terça-feira, 2 de junho de 2020

Cidade de Cristal

“Crystal city”, e Terrence Crawford (2019) Premiado documentário sobre a epidemia de viciados em Crystal Meth em Nova York dentro da comunidade LGBTQI+. Muitos dos entrevistados alegam que o surgimento de aplicativos de pegação com GRINDR e SCRUFF foram os responsáveis por esse aumento de usuários. O sexo ficou fácil e a maioria das pessoas se conectam para o CHEMSEX, as famosas orgias gays regadas à drogas sintéticas para potencializar o sexo. Muitos usuários acabaram contraindo o HIV, pois estando fora de si por conta dos efeitos da droga, fazem sexo sem camisinha. Um dos depoimentos é bem contundente: o usuário, que tem HIV e é viciado no cristal, diz que essa combinação é prejudicial: por causa das drogas, ele acaba esquecendo de tomar os remédios do HIV na hora certa. Durante a troca de mensagens entre os aplicativos, as gírias usadas para deixar claro que o sexo é compartilhado com as drogas é isar os nomes “Tina”, gíria pro Cristal, ou botar um emoji de nuvem, ou escrever T maiúsculo para palavras como parTy. Kristian, um dos entrevistados, contraiu o HIV aos 22 anos de idade durante as CHEMSEX. Hoje, para bancar as drogas, ele se prostitui. Uma frase dele é bastante contundente: para que vou trabalhar o dia todo, para no final do dia ganhar 60 dólares menos as taxas? Prefiro fazer sexo com meus clientes, que são celebridades, milionários. No momento que ele prepara a droga, ele diz : “Nos filmes de Hollywood, a preparação é sempre mais rápida”. Um outro entrevistado, que é fotógrafo, disse que suas fotos ficaram melhores desde que ficou sóbrio, pois as mãos pararam de tremer. Um dado alarmante que o filme fornece é: em 2018, 10.721 usuários morreram por overdose de Cristal. O filme mostra em detalhes como preparar uma pedra para ser fumada ou ser injetada. São imagens fortes, contundentes, e a que mais me comoveu, foi a de Kristian sendo filmado durante uma aplicação de pico, e continuando a conversar durante os efeitos da droga. Não existe ator no mundo que reproduza as suas reações. Nova York é apresentada no extremo de sua solidão de grande metrópole.

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