segunda-feira, 8 de junho de 2020

O selvagem da motocicleta

"Rumble fish", de Francis Ford Coppola (1983) Adaptação do livro homônimo de S. E. Hinton, publicado em 1975, "O selvagem da motocicleta" se tornou objeto de culto desde o seu lançamento em 1983. Coppola já havia adaptado outro livro do mesmo autor, "Vidas sem rumo", lançado no mesmo ano que "O Selvagem da motocicleta". O filme anterior de Coppola, "Do fundo do coração", custou uma fortuna e deu um mega prejuízo para a sua produtora, a Zoetrope. Coppola resolveu então investir em filmes menores, de baixo orçamento, mais artísticos e com um elenco que estava começando a despontar. A fotografia absolutamente extraordinária e mágica de Stephen H. Burum, fotógrafo de quase todos os filmes de Brian de Palma, é a grande estrela do filme. Com um preto e branco que traz elementos do cinema noir e do Expressionismo alemão, e uma atmosfera de filmes B, com direito a muita fumaça em cena. A trilha sonora é outro ponto cultuado do filme: o baterista do The Police, Stewart Copeland, compôs um arranjo que briga com a cena e por isso mesmo, interessante. Os dois atores principais se tornaram por muito tempo, dois dos maiores galãs de Hollywood: Matt DIllon e Mickey Routke. Donos de um enorme carisma e fotogenia, ambos brilham em cena. Além deles, o elenco prima com a presença dos ícones de Coppola: Diane Lane, Tom Waits, Dennis Hopper e o sobrinho de Coppola ainda estreando, Nicolas Cage, Lawrence Fishburne e Chris Penn. Em uma cidade pequena, Rusty James (Dillon) é um jovem rebelde que sonha um dia ser igual o seu irmão, uma lenda conhecida como "The motorcycvle boy"( Rourke). Rusty mora com seu pai (Dennis Hopper), um alcóolatra. Rusty passa seus dias matando aula, namorando a doce Patty (Diane Lane), cuja irmã pequena é interpretada por Sophia Coppola, filha do diretor. Rusty se junta à sua gangue e nas noitadas vive brigando com outras gangues. Quando seu irmão retorna, Rusty se surpreende que ele agora se tornou uma outra pessoa, mais pacífica. A direção de Coppola procura montar enquadramentos em quadros fixos, alternando com belos travellings. Abusando da grande angular, Coppola investe em experimentação no visual do filme, e para as passagens de tempo, ele inclui planos deslumbrantes de time lapse. O filme é repleto de cenas antológicas, como o vôo do espírito de Rusty, a cena do aquário com os irmãos conversando sobre os peixes de briga, que são os elementos coloridos do filme e um travelling final que percorre todo os personagens do filme.

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