domingo, 24 de novembro de 2024

Memórias de um caracol

"Memoir of a snail", de Adam Elliot (2024) Depressão, bullying, suicídio, homofobia, fanatismo religioso, fetiche, gordofobia, etarismo, alcoolismo. Esses são alguns dos temas dessa melancólica animação australiana, escrita e dirigida por Adam Elliot, mesmo diretor do excelente "Mary e Max", de 2009. O filme ganhou o prêmio máximo no Festival Annecy 2024, de melhor filme, e o prêmio de melhor direção na Mostra de São Paulo. O filme começa em 1970, e conta a história dos irmãos gêmeos Grace (Sarah Snook) e Gilbert (Kodi Smit-McPhee), desde o nascimento, até a fase adulta. O filme é recheado de tragédias que desabam na vida dos dois irmãos e das pessoas que os circundam. A mãe morreu no parto. Grace nasce com lábio leporino e quase morreu em uma cirurgia para corrigir seu lábio leporino. Filhos de um artista francês, que é atropelado e se torna cadeirante e alcóolatra, Grace sofre bullying na escola e é sempre defendida pelo irmão. Os irmãos acabam sendo separados quando o pai morre. Gilbert vai parar em uma comunidade religiosa e a mãe adotiva o reprime constantemente. Grace é adotada por um casal de swiingers e praticantes de nudismo que viajam constantemente. Grace se torna amiga da idosa Pinky (Jacki Weaver), viúva de dois maridos mortos tragicamente e portadora de alzheimer. Quando Grace recebe a carta de Gilbert, ela se anima, e ambos fazem relatos de suas vidas. Toda a história é narrada por Grace para sua única amiga, a caramujo Sylvia. Para quem conhece os outros filmes de Adam Elliot, sabe que não são filmes fáceis de serem assistidos, por conta dos temas depressivos e a presença constante da morte e doenças mentais nas sub-tramas. Para quem pode enxergar gatilhos emocionais, convém não assistir. O filme, no entanto, traz momentos sensíveis e de sororidade e de amizade entre rapazes gays, deixando clara a importância na obra de Adam Elliot o apoio entre pessoas que se identificam em suas questões sejam de orientação sexual ou por gênero.

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