagem negro , latino ou asiático, são todos brancos. O filme vale para quem quer ver cenas de sexo e nudez, e mais nada.

American experience - The war on Disco

"American experience - The war on Disco", de Lane Wolf (2023) Documentário que expõe a ascenção e queda ds Disco music, gênero musical que surgiu em 1975, teve o seu auge em 1977 quando foi lançado o filme e o álbum dos Bee Gees "Os embalos de sábado à noite"e teve a sua morte decretada na noite chamada de 'Disco demolition". É a partir desse evento que o filme apura o ódio que foi criado em cima da Disco, e consequentemente, contra uma cultura negra, lgbtqiap+,latina e feminina. Muitos consideraram a revolta um movimento racista e homofóbico. Na noite de 12 de julho de 1979, durante um jogo de beisebol em Chicago, o loutor de rádio Steven Dhal promoveu uma chamada para que as pessoas fossem ao estádio e levassem vinis de Disco music. Durante o intervalo entre os dois tempos, o público invadiu o campo, explodiu e tacou fogo nos discos. Steven alega que o movimento 'Disco sucks" era um combate dos amantes do rock contra a disco music. O filme explica, entrevistando músicos, djs, produtores e jornalistas, a importância da disco music para a comunidade negra, latina, lgbt e principalmente para as mulheres, que conseguiram dominar um mercado até onde elas não tinham a oportunidade. Era uma cultura que pregava a felicidade, alegria, a dança. Muitos night clubs surgiram, grupos musicais e que, com o evento em chicago, perderam shows e seus empregos de uma hora para outra. Um filme importante para se entender o preconceito musical e o que deve ser consumido por qual público, sem juízo de valor.

Remembering every night

"Subete no yoru o omoidasu", de Yui Kiyohara (2022) Escrito e dirigido pela jovem cineasta japonesa Yui Kiyohara, "Remembering every night" é um drama minimalista e bastante lento sobre um dia na vida de 3 mulheres de idades diferentes, perambulando por um bairro chamado Tama new Town, que fica no subúrbio de Tokyo. O bairro foi o maior projeto residencial do milagre econômico japonês das décadas de 1960 e 1970. É uma mistura de prédios residenciais,e scolas, parques e centros comerciais. Mas com a resseção econômica do país, esse tipo de conjunto habitacional tornou-se obsoleto e a impressão é uma cidade de pedra solitária. A própria diretora nasceu e cresceu em Tama new town. O filme todo acontece em um dia. Chizu (Hyodo Kumi) é a mais velha das personagens. Ela tem 44 anos, mas foi obrigada a se demitir de seu emprego por ser solteira de meia idade. Chizu está em busca de emprego, mas diante de sua condição, é muito difícil. Ela decide ir visitar uma amiga que não vê há tempos, que mora em Towa. A 2a história é de Sanae (Ohba Minami), leitora de medidores de gás dos apartamentos. Ela tem 35 anos e decsobre por uma moradora idosa que um idoso com demência se perdeu no bairro e a família está à sua procura. Ela acaba encontrando o homem, mas não consegue encontrar o apartamento onde ele mora. A 3a história é de Natsu (Mikami Ai), uma jovem na faixa dos 20 anos, que passa o tempo na companhia de pessoas mais velhas, incluindo a mãe de um amigo que faleceu. É um filme de observação, e me remeteu muito ao cinema de Eric Rohmer, naturalista mas sem excesso de diálogos. É silencioso, melancólico, sobre pessoas comuns solitárias, em busca de algo, de um propósito, mas que vivem vidas ordinárias.

