domingo, 7 de junho de 2020

Macbeth- O reinado de sangue

“Macbeth”, de Orson Welles (1948) Após o sucesso de crítica de “A dama de Shanghai”, Orson Welles resolveu investir naquela que seria a primeira versão cinematográfica de “Macbeth, de Willian Shakespeare. Orson Welles estava ensaiando com a sua companhia teatral o texto para ser encenada no Festival Centenário de Utah, quando resolveu procurar Herbert Yates, o dono da Republic Pictures, e convencê-lo a produzir o filme. Herbert estava querendo expandir a linha de seus filmes, que eram basicamente filmes de faroeste e filme B baratos, e investir em filmes mas artísticos, e topou a empreitada, mas deixando claro a Welles que seria um filme de baixo orçamento. Welles tinha fama de estourar todos os orçamentos, e assinou um contrato dizendo que se passasse dos 700 mil dólares do orçamento, ele deveria pagar do seu bolso. O filme foi rodado em 21 dias, totalmente nos estúdios da Republic. Cenários foram aproveitados de outras produções, parte dos figurinos vieram da encenação teatral de Welles. “Macbeth” foi a primeira incursão de Welles na literatura de Shakespeare, completando com “Othello”, que seria sue próximo filme, e depois, “Falstaff”. O maior mérito do filme é a sua poderosa encenação: com uma atmosfera fantasmagórica, um misto de expressionismo alemão com filmes de terror B, repletos de fumaça e de fundo infinito, o filme une as linguagens de teatro e do cinema, através da extraordinária fotografia em preto e branco de Joseph L. Russell ( que filmaria “Psicose” com Hithcock. Welles inscreveu seu filme no Festival de Veneza em 1948, mas ao descobrir que Laurence Olivier inscreveria também “Hamlet”, resolveu tirar o filme do evento. Inclusive Welles queria escalar Vivien Leigh para o papel de Lady Macbeth, mas como Olivier estava filmando “Hamlet”, percebeu que Vivien, que era casada com Olivier, não aceitaria. O papel acabou ficando com Jeanette Nolan, estrando no cinema com um personagem difícil e complexo e ao lado de Welles. Jeanette recebeu muitas críticas pela sua performance. A concepção artística do castelo, toda em pedra em cima de uma montanha, como se fosse uma enorme caverna, é extremamente ousada e visualmente estranha e bela. As 3 bruxas, vistas como elementos místicos, não têm seus rostos revelados, fortalecendo a aura de mistério e tensão na profecia proferida por elas. Outra aula de cinema de Orson Welles, em atuação magnânima, fazendo uso dos diálogos originais de Shakespeare, com sotaque escocês, mas que acabou sendo criticado pelos puristas da obra do escritor inglês.

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