domingo, 29 de setembro de 2024
Meu nome é Maria
"Maria", de Jessica Palud (2024)
Dedicado à atriz Maria Schneider, "Maria" foi exibido no Festival de Cannes 2024 e trouxe novamente à luz dos holofotes o tema do #metoo e dos abusos contra atores e atrizes que são obrigados a se submeter à humilhação e constrangimentos no set e fora dele, em nome da arte e da carreira artística. Não é um filme fácil de se assistir, e em outros tempos, teria sido chamado de um filme "exploitation", explorando todo o sofrimento da atriz Maria Schneider, e o filme, dirigido por Jessica Palud, não economiza na violência vinda de toda parte: de sua mãe ciumenta e abusiva; de seu pai, o ator francês Daniel Gélin, que a abandonou e nunca a reconheceu; de seu agente; de diretores, artistas e claro, de Bernardo Bertolucci e Marlon Brandon, com quem trabalhou em "O último tango em Paris", de 1972, aos 19 anos de idade. O filme é adaptado da biografia escrita pela prima da atriz, a jornalista Vanessa Schneider em “Tu t’appelais Maria Schneider”. O filme dedica mais da metade de seu tempo mostrando bastidores do set do filme, até a famosa cena da manteiga. Para justificar o improviso da manteiga, Bertolucci (Giuseppe Maggio) conversa com a atriz dizendo que sempre disse à ela que o filme seria intenso. Que se tivesse dito antes a ela sobre as cenas, não teria funcionado, e que as melhores cenas vem do improviso. Nos filmes dele não tem ator ou atriz, somente filme e personagens. Marlon Brando (Matt Dillon) é apresentado como um ator arrogante e totalmente entregue aos improvisos combinados previamente com Bertolucci. Jovens atrizes repletas de sonhos, como Schneider, tiveram depressão e no caso da atriz, prejudicou toda a sua carreira artística. Ela se entregou às drogas, foi vista como uma atriz problemática nos sets e sofreu bastante com a opinião pública e a mídia. Ela veio a falecer em 2011 aos 58 anos. Nos último anos de sua vida, segundo o Wikipedia, "ela se tornou uma defensora dos direitos das mulheres, lutando principalmente por mais diretoras de cinema, mais respeito pelas atrizes e melhor representação das mulheres no cinema e na mídia."
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