domingo, 10 de novembro de 2024

Inside the yellow cocoon shell

"Bên trong vo kén vàng", de Thien An Pham (2024) Vencedor do prêmio de melhor filme na mostra paralela Camera D'or do Festival de Cannes 2024, "inside the yellow cocoon shell" está entre os 5 finalistas indicados o prêmio de melhor filme internacional do Gothan Awards. É impossível não associar essa impressionante estréia na direção do vietnamita Thien An Pham ao cinema do tailandês Apichatpong Weerasethakul: um cinema contemplativo, de planos longos, flertando com o sobrenatural, falando de religiosidade, fé, morte, e a relação entre o homem e a natureza. A natureza no caso, visto como um ambiente de renovação espiritual, de busca da alma, um lugar de silêncio para reflexões sobre a trajetória da vida de um personagem. Foi assim em "Tropical malaie", o filme que lançou Apitchapong. Outro fato que os une é que o crédito do filme surge já após meia hora de filme, deixando clara a divisão temática do filme em 2 atos. A 1a parte se passa na cidade grande, Saigon. Ali, através de um impressionante plano-sequência com muita movimentação de atores e figurantes em cena rigidamente marcada, as pessoas estão assistindo uma partida de futebol , bebendo e conversando. Um acidente de moto tira a atenção de todos: o casal morre, e o filho de 5 anos sobrevive. Somos apresentados a Thien (Le Phong Vu), um jovem cinegrafista que grava festas de casamento. A mulher que morreu, Teresa, é sua cunhada, e ele agora precisa cuidar de seu sobrinho, Dao (Nguyen Thinh). Ele tem a missão de levar o garoto aos parentes na cidade do interior, e acompanhar os serviços funerários. Thien decide revisitar o seu passado: quer reencontrar seu irmão, pai da criança, que desapareceu, e ir atrás do amor de sua vida, que se tornou uma freira. O filme tem cenas memoráveis, mais por conta dos movimentos e trabalho de câmera, do que pela cena em si. Tem uma enorme cena, de mais de 20 minutos, onde a câmera acompanha Thien de moto por um longo trajeito. Ele entra em uma casa e a camera entra pela janela e faz um trajeto dentro da casa, revelando detalhes. É um trabalho incrível de técnica. Existem outros planos igualmente impressionantes. É um filme para cinéfilos, e digno representante do slow cinema. Seu desfecho é em aberto e deixa o espectador imerso em pensamentos sobre jornada da alma e reconexão espiritual.

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