Sex positive

'Sex positive", de Pedro Woodward (2024) Uma comédia dramática indie americana, 'Sex positive" é dos filme smais ousados que assisti dentro do gênero, por mostrar todo o elenco totalmente em nu frontal quase que o filme inteiro, em cenas de orgias sem distinção de gênero ou orientação sexual, com muitas piadas envolvendo vibradores, dupla penetração, trocas de casais e todo tipo de fetiches e perversões. Ou seja, sacanagem o tempo todo, sem frescura nem censura. Ambientado em New Orleans, a protagonista é Virginia (Katherine Ellis), uma jovem que acaba se ser abandonada por um ficante em um estacionamento. Sem ter aonde ir, ela é salva por Jake (Aaron Long), que decide levá-la até a sua casa. Só que chegando lá, Virginia descobre que todos que moram lá estão nus, e mais, fazendo sexo livre. Jake diz que a casa é uma mansão dos exo, e convida Virginia a fazer parte e ser a personagem em seu blog sobre sexo. Filha de um reverendo, virginia se assusta, mas aos poucos, vai se libertando de seu conservadorismo e quando percebe, faz sexo com todo mundo. Mas decsobre que está apaixonada por Jake, que tem problemas de se apaixonar por alguém e é adepto do seox livre. O filme tem partes bem engraçadas, cheia de malícia e sacanagem, com piadas bobas e óbvias de cadeiras masturbatórias, swing e coisas e tal. Mas a ousadia e despojamento de todo o elenco, que se coloca em cenas sem pudor, é um convite ao espectador para se divertir com o filme, que ainda lida com temas de pano de fundo como "meu corpo, minhas greas", 'não é não"e claro, o conservadorismo religioso e o ponto principal do filme, a busca do prazer e do orgasmo.

O verão de Adam

"Adam", de Rhys Ernst (2019) Co-produzido por James Schamus que produz os filmes de Ang Lee, "O verão de Sam" é um drama juvenil indie LGBTQIAP+ americano. Exibido no Fetsival de Sundance, o filme encontrou uma campanha maciça de boicote por parte da comunidade trans, que se sentiu extremamente ofendida pelo filme. O diretor é um cineasta trans, e a roteirista, lésbica, e o elenco, com exceção do protagonista Nicholas Alexander, no papel de Adam, é tdo formado por atores e atrizes queer, não binários, trans. Ainda assim, o tema do rapaz hetero cis que se faz passar por homem trans para conquistar o coração da lésbica Gillian (Bobbi Salvör Menuez) não agradou, e muitos alegaram que a cena de sexo entre os dois, mesmo consentido por Gillian, que acreditava que Adam fosse trans, era na verdade, um estupro. Assistir ao filme certamente irá enveredar por muitas discussões entre o público. O filme foi rodado em 2018, e de lá para cá, muitas pautas e agendas mudaram radicalmente. Adam é um jovem que não consegue arrumar uma namorada. Seus pais o consideram depressivo. Ao invés de passar as férias com os pais, Adam pede para passar as férias com sua irmã Casey (Margaret Qualley), que não se assume como lésbica para os pais, mas divide seu apartamento em Nova York com seus amigos: uma lésbica e um homem trans. Margareth leva Adam para festas e baladas queer, e em um dos eventos, ele conhece Gillian, por quem se apaixona. Ela o confunde com um homem trans, e Adam confirma e mantém a farsa.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Toto forever

"Toto forever", de Roberto F. Canuto (2010) Drama LGBTQIAP+ indie americano, "Toto forever" é co-escrito e dirigido por Roberto F. Canuto e co-escrito e fotografado por Xu Xiaoxi, o filme mescla drama, romance e policial. O protagonista é Toto (Kylan James), um jovem carteiro gay, que ao entregar um pacote para o morador de uma mansão em los Angeles, Mark (Kjord David), o encontra machucado e desacordado na beira da piscina ( e diga-se de passagem, semi-nu). Ele decsobre que Mark está devendo para a máfia e decide fugir com ele. NA estrada, eles descansam num motel. Entre os dois, acaba surgindo uma atração. O filme rodado em 16 mm, é belamente fotografado por Xu Xiaoxi, que aproveita o máximo de luz natural de Los Angeles. os enquadramentos e as composições são muito bonitas, e certamente o beijo dos dois é dos momentos mais lindos e sensuais do cinema queer. Mas o elenco é fraquíssimo, Os dois protagonistas são lindos, mas péssimos. Memso o elenco de apoio é muito ruim.

