terça-feira, 2 de junho de 2020

Estado de sítio

“Etat de siege”, de Costa Gavras (1972) Um dos mais brilhantes filmes sobre a luta revolucionária contra a ditadura militar, “Estado de sítio” foi escrito por Costa Gavras e Fraco Solinas e é um estudo contundente e brutal sobre a influência do Governo americano sobre a implantação de ditaduras na América latona. Baseado na história real do assassinato do agente americano Dan Mitrione, no filme chamado de Phillip Michael Santore (Yves Montand), morto no dia 10 de agosto de 1970 em Montevidéu, Uruguai, ato reivindicado pelos Tupamaros (grupo guerrilheiro marxista-leninista uruguaio de guerrilha urbana , formado principalmente por estudantes). Philip e mais duas pessoas, entre eles um consul brasileiro, foram sequestrados pelos Tupamaros em uma ousada operação. No cativeiro, ele é questionado pelos guerrilheiros a confessar que ele era um dirigente que trinava a polícia de países da América Latina a usar a tortura como método de confissão. Philip nega tudo. Paralelo, os Tupamaros exigem que para devolverem os sequestrados, quere a liberação de presos políticos. O governo não cede. Costa Gavras dá continuidade aos filmes políticos que lhe trouxerem reconhecimento mundial, como “Z” e “A confissão”, todos os filmes com seu ator fetiche Yves Montand. Em “Estado de sítio”, Costa Cavras revoluciona a narrativa e a linguagem do filme de ação, muito semelhante ao americano “Operação França”: um excelente estudo de personagens captados por uma câmera e linguagem documentais. “Deus é americano e golpista”. Essa frase ajudou a sedimentar uma carreira de censura ao filme em países da América atina aonde a ditadura imperava. Aqui no Brasil, foi proibido por 8 anos, só sendo liberado no início dos anos 80. O filme tem sequencias magistrais de treinamento de policiais com práticas de tortura (lembra até “Laranja mecânica”, de Kubrick.) Muito do roteiro é dedicado ao Brasil, como exemplo de ditadura implantada pelos americanos que deu certo, com a ajuda do agente Philip. A montagem constrói uma narrativa tensa, em dois tempos: antes e depois da morte de Philp. O filme aliás, já começa com o corpo dele sendo encontrado, e aos poucos, vamos descobrindo as ações que encobrem um homem aparentemente bom e ótimo pai de família. A cena final, simbólica, mostra um caixão com a bandeira americana cobrindo-o, e uma família americana descendo, sob os olhares dos tupamaros. Uma construção magistral, fechando com chave de ouro um filme obrigatório. Outra cena antológica é a votação do “Sim “ou “Não que acontece dentro de um ônibus. A trilha sonora do grego Mikis Theodorakis é um personagem à parte , ajudando a dar a atmosfera crescente de tensão muito importante ao filme. O filme foi rodado no Chile, sob o Governo de Salvador Allende que deu todas as condições para as filmagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário