domingo, 13 de abril de 2025

A intrusa

"A intrusa", de Carlos Hugo Christensen (1979) Adaptado de conto de Jorge Luis Borges e com trilha de Astor Piazolla, foi rodado nos pampas de Uruguaiana, Rio Grande do Sul. O filme ganhou 4 Kikitos em 1980 no Festival de Gramado: direção, melhor ator para José de Abreu, fotografia de Antonio Gonçalves e melhor trilha. O filme ainda hoje é um exemplar de cinema lgbt ousado, trazendo no subtexto temas tabus como poligamia e incesto, e ressalta o cotidiano machista e misógeno da população masculina dos pampas. Um filme de poucos diálogos e de belas imagens, com um ritmo lento e contemplativo, a história apresenta os irmãos Eduardo (Arlindo Barreto) e Cristiano Nilsen (José de Abreu). Ambos moram sozinhos na fazenda. Um dia, Cristiano se casa com Juliana (Maria Zilda Bethlem), uma mulher que se mantém calada e servil. Ela mantém um relacionamento de poliamor com os irmãos, mas a presença dela desestabiliza emocionalmemte as vidas de Eduardo e Cristiano. Assistindo ao filme nos dias de hoje, incomoda e muito a forma como a mulher é retratada no filme. Certamente fosse lançado nos dias de hoje, o filme suscitaria muitos debates calorosos. Por ter sido lançado nos anos 70, é importante frisar e rever o filme historicamente e entender que é um regiatro cultural de uma sociedade machista. O cinema de Carlos Hugo Christensen é de sensaçøes, com lindas imagens e um tempo estendido, um olhar documental sobre o cotidiano. Doloroso, cruel, trágico, com ótimas performances do elenco.

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