Aldeotas

"Aldeotas", de Gero Camilo (2022) Encenada por mais de 10 anos no teatro, e vencedor de diversos prêmios, o texto escrito e protagonizado por Gero Camilo e Marat Descartes no teatro ganha adaptação cinematográfica. Gero estréia na direção de longa e protagoniza junto de Marat os personagens Levi e Elias, respectivamente. O filme foi todo rodado em um galpão na Mooca, e teve a diretora assistente Kity Feo na produção criativa. Gero, junto de sua equipe técnica, traz o teatro ao cinema, trazendo todo o lúdico que a encenação teatral permite. Assim como fellini, gero recria a cachoeira, casas, boite, rio, enfim todos os cenários do tetxo para dentro de um universo de realismo fantástico. A cena da balada é bem significariva: os dois amigos dançam com bonecos. A história gira em torno de Levi (Camilo), que após 30 anos, retorna à sua cidade natal, no interior. Ele veio para o velório de seu melhor amigo, Elias, de quem se separou quando tinha 17 anos de idade. O filem volta em flashbacks recriados pela memória, e Gero e Descartes interpretam os personagens dos cinco aos 17 anos, passando por homofobia, conflitos familiares, sonhos, romances e desejos de se embrenhar pelo mundo.

Antes que eu mude de idéia

"Before I change my mind", de Trevor Anderson (2022) Premiado com melhor performance no prestigiado Festival de Locarno, para Vanghan Murrae, ator não binário, 'Antes que eu mude de idéia" é um drama adolescente ambientado em 1987. A cidade é Albertam interior do Canadá. Para lá, se mudam Robin (Murrae) e seu pai, Daniel ( Matthew Rankin ), que vêem dos Estados Unidos. Robin não se apresenta com nenhum gênero, e a sua aparência andrógina deixa a todos confusos, alunos e professores. Curiosamente,é o garoto valentão da escola, Carter ( Dominic Lippa ), quem se aproxima de Robin ese torna amigo. Durante a aula de música e o show de talentos, ambos conhecem Izzy (Lacey Oake) e se apaixonam por ela. O ciúme faz com que Carter se torne um rapaz auto-destrutivo e rebelde, acentuando a sua xenofobia contra um aluno asiático, Tony (Jhztyn Contado). O que de início parece ser um drama romântico ingênuo, logo ganha contornos bastante dramáticos, lidando com as insgeuranças da adolescência. A relação com os adultos é falha, e resta aos jovens tentarem se entender da forma que podem. O elenco é excelente, e todo o núcleo jovem é bastante versátil. ötima reconstituição de época, dentro dos padrões de um filme de baixo orçamento. Sobra espaço para um personagem drag que se veste como Madonna da época "Like a virgin", em divertida cena.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Safe

"Safe", de Ian Barling (2021) Concorrendo no Festival de Cannes 2021, 'Safe" é escrito e dirigido por Ian Barling. Rodado em Atlantic City, o filme mostra uma relação conturbada entre pai e filho. No entanto, o grande personagem do filme é o impressionante cassino usado como locação. Imenso, totalmente abandonado, o local, falido, continua sob a guarda do segurança noturno Francis (Will Patton, excelente). Ele é pai de Danny (Pliph Ettinger), um jovem foragido por esfaquear um homem em uma boite durante uma briga. Quando Francis segue para a sua ronda noturna, substituindo o segurança diurno, ele segue até um quarto nos fundos e se revela que Danny estava escondido o tempo todo ali pelo próprio pai. Francis arma um plano para que o filho fuja na madrugada, mas as coisas dão errado pela rebeldia de Danny. A fotografia, de Anna Franquesa-Solano, certamente foi inspirada por "O iluminado", de Kubrick. Soturna, assustadora, enquadrando ambientes enormes e solitários. O roteiro é muito bom, com um plot twist surpreendente no final.

Nanitic

'Nanitic", de Carol Nguyen (2022) Premiado no Festival de Toronto e concorrendo no SXSW, o drama dirigido pela roteirista e diretora americana e de ascendência vietnamita epxlora fantasmas de sua infância. Quando criança, Carol Nguyen constantemente via a sua avó acamada, doente, e seu maior arrependimento foi o de nunca se despedir dela apropriadamente. O filme fala sobre 3 gerações de mulheres de uma família: a pequena Trang (Kylie Le), 8 anos; sua tia Ut (Ly Pham) e sua avó (Dam Nguyen). Trang passa o dia na casa da tia, enquanto sua mãe está trabalhando fora. A tia se dedica integralmente à avó. Quando a tia vai tomar banho, ela pede para Trang cuidar da avó. A avó começa a tossir, Trang se assusta. O filme é bastante minimalista, feito de observações e de tempos esparsos, de pequenas ações, lembrando muito o cinema de Tran Anh Hung, diretor de "O cheio da papaia verde". Belo, sensível, uma reflexão sobre a morte, vista pela ótica de uma criança.