quarta-feira, 3 de junho de 2020

Desaparecido: um grande mistério

"Missing", de Costa Gavras (1982) Grande vencedor da Palma de Ouro de melhor filme e de melhor ator, para Jack Lemmon, em 1983, além de 4 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, ator e atriz (Sissy Spacek), acabou levando o de melhor roteiro, para Costa-Gavras e Donald E. Stewart. Sissy Spacek, uma atriz já premiada pelo Oscar em 1978 e Jack Lemmon apresentam duas performances pungentes e arrebatadoras, nos papéis de esposa e pai de um americano, Charles Horman, desaparecido em Santiago no ano de 1973, logo após o golpe de estado implementado por Augusto Pinochet. Costa Gravas em 1970 rodou em Santiago o filme “Estado de sítio”, tendo tipo total apoio de Salvador Allende. A sua relação com o país é bem íntima. O filme narra a história real do assassinato de Charles Horman ( John Sea), um escritor e ilustrador de livros infantis, residente em Santiago junto de sua esposa Beth). Charles também faz traduções para o New York Times de textos considerados esquerdistas. Os dois são alienados em relação ao que está acontecendo politicamente no País, até que o Golpe explode e eles acabam se envolvendo com o que se passa no País. Beth aciona Ed (Jack Lemmon), que vem de Nova York para descobrir o paradeiro do filho. Ed também é alienado e acredita que seu filho deva estar escondido em algum lugar. Ed sempre achou seu filho um irresponsável, e durante os questionários, fica evidente que ele desconhecia quem seu filho realmente era. Juntos, ed e Beth resolvem as suas diferenças e tentam buscar o paradeiro do filho, se indispondo com ambos os governos e sofrendo represálias. Além dos atores principais, todo o elenco do filme está muito bem. O filme foi rodado no México. A fotografia é do mestre argentino Ricardo Aranovich, que trabalhou em filmes brasileiros, italianos e franceses dos mestres Ruy Guerra, Ettore Scola e Alain Resnais, entre outros. A rilha sonora é de Vangelis, muito em voga por conta das trilhas de “Blade Runner” e “carruagens de fogo”. Costa Gavras, assim como em “Estado de sítio”, desnuda os governos americano e chileno, acusando-os de trabalharem juntos na implantação de regimes ditadoriais na América Latina. O roteiro é muito bem estruturado e assim como em “Estado de sitio”, apresenta tempos distintos, muito bem trabalhados pela edição. O longo prólogo, de 15 minutos, apresentando Charles Horman Beth, é primoroso, e incrível eu Jack Lemmon somente entre em cena quase meia hora depois, mas dominando totalmente o filme. A cena onde Ed e Beth vão para o necrotério para tentar identificar o corpo de Charles e encontram centenas de corpos, é brutal e antológica.

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