segunda-feira, 29 de junho de 2020

Mickey One

"Mickey One", de Arthur Penn (1965) Concorrendo no Festival de Veneza em 1965, "Mickey One" é um filme bastante estranho narrativamente falando. Quando falo estranho, é em comparação aos filmes americanos feitos até então. Arthur Penn se deixou influenciar pelos filmes de Godard, Alain Resnais e outros autores que romperam com a narrativa clássica do cinema. Repletos de quebras temporais, desconstruindo a montagem, provocando certa confusão mental, "Mickey One" é um filme complexo que certamente deixará o espectador atônito. Mas é inegável, um filme criativo, vanguarda e que possui uma fotografia exuberante e artística do belga Ghislain Cloquet, que fotografou "Noite e neblinas", de Alain Resnais. A trilha sonora de Eddie Sauter tem arranjos bastante ousados, unindo jazz a sons mais autorais. Li numa matéria e é bastante clara a metáfora do Macarthismo na história de Mickey One. Warren Beatty interpreta um comediante de stand up em Detroit, que curte beber, paquerar mulheres bonitas e jogar. O resultado é uma enorme dívida com mafiosos. A sua cabeça é posta à prêmio, e então, ele resolve fugir para Chicago e apagar o seu passado, assumindo uma nova identidade. Quando presencia um sem teto sendo roubado, ele rouba o documento dele e assume a persona dele. Com a identidade de um polonês, ele é chamado e Mickey One ao trabalhar em um restaurante pelo gerente, que não sabe pronunciar o seu nome. Mickey One acaba sendo convidado a se apresentar de novo, mas tem medo de seu nome ser anunciado e acabar sendo alvo novamente dos mafiosos. A associação de criar uma nova identidade X pseudônimos que muitos artistas tiveram que criar para sobreviver ao Machartismo, foi a forma de sobreviver e não sucumbir ao completo ostracismo. Warren Beatty, que estourou em Hollywood em 'Clamor do sexo", de 1961, está bem em um papel bastante complexo, que teria funcionado bastante com Jean Paul Belmondo, ator fetiche da galera da Nouvelle Vague.

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