quinta-feira, 4 de junho de 2020

Z

“Z”, de Costa Gravas (1969) Quando eu era criança, ouvi falar sobre esse filme e achava curioso um filme se chamar com esse nome, uma letra de um alfabeto. Anos depois, querendo saciar minha curiosidade, fui pesquisar: a letra Z, em grego antigo, significa "ele está vivo". Ou seja, o filme fala sobre esperança em tempos de terror e violência. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro e de edição, tendo sido indicado também para melhor filme, edição e roteiro, o filme ainda levou o Globo de Ouro, Bafta e em Cannes, levou o prêmio do júri de melhor filme e melhor ator para Jean Louis Trintignant. O filme se inspira no assassinato real do deputado grego Grigoris Lambrakis, no ano de 1963, e no, golpe de Estado na Grécia em 1967, feito pelos militares. Por motivos óbvios, Costa Garvas não pôde rodar seu filme na Grécia e acabou rodando na Argélia. O filme se passa em um País indefinido, e apresenta um deputado de esquerda (Yves Montand) sendo morto em uma manifestação. Para a polícia e os militares, ele foi atropelado por puro descuido. Para a justiça e a imprensa, ele foi assassinado. Um repórter investigativo (Jacques Perrin) e um juiz magistrado, (Trintignant) tentam buscar provas e testemunhos que comprovem que o governo e os militares, ajudados perla polícia secreta, estão por trás dos assassinatos de membros da esquerda. Costa Gavras impressiona com o seu domínio de técnica, com excitantes cenas de ação, auxiliados por uma trilha sonora matadora de Mikis Theodorakis e da câmera e fotografia de Raoul Coutard, fotógrafo de Godard, Truffaut e Jacques Demy. O filme possui várias cenas antológicas, como a perseguição de carro a uma testemunha, a sessão de fotos feitas pelo repórter na rua e os depoimentos dos generais. A curiosidade é a estrutura narrativa que Gavras traz aqui, que ele veio repetir em “Missing”: durante meia hora, acompanhamos um protagonista, que logo dá lugar para outro. Obra-prima.

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